domingo, 27 de outubro de 2019

Crítica - Zumbilândia: Atire Duas Vezes (2019)

TítuloZumbilândia: Atire Duas Vezes ("Zombieland: Double Tap", EUA, 2019)
Diretor: Ruben Fleischer
Atores principais: Woody Harrelson, Jesse Eisenberg, Emma Stone, Abigail Breslin, Zoey Deutch, Avan Jogia, Rosario Dawson, Luke Wilson, Thomas Middleditch
Divertido, e com a mesma qualidade do filme inicial

Exatamente 10 anos atrás estreava nos cinemas Zumbilândia, um filme despretensioso, de baixo orçamento, que trazia Woody Harrelson como grande estrela e os jovens desconhecidos Abigail Breslin, Jesse Eisenberg e Emma Stone para dar suporte. De lá pra cá muita coisa mudou... todos envelheceram, a carreira de Abigail (que na época era a mais prestigiada do trio pela indicação ao Oscar por Pequena Miss Sunshine (2006)) não decolou, mas Jesse Eisenberg e Emma Stone ganharam suas próprias indicações posteriores ao Oscar, sendo que Emma a venceu e se tornou uma grande estrela Hollywoodiana.

Mas houve uma coisa que o tempo não mudou: Zumbilândia. Estão de volta os atores principais, mesmo diretor, os mesmos roteiristas... em suma, a trupe toda. Se geralmente as continuações são piores que os filmes originais, Zumbilândia: Atire Duas Vezes mantem o mesmo estilo e a mesma qualidade, pro bem e pro mal.

A história continua o filme anterior, onde o quarteto principal viveu feliz nos últimos anos morando dentro da luxuosa Casa Branca. Então, agora adulta, Little Rock (Abigail) resolve abandonar o grupo para encontrar outra companhia. Sabendo que ela corre perigo, o trio Tallahassee, Columbus e Wichita (respectivamente Harrelson, Eisenberg e Stone) saem em busca da fugitiva.

O humor sarcástico, os acontecimentos surpreendentes, as mortes de vários coadjuvantes humanos... tudo o que esteve presente no primeiro filme e o tornou sucesso voltou. Se você gostou do Zumbilândia original, não tem erro: Zumbilândia: Atire Duas Vezes continua um bom passatempo.

Porém, ser "igual" ao filme anterior também tem seu lado negativo. Agora que já nos acostumamos com os personagens, com universo do filme, ou ainda mesmo com o estilo de suas piadas, esta falta de novidade faz com que a experiencia de assistir Zumbilândia: Atire Duas Vezes seja inferior à de 10 anos atrás.

Chega até ser um pouco "preguiçoso" trazer um filme sem nenhuma novidade. Sendo bem específico, há apenas uma coisa diferente em Zumbilândia 2: um bom e longo plano-sequencia de ação, envolvendo todos os principais atores do filme. Porém mesmo estas cenas só tem qualidade técnica: pouco empolgam ou acrescentam em termos da história do filme.

Trazendo um "mais do mesmo", dá para se divertir com Zumbilândia: Atire Duas Vezes já que o "mesmo" é bom. Nota: 6,0.


PS: o filme conta com duas cenas pós-créditos. Uma bem no começo dos letreiros (maior) e outra ao final de tudo (bem curta). A primeira cena vale bem a pena ver; a segunda... não.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Crítica - Coringa (2019)

TítuloCoringa ("Joker", Canadá / EUA, 2019)
Diretor: Todd Phillips
Atores principais: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy, Brett Cullen, Shea Whigham, Bill Camp, Glenn Fleshler, Leigh Gill
Um dos melhores estudos de personagem já feitos

Quando Joaquin Phoenix foi anunciado como protagonista do filme solo do Coringa - o maior vilão do Batman - fiquei bastante empolgado. Pois além de ser comprovadamente um ator muito bom e versátil, Joaquin sempre me pareceu um bocado doido e assustador na vida real. Um grande exemplo dessa "loucura" é o documentário (?) autobiográfico Eu Ainda Estou Aqui (2010), onde Phoenix mostra o período de sua vida onde ele tenta deixar de ser ator e virar um rapper. O meu "?" é que até hoje não sei dizer o que é real e o que é atuação neste filme; só sei que vemos um Joaquin completamente errático e surtado. É bem impressionante.

