segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Crítica - Aquaman (2018)

TítuloAquaman (idem, Austrália / EUA, 2018)
DiretorJames Wan
Atores principais: Jason Momoa, Amber Heard, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Dolph Lundgren, Yahya Abdul-Mateen II, Nicole Kidman, Temuera Morrison, Michael Beach
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=Kv4URLPowcE
Nota: 7,0

Roteiro simples + Visual impressionante = Bom entretenimento

Pela primeira vez em sua história o outrora secundário Aquaman ganha sua adaptação cinematográfica, com Jason Momoa interpretando o personagem pela terceira vez (as outras vezes foram em Batman vs Superman e Liga da Justiça).

Mesmo se passando cronologicamente após os dois filmes que acabei de citar, Aquaman é um filme de origem. A história contada lembra levemente a saga O Trono da Atlântida, lançada em 2012 no EUA como parte da era Os Novos 52 nos quadrinhos da DC. Dentre todos os filmes de origem de super-heróis recentes, este Aquaman é provavelmente o que mais traz elementos da clássica estrutura narrativa denominada A Jornada do Herói. E por trazer tantos dos "capítulos" desta jornada ao mesmo tempo, o filme conta com longas 2h e 23min de projeção.

Desta maneira, usando uma narrativa que possui literalmente milênios de aprovação popular, a DC não arrisca e com um roteiro simples, agrada a todos os públicos. Aliás a "simplicidade" não impede que conheçamos um bocado do protagonista, o que me surpreendeu positivamente.

Se não há nada de novo em seu roteiro, Aquaman inova no visual e nos efeitos especiais. Ainda que os efeitos de computadores não sejam excelentes e perfeitos, eles são muito bonitos e conseguem ser bem eficientes no convencer o espectador de que as cenas se passam "embaixo d'água". Ainda pouco explorado nos cinemas, o universo fantástico dos oceanos acaba sendo bastante exibido no filme, o que resulta em uma explosão de cores e animais diversos.

Mesmo com o ator principal sendo no máximo mediano atuando, Aquaman compensa isso com um elenco de vários nomes famosos, como Nicole Kidman, Willem Dafoe, Dolph Lundgren, Amber Heard e Patrick Wilson. A presença deles simultaneamente em tela certamente agradará os cinéfilos.

Também contando com humor e drama equilibrados, e boas cenas de ação tanto dentro quanto fora d'água, Aquaman é um filme divertido que tem tudo para agradar tanto os fãs de quadrinhos quanto ao público geral. Com um único defeito de ser mais longo do que deveria, ele se une ao Mulher Maravilha como um dos melhores filmes recentes da DC. Nota: 7,0


PS: assisti o filme em 3D e se o mesmo não compromete nenhuma cena, sem distorcer a tela, por outro lado não acrescenta nada: mal se percebe o 3D no filme. Se conseguir encontrar um Aquaman legendado em 2D, essa é a melhor escolha.

terça-feira, 20 de novembro de 2018

Crítica - The Ballad of Buster Scruggs (2018)

TítuloThe Ballad of Buster Scruggs (idem, EUA, 2018)
Diretores: Ethan Coen, Joel Coen
Atores principais: Tim Blake Nelson, James Franco, Liam Neeson, Tom Waits, Zoe Kazan, Tyne Daly, Clancy Brown, Bill Heck, Sam Dillon, Stephen Root, Harry Melling, Brendan Gleeson, Saul Rubinek
Os irmãos Coen de volta em sua melhor forma

Os ótimos irmãos Ethan e Joel Coen estão de volta dirigindo e roteirizando seu melhor filme desde Bravura Indômita (2010), que curiosamente também é um faroeste. Agora, em The Ballad of Buster Scruggs temos uma antologia de 6 curtas, cada um deles uma história completamente separada das demais. Em comum, cada conto tem principalmente o tema "morte".

Não irei descrever cada uma das 6 histórias. Só vou dizer que "A Balada de Buster Scruggs", que dá título ao filme, é a primeira apresentada e também a melhor de todas. Tendo até momentos musicais, o primeiro conto é o mais bem humorado, e provavelmente o mais caro, repleto de figurantes e contando até com alguns efeitos computadorizados. Na foto acima, vemos os 6 protagonistas de cada uma das histórias. Em ordem, respectivamente, temos os atores: Tim Blake Nelson, James Franco, Liam Neeson, Tom Waits, Zoe Kazan e Tyne Daly.

Os contos em The Ballad of Buster Scruggs trazem de maneira marcante as principais características autorais dos irmãos Coen: vários atores famosos, sarcasmo, ironia, humor negro, acontecimentos inesperados. De certa forma, para quem não conhece os Coen, seus filmes lembram em vários pontos os filmes de Quentin Tarantino. Porém, enquanto este último dá bastante destaque para trilha sonora, diálogos e "imitações" de filmes antigos, os irmãos Coen preferem investir na fotografia, em algo mais silencioso e contemplativo, e também, sem focar muito no passado.

The Ballad of Buster Scruggs é produção exclusiva Netflix e chegou ao Brasil nesta última sexta-feira dia 16. Entretanto, para ter a chance de concorrer ao Oscar (que exige de todos os indicados que os mesmos tenham sido exibidos em cinemas físicos), o filme foi exibido no começo do mês em algumas salas de cinema de Los Angeles, Nova York, São Francisco e Londres.

The Ballad of Buster Scruggs é uma excelente homenagem aos filmes de faroeste, brincando com seus clichês, trazendo belas paisagens, e principalmente, expondo o lado negro do ser humano. Para quem gosta dos filmes dos Coen, este aqui é imperdível! Nota: 8,0

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Crítica - Bohemian Rhapsody (2018)

TítuloBohemian Rhapsody ("Bohemian Rhapsody", EUA / Reino Unido, 2018)
Diretor: Bryan Singer (e também o não-creditado Dexter Fletcher)
Atores principais: Rami Malek, Lucy Boynton, Gwilym Lee, Ben Hardy, Joseph Mazzello, Aidan Gillen, Tom Hollander, Allen Leech, Mike Myers, Aaron McCusker
Muita música de ótima qualidade em uma biografia historicamente questionável

Se pararmos para pensar o quanto o grupo Queen foi bom, e ao mesmo tempo, o quanto eles estão esquecidos atualmente, até que demorou demais para que eles ganhassem sua biografia nos cinemas.

Em Bohemian Rapsody, a história desta banda londrina é contada desde seus momentos iniciais, no início dos anos 70, até à sua icônica apresentação no Live Aid, em 1985. Ou melhor, não é bem uma biografia da banda, pois embora o filme traga vários momentos musicalmente criativos do grupo, o enfoque da história é no líder/vocalista Freddie Mercury... mostrando sua ascensão à fama, e a posterior crise em consequência do sucesso, onde o cantor abusou de drogas e de verdadeiras orgias com vários parceiros homens.

Bohemian Rapsody usa ao máximo músicas originais do Queen na trilha sonora. Durante quase todo o filme, os belos clássicos da banda são tocados para deleite do público. Isso sem contar que parte considerável dos longos 2h14min de projeção são simplesmente a banda se apresentando em shows ou TV. De certa forma, é como se boa parte do filme fosse um clipe musical gigante.

E claro que, sendo um clipe do Queen, não tem muito como deixar de agradar. Somando a isso o ritmo acelerado da história, à boa fotografia, e ainda, a ótima performance de Rami Malek como Freddie Mercury, qualquer pessoa que gostar da banda vai gostar bastante de Bohemian Rapsody.

O filme, entretanto, perde a oportunidade de ser memorável ao trazer um roteiro com poucos acontecimentos, ao focar - como dito antes - em apenas uma pessoa ao invés do grupo todo, e ao mudar vários fatos históricos.

