domingo, 14 de setembro de 2014

Crítica - Hércules (2014)

TítuloHércules ("Hercules", EUA, 2014)
Diretor: Brett Ratner
Atores principais: Dwayne Johnson, Ian McShane, John Hurt, Rufus Sewell, Aksel Hennie, Ingrid Bolsø Berdal, Reece Ritchie, Tobias Santelmann

Catastrófico em seu início, filme melhora e encerra como aceitável

Se há uma frase que pode definir este Hércules é que ele é mal dirigido. Dividindo-o em início, meio e fim, o início é simplesmente pavoroso, tecnicamente falando. Mas depois o filme melhora bem, e atinge em seu "meio" o seu auge, até piorar novamente em sua conclusão, onde repete os mesmos erros do início mas felizmente não na mesma intensidade. Porém, sobre os erros do diretor Brett Ratner, falo depois.

Estrelado por Dwayne "The Rock" Johnson, esta nova versão do mítico "Filho de Zeus" chega a ser inovadora ao desprezar o mitológico e investindo no racional, trazendo Hércules como um mercenário, um humano, e não um semi-deus repleto de poderes. Porém, seus "12 Trabalhos" já eram lenda e divulgados em seu próprio tempo. Por isto, aproveitando de sua fama, Hércules consegue melhores contratos para trabalhar.

Uma virtude do filme é justamente deixar o espectador o tempo todo em dúvida: seria Hércules um humano comum? Ou ele é mesmo o filho de Zeus? A trama explora esta questão, mas nunca traz a resposta. Isto dá ao filme um tom crível de tensão nas batalhas. Por exemplo, ainda sobre os "12 trabalhos", o filme dá a entender que só alguns deles existiram... porém não somente foram superestimados, como ele teve ajuda de sua equipe para realizá-los.

Equipe esta que talvez seja o melhor do filme, mesmo que eles abusem dos diálogos clichê, seus amigos são bem distintos e bastante carismáticos. O seu braço-direito Autolycus (Rufus Sewell), a amazona Atalanta (a bela norueguesa Ingrid Bolsø Berdal) e o adivinho Amphiaraus (Ian McShane) são quem mais se destacam. Seu sobrinho contador de histórias Iolaus (Reece Ritchie) também aparece bastante, porém mais irrita do que agrada. Curiosamente, embora os nomes de sua equipe citados venham todos de personagens da mitologia grega, apenas Amphiaraus e Iolaus foram representados sem muitas distorções, sendo ainda que apenas o último realmente teve alguma relação com Hércules nos contos gregos.

Na história, vemos uma Trácia em guerra civil, e então o Rei Cotys (John Hurt) contrata Hércules e seus amigos para derrotar o cruel Rhesus (Tobias Santelmann), seu inimigo. É então que Hércules treina o exército de Cotys e participa de duas batalhas ao ar livre. Tanto o treinamento quanto as duas batalhas citadas acontecem no "meio do filme", que já citei ser a parte do filme que vale seu ingresso. Bonitas visualmente, usando na maneira certa ação e humor, aqui Hércules lembra os bons filmes de ação e aventura dos anos 80, mas jamais consegue um tom "épico", embora tente.

Dentre os "prós" do filme, é inegável que o figurino e os cenários são bem feitos, belos. A parte externa do palácio de Cotys foi construída de verdade para o filme, uma estrutura gigantesca, impressionante, que certamente contribuiu para a veracidade visual de Hércules.

Mas voltando aos "contras" do filme, no começo da história vemos Iolau narrando os encontros de Hércules com a Hidra e Javali de Erimanto. As cenas, que aparecem nos trailers, são curtíssimas, e só por isto, decepcionantes. Entretanto, vendo-as em 3D é simplesmente impossível entender o que acontece na tela. Pedaços da Hidra se jogam a frente do espectador sem nenhuma harmonia ou lógica. O mesmo desrespeito acontece nos diálogos entre os personagens. Por algum motivo estúpido, Brett Ratner decide filmar todas as conversas entre duas pessoas colocando a câmera atrás das costas de uma delas, e exagerando no close. O resultado, em 3D, é que vemos a pessoa "de costas" desfocada e dividida ao meio, flutuando na frente do espectador. O primeiro terço de Hércules é simplesmente a pior coisa que vi em 3D até hoje.

