quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Dupla Crítica Filmes Netflix - Ataque dos Cães (2021) e Não Olhe para Cima (2021)


Encerrando a safra de críticas de filmes 2021 do Cinema Vírgula em dose dupla: mais dois lançamentos da Netflix, ambos de Dezembro, e ambos repletos de estrelas Hollywoodianas. Mas será que as obras resultantes valeram a pena de todo o investimento feito pela empresa do logotipo vermelho? Confiram!


Ataque dos Cães 
(2021)
Diretora: Jane Campion
Atores principais: Benedict Cumberbatch, Kirsten Dunst, Jesse Plemons, Thomasin McKenzie, Kodi Smit-McPhee

Elogiado pela crítica especializada e apontado como futuro candidato a várias indicações ao Oscar, Ataque dos Cães tem de fato algumas qualidades que atraem a Academia, como o tema, a fotografia e algumas atuações. Mas confesso ter esperado bem mais do filme, já que ele causou tanto burburinho.

A trama, baseada em um livro de mesmo nome, se passa em 1925 em um rancho no Oeste estadunidense, administrado pelos jovens irmãos Burbank. George (Jesse Plemons) se encanta e se casa com a viúva Rose (Kirsten Dunst); por sua vez Phil (Benedict Cumberbatch) rejeita fortemente à esta união, pois enxerga Rose como uma aproveitadora em busca do dinheiro de sua família. As implicâncias de Phil também recaem em cima de Peter (Kodi Smit-McPhee), filho de Rose vindo do casamento anterior, o qual possui comportamento frágil e afeminado. O drama praticamente é todo sobre os confrontos entre Phil, Rose e Peter.

Só há uma coisa em Ataque dos Cães que receberá meus altos elogios: as atuações de Kodi Smit-McPhee e Benedict Cumberbatch. Aliás este último está realmente muito bem, praticamente sem demonstrar seu sotaque britânico (o que comprometeria seu personagem). Cumberbatch levou seu papel tão a sério que optou por de fato fumar cigarros o tempo todo durante as filmagens (o que o levou ao hospital por três vezes por intoxicação), não tomar banho na vida real, e também evitar se encontrar com Kirsten Dunst fora das cenas, para não desenvolver amizade.

Mas apesar de sua atuação, o personagem de Cumberbatch no filme tem seus defeitos. Primeiro porque apesar de não gostar de tomar banho, ou de limpeza em geral, note que ele nunca aparece em cena "sujo", ou com a barba mal feita, ou ainda, com as roupas em mal estado. Para mim é incoerente. Outro ponto é a revelação do porquê Phil ser tão homofóbico e misógino: chega a decepcionar de tão clichê.

Outro ponto costumeiramente elogiado pela crítica é o estudo dos personagens, no qual também vejo alguns defeitos. Por exemplo, apesar de passar bastante tempo "explicando" a vida de Phil e Peter, não fica claro o motivo por qual Phil resolve se aproximar do garoto. Seria apenas outra maneira de irritar Rose? Seria porque ele via em Peter seu passado? Ou seria apenas uma maneira de "comprá-lo"? Não sabemos... e tempo para explicações houve de sobra.

Por outro lado, é um acerto que Ataque dos Cães consiga no geral ser bem eficiente em nos explicar os sentimentos e ações dos quatro personagens principais de maneira sutil, sem didatismo, prestigiando apenas o espectador mais atento. Temos vários duelos "psicológicos" interessantes e tensos ao longo do filme.

Em resumo, o conflito entre os quatro protagonistas não traz nada de novo, mas o filme se mantém interessante o tempo todo graças às atuações, principalmente para Phil e Peter. E como bônus, o final é um bocado surpreendente. Nota: 6,0.

PS: Jesse Plemons e Kirsten Dunst são um casal na vida real, já tendo dois filhos juntos, e foram chamados para a produção "de última hora", substituindo outros atores. Kirsten não aparecia em filmes desde 2017, embora continuasse atuando em séries de TV.



Não Olhe para Cima
 (2021)
Diretor: Adam McKay
Atores principais: Leonardo DiCaprio, Jennifer Lawrence, Meryl Streep, Cate Blanchett, Rob Morgan, Jonah Hill, Mark Rylance, Tyler Perry, Timothée Chalamet, Ron Perlman, Ariana Grande, Kid Cudi, Himesh Patel, Melanie Lynskey, Paul Guilfoyle

Lançado mundialmente em 24 de Dezembro, como último grande lançamento do ano da Netflix, e com enorme elenco de estrelas (é só conferir a lista resumida dos nomes na linha anterior), Não Olhe para Cima é obviamente, e mais do que qualquer coisa, um ataque ao negacionismo científico e uso da mesma pelos políticos.

Na trama, a universitária Kate Dibiasky (Jennifer Lawrence) e seu professor, o cientista Dr. Randall Mindy (Leonardo DiCaprio) acabam descobrindo que um cometa de tamanho maior do que causou a extinção dos dinossauros está em rota certa de colisão com a Terra. Ao levar o problema para a Presidente Orlean dos EUA (Meryl Streep), e ao perceber que a mesma não deu atenção ao fato, a dupla leva o alerta à mídia, que supreendentemente também não liga muito para o que foi dito, comportamento imitado pelo público em geral.

Se os ataques - repito - são principalmente aos políticos negacionistas e reacionários de direita, o roteiro também disparara sua metralhadora às redes sociais, à futilidade das celebridades, ao sensacionalismo e parcialidade da imprensa, aos gênios empreendedores como Steve Jobs e Elon Musk... enfim, à sociedade ocidental atual.

E é desanimador constatar que o roteiro é muito bom em suas denúncias... de fato vivemos momentos lastimáveis como sociedade. Hoje vivemos em um mundo tão perdido que todos os absurdos mostrados em Não Olhe para Cima são tão cotidianos que nem fazem rir... Sim, o filme tenta ser uma comédia, mas apesar do bom roteiro e de algumas boas piadas e ironias, acaba sendo mais um documentário que registra os tempos atuais.

Mesmo não fazendo rir muito, Não Olhe para Cima vale a pena pelo que nos faz refletir - além de nos divertir com seu elenco estrelar. Eu até daria uma nota maior ao filme se ele fizesse rir mais... e tenho uma teoria de que isso não acontece porque ele foi lançado "tarde demais"... Já estamos vivendo há 2 anos na pandemia de Covid-19, Trump nem é mais o presidente dos EUA... só restou Bolsonaro, que aliás é uma versão piorada e mais irresponsável do próprio ex-governante estadunidense que o filme procura ridicularizar. Em outras palavras, talvez uma piada de 2 anos não tenha mais tanto efeito... mas pelo menos ela sempre nos fará pensar. Nota: 7,0.

PS: Há duas cenas pós créditos em Não Olhe para Cima. Vá até o fim e não perca nenhuma delas ;)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

Crítica - 007 - Sem Tempo Para Morrer (2021)

Título: 007 - Sem Tempo Para Morrer ("No Time to Die", EUA / Reino Unido, 2021)
Diretor: Cary Joji Fukunaga
Atores principais: Daniel Craig, Rami Malek, Léa Seydoux, Christoph Waltz, Ralph Fiennes, Naomie Harris, Rory Kinnear, Ben Whishaw, Jeffrey Wright, Ana de Armas, Lashana Lynch, David Dencik, Dali Benssalah, Billy Magnussen
Nota: 6,0

Daniel Craig encerra seu ciclo com algumas surpresas

Depois de longa espera (o filme estava pronto para ser lançado no começo de 2020 porém foi adiado diversas vezes devido ao surto de Covid-19), 007 - Sem Tempo para Morrer foi enfim lançado no final de Setembro de 2021. Trata-se do 25º filme oficial do espião James Bond, e a 5ª e última vez onde o mesmo é interpretado pelo ator britânico Daniel Craig.