Aliás, ser honesto com seu público definitivamente não é o forte de Bohemian Rapsody. Ao começar pelo seu trailer, que em apenas dois rápidos flashes mostram a homossexualidade de Freddie, sendo que dentro do filme é o assunto mais abordado, depois das apresentações musicais.

Dentre as várias modificações na história real do Queen, as mais gritantes ocorrem no desfecho do filme, nas cenas às vésperas do Live Aid. Ao contrário do que o filme mostra, neste momento o grupo não tinha terminado, eles não estavam "brigados" com Mercury, não fazia muito tempo que eles se apresentaram juntos (eles haviam encerrado o tour do álbum The Works apenas oito semanas antes), e principalmente, não foi neste momento que Freedie revelou a todos ter AIDS. Na vida real, o cantor só iria saber que estava com a doença dois anos depois do Live Aid.

É como se o Live Aid real não fosse o fim de uma história (e não foi), e então os roteiristas forçaram a barra para tornar o show como o "grande ato final" do grupo. Claro, em filmes tudo é permitido, mas eu considero alterar a História neste nível algo bastante decepcionante. Desta vez não estou sozinho em minha crítica: as modificações na história real do Queen foram destaque negativo na mídia mundial.

Talvez Bohemian Rapsody tivesse sido melhor se não fosse sua produção tão conturbada. Após sucessivas faltas e atrasos (e não é a primeira vez que ele faz isto), e também após inúmeras discussões com os atores e produtores, o diretor Bryan Singer foi demitido há duas semanas do término das gravações. Em seu lugar veio Dexter Fletcher, que nem é creditado como diretor do filme. Vale a pena lembrar que Singer é um dos vários recentemente acusados em Hollywood por abuso sexual.

Bohemian Rapsody brilha na música mas falha como documentário. Sugestão: vá ao cinema ouvir a música do Queen naquele "sonzão" e se quiser conhecer a verdadeira história da banda, procure através de livros e sites. Nota: 7,0

domingo, 4 de novembro de 2018

Crítica - O Doutrinador (2018)

Título: O Doutrinador (idem, Brasil, 2018)
Diretores: Gustavo Bonafé e Fábio Mendonça
Atores principaisKiko Pissolato, Tainá Medina, Samuel de Assis, Carlos Betão, Eduardo Moscovis, Natália Lage, Eduardo Chagas, Tuca Andrada, Helena Luz, Helena Ranaldi, Marília Gabriela
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vhQJvL159Mk
Nota: 6,0

Bom filme de ação sobre o combate à Corrupção

Em um Brasil com tanta corrupção e tanta impunidade, sempre estranhei o não-surgimento de um justiceiro que saísse por aí matando políticos desonestos, seja na vida real ou na ficção. Até que em 2013, enfim, e em plena época dos "Protestos dos 20 centavos" no governo Dilma, surge no Facebook a série de quadrinhos O Doutrinador, criada por Luciano Cunha, e que agora ganha proporção nacional ao estrear seu filme, contando com um elenco de diversos atores famosos.

Na história, Miguel (Kiko Pissolato) é um agente federal de combate ao crime que, após uma tragédia pessoal, busca sua vingança matando quem, aos seus olhos, são os verdadeiros culpados: os corruptos no governo. Para ajudá-lo na missão, Miguel chantageia a hacker Nina (Tainá Medina), que o auxilia em invasões.

O Doutrinador é uma enorme e violenta catarse de um cidadão comum contra toda a corrupção política que assola o país há tanto tempo. O filme conta com boas cenas de ação - quase todas tiroteio, entretanto -  e é bastante sangrento. Haja mortes de corruptos (e seguranças) nas mãos do Doutrinador.

Um detalhe que gostei bastante foi o design de produção, ao filmar cenas sempre em locais degradados - sujos, pichados, abandonados - reflexo direto da corrupção que O Doutrinador combate.

Filme e HQ possuem duas diferenças fundamentais: nos quadrinhos o justiceiro tem sua identidade desconhecida e é um ex-soldado do exército, além da história se passar no Brasil "real"; já no filme além do protagonista ser identificado e ser um policial, todos os nomes citados (de políticos à locais) são fictícios.

O Doutrinador até tem um bom roteiro; neles estão presentes os dilemas morais do protagonista, assim como sua dor. Porém, talvez o maior defeito do filme é ele ser "direto" demais. Embora os dilemas de Miguel existirem, a história não dá tempo para eles serem desenvolvidos; aliás, com exceção do "corrupto líder", nenhum outro personagem possui desenvolvimento; o que vemos são tiroteios do começo ao fim, em ritmo alucinante.

Sendo um bom filme de ação, mas sem tentar em nenhum momento ser mais do que isso, talvez o maior legado deste O Doutrinador seja sua forte mensagem anti-corrupção. E que ela ajude às pessoas a relembrar que seus verdadeiros inimigos são os políticos corruptos, e não os familiares e amigos que não votam na mesma pessoa que você. Nota: 6,0


PS: assim como o próprio filme já faz propaganda em seu final, O Doutrinador ganhará seu seriado na TV, através do canal Space. A estréia do seriado está prevista para 2019 e contará com o mesmo elenco do longa-metragem.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Dupla Crítica Netflix: Noite de Lobos (2018) e Maniac (2018)


Mais duas produções originais Netflix, e pela primeira vez misturo filme e seriado num mesmo post. E eles são recentes: ambos programas estrearam no mês passado, Setembro. Me parece que a Netflix investe cada vez mais em quantidade, mas a qualidade não está acompanhando. Vejam as críticas!


Maniac (2018)
Diretor: Cary Joji Fukunaga
Atores principais: Jonah Hill, Emma Stone, Sonoya Mizuno, Justin Theroux, Sally Field, Gabriel Byrne, Rome Kanda

A história de Maniac se passa em um "futuro próximo" e o seriado conta a vida de dois "fracassados", Owen (Jonah Hill) e Annie (Emma Stone), que por motivos distintos aceitam entrar em um programa experimental que promete, através de pílulas e análises de computador, "curar" a pessoa de seus maiores problemas sociais.

Maniac começa muito bem. O "futuro próximo" da série é como se fosse um futuro imaginado pelas pessoas dos anos oitenta. Nos primeiros episódios vamos conhecendo o universo do seriado e é muito divertido ver as máquinas "futuristas" do programa, que mais pareceriam latas velhas nos dias de hoje (ainda que elas realizem tarefas que o nosso presente ainda não conseguiu alcançar).

Outra coisa muito bacana dos dois primeiros episódios é que parte deles contam um mesmo acontecimento, porém pela perspectiva de Owen (1o episódio) e depois pela perspectiva de Annie (2o episódio). Duas histórias distintas que se convergem em um ponto da trama em comum? Muito legal!

Se Maniac terminasse no segundo capítulo eu o acharia excelente... mas infelizmente não é assim. A série possui 10 episódios e do terceiro ao oitavo, cerca de 70% deles se passam nas fantasias das mentes da dupla protagonista. Ainda que o processo faça sentido no roteiro - são estes "sonhos" que desenvolvem os personagens - daria facilmente para reduzir o seriado em uns 3 episódios, que para mim são pura enrolação. E para piorar o conjunto da obra, o desfecho de Maniac é genérico e nada ousado.

Ainda assim, Maniac é um seriado agradável e divertido de se assistir, graças a boa qualidade do design de produção, e principalmente, devido ao carisma da dupla protagonista, tanto dos atores quanto de seus personagens. Nota: 6,0.


Noite de Lobos (2018)
Diretor: Jeremy Saulnier
Atores principais: Jeffrey Wright, Alexander Skarsgård, James Badge Dale, Riley Keough, Tantoo Cardinal, Julian Black Antelope

Noite de Lobos é baseado em um livro de 2014, Hold the Dark (também o nome original do filme), bem elogiado pela crítica especializada.