Mais ainda, sobre as cenas de ação. Brett Ratner parece ter copiado de Michael Bay a mesma incompetência de realização do mise-en-scène. Cenas a distância com cenas em close são alternadas rapidamente mas não se "encaixam". Quem assiste não consegue "visualizar o todo" nunca. Não conseguimos "ver" geograficamente tudo o que está acontecendo. As tais duas batalhas ao ar livre, as quais elogiei anteriormente, levaram elogio principalmente por ter um mise-en-scène bem mais aceitável, até bom, mas não isento de erros. Por exemplo, há um momento que Hércules grita para trazerem as carroças e, após a cena voltar para ele, o herói está "magicamente" em cima de uma.

Para finalizar, após falar tanto do diretor, preciso falar de Dwayne Johnson. Li relatos de como o ator se dedicou a este projeto... como se fosse a grande chance de sua vida. De fato, sua preparação física chega a assustar. Por cerca de 8 meses "The Rock" se isolou e treinou como nunca, o resultado é que sem efeitos especiais ele é tão mais forte que os demais atores que realmente parece "sobre humano". Mas se o visual foi apropriado, sua atuação nem tanto. Como sempre, Dwayne Johnson está carismático, atua bem como "ator de ação", mas não consegue atuar em dramas. Mas nem isto Brett Ratner percebeu, e o filme tenta trazer dor à história de Hércules, mostrando seu sofrimento pela perda da família. Um erro tanto em termos de atuação quanto em termos de história.

Me simpatizo com The Rock justamente pela sua dedicação e carisma. Mas o seu sonho de ter em Hércules seu grande filme fracassou com um diretor tão inapropriado para a empreitada. Mesmo assim, o filme tem seus momentos, e chega a divertir bem em seu meio. Nota: 6,0.

PS: não custa ressaltar que assisti em 3D por falta de opção, já que nos cinemas da minha cidade só chegaram cópias 2D dubladas. Ao continuar desta maneira, com 3Ds tão ruins, pode chegar o momento em que eu só aceite ver legendado 2D e não os encontre para assistir. Espero que este momento nunca chegue. Me ajudem. Se ajudem! Nos cinemas, nada de filmes dublados!

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Os melhores diretores da atualidade


Agora que vocês chegaram até meu post, posso dizer que o título correto não é bem este. Não sou tão pretensioso. A definição mais correta do título deste post é: "diretores cujos filmes me fazem ir ao cinema simplesmente por serem feitos por eles".

Confiram a lista abaixo, o texto está repleto de indicações de filmes. Vale muito a pena ver! Ah, a ordem da lista é alfabética por sobrenomes, simples assim. Sem mais delongas, vamos a lista dos...

Os Melhores Diretores da Atualidade

Quem: Woody Allen
Porque: com quase 80 anos de idade, este nova-iorquino é incansável. Sua carreira de diretor já atingiu a marca de 50 filmes, e desde 1977 ele faz pelo menos um filme por ano. Fazer tantos filmes assim em tão pouco tempo o faz, digamos assim, um diretor pouco detalhista, mas ainda sim, muito bom. Já seus roteiros, sua principal qualidade, são ótimos! É por isto mesmo que Woody escreve todos seus filmes. Geralmente escrevendo sobre relacionamentos / romances, e detentor de um humor sarcástico único, ele é o recordista de indicações ao Oscar como roteirista: foram 16 (até 2014). Embora seu auge e suas experimentações técnicas já tenham ficado no passado, seus filmes continuam a ser agradáveis, em geral merecedores de no mínimo uma nota 7,0. Seus últimos trabalhos, detentores desta classificação: Ponto Final: Match Point (2005), O Sonho de Cassandra (2007), Vicky Cristina Barcelona (2008), Tudo Pode Dar Certo (2009), Meia-Noite em Paris (2011), Blue Jasmine (2013) e Magia ao Luar (2014).