A história é uma continuação direta do filme anterior, 007 Contra Spectre (2015), com o casal Bond (Daniel Craig) e Madeleine (Léa Seydoux) aposentado e ainda juntos. Porém, em uma viagem para encontrar o túmulo de sua primeira paixão, a espiã Vesper Lynd (do filme de 2006, Casino Royale),  James volta a enfrentar Blofeld (Christoph Waltz) e a SPECTRE, assim com um novo e misterioso vilão com um plano para matar não apenas os dois rivais, como de quebra boa parte do mundo.

Ou seja, mais uma vez o novo filme de James Bond relembra seus filmes passados, e em tudo ele é muito parecido com 007 Contra Spectre: um filme longo, repleto de cenas de ação em ambientes externos e internos variados, perseguições de carro gratuitas, roteiro clichê, personagens caricatos, etc, etc.. Também aqui temos uma sequência de ação cinematograficamente bem acima de média: se no filme anterior ela acontecia dentro de um trem, aqui ela acontece no subterrâneo alagado de uma fábrica, onde temos um plano-sequência muito impressionante.

Porém 007 - Sem Tempo para Morrer é melhor que o filme anterior em alguns pontos. A começar pelos atores, Daniel Craig e Léa Seydoux, que estão melhores em cena. Outro ponto positivo são pequenas surpresas, como uma incomum mistura de gêneros de roteiro dentro da própria trama - algumas vezes ele abandona completamente o tema de espionagem, ora parecendo um filme de ação estilo Rambo, e ora parecendo um filme de romance - ou ainda vermos que a agência britânica MI6 já tem seu novo 007 em operação, uma jovem negra e competente chamada Nomi.

E, claro, a maior dentre todas as surpresas, o polêmico desfecho que dividiu opiniões. Eu vou dizer o que acontece no final, mas não aqui, e sim em um "PS" após o texto para quem não se importa com spoilers.

Daniel Craig encerra seu ciclo como James Bond de modo um pouco decepcionante, mas ainda assim, satisfatória. Ele iniciou sua participação na franquia da melhor maneira possível: afinal, para mim seu Casino Royale é o melhor filme do 007 de todos os tempos. Depois vieram o fraco Quantum of Solace, o bom Operação Skyfall, o fraco Contra Spectre, e agora este aceitável Sem Tempo para Morrer. Meu maior lamento é que os três últimos filmes mais referenciam o passado da franquia do que inovações, que vimos aos montes em Casino Royale. Mas pelo menos, essas "homenagens" ao passado foram feitas de modo respeitoso e digno. Nota: 6,0



PS: sobre o final de 007 - Sem Tempo para Morrer - spoiler gigantesco a partir daqui, fica o alerta. Pela primeira vez na história da franquia James Bond morre. E embora não o vemos "morrendo", todos os envolvidos pela produção (inclusive diretor) afirmam categoricamente que Bond morreu. E para mim tudo bem, pois ele morreu de uma forma bacana e heróica. Fica a dúvida de como será o futuro da franquia a partir de agora... embora eu imagino que seja um reboot com um James Bond começando sua carreira (novamente) do zero. Sim, não há dúvidas que James Bond vai voltar (no final dos créditos é dito que James Bond Will Return), até porque se trata de uma franquia muito lucrativa; por exemplo, este filme foi nada menos que o segundo de maior bilheteria nos Cinemas em 2021, com cerca de US$ 800 milhões de arrecadação, só perdendo para Homem-Aranha: Sem Volta para Casa.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

The Witcher: Lenda do Lobo é bom, e precisa ser assistido por quem é fã do seriado


Quando a animação The Witcher: Lenda do Lobo chegou à Netflix nem dei muita bola... mas para quem não leu os livros, nem conhece os jogos de videogame - que é meu caso - isto foi um erro.

Afinal, The Witcher: Lenda do Lobo ajuda a explicar vários pontos do universo da franquia, e que fazem diferença para quem está assistindo a segunda temporada, que estreou nesta sexta-feira: a história conta as origens do bruxo (witcher) Vesemir e termina mostrando como ele conhece o futuro protagonista Geralt de Rivia. De quebra, ainda aprendemos um pouco sobre o elfo Filavandrel e finalmente "vemos" como um bruxo é "criado" - algo que na série apenas é explicado através de breves diálogos. Ressalto que tanto Vesemir quanto Filavandrel são personagens importantes e frequentes da 2a temporada de The Witcher, mas que aparecem por lá sem muitas explicações. Por isso a importância de assistir este desenho.

De quebra, The Witcher: Lenda do Lobo traz uma história de "caça aos monstros" interessante, e cujo único defeito que aponto é o exagero dos poderes dos personagens durante as lutas. Sabe a vantagem que as animações possuem sobre os live-actions, de não possuírem limitações visuais? Pois bem, aqui isso não foi usado sempre de maneira positiva.

De qualquer forma, para quem curte a série do The Witcher e quer continuar se aprofundando em sua mitologia, The Witcher: Lenda do Lobo não pode ser ignorado. E a Netflix continuará expandindo o universo da franquia em spin-offs além da série principal: já está anunciada para 2022 o título The Witcher: A Origem, uma mini-série live-action de seis episódios que se passará 1200 anos antes das aventuras de Geralt, terá protagonistas todos elfos, e também promete contar a origem do primeiro Bruxo.

Para o futuro próximo, já foi confirmada a 3a temporada de The Witcher e o lançamento de um segundo filme de animação, aos moldes de The Witcher: Lenda do Lobo, cujo nome e trama ainda não foram revelados. Se preparem que vêm muitos Bruxos por aí ;)

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Saibam o que achei das novas encarnações de Cowboy Bebop (o Live Action) e He-Man (Mestres do Universo - Salvando Eternia) da Netflix


Recentemente anunciei aqui no Cinema Vírgula as (então) estréias das primeiras temporadas de Cowboy Bebop (live action) e de He-Man Mestres do Universo - Salvando Eternia. Em ambos os casos relembrei as obras originais que as inspiraram e escrevi com alguma esperança de encontrar algo bom e novo.

Bem, agora que assisti ambas as produções, vou escrever o que achei e contar para vocês se meu leve otimismo valeu a pena... ou se é melhor ficar APENAS com as obras originais. 


Cowboy Bebop 

Assisti os 4 primeiros episódios do novo Cowboy Bebop da Netflix. Comparando-o com o Anime, nota-se que o universo da franquia está lá; a maravilhosa trilha sonora também (aliás, com o luxo de trazer Yoko Kanno e sua banda Seatbelts de volta para regravar as músicas da trilha sonora novamente, seja do modo clássico, ou com algumas modificações; ou ainda criar algumas composições totalmente novas para o seriado); visual e Design de Produção também não decepcionam. O problema são os personagens.

A Netflix pode até ter tentado trazer atores fisicamente parecidos com Spike, Jet Black, Faye Valentine, etc... Mas em termos de personalidade, os personagens que vemos neste Cowboy Bebop não são nem de longe parecidos com os da obra original. É simplesmente revoltante. Os verdadeiros Spike e Jet não ficariam se provocando e contando piadinhas o tempo todo; aliás, nem ficariam falando o tempo todo... são sujeitos caladões, sérios. A Faye da Netflix parece uma heroína animada com tudo, e não demonstra em nenhum momento a melancolia e comportamento decorrentes da triste história de sua vida do anime. Agora, nada é pior do que fizeram com a adaptação de Vicious...