A história acompanha Russell Core (Jeffrey Wright), um escritor especializado em lobos, que surpreendentemente atende o chamado de uma jovem desconhecida, Medora Sloane (Riley Keough), que mora em uma pequena vila no Alaska e que teve seu filho aparentemente levado por lobos.

Pelo nome (traduzido) do filme, e pelos seu cartazes, eu imaginava ser uma história sobre lobos. E mais uma vez a Netflix me enganou negativamente: de lobos o filme não tem praticamente nada.

A história vira uma caçada policial em que é praticamente impossível entender as ações e motivações de qualquer um dos personagens. E não estou exagerando! Ironicamente, esses "absurdos" é que tornam o filme interessante, já que você imagina que no final tudo será explicado. Porém, passados dois terços da história eu já tinha perdido as esperanças de receber alguma explicação plausível. E infelizmente eu estava certo.

Noite de Lobos é um exemplo de adaptação de livros mal feita. Na obra escrita, as motivações dos personagens são - oras bolas! - explicadas de maneira clara. Além disto, o livro é bem melhor sucedido em transmitir o efeito da "escuridão" (o Dark do título original) nos personagens; coisa que o filme também falha.

O mais triste é ler declarações do diretor Jeremy Saulnier (que até hoje não dirigiu nada de relevante, mas já está escalado para dirigir alguns episódios da futura terceira temporada de True Detective) dizendo que a ausência destas explicações que senti tanta falta foram propositais.

Noite de Lobos acaba não sendo de todo ruim devido a sua bela fotografia (aliás Jeremy tem bem mais trabalhos como diretor de fotografia do que como diretor de filmes) e também, como já expliquei antes, por prender a atenção do espectador por boa parte da história (ainda que pelos motivos errados). É filme para passar o tempo e só. Nota 5,0.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Dupla Crítica: Sombras da Vida (2017) e Tully (2018)


Mais dois filmes pouco conhecidos em terras brasileiras, e que o Cinema Vírgula apresenta aqui, já que são bem interessantes. Um é sobre o sentido da vida... e o outro seria sobre o sentido de ser mãe?? Confiram as respostas abaixo!


Sombras da Vida (2017)
Diretor: David Lowery
Atores principais: Casey Affleck, Rooney Mara

Mesmo sendo um filme com bom reconhecimento da crítica estrangeira, Sombras da Vida não chegou aos cinemas brasileiros e só há alguns meses atrás passou a estar disponível para nós através de serviços pagos de streaming.

Geralmente eu critico bastante quando bons filmes não chegam às nossas telonas, mas desta vez eu vou diminuir o protesto porque no caso de Sombras da Vida eu até entendo as distribuidoras. Para começar, é um filme bem fora do comum: filmado praticamente com apenas dois atores (além deles dois há apenas alguns pouquíssimos e breves coadjuvantes), quase sem diálogos, cronologicamente não linear, e muito melancólico. E pra piorar é um daqueles filmes "ame ou odeie": o público se divide achando o filme genial ou uma tremenda enganação.

Na história, "C" (Casey Affleck) e "M" (Rooney Mara) são um casal que vive em crise no casamento. Um dia "C" sofre um acidente e acaba morrendo abruptamente. É então que seu fantasma, confuso, segue "M" por todo lugar enquanto ao mesmo tempo contempla o mundo ao seu redor, tentando encontrar um sentido para o que está vendo.

Gostei bastante de Sombras da Vida, apesar do "sofrimento" que é assistí-lo. Explico: há muito tempo não assistia algo tão melancólico, e que ao mesmo, desse uma mensagem tão clara sobre a fugacidade da vida.

Sombras da Vida é um filme bem diferente, interessante, e que te fará refletir sobre a vida por vários dias. Pra quem não se incomoda com filmes lentos, depressivos, nem se incomoda de levar um "tapa na cara" para te tirar da realidade, Sombras da Vida é uma ótima pedida. Nota: 8,0.


Tully (2018)
Diretor: Jason Reitman
Atores principais: Charlize Theron, Mackenzie Davis, Ron Livingston, Asher Miles Fallica, Lia Frankland, Mark Duplass, Elaine Tan, Gameela Wright

Tully esteve nos cinemas brasileiros em Maio deste ano, apesar de que apenas em um número bem reduzido de salas. Ele é, acima de tudo, um filme sobre os desafios e dificuldades da maternidade. Na história, Marlo (Charlize Theron) já é mãe de dois filhos e está grávida do terceiro. Entretanto, ela já está no seu limite com os filhos atuais e quando a terceira criança nasce a única maneira encontrada por Marlo para dar conta de todos é contratando uma "babá noturna", no caso a Tully (Mackenzie Davis) do nome do filme.

Basicamente todos os problemas que uma mãe passa com um recém nascido são mostrados em Tully: do esforço físico às transformações do corpo, e até a depressão pós-parto. Apesar de tantas dificuldades, o filme não é todo drama, contando com alguns momentos mais leves e felizes: "culpa" da babá Tully, que transforma o mundo de Marlo trazendo alegria de volta para sua casa.

Charlize Theron e Mackenzie Davis estão muito bem em seus respectivos papéis e o filme só não ganha maior nota pois não gostei de seu desfecho: para mim soou um pouco inverossímil e clichê. Ainda assim, se o final não me agradou em termos de lógica, eu concordo em 200% com a "lição de moral" do mesmo. Para quem pensa em ter filhos Tully pode ser um grande aprendizado, para o bem e para o mal. Nota: 6,0.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Gosta de Mangás (e fantasia medieval)? Você deveria conhecer Holy Avenger!

Hoje em dia o mercado nacional de Mangás é bem grande, com literalmente dezenas de publicações mensais alcançando bancas de revistas e lojas especializadas, sendo as maiores editoras a Panini, a JBC e a New Pop.

E claro que os editores e artistas brasileiros não iriam ficar de fora deste mercado, também produzindo seus mangás, ou então, obras homenageadas pelos mesmos. O mais expressivo deles é A Turma Mônica Jovem, que apesar de não ser exatamente um Mangá, têm clara influencia, tanto no visual quanto nas histórias.

Porém, alguns anos mesmo antes do Mangá virar mania por aqui, tivemos uma publicação nacional inspirada nos quadrinhos japoneses, excelente e ainda pouco conhecida. Trata-se de Holy Avenger. O título teve 42 edições, formando uma história única e completa, e mais 7 edições especiais, todas elas publicadas entre 1999 e 2003.

Inspirada pelos universos medievais de RPG e com desenhos inspirados nos mangás, Holy Avenger é uma criação de Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J.M. Trevisan; escrita por Cassaro e ilustrada por Érica Awano (os desenhos são incríveis!).

Na história, Lisandra, uma jovem garota criada na floresta por lobos, começa a ter sonhos que as instruem a recolher os Rubis da Virtude, com o objetivo de ressuscitar o herói Paladino, que morrera anos atrás. Ela enfrenta o medo que tem de ir até uma cidade, e lá busca ajuda do grande ladrão Galtran. Entretanto, quem vai em seu auxílio é o filho dele, Sandro.

Conforme a dupla se aventura pelo mundo em busca dos Rubis a missão de ambos vai se tornando cada vez mais perigosa, com inimigos cada vez mais fortes tentando impedir Lisandra, e ainda, com a jovem heroína aos poucos ganhando poderes mágicos que não consegue controlar. Com o passar do tempo, Lisandra e Sandro ganham amigos para ajudá-los, sendo os principais deles a maga elfa Niele, e o lagarto troglodita Tork.


Holy Avenger é uma aventura completa. Possui ação, batalhas, drama, romance e (bastante) humor. É uma história leve, típica para o público infanto-juvenil, mas ainda assim boa o suficiente para agradar adultos e quem curte bons quadrinhos em geral.