Então, Coringa, o filme, chegou. E algo raro aconteceu... minhas altas expectativas foram correspondidas! Coringa é um filme tão bom que é mais do que seu personagem principal. Ainda assim, o Arthur Fleck/Coringa de Joaquin Phoenix é sensacional, e a melhor coisa do filme. Não apenas temos uma atuação marcante, complexa, e nada menos que perfeita, como também a história do personagem é magistralmente contada. Ao longo do filme vemos o desenvolvimento do "Coringa" de maneira muito verossímil e convincente. Sofremos com ele desde o primeiro segundo, e entendemos com facilidade a transição de uma pessoa "boa" à um assassino.

Igualmente elogiáveis e impressionantes são o figurino e a maquiagem do personagem. Só de bater o olho em Arthur - transformado em palhaço ou não - e já conseguimos captar sua tristeza, sua (baixa) condição social, ou ainda, sua raiva contida e sua dor.

Em vários aspectos Coringa, me lembra bastante a HQ Batman: A Piada Mortal (1988) do genial Alan Moore. A história - uma das melhores do Batman em todos os tempos - também mostra a origem (mas bem diferente do filme) do Coringa, também mostra de maneira convincente como ele "quebra" como pessoa e, também possui uma cena final espetacular que para ser entendida, é necessário prestar bastante atenção. No caso do final da HQ, a humanidade levou mais de 25 anos para entendê-lo; mas fiquem tranquilos, o final do filme é bem mais rápido e fácil de entender rs.

E, como disse antes, o roteiro do filme vai além de mostrar a vida do protagonista. Ele questiona fortemente a estrutura da sociedade atual. E de duas formas: econômica e comportamental. Se você nasce miserável, não teve educação, quais são suas chances reais de ser alguém, de ter alguma voz no mundo atual? Que político do planeta irá se importar com você, qual a esperança que você pode ter no futuro? E - uma pergunta ainda mais difícil - se você age e pensa de maneira diferente... se você não se "encaixa" no que a sociedade define como correto e aceitável, o que lhe resta? Em Coringa, a resposta é clara: se entupir de remédios entorpecentes e/ou ir para o Asilo Arkham, um manicômio.

Porém, apesar do elogiável e poderoso questionamento, é justamente aí - ao apresentar os problemas da sociedade - que Coringa tem seus defeitos. A começar, a denúncia destas mazelas da sociedade são "jogadas" no filme pelo diretor/roteirista Todd Phillips sem muita estruturação, de modo confuso...  outro ponto que desgostei foi a dicotomia "pobre bom, rico mau" apresentada. O filme exagera ao mostrar que todo rico, sem exceção, não é boa pessoa.

E finalmente, outro aspecto que não gostei - e certamente o mais polêmico - é a "mensagem final" que o filme passa. Em Coringa, o personagem encontra respostas satisfatórias às perguntas que fiz no quinto parágrafo acima, e o filme não deixa claro para o espectador que a solução encontrada pelo protagonista NÃO funciona para todos e não é a correta! Vejam, o que aconteceria se todos os oprimidos passassem a se comportar como o Coringa? Seria simplesmente o fim da humanidade. Para um mundo tão ignorante e violento como o de hoje, eu temo de verdade que algumas pessoas interpretem o filme para o mal. (Ah, e sabem a HQ que citei mais acima? Ela não compartilha deste defeito. Alan Moore é mesmo foda!).

De longe um dos melhores filmes do ano, fica apenas o alerta que Coringa é um filme bem lento, bem melancólico, bastante pesado psicologicamente, e por tudo isto ele certamente não é recomendado para todo tipo de público e idades. Outro ponto que joga contra é que pra aproveitar o filme você precisa obrigatoriamente conhecer o básico da história do Batman e do Coringa. Mas se você não é afetado por nenhuma destas "restrições", corra para os cinemas ver esta obra prima! Nota: 9,0.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Você conhece Hokuto no Ken mais do que imagina... e agora pode conhecer ainda mais!


Graças à explosão de publicações de mangás iniciada no Brasil nos anos 90, hoje em dia quase todas as grandes obras de quadrinhos japoneses já foram publicadas por aqui. Quase. Faltava Hokuto no Ken, que estreou no Brasil pela editora JBC meses atrás, e felizmente chegou em terras brasileiras.

Hokuto no Ken foi publicado entre os anos 1983 a 1988 na revista Weekly Shonen Jump, em 245 capítulos. E serviu de base / inspiração para várias obras posteriores, como por exemplo, Berserk e Cavaleiros do Zodíaco.