Tudo em Vicious é péssimo: desde o ator escalado (que por ser um ocidental, parece um bocó), como pela personalidade totalmente oposta ao da série original. Onde já se viu mostrar Vicious com medo dos Anciãos? Com medo de qualquer coisa, aliás? Assim que vi suas primeiras cenas já imaginei que não iria aguentar ver a temporada até o fim. E não aguentei. Como fã incontestável da obra original, ter assistido Cowboy Bebop até o 4o episódio foi meu máximo... e só fui tão longe para poder escrever aqui no blog com mais propriedade.

Reconheço entretanto que para quem nunca assistiu o Cowboy Bebop original, a série da Netflix não é tão ruim. O problema é que eles deturparam todos os (ótimos) personagens originais, e optaram por recontar uma mesma história que originalmente era um space opera com várias camadas, drama e reflexão... e transformaram em uma história rasa de máfia misturando ação e comédia. Dá pra passar o tempo... mas é mais do mesmo. E um insulto à obra original.

Para o bem ou para o mal, a primeira temporada de Cowboy Bebop da Netflix foi abaixo do esperado tanto em crítica quanto em público, e portanto já foi cancelada.


Mestres do Universo - Salvando Eternia

Sendo bem direto, e indo diretamente contra várias matérias nacionais que li por aí, este seriado é um completo lixo. Se a primeira metade da temporada não foi tão ruim, a metade restante - exibida apenas meses depois - é uma das piores coisas que já vi. Para se ter uma idéia da porcaria desta segunda metade, nela descobrimos que o Príncipe Adam consegue se transformar em He-Man mesmo sem a espada (porém neste caso ele se transforma em um He-Man igual ao Incrível Hulk) e que por sua vez, a espada do He-Man é tão poderosa, mas tão poderosa, que ela pode instantaneamente eliminar TODAS as vidas do universo vivo E do universo do além vida (??!!). E mais, mesmo estando de posse de todo esse poder, Príncipe Adam, Esqueleto e Maligna (que conseguem controlar a espada ao longo da história) ao invés de derrotar seus inimigos com um simples "estalar de dedos" (parabéns Thanos por NÃO ser o personagem mais estúpido do universo), preferem fazer isso em briga corpo a corpo. Ah, tenham dó.

Isso sem contar a enorme coleção de frases piegas, clichês de auto ajuda, de como o poder corrompe, e de quebra, algumas piadas de cunho sexual. Nem em meus piores sonhos poderia imaginar algo tão ruim.

O que me leva a falar de Kevin Smith, criador, co-produtor e co-roteirista desta enorme porcaria. Kevin Smith teve sim sua importância nos anos 90, ao mostrar para Hollywood que nem todo nerd é esquisito e anti-social... eram tempos em que um adulto gostar de quadrinhos era visto universalmente com algo infantil e constrangedor. Ao ser um grande divulgador do mundo nerd e pop, seus filmes O Balconista (1994) e Barrados no Shopping (1995) foram precursores deste mundo de hoje onde falar de super-heróis é algo verdadeiramente cotidiano.

Dito isso, lembre-se... eram os anos 90. E mesmo naquela época, suas obras não eram excelentes... eram sim legais, mas eram diferentes... falavam do que ninguém falava, e é por isso que se destacavam. Trinta anos depois, Kevin Smith continua tendo espaço, continua tendo oportunidades, mas os tempos são outros... Super-heróis fora dos quadrinhos não são raridade, pelo contrário até existem em excesso. Portanto, ele não acrescenta mais nada hoje em dia; aliás deveria ter se aposentado há anos. 


Conclusão: respondendo o que questionei no segundo parágrafo, fique APENAS com as obras originais de Cowboy Bebop e He-Man.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

Curiosidades Cinema Vírgula #007 - Sete jovens atores em ascensão com pais famosos que você não tinha idéia!


A lista de famosos com filhos que são atores/atrizes famosos é maior do que se imagina; porém, na lista que trago aqui, o foco é em atores/atrizes "da nova geração", e que ganharam reconhecimento mundial apenas nos últimos anos. Vamos a ela!


Margaret Qualley e Andie MacDowell

Começando com quem me inspirou a fazer esta lista, a bela e talentosa Margaret Qualley ficou verdadeiramente famosa no mundo inteiro meses atrás, ao encarnar a personagem principal do elogiadíssimo seriado Maid, da Netflix. O que poucos sabem é que Andie MacDowell (Feitiço do Tempo, Quatro Casamentos e um Funeral), que interpreta sua mãe na série é também a sua mãe na vida real. Antes de Maid, Margaret já havia chamado atenção em Era Uma Vez Em... Hollywood e no seriado The Leftovers.


Lily Collins e Phil Collins

A atriz Lily Collins fez seus primeiros sucessos ainda bem jovem, em comédias românticas como Espelho, Espelho Meu e Simplesmente Acontece; mas ela chamou mesmo a minha atenção com sua atuação no drama O Mínimo Para Viver, de 2017, onde é protagonista. Lily continua com uma carreira crescente, participando de filmes famosos recentes como Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal e o multi-indicado ao Oscar, Mank. Ela também é protagonista da série Emily in Paris, da Netflix, cuja segunda temporada estréia mundialmente em Dezembro deste ano.

Seu pai é o cantor Phil Collins, que apesar de não ser ator também teve uma participação bem relevante no mundo dos cinemas: foi ele o responsável por criar toda a trilha sonora do filme de animação da Disney Tarzan, de 1999. Inclusive, por este trabalho ele ganhou um Oscar, de Melhor Música Original por You'll Be In My Heart.


Zoë Kravitz, Lenny Kravitz e Lisa Bonet

Zoë Kravitz é provavelmente o nome menos conhecido da lista, ainda que ela já tenha feito várias pequenas participações em filmes relevantes, como por exemplo X-Men: Primeira Classe, Mad Max: Estrada da Fúria, e a série de filmes adolescentes Divergente. Hoje ela é mais reconhecida na TV, com participações maiores nos seriados Big Little Lies e Alta Fidelidade, porém a tendência é sua fama nas telonas aumentar cada vez mais, a começar pelo próximo ano, onde ela será a Mulher Gato no novo filme do Batman.

Zoë é a primeira desta lista a ter ambos os pais bem famosos: Lenny Kravitz, seu pai, é um famoso cantor e músico de rock, além de estar se arriscando nos últimos anos a fazer algumas pequenas aparições nos cinemas, como por exemplo nos filmes da saga Jogos Vorazes. Já sua mãe é Lisa Bonet, atriz que ficou bastante famosa na década de 80 interpretando a adolescente Denise no seriado The Cosby Show.


Dakota Johnson, Don Johnson e Melanie Griffith

Dakota Johnson era uma atriz praticamente desconhecida até alcançar fama mundial do dia pra noite ao estrelar a série de filmes da franquia de Cinquenta Tons de Cinza. Ela é outra da lista que possui os dois pais famosos - fato muito pouco conhecido pelo público - porem desta vez ambos são atores.

Sua mãe é Melanie Griffith, que era sex symbol nos anos 80 e cujo auge da carreira durou até o início dos anos 90. Ela é conhecida por filmes como Dublê de Corpo, Uma Secretária de FuturoA Fogueira das Vaidades e As Aparências Enganam. Já seu pai é Don Johnson, bem famoso nos anos 80 por ser um dos policiais da dupla da série Miami Vice, mas que continua na ativa fazendo participações em filmes recentes e relevantes, como por exemplo Django LivreEntre Facas e Segredos.


John David Washington e Denzel Washington


Se tem alguém nesta lista que está em alta, esse alguém é John David Washington, ator principal de filmes recentes com múltiplas indicações ao Oscar, como Infiltrado na Klan e Tenet; além de também co-estrelar o filme Malcolm & Marie, lançado este ano na Netflix.