Ainda hoje é possível comprar Holy Avenger através dos 4 encadernados de luxo da "Edição Definitiva" publicada pela editora Jambô. Os encadernados, repleto de material extra, somados trazem as 40 primeiras edições, sem conter as edições especiais. Ah, as edições 41 e 42, também não incluídas, são um prólogo dispensável a trama. As 40 edições originais são o que realmente importa em Holy Avenger. Corra ler que vale a pena!


PS: Holy Avenger chegou a ser cogitada para uma animação nacional, porém o projeto foi engavetado. De qualquer forma, a franquia conseguiu emplacar seu jogo de computador, que pode ser comprado e jogado via Steam. Abaixo, uma foto do jogo.

Lisandra, Sandro, Niele e Tork reunidos dentro do jogo

sábado, 20 de outubro de 2018

Crítica - O Primeiro Homem (2018)

Título: O Primeiro Homem ("First Man", EUA, 2018)
Diretor: Damien Chazelle
Atores principais: Ryan Gosling, Claire Foy, Jason Clarke, Kyle Chandler, Corey Stoll, Ciarán Hinds, Patrick Fugit, Lukas Haas, Olivia Hamilton
Uma grande história contada através de uma infeliz fotografia

A história de O Primeiro Homem é baseada no livro-biografia First Man: The Life of Neil A. Armstrong, publicado por James R. Hansen em 2005. Mas enquanto o livro nos mostra literalmente toda a vida de Neil, da infância a velhice, aqui temos sua trajetória contada desde o início de sua participação no projeto espacial até o dia em que ele chega à Lua.

A grande força do filme reside em sua história. Neil Armstrong (aqui interpretado por Ryan Gosling) é uma pessoa fascinante, passou por momentos bem difíceis tanto na vida profissional quanto pessoal, e, afinal de contas, foi um dos principais responsáveis por conduzir a raça humana à Lua pela primeira vez.

Para quem gosta de História e astronomia, O Primeiro Homem tem todos os elementos para agradar. O filme é bem sucedido em mostrar o quão difícil, perigoso e custoso a chegada do homem à Lua. Os fracassos da NASA, a pressão popular, a dificuldade para o corpo humano resistir ao espaço. Uma coisa muitíssimo bacana é que quando chegamos enfim na famosa viagem da Apolo 11, algumas das cenas mostradas são cenas reais da viagem, agora coloridas e aperfeiçoadas. Para mim o ponto alto do filme é o momento da chegada a Lua. Agradeço ao diretor Damien Chazelle, já que me senti como se estivesse lá pisando na superfície de nosso satélite natural, sendo Neil Armstrong. É uma sensação indescritível participar desta experiência dentro de um cinema iMAX.

Outra grande qualidade de O Primeiro Homem é seu som e trilha sonora. Os "ruídos" das espaçonaves e ambientes parecem bem reais, e a música é bem bonita e inspiradora, ainda que em alguns momentos temos o absurdo clichê de ver naves se movimentando no espaço com aquelas músicas clássicas "de balé" ao fundo.

Entretanto, saibam os fãs de filmes de Espaço que O Primeiro Homem não é sobre viagens espaciais. O filme é acima de tudo sobre Neil Armstrong, e em segundo lugar, sobre sua família. Sua esposa Janet (Claire Foy) também se sacrifica devido a profissão do marido, e o filme também é bem sucedido em nos mostrar isto.

O Primeiro Homem tinha de tudo para ser um dos meus filmes preferidos de 2018. Isto não ocorreu, entretanto, devido a maneira com que ele foi filmado. Quase todo ele é filmado como se fosse um filme "caseiro" da época, com cores opacas, imagens não tão nítidas, excesso de closes nos personagens, e principalmente, muita "tremedeira" na tela.

Ter cores e definição similares a de uma câmera antiga está ok. Agora, ficar o tempo todo com a imagem em close, tremendo e se movimentando de lá pra cá foi uma escolha bastante infeliz de Damien Chazelle e seu diretor de fotografia Linus Sandgren. Se fosse o caso de estarmos vendo através dos olhos de Neil Armstrong (o que acontece em alguns momentos do filme), tudo bem. Mas não é assim na maioria do filme: uma simples conversa de Neil e esposa na cozinha é filmada deste jeito... oras, por acaso o casal tinha um documentarista ao seu lado 24 horas por dia? Lamentável. Não sei o que os diretores tinham na cabeça.

Confesso que fiquei muito incomodado na primeira metade do filme, cheguei até a ter que desviar uns momentos o olhar da tela para não ficar um pouco atordoado. Depois de um certo tempo seu cérebro se acostuma com tudo isto, mas enquanto isso não ocorre, o filme desagrada.

Há outros pequenos momentos em que acho que o diretor erra a mão novamente, desta vez, por exagerar no dramático. É verdade que isto ocorre muito pouco, mas ainda assim, não deixa de ser irônico Chazelle exagerar na emoção e ao mesmo tempo escolher como protagonista um ator que pouco fala e que tem pouca expressão facial.

Sendo uma mistura de drama amoroso com filmes espaciais, O Primeiro Homem pode não agradar tanto devido seus defeitos, mas para quem gosta de astronomia, a história deste filme é tão fascinante, tão impressionante, que assisti-lo se torna obrigatório. Nota: 7,0

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Dupla Crítica Filmes Netflix: Your Name (2016) e Shiki Oriori - O Sabor da Juventude (2018)


Dois longa-metragens de animação japonesa (anime) que chegaram ao Brasil via Netflix neste ano de 2018. São histórias otimistas, sobre amor (e muitas vezes, amor fraternal). Tudo o que você precisa assistir para "desligar" um pouco do clima de ódio e pessimismo que preenche o país.

Ah, e os dois filmes possuem uma polêmica ligação entre eles. Quer saber qual é? Somente lendo as críticas abaixo!


Your Name (2016)
Diretor: Makoto Shinkai
Atores principais (vozes): Ryûnosuke Kamiki, Mone Kamishiraishi, Ryô Narita

Sucesso de crítica, e principalmente de bilheteria (o filme se tornou o anime de maior arrecadação em todos os tempos), Your Name praticamente não chegou aos cinemas brasileiros, já que foram apenas 32 salas com exibição única, em Outubro de 2017. Uma vergonha.

Disponível na Netflix desde o começo deste ano, Your Name entra fácil no meu Top 5 de 2018 até agora.

Baseado em um mangá de mesmo nome (e já publicado no Brasil pela editora JBC), a história é sobre dois adolescentes: a garota Mitsuha, que vive no campo e deseja morar numa cidade grande; e o garoto Taki, que mora em Tóquio mas também vive entediado. Um dia, inexplicavelmente, eles acordam com os corpos trocados e assim o ficam por várias horas. Com a frequência deste estranho fenômeno aumentando com o passar do tempo, eles acabam se comunicando através de mensagens de cadernos, e ficando mais próximos um do outro.

Apesar do enredo parecer clichê, ele foge bastante do senso comum, e traz uma "surpresa" no final que é simplesmente sensacional. Não posso falar mais nada para não estragar... mas acreditem, Your Name é belo, comovente, um filmaço! Não acredita em mim? Acredite então no IMDb: lá o filme se encontra no Top 100 de todos os tempos. Nota: 8,0.


Shiki Oriori - O Sabor da Juventude (2018)
Diretores: Haoling Li, Yoshitaka Takeuch, Xiaoxing Yi
Atores principais (vozes): George Ackles, Taito Ban, Dorothy Elias-Fahn

Shiki Oriori - O Sabor da Juventude é uma produção original Netflix promovida com um "dos mesmos criadores que Your Name". Mas para mim isto é uma espécie de propaganda enganosa: os roteiristas não são os mesmos, os diretores não são os mesmos, os atores não são os mesmos. O que estes dois filmes têm então em comum? Apenas que foram produzidos pelo mesmo estúdio de animação, o estúdio japonês CoMix Wave Films.

E de fato, colocando Shiki Oriori - O Sabor da Juventude e o Your Name lado a lado, apenas o visual é bastante parecido; o resto nem se compara. Your Name é bem mais ousado e grandioso.