Quem: Pedro Almodóvar
Porque: aclamado diretor espanhol, desde o início de sua consagração internacional com Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988) tem entregado novos filmes a cada 2 anos, e em alto nível. Sempre com personagens marcantes (principalmente femininos), e roteiros cheio de reviravoltas, seu trabalho sempre traz algo diferente, seja na história em si, ou na maneira de contá-la. Recentemente ele vem alternando bastante os gêneros de seus filmes. Ele não agradou com seu último trabalho, a comédia Os Amantes Passageiros (2013). Mas antes deste filme fez o excepcional A Pele que Habito (2011), que é um suspense/horror bem forte. Dois anos antes tivemos o bom Abraços Partidos (2009), um romance/thriller, e antes deste o delicioso Volver (2006), uma comédia/drama. O que será que virá a seguir?

Quem: Wes Anderson
Porque: seus filmes são inconfundíveis: visualmente, por exemplo, é comum ele usar uma câmera fixa e seus personagens ficarem de frente para ela, expondo seus pontos de vista... as cenas parecem pinturas. Mas principalmente, seus filmes possuem uma enormidade de personagens bizarros, caricatos, e... divertidíssimos. Com seu Os Excêntricos Tenenbaums (2001), ele despontou para a fama, renovando o chamado "cinema independente americano". Mais de uma década depois, seus filmes continuam ótimos. Seus dois últimos trabalhos são os excelentes Moonrise Kingdom (2012) e O Grande Hotel Budapeste (2014). Considero Moonrise Kingdom o melhor de seus filmes, por ser ao mesmo tempo muito engraçado e comovente.

Quem: Darren Aronofsky
Porque: suas histórias são dramas fortes, e ilustrados por uma fotografia sempre espetacular. Apesar de ter feito quatro obras-primas em sequencia: Réquiem Para um Sonho (2000), Fonte da Vida (2006), O Lutador (2008) e Cisne Negro (2010), a Academia só o reconheceu tardiamente: sua primeira indicação para melhor diretor no Oscar só veio com Cisne Negro e ele não levou. Uma pena, para mim ele já deveria ter levado a estatueta para casa. Por exemplo, considero o excepcional Fonte da Vida como facilmente um dos mais belos filmes deste século. Seu filme mais recente foi também o seu mais fraco: Noé (2014). Mesmo assim, como se pode ver na minha crítica, é um filme acima da média.

Quem: Ethan e Joel Coen
Porque: os chamados "Irmãos Coen" são outros nomes desta lista que costumeiramente são roteiristas de seus trabalhos. E que roteiros! Em geral retratando a jornada de algum personagem em busca de redenção, as situações enfrentadas pelos atores são extremamente imprevisíveis e surtadas. Personagens "esquisitos", humor negro, sarcasmo, com pitadas de cenas de ação e violência; todas estas são características comuns de seus filmes. Isto sem falar da trilha sonora e da fotografia, sempre excelentes. Admito que a filmografia deles é um tanto irregular. Não gosto muito, por exemplo, de seus títulos vendidos como comédia, como por exemplo: O Amor Custa Caro (2003), Matadores de Velhinhas (2004) e Queime Depois de Ler (2008). Mas mesmo estes são diferentes, acima da média. Agora, quando o título é drama/policial, aí não tem erro: Fargo (1996 - 7 indicações ao Oscar), Onde os Fracos Não Têm Vez (2007 - 8 indicações ao Oscar), e o recente Bravura Indômita (2010 - 10 indicações ao Oscar) são seus melhores filmes, e geniais. Onde os Fracos Não Têm Vez é outro filme que considero como um dos melhores deste século. Mas, um alerta para quem for assistir: não conheço uma mulher sequer que tenha gostado dele.
Quem: Alfonso Cuarón
Porque: mesmo mexicano, o que conheço deste talentosíssimo diretor vem dos cinemas de Hollywood. Apenas assisti 3 de seus filmes, e isto foi mais de que suficiente para me tornar seu fã de carteirinha. O primeiro deles, o infantil/comercial Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004) me chamou a atenção por ser, a meu ver, o melhor dirigido dentre os 8 filmes da franquia. Em seguida veio Filhos da Esperança (2006): ficção científica, de roteiro razoável... mas filmado de maneira magistral: nele, há pelo menos dois planos-sequência (cenas longas sem cortes) de ação espetaculares. De deixar qualquer cinéfilo boquiaberto. Mas sua excelência técnica não pararia aí. Demorou 7 anos, mas seu filme seguinte, Gravidade (2013) trouxe planos-sequência ainda mais longos e geniais. OK, é verdade que em todos estes planos-sequência citados Cuarón dependeu de recursos digitais para concluí-los. Mas os planos são tão difíceis, tão complexos de serem filmados, que o uso do computador não retira absolutamente nada de seus méritos.