Por ter uma carreira bem nova, muitos poucos sabem que ele é filho do grande ator Denzel Washington (eu também não tinha a menor idéia). Denzel foi a estrela de filmes como Malcolm X, Filadélfia, Dia de Treinamento, O Livro de Eli e Um Limite Entre Nós dentre vários sucessos.


Alexander Skarsgård, Bill Skarsgård e Stellan Skarsgård

Encerrando a lista, dois atores de uma vez só, os irmãos suecos Alexander e Bill Skarsgård. Alexander é bem mais conhecido pelos trabalhos na TV, onde teve destaque nas séries True Blood, e mais recentemente Big Little Lies. Já Bill ficou famoso nos cinemas há poucos anos atrás, interpretando muito bem o palhaço Pennywise nas recentes refilmagens de It: A Coisa.

Mas nem todos percebem que ambos são filhos de Stellan Skarsgard. Por enquanto o veterano ator é o mais famoso da família, fazendo parte de filmes como Gênio Indomável, Ninfomaníaca, e das franquias  Piratas do Caribe, Thor, Os Vingadores e o recém lançado Duna.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 27 de novembro de 2021

Crítica - Duna (2021)

Título: Duna ("Dune: Part One", Canadá / EUA, 2021)
Diretor: Denis Villeneuve
Atores principais: Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Josh Brolin, Stellan Skarsgård, Dave Bautista, Zendaya, Sharon Duncan-Brewster, Charlotte Rampling, Jason Momoa, Javier Bardem, Chang Chen
Nota: 8,0

Duna é a primeira parte de uma saga que promete ser única e espetacular

Ainda em cartaz nos cinemas nacionais, e disponível desde ontem via HBO Max, pela primeira vez a obra literária de Frank Herbert enfim ganha uma adaptação digna de sua qualidade, para alegria dos fãs de ficção científica.

Este Duna de 2021 narra os eventos de metade do primeiro dos 6 livros escritos por Herbert. Ou seja, ainda que este filme se encerre completando um ato definido, trazendo considerável conclusão, sua história principal não acaba, sendo necessário um filme seguinte.

A história, que se passa no ano 10191 (de que calendário? rs), acompanha acontecimentos que estão ocorrendo com a família da Casa Atreides, governantes do planeta "oceânico" Caladan. Segundo ordens do Imperador dos planetas conhecidos, os Atreides foram convocados a assumir também o controle do planeta "desértico" Arrakis, que estava sob o cruel comando da Casa Harkonnen nos últimos 80 anos. Arrakis, que antes da chegada do Império já era habitado há centenas de anos por um povo nômade de nome Fremen, é o planeta economicamente mais desejado do universo, por ser o único lugar que produz a especiaria Melange, matéria prima utilizada, dentre outras coisas, como combustível das naves para viagens interestelares. A chegada da "família Real" de Atreides, composta pelo Duque Leto Atreides (Oscar Isaac), sua esposa Lady Jessica (Rebecca Ferguson) e seu filho Paul Atreides (Timothée Chalamet), causam reviravoltas políticas (e até religiosas) dentro e fora de Arrrakis, que é o que acompanhamos ao longo deste filme.

Meses atrás eu escrevi um texto apresentando a franquia Duna em livros, e suas similaridades com Senhor dos Anéis (relembre aqui). Mas agora vendo o filme, minha conclusão é que Duna é uma história mais complexa para se adaptar. Com isso, consigo entender e "perdoar" o diretor Denis Villeneuve por seu filme ser mais difícil de ser assistido do que os filmes da Terra Média feitos por Peter Jackson.

Vejam: a obra original de Duna opta por ser uma salada de vários assuntos distintos, debatendo política, economia, filosofia e religião ao longo de seus muitos livros da franquia. Só no primeiro livro, base do primeiro filme, temos três histórias para serem contadas ao mesmo tempo: 1) a luta política entre Casas disputando poder para controle do Império; 2) a destruição que o "homem moderno" causa no meio ambiente e nos povos nativos em busca de recursos naturais (em Duna há uma referencia muito óbvia ao Petróleo e o mundo Árabe, porém a metáfora serve para qualquer recurso que foi valioso em nossa história... Ouro, terras, etc); 3) o culto a um "Messias" ("o" escolhido) que surgiria para trazer equilíbrio e paz a todos. 

Portanto, para contar tudo isso, Duna é um filme longo (2h e 35min), que passa na maior parte do seu tempo sendo "didático", apresentando seu universo, mas ainda assim não é um filme cansativo de assistir: ele é tão interessante que passa muito rápido. Vejam: embora não seja um filme "parado" nem "cansativo", é um filme mais difícil de se assistir, por ter muitos diálogos e trazer bastante intrigas e políticas. O trailer de Duna (que você pode conferir clicando no link no começo deste texto) é uma propaganda enganosa: se ele é quase todo cenas de ação, é porque usa praticamente todas as cenas do tipo que existem no filme... não espere por muita pirotecnia em Duna.

E é justamente a "pouca ação" e o muito tempo gasto apresentando o universo criado por Frank Herbert uma das poucas críticas que o filme Duna está recebendo; já que tecnicamente o filme é maravilhoso, muito bem feito, principalmente em termos de efeitos visuais. Confesso que não vejo muitas maneiras para Denis Villeneuve contar sua história "corrigindo" estes pontos. Porém, ao se tratar de uma adaptação, ele deveria sim inserir algumas cenas a mais de ação, e cortar alguns personagens que não fazem diferença para a trama... a menos que eles tenham alguma ação essencial em filmes futuros, não cortá-los foi um fan service desnecessário.

Comparando este Duna com outras obras, visualmente ele lembra bastante Star Wars, mas já em roteiro as coisas são bem diferentes... talvez o que mais se aproxime deste Duna (e não muito) seja o Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones, devido suas intrigas políticas... nesse sentido, Duna com suas Casas e castas lembra muito mais um Guerra dos Tronos. E em termos de trilha sonora e ambientação, este Duna é bem contemplativo, com uma trilha incidental forte, barulhenta, com temas que misturam desorientação, épico e cultos religiosos. É uma mistura de Blade Runner com A Chegada; não a toa, o diretor Denis Villeneuve dirigiu estes dois filmes (aí seria o Blade Runner 2, no caso).

Elogiado em geral pela crítica, Duna entretanto não foi tão bem nas bilheterias dos cinemas, principalmente por ter sido prejudicado pela pandemia de Covid. Mas também não foi tão ruim, alcançando cerca de U$S 370 milhões em arrecadação até a data de hoje. Desta forma, foi com certo alívio e felicidade que recebi a notícia de que a produção do segundo filme - que encerrará a história do primeiro livro - está confirmada, com as filmagens já programadas para Julho de 2022 e lançamento previsto para Outubro de 2023.

Com alguns defeitos e várias qualidades, estou empolgadíssimo para continuar acompanhando a saga da família Atreides no planeta Arrakis. Nota: 8,0

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Conheça Cowboy Bebop: um dos melhores Animes de todos os tempos, e cujo inédito seriado live action estréia na Netflix nesta sexta-feira dia 19!

Qual o melhor Anime dos anos 90? Em geral, as pessoas vão pensar em Dragon Ball ZYu Yu HakushoSamurai XPokémon, ou até Cavaleiros do Zodíaco (este último um equívoco, já que mesmo sendo exibido por aqui na década de 90, ele é dos anos 80).

