quarta-feira, 18 de abril de 2018

Crítica - Jogador Nº 1 (2018)

TítuloJogador Nº 1 ("Ready Player One", EUA, 2018)
Diretor: Steven Spielberg
Atores principais: Tye Sheridan, Olivia Cooke, Ben Mendelsohn, Lena Waithe, T.J. Miller, Simon Pegg, Mark Rylance, Hannah John-Kamen
Várias qualidades e muitos clichês

Steven Spielberg está de volta aos blockbusters de aventura com Jogador Nº 1, filme baseado no livro de mesmo nome escrito por Ernest Cline em 2011.

Na história, estamos em 2045, onde boa parte da população é pobre e vive amontoada e sem esperança em "favelas" high-tech. O único local onde estas pessoas podem ter alguma esperança é dentro do OASIS, um enorme mundo de realidade virtual criado pelo nerd-gênio James Halliday (Mark Rylance) décadas atrás. Quando Halliday morre, ele deixa como "legado" um desafio: uma série de 3 enigmas dentro da OASIS que, quando resolvidos, premiará o vencedor com sua herança de meio Trilhão de dólares e o controle do mundo virtual. Wade (Tye Sheridan) é o jovem protagonista que acompanhamos em busca do prêmio.

O principal atrativo de Jogador Nº 1 é sua quase centena de referências à cultura pop: filmes, TV, música, quadrinhos, animes, vídeo games... principalmente dos anos 70 e 80, mas também passando em menor intensidade pelos anos 90 e nosso século atual. Para quem curte todas estas mídias, Jogador Nº 1 já se torna imediatamente uma experiência agradável, nem que seja pelo saudosismo. Somente em um filme como esse podemos ver um DeLorean correndo contra motos de Akira e Tron; ou ainda, o robô de O Gigante de Ferro em batalha contra outros dois robôs que não vou citar para aqui não dar spoiler. Só adianto que a (curta) luta entre estes gigantes é mais emocionante do que qualquer luta de robôs exibida em qualquer um dos cinco filmes dos Transformers.

Outra grande qualidade de Jogador Nº 1 são seus efeitos especiais. A maioria do filme se passa dentro do OASIS, e apesar disto, não me cansei das "cenas artificiais", que também me pareceram bem críveis como sendo um "mundo virtual do futuro". O design de produção de Jogador Nº 1 é sem dúvida excelente.

A aventura em si - que é quase literalmente um roteiro de vídeo-games - é bem divertida e acelerada. Pra quem gosta de jogos eletrônicos não tem erro: outro fator garantido para diversão. De quebra o filme ainda debate - e corretamente critica - o tempo que dedicamos às mídias sociais.

Todas estas qualidades acima, entretanto, estão acompanhadas de diversos problemas, o que faz a qualidade de Jogador Nº 1 cair muito como resultado final.

A começar, todos os seus personagens são mal desenvolvidos e são verdadeiros "clichês ambulantes": o mocinho ingênuo que vai salvar o mundo, a mocinha idealista e solitária que vai se apaixonar pelo mocinho, o vilão ultra-mega malvado, etc. E além dos clichês (ah, e como defender uma cena em que um vilão vai matar um mocinho e justo nesta hora sua munição acaba?) também são várias as inconsistências: drones espiões que simplesmente somem de cena quando conveniente, ou inimigos que viram a casaca sem nenhum motivo lógico.

Mas talvez o clichê de Jogador Nº 1 que mais me desanima tenha o nome de Steven Spielberg. Por que o final dos seus filmes precisam ser SEMPRE tão exageradamente felizes?

Ok, é verdade que as críticas são quase unânimes de que o filme é melhor que o livro (ou seja, o material original não é lá estas coisas); e também é totalmente compreensível que uma aventura infanto-juvenil precisa ter um final feliz. Mas não tão feliz assim! Temos literalmente 4 ou 5 finais felizes dentro do filme. E não é a primeira vez (nem será a última) que Spielberg finaliza uma história com múltiplos finais piegas-felizes.

Se fosse transportado para as telonas de maneira mais adequada, Jogador Nº 1 poderia ter sido "o" filme de aventura "futurista" do final desta década. Mas ironicamente ao repetir tantos erros e exageros do passado (ou seja, clichês), fica pra História como um filme divertido e nada mais.  Nota: 6,0.


PS: sobre as referências que o filme faz, cito aqui como curiosidade três diferenças relevantes em relação ao livro. 1) toda a cena rodada "dentro" de O Iluminado no livro se passa dentro de Blade Runner, do qual não se conseguiu os direitos de exibição; 2) pelo mesmo motivo o robô de O Gigante de Ferro substituiu Ultraman; 3) Spielberg fez questão de cortar do filme qualquer referência às suas obras (ainda que os artistas do filme tenham conseguido colocar escondido do diretor duas referências a Gremlins - filme que Steven foi produtor).

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Crítica - Um Lugar Silencioso (2018)

TítuloUm Lugar Silencioso ("A Quiet Place", EUA, 2018)
Diretor: John Krasinski
Atores principais: Emily Blunt, John Krasinski, Millicent Simmonds, Noah Jupe, Cade Woodward
Um dos melhores filmes de suspense dos últimos anos

Dirigido por John Krasinski - o eterno Jim Halpert do seriado The Office estadunidense - que também co-estrela o filme com sua esposa na vida real Emily Blunt, Um Lugar Silencioso tem sido uma grata surpresa de crítica e público pelo mundo (já é a segunda maior bilheteria nos EUA neste ano até agora, só perdendo para Pantera Negra).

Na história, pós-apocalíptica, acompanhamos a vida da família Abbott a partir de um mês após uma misteriosa invasão alienígena que quase acabou com a humanidade. Os invasores - cegos - apenas atacam quando ouvem barulho; o que significa que é possível a sobrevivência desde que as pessoas permaneçam em um eterno e completo silêncio.

Contando com uma fotografia muito boa, a maior das qualidades de Um Lugar Silencioso é o forte clima de tensão que acompanha todo o filme. Já faz um tempinho que não vejo nos cinemas uma obra tão eficiente ao fazer suspense.

Sabem aqueles filmes que os mocinhos são atacados mas você sabe que no final tudo vai dar certo? Isto definitivamente não acontece em Um Lugar Silencioso. Os problemas que a família Abbott têm que enfrentar ao longo da história são crescentes, e em nenhum momento você sabe se todos eles vão sobreviver ou não. Aliás, vocês terão que assistir o filme para descobrir se sobreviveram. ;)

A estrutura narrativa e o tema de Um Lugar Silencioso lembram um bocado o filme Sinais (2002) de M. Night Shyamalan. A diferença é que aqui a empatia que sentimos pela família em apuros é maior. O drama dos personagens é melhor desenvolvido e explora com bastante emoção a relação entre pais e filhos; além de que as filmagens são mais bem sucedidas em nos colocar "dentro" do ambiente do filme.

Contando também com boas atuações, Um Lugar Silencioso é diversão certa para quem gosta de suspense de primeira. Nota: 8,0

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...