Quem: David Fincher
Porque: Fincher tem nome como diretor de videoclipes. Já trabalhou com Madonna, Michael Jackson, Aerosmith, e mais recentemente, Justin Timberlake. Porém, como diretor de filmes ele é muito melhor. E para mim particularmente, ele é sinônimo de filmes de suspense / investigação policial. Afinal, ele fez o ótimo, marcante e icônico Seven: Os Sete Crimes Capitais (1995) e na década seguinte faria Zodíaco (2007).
Mas apesar do rótulo que lhe dei, a verdade é que Fincher sempre faz filmes bons, e é bastante eclético, indo bem além dos filmes policiais. Dentre seus trabalhos de maior nome: Clube da Luta (1999), O Quarto do Pânico (2002), O Curioso Caso de Benjamin Button (2008), A Rede Social (2010), Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011). Só filme bacana! Seu mais novo filme fará sua estreia ainda neste ano, em outubro, e se chama Garota Exemplar. Claro que vou assistir. Mas tendo Ben Affleck como ator principal, preconceituosamente digo que existe uma pequena possibilidade deste ser o primeiro filme dele que não me agrade tanto. Vamos aguardar.

Quem: Christopher Nolan
Porque: sempre fazendo filmes de ficção / ficção científica, contando a história de maneira não-linear, com roteiros inteligentes que contam geralmente com uma ótima reviravolta no final, este diretor inglês é provavelmente o diretor atualmente mais cultuado pela comunidade "nerd". Além disto, hoje ele também é o diretor que melhor filma para o formato das telas gigantes do iMax. Nolan é mais um diretor desta lista cujos filmes sempre estão acima da média. Quer exemplos? Amnésia (2000), a Trilogia Batman (2005 / 2008 / 2012), o genial O Grande Truque (2006) e A Origem (2010). Seu próximo filme, Interestelar, chega aos cinemas em novembro. Pouco sabemos sobre ele... conta com Matthew McConaughey como ator principal e ele viajará ao espaço para "salvar a Terra" (do quê, ainda ninguém sabe...). Mesmo assim, dos filmes que restam para estrear em 2014, Interestelar é de longe o que mais aguardo.

Quem: Martin Scorcese
Porque: assim como Woody Allen, Scorcese também é de Nova York, também já passou a marca de 50 filmes, e os dois são os únicos "velhinhos" da minha lista. Mas as semelhanças param aí, já que Allen tem descendência judia e Scorcese é descendente de italianos católicos; características distintas que respectivamente marcariam suas obras. Sendo o diretor vivo que mais recebeu indicações de direção ao Oscar (8, até 2014), Martin fez muito sucesso nos anos 70 e 80 e seus filmes se caracterizavam pelo uso de muitos palavrões, muitas cenas de violência (eram filmes sobre crime, e/ou terror psicológico), e também, dentre outras coisas, tinha em comum a parceria com o ator Robert de Niro. Dentre seus principais clássicos: Taxi Driver (1976), Touro Indomável (1980) e Os Bons Companheiros (1990). Depois do bom Cassino (1995), Martin Scorcese deu uma sumida... e me deixou chocado quando voltou aos holofotes com Gangues de Nova York (2002). Apesar das 10 indicações ao Oscar, considero este filme abominável, horroroso, terrível, pavoroso; de longe o pior filme que já assisti deste diretor. E ele continuou não me agradando com os filmes seguintes, os  razoáveis O Aviador (2004) e Os Infiltrados (2006). Como Scorcese está na minha lista então? Fácil: de 2010 pra cá ele voltou a me encantar. Ilha do Medo (2010) é um ótimo filme de suspense. A Invenção de Hugo Cabret (2011) é um belíssimo "filme família" que conta a história do igualmente esquecido e genial diretor Georges Méliès. E finalmente, seu último trabalho, O Lobo de Wall Street (2013), uma divertidíssima comédia. O fato de Martin ter encontrado no ótimo ator Leonardo DiCaprio o seu novo parceiro de filmes só reforça a qualidade dos mesmos.