Porém, embora todos os títulos acima sejam bons, algo que sempre falo é que os dois melhores Animes dos anos 90 - e disparado - são os menos conhecidos Neon Genesis Evangelion e Cowboy Bebop. São dois clássicos obrigatórios, que também se incluem entre os melhores Animes de todos os tempos, e só "perdoo" quem ainda não os conhece pois ambos títulos só chegaram no Brasil via TV por assinatura... e tardiamente... nos começo dos anos 2000.

Sobre Evangelion, sua versão original está disponível na Netflix e eu já o apresentei para vocês no Cinema Vírgula (leia aqui e relembre). Agora, chegou a vez de falar sobre Cowboy Bebop.


Cowboy Bebop: o Anime

Cowboy Bebop é uma animação japonesa de temporada única, de 26 episódios, exibida entre 1998 e 1999. Em 2001 os fãs ganharam um longa metragem, também em animação, que cronologicamente se passa entre os episódios 22 e 23 da série. O gênero da produção é considerado um "faroeste espacial". Na trama, que se passa em 2071, acompanhamos a tripulação da nave Bebop, todos caçadores de recompensa, em suas aventuras para capturar criminosos espalhados por todo o Sistema Solar. Sim, na mitologia deste anime a humanidade já colonizou quase todos os planetas do nosso sistema estrelar natal.

Da esq. para a dir.: Jet, Spike, Faye, Ed e o mascote Ein.

Vamos conhecer os 4 protagonistas da série?

Spike Spiegel: um rapaz calado, alto e magro de 27 anos, que costuma se comportar como um cavalheiro e evitar confusões, porém tem seu passado ligado à máfia. Também é muito bom lutador de artes marciais, e é o mais próximo de ser o personagem principal da série.

Jet Black: ex-policial, é o único do grupo que se comporta com certa maturidade e responsabilidade... é como se fosse o "velho" da equipe, embora tenha apenas alguns poucos anos a mais que Spike. É também o "faz-tudo" do time, responsável pela alimentação e manutenção da nave. Musculoso, também possui um braço mecânico, o que lhe dá ainda mais força.

Faye Valentine: bonita, inteligente, mas também intempestiva e de temperamento difícil, Faye não apenas vive como caçadora de recompensa mas aproveita o mundo masculino onde vive para aplicar golpes. Excelente pilota de aeronaves e atiradora, ela não se incomoda nem teme passar pelas mais perigosas e impossíveis aventuras.

Ed: adolescente prodígio, Ed têm 13 anos e é um dos hackers mais famosos da Terra, de codinome "Radical Edward". O personagem funciona principalmente para trazer alívio cômico à série, e está aparentemente sempre desconectado da realidade; ao mesmo tempo, vive acompanhado do cachorro-gênio Ein, cuja extensão real de sua inteligência é um mistério.


Por que Cowboy Bebop é tão bom?

Cowboy Bebop é uma verdadeira obra de arte. Essa afirmação não é um exagero, e os motivos para ela são vários. Primeiro, vamos citar a animação em si: seu visual, movimentação e enquadramento são diferentes do que se costuma ver em desenhos japoneses... além de trazer um realismo e seriedade não muito comum em animes. Merecidamente, pela sua parte gráfica, Cowboy Bebop ganhou diversos prêmios.

Outra qualidade de Cowboy Bebop é seu o universo futurista: seu ambiente mistura principalmente ficção científica com filmes noir, mas ele também ele mistura vários outros temas presentes na cultura do século XX, como máfia, faroeste, artes marciais, robôs, tradições milenares, etc., e os adapta para um 2071 de maneira bastante convincente... vemos um futuro que é ao mesmo tempo crível e reconhecível para qualquer um.

Cowboy Bebop também tem como grande destaque seus personagens. Cada um dos quatro protagonistas possui uma história pessoal muito triste e melancólica... o que reflete bastante no clima da série, deixando-a também mais reflexiva e filosófica. Debates sobre a violência, solidão, e como as ações passadas de um indivíduo impactam seu futuro são frequentes.

Só que não temos apenas os "heróis" como grande personagens. O anime traz vilões bem marcantes: sejam eles os vilões "menores", que são o "alvo" da trupe de caçadores em um único episódio (e que chamam bastante a atenção por serem totalmente surtados e diferentes em estilo e personalidade em relação uns aos outros), como também em relação aos antagonistas "principais" e recorrentes da trama, carismáticos e longe de serem personagens rasos.

O "pai" dos animes Cowboy Bebop and Samurai Champloo. Continue lendo para saber seu nome

Agora, se tudo o que disse acima já é maravilhoso, o ápice de Cowboy Bebop é sua música. Não é a toa, portanto, que um tipo de música (Bebop é um estilo de Jazz) esteja presente no título do Anime. Para compor a trilha sonora desta produção, foi criada a banda Seatbelts, liderada pela compositora e instrumentalista Yoko Kanno. As composições originais da banda, tocadas ao longo dos 26 episódios, foram tantas que geraram material suficiente para completar 7 CDs.

Assim como seu universo visual, as músicas de Cowboy Bebop são uma junção de diversos estilos que ao mesmo tempo homenageiam o passado. A maior parte das músicas são Jazz, e algumas delas são re-imaginações de antigas músicas Clássicas e Pop para este estilo. Dentre o repertório de Cowboy Bebop via banda Seatbelts também temos músicas de Rock, Eletrônica, Blues e até J-Pop.

E a declaração de amor de Cowboy Bebop para a Música vai além da trilha sonora: ao longo do seriado temos várias referências a obras musicais e artistas de vários países, ainda que na maioria estadunidenses. Mas nem o Brasil ficou de fora! Por exemplo, temos 3 coadjuvantes veteranos aos quais Spike ocasionalmente encontra para conversar, e eles se chamam Antônio, Carlos e Jobim, em clara homenagem ao nosso saudoso compositor Tom Jobim. Outro exemplo bem claro de homenagens são os nomes dos episódios, que dentro da obra não são denominados de capítulos, e sim de "sessões". Todos eles se referem a um termo musical, ou então, a uma música em específico. Por exemplo, a "Sessão 6" se chama "Sympathy for the Devil" (música dos Rolling Stones), e a "Sessão 14" se chama "Bohemian Rhapsody" (música do Queen).

Concluindo, Cowboy Bebop é uma obra praticamente perfeita, unindo de maneira incrível som, imagem e roteiro em uma aula suprema de narrativa. E se tivermos que apontar um único "culpado" para esta harmonia impar, ele terá que ser o cidadão da foto anterior, Shinichirō Watanabe, produtor da série e diretor de todos os episódios. 

Gostou de que leu? Saiba que o anime completo JÁ está disponível para ser visto na Netflix desde o começo do mês. Bora conhecer!!


Cowboy Bebop: a nova série da Netflix

Neste dia 19, sexta-feira, a série live-action de Cowboy Bebop fará sua estréia mundial na Netflix. A primeira temporada contará com 10 episódios e planeja recontar a história do anime original. Tenho minhas dúvidas se estes episódios serão suficientes para cobrir os 26 capítulos do desenho de 1998... sinceramente acho que não... o que nos levaria a novas temporadas. Mas a resposta mesmo vamos ter daqui alguns dias.

Da esq. para dir., os atores Daniella Pineda, John Cho e Mustafa Shakir

O maior nome do elenco de Cowboy Bebop é John Cho, que já atuou literalmente em dezenas de filmes de Hollywood. Aparentemente o personagem Ed não estará presente no seriado... porém o cachorro Ein está confirmadíssimo!