A história diz que o escritor Buronson (Yoshiyuki Okamura, que usava este nome artístico em homenagem a Charles Bronson) procurava escrever uma série de artes marciais "diferente" de todas as outras, e teve então a idéia de criar a Hokuto Shinken, uma arte marcial violenta baseada em derrotar seus inimigos ao tocar em pontos de pressão vitais no corpo humano. Já o ilustrador Tetsuo Hara queria que o protagonista lembrasse muito Bruce Lee, e, ao mesmo tempo encantado pelo filme Mad Max 2, "copiou" o mundo apocalíptico do filme para ambientar a trama.

Foi assim então, que nasceu Hokuto no Ken (conhecido internacionalmente como Fist of the North Star), e que se você tiver entre 25 a 45 anos, é uma obra que você certamente conhece bastante através dos videogames.

O quê? Não lembra de nenhum "Hokuto no Ken"? E se você olhar as imagens abaixo?


Hokuto no Ken teve jogos em quase todos os consoles de videogame já feitos, mas no Brasil ele ficou bastante famoso com suas versões do Master System e do Mega Drive, respectivamente Black Belt e Last Battle.

Por que os nomes mudaram? É que por questões de licenciamento, a Sega não podia usar o nome do mangá no ocidente, sendo então necessário não apenas mudar o nome do jogo, como também alterar seus personagens e desenhos.


Videogames: Oriente vs Ocidente

No caso de Black Belt, as mudanças foram consideráveis, sendo que o jogo na versão japonesa é mais difícil de vencer. Vejam nas imagens abaixo alguns exemplos de alterações. O protagonista original Kenshiro e seu primeiro rival Shin tiveram os nomes alterados respectivamente para Riki e Ryu, sendo que para transformar Shin (o primeiro "chefão") em Ryu seu visual foi bastante alterado:


As maiores mudanças foram nas batalhas finais de cada fase. Já as partes iniciais de cada capítulo - com gráficos mais simples - continham bem menos alterações, basicamente mudavam as cores dos inimigos e o cenário ao fundo (e no caso de uma fase em específico, era possível subir em plataformas):


A maior mudança em todo o jogo foi para o chefão da terceira fase: o personagem conhecido no mangá (e no jogo japonês) como "Demônio" era um gigante com ataques de fogo, que foi transformado em um bem menos impressionante lutador de sumô de nome Gonta:


Particularmente, em termos de gráficos eu prefiro bem mais a versão japonesa. Os cenários de fundo são bem mais legais, e me empolgaram ainda mais quando descobri a obra original. Para jogar, entretanto, ainda fico com a versão ocidental, pois nele o jogo é mais fácil e a jogabilidade levemente melhorada.

A versão japonesa também busca - através de breves textos que aparecem após derrotar cada boss das fases - contar a história do mangá. A trama contada é fiel aos quadrinhos, ainda que seja diferente em relação ao destino da namorada do protagonista. Curiosidade: embora o "chefão" final da sexta e última fase deste jogo do Master System, de nome Raoh (ou Wang na versão ocidental) seja de fato o maior e mais frequente rival de Kenshiro, ele não é o último adversário do herói no mangá. Este seria Kaioh, não presente no jogo.

No caso de Last Battle as mudanças foram bem menores. Até a trama principal foi mantida. Mudaram-se apenas o nome dos personagens, a cor de seus uniformes e mais alguns pequenos detalhes. Mas principalmente, e infelizmente, o jogo se tornou menos "violento". Veja na imagem abaixo que na versão ocidental (a direita) não temos sangue:



E mais sobre este ótimo mangá

Hokuto no Ken foi muito importante para a história do Mangá. Ele foi o primeiro grande sucesso de vendas no Japão do gênero Shōnen, que no caso, são os mangás de luta dedicados ao público jovem masculino. Se não fosse Hokuto no Ken, talvez hoje nunca tivéssemos um Dragon Ball, um Yu Yu Hakusho, um Rurouni Kenshin, ou qualquer outro Shōnen posterior famoso.

No Japão a obra original foi dividida em 27 volumes. E para nossa alegria a JBC trouxe para o Brasil a versão Extreme Edition do mangá, lançada no Japão a partir de 2013 em comemoração dos 30 anos uma edição do lançamento inicial. A versão Extreme Edition é composta por 18 volumes, tem um tamanho um pouco maior (20 x 13cm) que o mangá padrão, papel de melhor qualidade, possui algumas páginas coloridas e todas as capas inéditas. Mas talvez o maior destaque fique por conta do capitulo inédito intitulado "Hokuto no Ken: Last Piece", publicado dentro do volume 11.