Quem: Quentin Tarantino
Porque: Duas coisas se podem falar sobre Tarantino: ele é doido. E um dos maiores cinéfilos que existe. Seus filmes são grandes homenagens ao próprio Cinema. De citações de roteiro, passando por músicas e elementos visuais, cada trabalho seu possui tantas referências a filmes antigos que só alguém igualmente fanático por cinema para captá-las todas... ou quase. Há outras características marcantes em seus filmes: bastante violência (porém, em geral banalizada através do humor), diálogos afiados, roteiros repletos de reviravoltas e situações imprevisíveis, e músicas que sempre garantem excepcionais discos de trilha sonora após o lançamento. Até agora, em sua carreira, foram oito filmes como diretor (todos também roteirizados por ele). Tarantino errou em apenas um: o fraco e cansativo À Prova de Morte (2007). Mas todos os demais são ótimos, e divertidíssimos: Cães de Aluguel (1992), Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994), Jackie Brown (1997), Kill Bill: Volumes 1 e 2 (2003 / 2004), Bastardos Inglórios (2009) e Django Livre (2012). Seu próximo filme sera um faroeste de nome The Hateful Eight, que deverá chegar aos cinemas no fim de 2015 / início de 2016.

Quem: Lars von Trier
Porque: o último nome da minha lista é este polêmico dinamarquês. Aliás, dá para se dizer que ele querer chocar as pessoas é uma de suas características, que inclusive ultrapassam seus filmes: no Festival de Cannes em 2011 ele fez uma declaração "perdoando" Hitler. Foi merecidamente expulso do evento. Apesar de algumas idiotices como esta (aliás ele voltou atrás dizendo ter sido uma piada), os filmes que já vi dele são excelentes. Ainda não conheço sua fase "européia", de onde se destacam os premiados Europa (1991), Ondas do Destino (1996) e Dançando no Escuro (2000). Comecei a acompanhá-lo em 2004, quando assisti seu ótimo Dogville (2003), onde ele iniciou sua fase trabalhando com estrelas hollywoodianas, que dura até hoje. Dogville, aliás, é um dos filmes mais "pesados" que já vi. Lembro bem de tê-lo assistido na mesma semana que o forte A Paixão de Cristo (2004), de Mel Gibson. E acreditem, assistir Dogville foi bem mais difícil. Depois de Dogville ele fez os bons Manderlay (2005), Ninfomaníaca: Volume 1 e 2 (2013). Mas vejo em Melancolia (2011) outra obra-prima. Belíssimo visualmente, o sentimento de melancolia transborda para o espectador, e seu final é surpreendentemente belo.

E vocês? Quem são seus diretores favoritos? Sentiram falta de alguém? Comentem! Quero conhecer a sua lista!

PS: a foto no topo deste post traz os diretores Peter Jackson e Steven Spielberg. E apesar deles fazerem parte deste texto, nenhum do dois está na minha lista, e isto foi proposital. Embora ambos tenham entrado merecidamente para a História do Cinema com seus clássicos, hoje nem de longe estão entre os melhores diretores "da atualidade". Não concordam? Ou querem mais detalhes sobre esta minha afirmação? Só me questionando através dos comentários. :)

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Crítica - Lucy (2014)


TítuloLucy ("Lucy", França, 2014)
Diretor: Luc Besson
Atores principais: Scarlett Johansson, Morgan Freeman, Min-sik Choi

Apesar dos altos e baixos, Lucy pelo menos entretém

Dá para esperar grande coisa de um filme cuja premissa principal é estupidamente incorreta? Toda a história se baseia na máxima que "o ser humano utiliza 10% da capacidade do seu cérebro"... o que é uma enorme bobagem, uma teoria absurda que surgiu há quase 2 séculos. Seria o equivalente a fazer um filme que afirma de maneira séria que a Terra é quadrada.