Até hoje não vi uma única adaptação live-action de anime feita por americanos que mereça elogios. Eu assisti o teaser da série e o odiei (veja aqui): em nenhum momento senti estar ambientado no futuro. Porém, depois assisti o trailer (veja aqui) e gostei... comecei a ter um pouco de esperança. Pelo menos em ambos os casos, tanto no teaser quanto no trailer, vemos os atores sendo filmados com os mesmos ângulos e movimentos "estranhos" da obra original, e já podemos nos deleitar com a trilha sonora da banda Seatbelts, a mesma que tanto contribuiu para fazer Cowboy Bebop ser a Obra Prima que é.

Curiosamente, uma das poucas críticas para o Cowboy Bebop original que sobreviveram até hoje é o fato dele ser "estadunidense demais", deixando a cultura japonesa de lado. Então, ironicamente, talvez por isso esta obra é que tenha a maior chance de ser a primeira adaptação decente de anime feita pelo ocidente. Vamos torcer!


Mais algumas imagens do universo de Cowboy Bebop para vocês conhecerem e passar vontade

E aproveite para escrever nos comentários se você gostou da matéria e quer conhecer mais sobre esta franquia ;)

A famosa nave Bebop, casa dos 4 protagonistas

Spike pilotando seu caça

O design da nave de Faye lembra Star Wars e Robocop

Epa, parece que Ed não vai se sair bem dessa...

Antônio, Carlos e Jobim batendo seu papo de sempre antes de encontrarem com Spike

Eu disse que os vilões possuem visual e personalidade bem distintas né? Bem, vejam 2 deles e tirem suas próprias conclusões...

sábado, 13 de novembro de 2021

Crítica Netflix - Alerta Vermelho (2021)

Título: Alerta Vermelho ("Red Notice", EUA, 2021)
Diretor: Rawson Marshall Thurber
Atores principais: Dwayne Johnson, Ryan Reynolds, Gal Gadot, Ritu Arya, Chris Diamantopoulos
Nota: 6,0

Apesar de ser uma enorme salada, o filme mais caro da Netflix é divertido

Alerta Vermelho (Red Notice no original) já chamou atenção antes do início das filmagens, quando em 2019 a Netflix comprou os direitos de distribuição do filme da Universal Pictures, e já tinha sob contrato o trio de estrelas Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot. O motivo da produção ter alcançado as manchetes naquele momento é porque se tratava do maior orçamento da Netflix para um filme em todos os tempos: cerca de US$ 200 milhões.

A história, que junta bastante ação e comédia, e basicamente um longo jogo de gato e rato repleto de reviravoltas entre os agentes Hartley do FBI (Dwayne "The Rock" Johnson) e Das da Interpol (Ritu Arya) contra os mundialmente famosos ladrões de obras de arte Nolan Booth (Ryan Reynolds) e "O Bispo" (Gal Gadot). No final das contas, o roteiro é uma gigantesca salada, misturando clichês de filmes como Onze Homens e um Segredo, James Bond e Indiana Jones. Mas se o roteiro é bem genérico e de qualidade duvidosa, o filme diverte e me fez rir em vários momentos.

Alerta Vermelho tenta aproveitar as qualidades do seu trio de estrelas ao máximo, e então temos Ryan Reynolds fazendo piadas o tempo todo, Gal Gadot charmosíssima e maravilhosa como sempre, e The Rock... bem, a ele sobrou o papel de ser o "escada" das piadas de Ryan, pois apesar do filme ter várias - e boas - cenas de ação, poucas são de luta corpo a corpo, e portanto, ele não aproveita muito seus músculos.

Não me arrependi em nada de ter assistido Alerta Vermelho, mas por outro lado assim que o filme terminou eu me perguntei como esta produção pode ter custado tanto, já que não tem (e nem teria porquê ter) nenhuma cena muito grandiosa, épica. Bem... é verdade que o filme foi filmado em várias localidades diferentes, o design de produção é belíssimo e luxuoso... mas ainda assim não justifica tanto valor. Algo que justifica bem mais (mas ainda assim não tudo), é o absurdo salário recebido pelo trio de atores principais: para fazer Alerta Vermelho, Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot receberam a bagatela de US$ 20 milhões CADA UM!!

Alerta Vermelho certamente vai agradar quem curte filmes de ação com humor; porém não agradou em nada a crítica especializada. Resta saber se vai agradar a Netflix, no sentido dela recuperar o dinheiro investido. Acho difícil. Nota: 6,0


PS: tudo isso dos 3 Ovos de Cleópatra é 100% ficção. Não existe absolutamente nada nem perto disso na vida real, para decepção de quem - como eu - curte História de verdade.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

Duna está chegando no Brasil. Fique por dentro de tudo e entenda porque ele é o Senhor dos Anéis da Ficção Científica!

Se me perguntassem que filme eu aguardava mais ansiosamente para 2021, Duna sempre esteve no mínimo em meu Top 3. Pra começar devido seu diretor, o canadense Denis Villeneuve, que está entre meus favoritos da atualidade e tenho elogiado constantemente seus filmes por aqui (Os Suspeitos, O Homem Duplicado, Sicario: Terra de Ninguém, A Chegada, Blade Runner 2049). Mas principalmente... por se tratar de Duna!

E para quem não sabe o que é Duna, farei um paralelo desta obra com o hoje amplamente conhecido O Senhor dos Anéis.


A saga de O Senhor dos Anéis é uma série de livros de fantasia escrita pelo britânico J. R. R. Tolkien e publicada na década de 50. Fez grande sucesso entre leitores da língua inglesa, teve boas vendas mundialmente, mas não foi tão popular aqui no Brasil. Elogiadíssima por publico e crítica, a obra definiu e influenciou seu gênero a partir de então.

Por ser uma obra longa e densa, misturando muitos personagens e um universo próprio de rica mitologia, o livro sempre foi considerado inadaptável para o Cinema. Isso não impediu as pessoas tentarem, claro... a primeira tentativa foi em 1978, com a animação de nome O Senhor dos Anéis, e que teve retorno apenas mediano de crítica e público (ver imagem ao lado).

Mas em 2001, e com centenas de milhares de dólares investidos, Hollywood se une a Peter Jackson e muda tudo ao lançar O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel. A partir de então, com esta verdadeira obra prima, a saga de J. R. R. Tolkien passa a ser verdadeiramente conhecida pelo mundo todo (literalmente), indo além do nicho de leitores de fantasia, e também fazendo parte do conhecimento popular de nós, brasileiros.


Já a saga de Duna é uma série de livros de ficção científica do escritor americano Frank Herbert e publicada na década de 60. Fez grande sucesso entre leitores da língua inglesa, teve boas vendas mundialmente, mas não foi tão popular aqui no Brasil. Elogiadíssima por publico e crítica, a obra definiu e influenciou seu gênero a partir de então.

Por ser uma obra longa e densa, misturando muitos personagens e um universo próprio de rica mitologia, o livro sempre foi considerado inadaptável para o Cinema. Isso não impediu as pessoas tentarem, claro... a primeira tentativa foi em 1984, filme de David Lynch de nome Duna, e que teve retorno apenas mediano de crítica e público (ver imagem ao lado).

Mas em 2021, com centenas de milhares de dólares investidos, Hollywood se une a Denis Villeneuve e lança o filme Duna. Será que eles também irão mudar tudo? E transformar Duna no novo Senhor dos Anéis? É o que veremos nos próximos meses.


Sobre a série de livros

Duna teve 6 livros escritos por Frank Herbert, sendo o primeiro destes publicado em 1965, e o último em 1985. Mas desde 1999, Brian Herbert (filho de Frank) e em parceria com Kevin J. Anderson, vêm escrevendo e publicando novos livros da série, quase um livro novo por ano. A qualidade dos livros, e se eles seguem ou não a tradição iniciada por Frank são alvo de constante debate entre os fãs.