Já foram publicadas as 3 primeiras edições de Hokuto no Ken aqui no Brasil. Li todas elas e gostei bastante. Para quem quer matar saudades de clássicos da Sega, ou ainda, apenas aprender - e se divertir - com o começo dos Shōnen , Hokuto no Ken é uma ótima pedida!

domingo, 6 de outubro de 2019

Crítica - Rambo: Até o Fim (2019)

TítuloRambo: Até o Fim ("Rambo: Last Blood", Bulgária / Espanha / EUA, 2019)
Diretor: Adrian Grunberg
Atores principais: Sylvester Stallone, Yvette Monreal, Adriana Barraza, Sergio Peris-Mencheta, Óscar Jaenada, Paz Vega, Fenessa Pineda
Ruim, porém não a tragédia que estão anunciando

Rambo: Até o Fim, o quinto e (provavelmente) último filme da franquia Rambo, ganhou bastante repercussão da mídia mundial, em geral fortes críticas. Dentre elas, a que o filme é péssimo como história, muito violento, e finalmente, que como os vilões são mexicanos, seria um "apoio" à ideologia do presidente dos EUA Donald Trump de impedir a qualquer custo imigrações, principalmente dos latinos.

Vamos de imediato fazer justiça ao filme: em primeiro lugar Rambo: Até o Fim tem mesmo uma história rasa e é sim ruim, mas está longe desta tragédia descrita por parte da crítica. Posso garantir que para quem gosta de filmes de ação, o novo Rambo até entretém. Em segundo lugar, o "Rambo 5" é sim bastante violento; porém ele é tão violento (ou até menos) que o filme anterior, Rambo IV, de 2008. E ninguém fez escândalo sobre a violência do filme naquela época. Por que então Rambo: Até o Fim gerou tanta polêmica agora? Porque vivemos em um mundo bem mais chato e cheio de mimimi.

E, finalmente, quanto a questão dos mexicanos. Para mim Rambo: Até o Fim não fala mal deles, e em nenhum momento concorda com o de xenofobismo de Trump. É verdade que o México é retratado como um lugar selvagem, sujo e sem lei... e isto até merece algumas críticas. Porém Hollywood já mostrou a América Latina desta maneira milhares de vezes, sem maiores repercussões. E principalmente, em nenhum momento o povo mexicano é ofendido: fica bem claro, pela visão do filme, que existem pessoas boas e más, sendo que a avó e garota que moram com Rambo (elas também são mexicanas) são pessoas boas, habilidosas e corajosas... além de que Rambo as ama como se fosse sua própria família.

Na história, John Rambo (Sylvester Stallone) vive em paz (mais ou menos) em sua fazenda no Arizona, juntamente com Maria (Adriana Barraza) e a jovem Gabrielle (Yvette Monreal). Órfã de mãe, e abandonada pelo pai, Gabrielle acaba descobrindo que seu pai está no México, e parte sozinha para lá com o objetivo de confrontá-lo. Neste meio tempo, Gabrielle é capturada por um cartel mexicano para ser vendida como prostituta. É então que Rambo vai ao México para resgatá-la.

O "mais ou menos" do parágrafo acima acontece pois Rambo é mostrado como uma pessoa perturbada, que se auto condena diariamente por todos os amigos - e até mesmo estranhos - que "deixou morrer" ao longo de suas aventuras. E da-lhe flashbacks mal feitos que só prejudicam a história do filme e do personagem - até porque, em teoria, Rambo termina o filme anterior com certa paz interna.

A história de Rambo: Até o Fim é absurdamente genérica como filme de ação. Na verdade, ao invés de Rambo poderíamos ter qualquer personagem; a única coisa realmente "Rambo" do filme são as armas e armadilhas usadas por ele para matar os vilões. Nisto temos praticamente um resgate de tudo o que o ex-soldado utilizou nos quatro filmes anteriores, o que é uma agradável lembrança.

Apesar da história fraca e clichê, quem gosta de filmes de violência e vingança também não tem muito do que reclamar. Dá para assistir Rambo: Até o Fim sem sofrimento e com certo envolvimento, já que pelo menos o filme consegue fazer com que nos preocupemos genuinamente com os personagens.

Com seus 73 anos, Sylvester Stallone continua tentando manter-se na ativa com seus sucessos do passado. Após "reviver" Rambo depois dele ter se despedido 11 anos atrás, agora Stallone quer fazer mais um filme do Rocky. Para o seu bem, e de seu melhor personagem, que isto não aconteça. Já que Sly não quer se aposentar, que ele continue sua carreira em franquias novas, e não dando finais indignos para os personagens que tanto amamos no passado. Nota: 5,0

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...