Mas, respondendo minha própria pergunta, sim, eu tinha certa expectativa para assistir Lucy. Não pelo roteiro, mas pelo diretor: esperava estar diante de um novo O Quinto Elemento (1997), um ótimo filme de ação dirigido pelo mesmo Luc Besson. O resultado é que Lucy é bem inferior ao O Quinto Elemento, e curiosamente, apesar de ser mesmo um filme de ação, ele praticamente não possui quase nenhuma cena de ação decente (explico isto depois), porém mesmo assim ele diverte e entretém.

Na história, Lucy (Scarlett Johansson), é uma garota normal, mas que acidentalmente é capturada por um grande traficante de drogas internacional, Mr. Jang (Min-sik Choi). Ela é então chantageada para aceitar virar uma "mula", traficando uma nova droga experimental dentro do intestino. Mas a droga vaza dentro de seu corpo e então Lucy passa a progressivamente aumentar a porcentagem de uso do cérebro, desenvolvendo super-poderes. E ao mesmo tempo que ela parte em vingança, ela entra em contato com o renomado cientista Professor Norman (Morgan Freeman) em busca de auxílio e orientação.

O problema de Lucy são seus muitos altos e baixos. Ou melhor, ele começa "no alto" e termina "em baixa". Uma de suas principais qualidades é seu clima constante de tensão, que envolve o expectador. Vale ressaltar que os poderes desenvolvidos por Lucy são tão absurdos, tão grandiosos, que fica evidente que nada de mal vai acontecer com a protagonista. Seus adversários são assassinos profissionais mas mesmo assim se tornam, portanto, inofensivos. As lutas e perseguições são fracas, repetitivas e desnecessárias. Porém o filme obtém sua "emoção" de outro lugar. Na verdade, aprendemos que Lucy tem apenas 24hs de vida. Portanto, o ótimo clima de "tensão" que comentei acima vem não do que os inimigos poderão fazer com ela, mas sim, se Lucy conseguirá fazer tudo o que precisa antes de morrer.

Ainda sobre os poderes adquiridos por Lucy, ultra-exagerados, requerem um alto número de efeitos especiais. E os efeitos de computador não são lá grande coisa, embora não cheguem a incomodar. Há alguns poderes que simplesmente ofendem a inteligência de quem assiste o filme. Mas ao mesmo tempo, há qualidades nestes poderes: alguns são tão surpreendentes que deixam o espectador com a agradável sensação do nunca saber "o que vai acontecer em seguida". Neste aspecto, Lucy é doido e imprevisível no bom sentido.

Como eu disse anteriormente, Lucy começa bem e termina mal. A cena inicial é ótima em termos de suspense. A primeira conversa de Lucy com sua mãe, e a primeira conversa de Norman com Lucy são bem escritas, até emocionante. Pena que nenhum destes trechos de "roteiro inteligente" foi reservado a conclusão do filme, que não me agradou. Aliás, conforme os poderes de Lucy aumentam, o filme fica cada vez pior para se assistir, e seu final então é bastante insatisfatório.

Irregular, Lucy não só é pior, como é completamente diferente de O Quinto Elemento. Mesmo assim, desconsiderando sua parte final, é interessante o suficiente para divertir o expectador. São 89 minutos de pura adrenalina. E de doidices de Luc Besson. Argumentos interessantes para assistir o filme. Nota: 5,0

Atualizado em 15/02/15: após refletir, abaixei a nota do filme de 6,0 para 5,0. Acho que a presença da Scarlett Johansson fez eu dar uma nota maior que Lucy merecia.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...