Mas isto não quer dizer Shiki Oriori é um filme ruim, pelo contrário. Composto por 3 histórias curtas e independentes entre si (cada uma com cerca de 30 min de duração), onde o tema comum seria um "jovens recém adultos se lembrando de momentos da infância", a produção traz histórias bem cotidianas, porém belas e comoventes em sua simplicidade.

O primeiro conto, intitulado "O macarrão de arroz", mostra um universitário lembrando saudosamente de momentos de seu passado relacionados a um prato de bifum.

O segundo conto se chama "Nosso pequeno desfile de moda", e conta a história de duas irmãs órfãs, onde a primogênita sustenta a dupla e é uma modelo de moda que apesar de ser jovem, já está ficando "velha" para a profissão.

Finalmente, a terceira e última história se chama "Amor em Xangai", sobre um arquiteto recém formado que descobre algo inédito sobre seu antigo amor de infância. Dos três contos, esse é o mais fraco e previsível.

Ah, e Shiki Oriori - O Sabor da Juventude possui cenas após os créditos. Não deixe de assistí-las. Nota: 6,0

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Crítica - Penn & Teller: Fool Us (Netflix) - primeira temporada


Penn & Teller: Fool Us é uma espécie de "competição" de mágica que começou com sua primeira temporada em 2011 (9 episódios), e após um breve hiato, retornou de vez em 2015 sendo produzida ano a ano sem interrupções. Da segunda temporada em diante cada ano traz 13 episódios e o show continua em pleno andamento, com a 5a temporada terminando neste mês de outubro.

Até a data de hoje a Netflix têm no catálogo brasileiro apenas as duas primeiras temporadas. Mas, quem sabe com vocês lendo este texto aqui e dando audiência pro programa as próximas temporadas não venham? rs

Sobre o que é este programa? Penn e Teller são dois dos ilusionistas mais famosos da atualidade. Como "prova" da fama e qualidade de ambos, eles fazem seus shows ininterruptamente em Las Vegas desde 2001!

Em Penn & Teller: Fool Us mágicos vêm ao programa apresentar um truque ao vivo, e o objetivo é fazê-lo sem que a dupla famosa descubra como o truque é feito. Caso seja bem sucedido em enganar ("fool", em inglês) Penn e Teller , o participante ganha a oportunidade de se apresentar em Las Vegas com a dupla e com as despesas todas pagas.

Após cerca de 5 participantes por episódio, Penn e Teller encerram o programa com eles mesmos fazendo algum truque. Para quem gosta de mágica, Penn & Teller: Fool Us é um deleite. Assisti a primeira temporada e fiquei estupefato com vários dos truques apresentados.

Quando os mágicos são "desmascarados", Penn explica através de perguntas e "indiretas" para o desafiante sobre como ele descobriu o truque; desta maneira, nem sempre nós telespectadores entendemos o segredo descoberto. Mesmo para os "perdedores", em geral os truques são realmente muito bons, garantindo a diversão e qualidade do espetáculo. Os participantes não são simples amadores: geralmente também são ilusionistas profissionais.

E se quem não engana a dupla já é bom, imagine quem os engana! Exemplos de truques que eles não adivinharam como é feito: uma carta de baralho escolhida e assinada por Penn foi parar dentro de um maço de baralhos lacrado e na posição numérica correta; Penn e Teller disputam um jogo de dardos e o desafiante acertou o placar do jogo antecipadamente. E isto são só dois exemplos absurdos!

Para deixar tudo ainda mais divertido, Penn & Teller: Fool Us possui um tom de comédia, uma das características consagradas de graças da dupla Penn e Teller (aliás, Teller sequer fala, ele apenas faz mímicas e caretas) e do bom apresentador e comediante Jonathan Ross.

Novamente, reforço o convite: para quem curte mágica, Penn & Teller: Fool Us é imperdível!

PS: para os fãs de How I Met Your Mother, a partir de 3a temporada a apresentadora do programa passa a ser Alyson Hannigan, a eterna Lily Aldrin.

domingo, 14 de outubro de 2018

Crítica - Nasce uma Estrela (2018)

Título: Nasce uma Estrela ("A Star Is Born", EUA, 2018)
Diretor: Bradley Cooper
Atores principais: Lady Gaga, Bradley Cooper, Sam Elliott, Andrew Dice Clay, Rafi Gavron, Anthony Ramos, Dave Chappelle, Greg Grunberg
Trilha sonora e a química do casal protagonista encantam

Em Nasce uma Estrela, filme onde o ator Bradley Cooper estréia na direção, acompanhamos a história de Jack Maine (Cooper), um famoso cantor de rock já em declínio, e Ally (Lady Gaga) uma cantora-compositora desconhecida. Jack é alcoólatra, e em uma de suas idas a bares ouve Ally cantando, onde não só se apaixona pela garota, como tenta levá-la ao estrelato musical.

Este filme de 2018 já é a quarta versão da mesma história ficcional criada para o filme Nasce uma Estrela de 1937. Depois do filme original, também tivemos a versão de 1954 estrelando Judy Garland, e a de 1974 estrelando Barbra Streisand, considerada a mais fraca versão de todas. Os quatro filmes possuem enredos bem parecidos, sendo a maior diferença entre eles é que enquanto nos dois primeiros filmes o casal tenta sua sorte no mundo do cinema, nos dois mais recentes a trama se passa no mundo da música.

Ainda que este novo Nasce uma Estrela proporcione vários momentos belíssimos, realmente comoventes e emocionantes, considero seu resultado final irregular.

O melhor do filme são as cenas no palco, com a dupla cantando perante o público em grandes shows. Entretanto estas partes acontecem todas no primeiro arco da história; ou seja, seus dois últimos terços não são tão bons como o primeiro. Soma-se a isso o fato do ritmo alucinante da primeira parte contrastar com a lentidão do restante do filme; desta maneira, temos um considerável problema de ritmo no filme como um todo.

É realmente incrível, bonito e convincente a química dos dois atores principais em tela. Parece verdadeiramente que ambos estão muito encantados um com o outro. Porém, quando ambos não estão juntos em cena a atuação de ambos cai em qualidade. Ainda são boas atuações, mas Lady Gaga não vai tão bem nas cenas dramáticas, enquanto Cooper exagera nas poses e trejeitos.

Já em termos musicais, a dupla merece mais elogios. É realmente Bradley Cooper quem canta e ele não decepciona. Ainda mais impressionante é que o canto nos shows foi gravado ao vivo, sem retoques. E, finalmente, Lady Gaga canta maravilhosamente bem, assim como também é ela a compositora de parte das músicas do filme. As canções em Nasce uma Estrela são de arrepiar e não me espantará em nada se este filme re-turbinar em muito a carreira da jovem cantora estadunidense.

Até por se tratar de uma estréia na direção, Cooper faz um bom trabalho. Ele é corajoso e se arrisca em alguns momentos. Por exemplo, há um plano sequencia longo e muito bem feito, impressionante! Apesar disto houve alguns momentos que não me agradaram, em especial uma cena em que ele copia descaradamente o "surto" de seu personagem do mesmo jeito que foi feito em Birdman. O "plágio" me incomodou bastante.

Mesmo não tendo me empolgado muito, Nasce uma Estrela tem sido bastante elogiado pela crítica especializada. E mesmo que você leitor tenha opinião parecida com a minha, saiba que o filme já vale só pela trilha sonora e seus momentos de maior drama. Pegue seus lenços e vá assistir! Nota: 7,0

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Crítica - 10 Segundos para Vencer (2018)

Título10 Segundos para Vencer (idem, Brasil, 2018)
Diretor: José Alvarenga Jr
Atores principais: Daniel de Oliveira, Osmar Prado, Ricardo Gelli, Sandra Corveloni, Keli Freitas, Ravel Andrade
Mais do que uma história de boxe

Com um nome não tão sugestivo assim, 10 Segundos para Vencer se trata da cinebiografia do ex-pugilista Éder Jofre, certamente o melhor boxeador brasileiro de todos os tempos.