Sobre o filme Duna que será lançado no Brasil em 21 de Outubro

O filme já estreou na Europa neste mês de Setembro e têm recebido boas críticas, embora mais pela parte técnica do que pela história em si. Este Duna pega o primeiro livro e o divide em duas partes, ou seja, ao assisti-lo você vai ter sim que esperar pela continuação...

... que já está sendo planejada, e com filmagens previstas para começar em 2022. Ainda assim, a produção vai depender de boa bilheteria para de fato acontecer. Entretanto, se tudo der certo, o diretor Dennis Villeneuve faria também um terceiro filme, que contemplaria o segundo livro (de nome O Messias de Duna) e fecharia sua "trilogia" inicial.

A produção traz vários atores bastante conhecidos, como por exemplo: Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Josh Brolin, Stellan Skarsgård, Dave Bautista, Zendaya, Jason Momoa e Javier Bardem.

Como dito acima, Duna chega nos cinemas Brasileiros no dia 21 de Outubro, um dia antes da estreia nos EUA. Porém, nos EUA o filme estreará simultaneamente no HBO Max. No Brasil, teremos que esperar por mais 35 dias para isto acontecer. Quer ver o trailer de Duna? Clique aqui!


E vêm série prequel por aí!

Se o segundo filme ainda não está 100% garantido, uma série derivada está. Com o nome Dune: The Sisterhood, esta misteriosa série exclusiva da HBO Max já foi confirmada e contará eventos ocorridos antes do primeiro filme.

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Crítica - O Esquadrão Suicida (2021)

Título: O Esquadrão Suicida ("The Suicide Squad", Canadá / EUA / Reino Unido, 2021)
Diretor: James Gunn
Atores principais: Margot Robbie, Idris Elba, John Cena, Joel Kinnaman, Sylvester Stallone (vozes), Viola Davis, David Dastmalchian, Daniela Melchior, Michael Rooker, Jai Courtney, Peter Capaldi, Alice Braga
Nota: 7,0

James Gunn é de fato bom no que faz

Cerca de um mês e meio após estrear nos cinemas brasileiros, chega também para o HBO Max o filme O Esquadrão Suicida, continuação (com uma história totalmente independente) e reboot do péssimo Esquadrão Suicida de 2016.

Além da presença do artigo "O" no título, há uma diferença fundamental entre as duas obras, a presença (agora) do diretor James Gunn (de Guardiões da Galáxia e Guardiões da Galáxia Vol. 2).

Neste novo Esquadrão Suicida, James Gunn não nos deixa esquecer por nenhum momento que agora é ele quem comanda o show: todas as primeiras cenas trazem o ator Michael Rooker, costumeiro parceiro do diretor em seus projetos. Mas o toque de Gunn não fica apenas no visual: também na primeira cena já temos uma trilha sonora de qualidade que faz sentido com o filme, algo que não tivemos em 2016.

É realmente impressionante como James Gunn, sendo o diretor e o escritor, consegue fazer bem este tipo de filme: misturar um grupo (grande) de personagens desajustados / perdedores, unir muita ação, música, humor... tudo bem construído e resultando em um trabalho coeso. É exatamente o que ele fez nos dois primeiros Guardiões da Galáxia, e consegue repetir a dose aqui mais uma vez.

Volto a insistir no grande exemplo que os filmes de Esquadrão Suicida de 2016 e 2021 nos proporcionaram, ao mostrar o quanto direção e roteiro importam. A trama de ambas versões é muito parecida... e ainda assim, o trabalho de Gunn ficou muuuuuuuuito melhor que o de David Ayer do filme inicial.

E agora, comparando James Gunn com ele mesmo, ou seja, este O Esquadrão Suicida com Guardiões da Galáxia, o segundo vence a disputa. Entretanto, não se enganem, este filme do Esquadrão é bom e muito divertido! Ele sofre por ter atores e personagens piores do que James teve para trabalhar nos filmes da Marvel, além do "fardo" de ter que recuperar uma franquia de um filme-erro anterior.

Porém, O Esquadrão Suicida permitiu ao diretor fazer coisas que ele nunca poderá fazer na Marvel, como por exemplo, transformar seus personagens em algo REALMENTE dispensáveis (o que renderá várias surpresas, assistam!), além de poder criticar o governo americano. Na prática, tivemos um muito promissor recomeço para a franquia, e se a Warner/DC manter James Gunn no comando, e com total liberdade, ele tem tudo para fazer um próximo filme tão bom quanto Guardiões da Galáxia ou talvez até melhor! Nota: 7,0



PS: como curiosidades, não posso deixar de comentar a pequena (mas importante) participação da brasileira Alice Braga, sobrinha de Sônia Braga, como uma líder rebelde de Corto Maltese, e que Sylvester Stallone é quem faz as vozes do personagem Tubarão-Rei.

domingo, 8 de agosto de 2021

Crítica Netflix: Mestres do Universo - Salvando Eternia (+ bonus He-Man e She-Ra)

He-Man e os Defensores do Universo foi uma série de desenhos infantis muito famosa e relevante nos anos 80, criada pela Mattel (e produzida pela Filmation) para vender a linha de brinquedos do mesmo nome. Anos depois, veio sua "versão para meninas", ou melhor dizendo, os desenhos de She-Ra: A Princesa do Poder, que também fez muito sucesso.

E como a moda dos últimos anos é ressuscitar sucessos oitentistas, He-Man é o novo produto re-imaginado daquela época, agora produzido pela Netflix (aliás, esta é a 4a encarnação de He-Man, confira as imagens no fim deste artigo!). Não é novidade, entretanto, ver a Netflix se aventurar nesta franquia. Afinal, poucos anos atrás, em 2018, ela lançou She-Ra e as Princesas do Poder

She-Ra e as Princesas do Poder é um completo reboot da série dos anos 80, sendo mais infantil, com mais personagens femininas, mais socialmente inclusiva, e que em nenhum momento cita He-Man na trama. O programa já está na 5a temporada; eu assisti a primeira e gostei bastante. Recomendo para quem tenha crianças conhecer.

Mas... voltando a He-Man: agora sob o nome de Mestres do Universo - Salvando Eternia, temos uma produção bem elaborada, repleto de atores famosos na dublagem (Mark Hamill, Sarah Michelle Gellar, Liam Cunningham, Lena Headey e Alicia Silverstone dentre outros), e que é uma continuação direta da série original de He-Man, de 4 décadas atrás.

Sim, Mestres do Universo - Salvando Eternia nos mostra o Rei Randor, a Rainha Marlena, a Feiticeira, o Mentor e até mesmo Gorpo envelhecidos; mas curiosamente o Príncipe Adam/He-Man e Teela parecem até mais jovens. Como principal nome na produção e nos roteiros temos Kevin Smith, cineasta e roteirista de quadrinhos, um dos "nerds" mais famosos de Hollywood.

A primeira temporada tem 10 episódios, porém estão divididos em 2 partes, sendo portanto que apenas os 5 primeiros já foram transmitidos. E resumindo o que achei destes episódios... "decepcionantes, mas ainda dá para ter esperança de melhoras".

E a recepção da série pelo público foi em geral mais crítica do que a minha. Para ele, a principal decepção é que He-Man mal aparece nestes episódios. De fato, até agora temos como personagem principal a Teela, e em segundo lugar, a vilã Maligna. Para piorar, não gostei de Teela, que embora seja uma personagem forte e corajosa, está sempre irritada e sua desculpa para "se rebelar" me soou bem fraca. Já Maligna é de longe a melhor coisa de Mestres do Universo - Salvando Eternia até agora: entendemos suas motivações, e ela nos deixa sempre no suspense se vai aprontar algo ou não.

Particularmente esperava ver uma animação bem feita, cheia de batalhas e lutas interessantes. A primeira parte se cumpriu, os desenhos são bons; porém em termos de batalhas.. pouco se vê. O que mais temos nestes 5 primeiros episódios é um road movie onde vamos passando por locais diversos e relembrando dos antigos personagens.

Porém, como disse antes, Mestres do Universo - Salvando Eternia não foi tão ruim a ponto de não me fazer ter vontade de assistir os futuros 5 episódios da temporada. Quem sabe com He-Man participando mais tenhamos mais ação e qualidade nos roteiros.



Bônus - veja aqui todas as encarnações de He-Man e She-Ra nos desenhos:


He-Man e os Defensores do Universo (1983-85) e todos seus principais personagens, sendo heróis ou vilões. Estão vendo o baixinho flutuando com um gigante "O" na roupa? Pois bem, seu nome original é Orko. Mas os idiotas que traduziram o desenho para o Brasil o batizaram de Gorpo, que não começava com a letra O...


She-Ra: A Princesa do Poder (1985-86): aqui apenas os "mocinhos" da série. She-Ra, a irmã de He-Man teve a vantagem de contar com desenhos de melhor qualidade, e fez tanto sucesso quanto o irmão


As Novas Aventuras de He-Man (1990): pasmem, mas a primeira tentativa de continuação de He-Man foi essa, que na verdade era uma espécie de aventura espacial. Muito ruim, e pela aparência de Esqueleto e He-Man já dá para ter uma idéia da tristeza que isso foi. Durou apenas uma temporada


He-Man os Mestres do Universo (2002-2004): agora uma tentativa de contar a história original sob visão mais moderna. Certamente melhor do que a tentativa anterior, mas ainda mediano, e que não conseguiu o mesmo sucesso de público e crítica dos anos 80


She-Ra e as Princesas do Poder (2018-??): estreando via Netflix depois de quase duas décadas abandonada, este She-Ra é a mais infantil e bem humorada dentre todas as versões de He-Man e She-Ra. Faz certo sucesso de público, mas merecia mais


Os Mestres do Universo: Salvando Eternia (2021-??): por enquanto apenas Teela (esq.) e Maligna (dir.) protagonizam a série

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Curiosidades Cinema Vírgula #006 - O genial e Olímpico italiano Bud Spencer


Com a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio que tivemos hoje, podemos dizer que agora estamos oficialmente em clima de Olimpíadas! E aproveitando este tema, que tal falar de outro famoso ator que foi atleta Olímpico? Porém, essa "desculpa" que usei para escrever o artigo é até injusta com esta pessoa genial que foi Bud Spencer. Como vocês verão, ele foi muuuuuito mais que ator (e atleta).

Segundo ele mesmo: "Fiz de tudo na minha vida. Há apenas três coisas que nunca fui: bailarino, jóquei e político. Já que os primeiros dois empregos estão fora de questão, vou me jogar na política”, disse Bud Spencer em 2005, quando se candidatou a um cargo em Roma a pedido do então primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Ele acabou não sendo eleito, mas esta sua frase é emblemática e a mais pura verdade, como veremos a seguir.

Nascido em Nápoles, Itália, com o nome de Carlo Pedersoli, o famoso ator Bud Spencer (1929 - 2016) escolheu seu marcante nome artístico no final dos anos 60, quando sua carreira nos Western Spaghetti começava a decolar. Seu nome surgiu de uma junção curiosa: sua cerveja americana favorita Budweiser mais o primeiro nome do ator Spencer Tracy, de quem era fã.

Bud Spencer e Terence Hill

Sua aposta nos "Faroestes" foi certeira, pois foi justamente fazendo dupla com o também italiano Terence Hill neste tipo de filme (embora em seu caso, sempre puxando para a comédia) que Bud atingiu sucesso mundial e também ficou muito famoso no Brasil, com seus filmes sendo exibidos a todo momento na TV, principalmente nos anos 70 e 80. A dupla atuou junto em 19 filmes. Em 1984 os dois estiveram no programa Os Trapalhões, e Bud falou em Português, claro(!), como se pode ver aqui ou aqui (versão completa).

Mas antes da fama, Bud Spencer de fato fez de tudo um pouco. Na América do Sul ele morou no Brasil (no Rio de Janeiro, onde trabalhou numa fábrica na linha de produção; e em Salvador, onde trabalhou como secretário na Embaixada Italiana), e também morou na Venezuela (onde trabalhou como supervisor em construção de ferrovias). Todas estas viagens o fizeram ser fluente tanto no Português quanto no Espanhol, mas ele também falava Italiano, Inglês, Francês e Alemão.

Foi entre os períodos entre Brasil e Venezuela que Bud Spencer, de volta à Itália, se tornou um grande atleta. Iniciou uma faculdade de Química, porém acabou abandonando e se formando em Direito: segundo ele, a troca lhe dava mais tempo livre para treinar esportes. Spencer chegou a lutar Boxe, onde foi bem sucedido localmente, mas ele se destacou mesmo é na Natação.

Bud Spencer foi, em 1950, o primeiro italiano a nadar os 100m rasos abaixo de 1 minuto. Nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952, Bud parou na semifinal nos 100m livre com o tempo de 58s9. Ele também fez parte no revezamento 4x200m, mas a Itália não avançou na fase final. Quatro anos depois, Spencer estava novamente nos Jogos Olímpicos, agora em Melbourne (1956). Mais uma vez ele caiu na semifinal dos 100m livre, agora com o tempo de 59s. Apesar de não ter ficado entre os 8 melhores do mundo, Bud Spencer dominou facilmente os 100m livre na Itália em sua época, e foi 7 anos campeão nacional.

Além da natação, em seus últimos anos como atleta Bud também participava da Seleção Italiana de Polo Aquático, onde foi Ouro com a seleção nos Jogos do Mediterrâneo de 1955. Entretanto, ele não chegou a disputar Olimpíadas como jogador deste esporte. Em 1957, resolveu encerrar a carreira nas águas. Foi aí que ele migrou para a Venezuela, para "se encontrar com sua verdadeira natureza". Em seus últimos meses por lá Spencer trabalhou em uma fábrica da Alfa Romeo e chegou a disputar corridas de carro. 

Depois de quase 1 ano em Caracas, Bud Spencer volta para seu país natal devido a saudades de sua família e de sua namorada Maria Amato. Ele se casaram em 1960 e embora o pai de Maria fosse produtor de cinema, Bud estava mais interessado em música, e chegou a assinar contrato com a gravadora RCA como compositor (e você pode ouvir algumas de suas músicas clicando aqui).

Mas a carreira musical não decolou, e seguindo a sugestão da esposa, em paralelo Bud Spencer começou a fazer suas primeiras pequenas aparições em filmes italianos. E o resto de sua carreira na telona vocês ja sabem. ;)

Décadas depois, já nos últimos anos como ator, passou a atuar também como roteirista, e descobriu no "voar" uma nova paixão, se tornando piloto de aviões e helicópteros. Nos anos 80 ele foi co-fundador de uma empresa de aviação, a Mistral Air, e também atuou como piloto comercial de sua própria companhia.

E para finalizar seus grandes feitos, em 2010 ele passou a ser escritor, lançando sua autobiografia. Anos depois ele lançaria mais dois livros: outra biografia e um outro que misturava filosofia com gastronomia. Todos os livros foram best sellers na Itália.

Viva Carlo Pedersoli! Viva Bud Spencer! E vocês achando que o Rodrigo Hilbert é um faz-tudo... tsc, tsc


Bud Spencer em seus últimos anos, relembrando seu físico de atleta




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!


Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...