Com tantos filmes de boxe já feitos, teria esta produção nacional algo diferente? A resposta é sim! Ao contrário de boa parcela dos filmes do gênero, 10 Segundos para Vencer percorre quase toda a carreira do lutador e principalmente, o foco da história não está nas lutas e treinamentos, e sim, na relação de Éder (Daniel de Oliveira) com seu pai e treinador Kid Jofre (Osmar Prado).

Kid Jofre, ex-boxeador de certo prestígio local, via em seu filho a chance de tirar a família da pobreza, e portanto, sempre tratou Éder com bastante rigidez. As exigências não diminuíram nem quando a família começou a ter um bom dinheiro, o que só aconteceu depois que o "Galinho de Ouro" conquistou seu primeiro título mundial, aos 24 anos. Apesar da rigidez constante, a relação entre pai e filho tem seus altos e baixos, que proporcionam alguns belos momentos.

A história contada nas telas é até bem precisa historicamente; a maior "mudança" foi o motivo que fez Éder abandonar o desenho. Enquanto no filme isso acontece com ele já adulto, se decidindo pelo boxe para cuidar do irmão doente, na vida real o nosso herói parou com o desenho com apenas 12 anos: a escola em que ele estudava caiu, e ele perdeu todo seu material escolar. Sem dinheiro para comprar novo material, Éder foi "forçado" a optar de vez pelo pugilismo.

Não dá para comparar a produção de 10 Segundos para Vencer com os filmes de boxe de Hollywood. Claramente há limitações orçamentárias. Ainda assim, os criadores do filme tiram "leite de pedra" para tornar a ambientação bem crível, nos lembrando dos anos 50 e 60.

Daniel de Oliveira não compromete como lutador (mas tanto ele quanto Osmar Prado estão muito bem nas cenas dramáticas). As lutas são filmadas sempre em close, e com os lutadores sempre muito próximos um do outro. Portanto, ao mesmo tempo que se torna um pouco repetitivo e difícil entender o que está acontecendo, por outro lado eventuais "erros" de coreografia somem, deixando as disputas com realismo aceitável.

Só que para aumentar o clima "histórico" do filme, 10 Segundos para Vencer se utiliza de transmissões de rádio e TV reais da época. Todas as lutas internacionais de Éder possuem apenas como áudio a transmissão de rádio original, e alguns (poucos) trechos das lutas também são cenas das lutas originais, em branco e preto e baixíssima resolução. Tudo isso torna as lutas - mesmo com seus defeitos - absolutamente emocionantes!

E mesmo que as lutas fossem ruins (não são), isso não diminuiria a qualidade de 10 Segundos para Vencer. Afinal, o que mais importa no filme é a família Jofre, seus sofrimentos e conquistas. Igualmente importa ser transportado para o passado, onde os sofridos brasileiros eram unidos de verdade na raríssimas comemorações onde um conterrâneo se destacava mundialmente.

Confesso que me comovi em vários momentos de 10 Segundos para Vencer. Para quem gosta de esporte e história o filme é imperdível. Nota: 7,0



PS: em homenagem ao grande Éder Jofre, não pararei na crítica acima. As pessoas precisam conhecer mais de seus feitos: Éder foi campeão mundial de boxe por duas categorias distintas (Galo e Pena), e certamente se encontra entre os 50 melhores pugilistas mundiais em todos os tempos, estando por isto está no Hall da Fama do Boxe nos EUA. E isto é o "mínimo" que podemos dizer do brasileiro, já que ele também já ganhou prêmios de revistas estadunidenses colocando-o como um dos 10 maiores boxeadores da história, e também, como o melhor peso Galo de todos os tempos.

Éder Jofre luta contra Eloy Sanchez, onde ganha seu primeiro título mundial (1960)

Daniel Oliveira e Jofre em foto recente

O jovem Éder Jofre em seu auge. Só eu achei ele parecido com o De Niro?



domingo, 30 de setembro de 2018

Crítica Netflix - A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata (2018)

TítuloA Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata ("The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society", EUA / França / Reino Unido, 2018)
Diretor: Mike Newell
Atores principais: Lily James, Michiel Huisman, Glen Powell, Jessica Brown Findlay, Katherine Parkinson, Matthew Goode, Tom Courtenay, Penelope Wilton
Trailer (em inglês)https://www.youtube.com/watch?v=vP9eDmX0ow0
Nota: 6,0

Um agradável e tocante romance sobre guerra, ou melhor, sobre sobreviventes

Se tem um assunto que considero desgastado em filmes, ele se chama Segunda Guerra Mundial. São vários filmes por ano sobre o tema e, pior, geralmente um ou dois são anualmente lembrados pelo Oscar.

Felizmente, entretanto, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata foge do comum. Baseada em um livro de mesmo nome publicado em 2008, a história não é sobre exatamente sobre a guerra, e sim pelas consequências dela: a reconstrução da vida das pessoas, e principalmente, como lidar com as perdas dos entes queridos que morreram durante o confronto.

A trama começa em 1946, e é contada acompanhando Juliet Ashton (Lily James), uma escritora de livros jovem mas que já desfruta de algum sucesso. Um dia ela recebe uma carta do desconhecido Dawsey Adams (Michiel Huisman), de quem descobre a existência da exótica "Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata", e logo se interessa para conhecer todo o grupo pessoalmente.

Então a trama vai aos poucos contando as perdas de cada uma das pessoas da Sociedade, o que acaba trazendo momentos verdadeiramente tocantes e emocionantes.

Em termos de direção e produção, nota-se bastante simplicidade, mas certa competência. Nada de diferente ou ousado, mas ao mesmo tempo sem grandes defeitos. A falta de investimento em figurino e fotografia é compensada pela beleza das localidades do filme; e talvez a minha maior crítica fique pela montagem no começo do filme, já que a apresentação dos personagens é rápida demais, não sendo tão clara como deveria ser, causando pequenas dúvidas.

Há de se lamentar também o uso de alguns clichês, como por exemplo, Juliet trocar a vida da cidade e o noivo rico e perfeito, pela vida no campo. Para piorar, o filme não explica de maneira convincente a opção da personagem. No livro isto também acontece, porém de maneira menos direta e melhor construída.

Com poucos filmes originais verdadeiramente bons em seu catálogo,  A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é uma grata surpresa na Netflix. O filme é um romance agradável para todos os gêneros e idades, reforçado pela humanidade de sua história e carisma de seus personagens. Nota: 6,0

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Dupla Crítica animações: Os Incríveis 2 (2018) e Ilha dos Cachorros (2018)

Depois de várias semanas ausente, voltei! E esta é a primeira de várias críticas que publicarei nos próximos dias.

Ambas as animações desta dupla-crítica são bem recentes - estrearam em terras brasileiras há cerca de 3 meses - e possuem grandes nomes da indústria cinematográfica envolvidos. Será que os nomes famosos garantiram ótimos filmes? Confiram!


Os Incríveis 2 (2018)
Diretor: Brad Bird
Atores principais (vozes): Craig T. Nelson, Holly Hunter, Sarah Vowell, Huck Milner, Catherine Keener, Bob Odenkirk

Quando a Pixar trouxe em 2004 o ótimo Os Incríveis, não tive que pensar muito para afirmar que estava diante de um dos melhores filmes de super-heróis de todos os tempos. Precisava de continuação? Não. Opinião compartilhada por seu diretor, Brad Bird, que dizia que só faria um Incríveis 2 se tivesse uma história tão boa quanto a primeira.

Então, somente agora em 2018 um Incríveis 2 é enfim lançado. E, admito, Brad Bird não mentiu: a história é realmente tão boa quanto a primeira... pois é a mesma.

Em Incríveis 2 a trama volta literalmente de onde parou no filme anterior, com a família inteira lutando contra o Escavador, um espécie de toupeira humana. Depois disto, parece que o primeiro filme é esquecido e voltamos ao status quo do inicio da franquia: os super heróis continuam não sendo aceitos pelos governos e os pais da família "Incrível" continuam não confiando nos filhos para atuarem como super-heróis.

Depois, temos a repetição de toda a trama, com única diferença que o papel dos pais se inverte: agora é o Sr. Incrível quem fica em casa cuidando dos filhos e é a Mulher Elástica quem sai combatendo vilões.

Portanto, por ser uma "cópia", assim como o primeiro filme Incríveis 2 é muito bom e muito divertido. Entretanto, infelizmente, seu impacto não chega aos pés do filme original. Primeiro, por que a história não é mais original (!!), e segundo, porque nestes 14 anos de hiato os filmes de super-heróis de qualidade começaram a aparecer aos montes. Nota: 7,0


Ilha dos Cachorros (2018)
Diretor: Wes Anderson
Atores principais (vozes): Bryan Cranston, Edward Norton, Bill Murray, Jeff Goldblum, Bob Balaban, Kunichi Nomura, Koyu Rankin, Frances McDormand, Scarlett Johansson

Pela segunda vez o diretor Wes Anderson se aventura para a animação - a primeira vez foi com o bom O Fantástico Sr. Raposo, de 2009 - e agora com um resultado ainda melhor.

Na história, após um surto de “gripe canina” uma cidade do Japão resolve banir todos seus os cães para uma ilha remota, usada até então como depósito de lixo.

O que a primeira vista parece ser um simples conto sobre cachorros versus gatos, na verdade é uma bela história sobre amizade, lealdade, com críticas a regimes totalitários, a facilidade da manipulação das massas, e aos maus tratos do homem aos animais e a natureza.

Repetindo o mesmo estilo gráfico da animação do filme de 2009, os 9 anos entre eles fizeram diferença. As animações de Ilha dos Cachorros possuem melhor resolução, exploram mais o espaço ambiente e impressionam bem mais visualmente.

E, como sempre, também temos em Ilha dos Cachorros as bem conhecidas "manias" de Wes Anderson: o principal personagem da cena centralizado na tela, quadros simétricos, múltiplos personagens esquisitos e inocentes (e múltiplos atores famosos), boa música e bom humor.

Mais um ótimo filme de Wes Anderson, e que injustamente passou praticamente despercebido pelos cinemas brasileiros. Nota: 8,0

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

Crítica - Missão: Impossível - Efeito Fallout (2018)

TítuloMissão: Impossível - Efeito Fallout ("Mission: Impossible - Fallout", EUA, 2018)
Diretor: Christopher McQuarrie
Atores principais: Tom Cruise, Henry Cavill, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Sean Harris, Angela Bassett, Vanessa Kirby, Michelle Monaghan, Frederick Schmidt, Alec Baldwin
Um dos melhores filmes de ação dos últimos tempos

Ethan Hunt está de volta pela 6ª vez. Em uma continuação direta do filme anterior, aprendemos que o grupo terrorista Sindicato ainda sobrevive através de um pequeno grupo chamado Os Apóstolos. Ao mesmo tempo, um novo e desconhecido anarquista de nome John Lark desponta no cenário mundial. Ao descobrirem que Lark pretende vender 3 ogivas de plutônio para Os Apóstolos, Hunt (Tom Cruise) e sua equipe entram em ação para evitar que isto aconteça. Como se não bastasse a enorme dificuldade da missão, Ethan e seus amigos da IMF foram forçados a trabalhar em conjunto com a CIA, com o mortífero agente Walker (Henry Cavill) os acompanhando o tempo todo.

Achou o enredo acima longo e confuso? Pois é, o ponto mais fraco de Missão: Impossível - Efeito Fallout é seu roteiro, consideravelmente inferior que o do filme anterior. Mas sabem a boa notícia? É que aqui o roteiro pouco importa. Com muitas e variadas cenas de ação simplesmente espetaculares, nem é preciso prestar muita atenção na história.

Para quem gosta de filmes de espionagem e, principalmente, filmes de ação, Missão: Impossível - Efeito Fallout é imperdível, e ainda, certeza absoluta que vai agradar. Depois que a história base da vez é contada, a ação corre solta em ritmo muito acelerado e durante o filme todo. O espetáculo começa em uma excelente cena de luta corpo-a-corpo dentro de um banheiro. E depois disto temos tiroteios, quedas livres, escaladas, perseguições a pé, uma perseguição entre motos e carros de tirar o fôlego, tem até perseguição de helicópteros(!)... e tudo de excelente qualidade!

É muito prazeroso ver cenas de ação tão bem coreografadas, e com a câmera sempre de perto, de ângulos e tomadas variadas, porém sempre passando para o espectador a visão do "todo", tornando possível entender perfeitamente o que está acontecendo na tela.

Certamente, outro aspecto que torna o filme tão interessante na ação é seu realismo... com menos efeitos especiais, e muitos dublês e Tom Cruise's se arriscando por aí. O astro estadunidense continua com suas loucuras de filmar as cenas perigosas. Em Missão: Impossível - Efeito Fallout, por exemplo, é ele quem realmente pilota a moto em algumas das cenas dentro do trânsito de Paris, além de pular entre dois prédios e quebrar o tornozelo na queda (a cena do "acidente" foi mantida no filme: note que após cair, quando Tom se levanta ele o faz mancando), fazer malabarismos de helicóptero e saltar de um avião em grande altitude.

Ainda que o roteiro não seja tão bom, além da ação outra qualidade do filme é a química entre os personagens/elenco. Depois de 6 filmes, parece que a franquia finalmente encontrou o time "ideal": dos heróis principais, cada um tem sua utilidade bem definida. E claro, com muito carisma, todos conseguem unir humor com a aventura.

Missão Impossível continua em ótima fase e é provavelmente a melhor franquia de ação da atualidade. E com o contínuo sucesso de público e crítica, a franquia só deverá acabar quando Tom Cruise não tiver mais idade para ser o "corredor com sofrência mais espetacular de Hollywood". Já com 56 anos, toda a entrega física que faz da franquia um sucesso não deverá resistir mais do que um ou dois filmes. Nota: 6,0

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Crítica - Feliz! (Netflix) - primeiras impressões da primeira temporada (2018)


Mesmo aqueles que assistem as dezenas de seriados de TV baseados em quadrinhos de super-heróis da DC e da Marvel podem não saber que Feliz! também veio das HQs: se trata da adaptação de Happy!, mini-série em 4 edições criada pelo famoso escritor Grant Morrison e o desenhista Darick Robertson.

Na história, conhecemos Nick Sax (Christopher Meloni), um ex-policial em desgraça que acabou se tornando um matador de aluguel. Após quase morrer em um de seus trabalhos, Nick começa a ver um pequeno unicórnio azul voador de nome "Happy", que constantemente lhe pede ajuda. Segundo o animalzinho, o ex-policial é a única esperança para resgatar uma garota sequestrada por alguém vestido de Papai Noel.

A primeira temporada constitui de 8 episódios de cerca de 42 min cada, e é outra das várias produções do canal SyFy compradas pela Netflix. No momento em que escrevo este texto, parei na metade da série, ou seja, assisti seus 4 primeiros episódios.

Feliz! lembra os filmes do Tarantino, principalmente por fazer humor através da ação e violência. Ainda assim, o seriado é mais violento que os filmes do Quentin (por ter cenas mais explícitas), porém ao mesmo tempo é menos sério, com uma apresentação mais próxima do mundo dos quadrinhos. Isto é feito principalmente com algumas "brincadeiras" com imagens ou som, que quebram o ritmo das cenas de ação, nos permitindo respirar e ao mesmo tempo nos passar a impressão que não estamos exatamente no mundo real, e sim em uma versão levemente mais caricata do mesmo.

Feliz! traz personagens loucos e grotescos, mas ao mesmo tempo o faz com vários atores excelentes, sendo este talvez o ponto alto da série.

Do que vi até agora, tenho gostado bastante de Feliz!. Diria que seu público são os leitores de quadrinhos que gostam também de filmes policiais com bastante sarcasmo, humor e violência.

Ainda não tenho idéia de como a temporada termina, e se ela vai cobrir toda a história da graphic novel que a inspirou. Mas sei que no começo deste ano a série já foi renovada para uma segunda temporada: Feliz! já colhe os frutos da boa aceitação de público e crítica.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Crítica - O Vazio (Netflix) - primeira temporada (2018)


O Vazio (The Hollow no original) estreou na Netflix Brasil neste dia 08 de junho, e por enquanto não tem recebido muita atenção da empresa de streaming. Como o seriado é bem bacana, o Cinema Vírgula entra em ação para corrigir esta injustiça. ;)

Sendo (este sim!) uma produção original Netflix, esta animação tem em sua primeira temporada 10 episódios com cerca de 24 minutos cada.

O Vazio lembra um pouco o seriado Lost, um pouco o filme Cubo (1997), mas provavelmente sua maior referência é a saudosa e excelente animação dos anos 80 Caverna do Dragão. Afinal, se tratam de adolescentes que vão parar em um mundo perigoso e estranho (mas que ao invés da temática medieval, aqui se misturam muitos cenários da cultura pop), que possuem habilidades especiais (mas que ao invés de serem garantidas por armas, cada um possui um super-poder), e cujo único objetivo é encontrar o caminho para casa.

Na história, os três adolescentes Adam, Mira e Kai acordam trancados em uma sala, sem lembrar de como foram parar lá, ou ainda, sem lembrar de quem são! Na história, bastante dinâmica, o trio precisa constantemente resolver enigmas para sair dos locais onde se encontram. Neste aspecto, a história de O Vazio lembra bastante os jogos de computador de gênero adventure de click-and-point dos anos 90. Também destes jogos foram herdados o humor e o non-sense.

O Vazio se mantem em ritmo alucinante e bastante instigante (ficamos o tempo todo tensos querendo saber o que está acontecendo, e o que vai acontecer) durante praticamente toda a temporada. Não é um desenho infantil, mas deve agradar especialmente o pessoal dos 10 aos 40 anos.

Talvez o único ponto fraco de O Vazio seja seu desfecho, que dividiu opiniões. Eu não achei o final ruim, porém, definitivamente faltou criatividade. De qualquer forma, o encerramento questionável não diminui a qualidade da série como um todo, e já há uma legião de fãs pedindo para que a Netflix produza uma segunda temporada. Que ela seja feita!

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Crítica - Ascension (Netflix) - primeira temporada (2014)


Com tanto seriado sci-fi atual que simplesmente são reboots ou "cópias" de seriados do passado, foi uma grata surpresa encontrar esse Ascension na Netflix, já que conta com uma história original.

Ascension é outro seriado que embora esteja na Netflix, não é uma de suas produções. Na verdade, não se trata nem de um seriado propriamente dito: em seu formato original, Ascension foi uma mini-série de 3 capítulos do canal Syfy, que agora foi dividido em 6 episódios de uma hora cada.

Na interessante história, temendo que a Guerra Fria levasse à destruição da Terra, ainda mesmo na década de 60 os EUA lançaram secretamente ao espaço a nave Ascension. Com cerca de 350 voluntários homens, mulheres e crianças (em sua maioria militares e cientistas), eles têm a missão de completar uma viagem de 100 anos até Proxima Centauri, onde pousarão em um planeta para colonização.

No ano 51 da viagem (o que nos leva aos nossos dias atuais), uma jovem é assassinada, naquele que é o primeiro homicídio desde o lançamento da nave. Este é o ponto de partida para descobertas que colocarão a missão em risco. A investigação do crime, mais a instabilidade do modo de vida dentro da nave - sejam por fatores humanos ou externos - são os principais temas da história.

Ascension possui um elenco numeroso, porém pouco famoso e digamos até de baixa qualidade técnica. As exceções são os nomes mais conhecidos da série: a bela Tricia Helfer (da versão mais recente de Battlestar Galáctica) e Gil Bellows (da série Ally McBeal).

As críticas sociais acabam sendo um ponto forte da trama. Chega a ser estranho para espectador ver uma sociedade "do futuro" ter "parado no tempo" em termos de costumes: assim como era nos anos 60, a mulher ainda não ganhara seu espaço, e há menos respeito pelos direitos humanos. E como "bônus", a cada 2 episódios (ou seja, ao término de cada capítulo original) temos revelações realmente surpreendentes.

Ascension termina sua primeira temporada fechando um arco. A história tem um fim; entretanto, são várias as "pontas soltas" que ficam. O seriado foi planejado para ser continuado, mas a audiência insatisfatória da série no SyFy não permitiu que isto acontecesse.

Quem sabe se Ascension bombar de público no Netflix este cenário mude? Ascension está longe de ser brilhante, mas é uma ficção científica diferente, bacana, e que merecia uma segunda chance.

sábado, 16 de junho de 2018

Crítica - The Good Place (Netflix) - 1a e 2a temporadas (2016-17)


The Good Place não é uma produção da Netflix (pertence à rede de TV NBC), mas está disponível no Brasil desde o final de 2016. É uma comédia bem divertida, que já teve 2 temporadas de 13 episódios. A 3a temporada - com mais 13 episódios - já está em produção e embora nenhuma data tenha sido anunciada, o provável é que a mesma faça sua estréia nos EUA em Setembro deste ano.

Na história, Eleanor Shellstrop (Kristen Bell) acaba morrendo e acorda no "Lugar Bom". Na verdade, segundo lhe explicam, ela foi para um dos muitos "condomínios" do Céu, onde as pessoas que se comportaram bem passarão a eternidade tendo tudo o que sonharam.

O local é administrado pelo arquiteto Michael (Ted Danson), e outra curiosidade do "Lugar Bom" é que lá as pessoas conhecem sua alma gêmea para viverem em casal, que no caso de Eleanor é o jovem filósofo Chidi (William Jackson Harper). Tudo parece maravilhoso, não? O problema é que demora apenas alguns minutos para Eleanor descobrir que está no "Lugar Bom" por engano: ela, que não foi nada boa em vida, foi confundida com outra Eleanor Shellstrop, uma advogada conhecida pela sua luta pelos direitos humanos.

A primeira temporada de The Good Place é excelente. Kristen Bell se sai bem como protagonista, e o seriado é bem engraçado, doido, e em ritmo bem acelerado. Mas a maior qualidade desta temporada é que quase todo episódio se encerra com uma revelação que muda algo importante do que "achávamos" que sabíamos sobre a história.

Todas estas deliciosas surpresas culminam na "grande surpresa" do episódio final da temporada. A revelação é forte o suficiente para encerrar o seriado... mas isso não acontece; então vamos à segunda temporada...

Ainda que continue engraçada e permanecendo como bom passatempo, a segunda temporada de The Good Place é consideravelmente inferior a temporada inicial. Se a constante mudança do status quo era a principal qualidade da série, agora ela inexiste. A história avança muito pouco com o passar dos episódios. Ao invés da trama avançar, ela vai para "o lado", se focando muito mais em explorar os personagens coadjuvantes e trazendo mais detalhes de como o "pós morte" funciona. Kirsten Bell se torna praticamente uma coadjuvante, o que é uma pena já que ela é sem dúvida a pessoa mais carismática do elenco.

Será que na terceira temporada o seriado se recupera? Saberemos em breve. Pelo menos o desfecho do último episódio traz novas possibilidades ao programa que são promissoras. Que The Good Place volte à boa forma.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...