domingo, 25 de fevereiro de 2024

Faltam 2 semanas para o Oscar 2024!! Conheça mais sobre os principais indicados aqui no Cinema Vírgula!


Estamos a exatas 2 semanas para o início da cerimônia do Oscar 2024, que será daqui dois domingos, em 10 de março de 2024. Abaixo segue a lista dos 10 filmes indicados ao prêmio de Melhor Filme, ordenado pelo número total de indicações. Corre que ainda dá tempo de assistir vários deles! Muitos ainda se encontram em cartaz nos cinemas, e alguns outros podem ser assistidos nas plataformas de streaming:

Basta clicar no nome dos filmes acima para (re) ler a crítica que fiz para cada um deles. Ainda não vi Ficção Americana e Anatomia de uma Queda, mas vou assistir a ambos e também publicar aqui a crítica deles dois antes da cerimônia do dia 10/03. Portanto, continue ligado no Cinema Vírgula nos próximos dias!

Ah! E quanto aos outros filmes com mais de uma indicação (mas não de Melhor Filme), e que também tiveram a crítica publicada aqui no Cinema Vírgula: Napoleão (3 indicações), Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte Um (2 indicações), e A Sociedade da Neve (2 indicações).



E como sempre... alguns comentários:

Dados os indicados ao Oscar 2024, há um aspecto que vejo como bem positivo: sua diversidade. Afinal, se percorrermos pelos 10 indicados aos melhor filme, veremos que há temas como o empoderamento feminino, violência contra indígenas, tratamento aos afro-americanos, um filme francês, e um filme que embora estadunidense, mostre bastante da cultura sul-coreana. Mas, claro, temos também dois filmes sobre a Segunda Guerra Mundial... é impressionante como a Academia não se cansa deles...

Porém tirando o elogio inicial, fiquei decepcionado com várias indicações. E as principais causas destas decepções são dois nomes: Barbenheimer e Bradley Cooper.

Primeiro quanto ao Barbenheimer. Eu entendo perfeitamente que o Oscar é um evento comercial, e então não só compreendo que Barbie e Oppenheimer estejam entre os 10 indicados a Melhor Filme, e que ambos recebam múltiplas indicações, como ficaria indignado se isso não acontecesse! Afinal, com suas grandes bilheterias, eles salvaram os cinemas em 2024!

Mas dito isso, não eram pra receber tantas indicações assim. 13 para Oppenheimer? Jamais. E indicações para Barbie como as para Melhor Roteiro Adaptado e de Melhor Atriz Coadjuvante para America Ferrera são muito forçadas, para não dizer outra coisa... mesmo a indicação para Ryan Gosling eu entendo ser um exagero... se tivesse que indicar um ator ou atriz por Barbie, esse nome só poderia ser Margot Robbie, que está excelente. Mas ela não recebeu a indicação... é mesmo revoltante. Em resumo, toda a tal diversidade que elogiei para o Oscar de Melhor Filme morreu lá mesmo, porque com 21 indicações somadas, o Barbenheimer "tomou" lugar de várias outras pessoas e filmes que poderiam (e mereciam) ter maior reconhecimento.

E finalmente... Bradley Cooper com seu terrível Maestro. Como pode a Academia, em pleno 2024, ainda dar tanto espaço para uma obra tão presunçosa, e tão egocêntrica? Se tem uma coisa que vou fazer neste Oscar é torcer para se repita a cena em que ele perde o Globo de Ouro de melhor ator para Cillian Murphy, e faz uma carinha de gol contra (ver abaixo).

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Lembrando que semanas antes do Globo de Ouro, Cooper em entrevista a um talk show, estava comentando / se gabando de ter estudado por cerca de seis anos para atuar como Leonard Bernstein: "É preciso uma tremenda preparação para atuar. Não foi como se você recebesse uma ligação e, em seis meses, você tivesse que fazer o filme. Isso teve que levar anos…". Como Cillian Murphy levou exatamente seis meses para fazer o físico Oppenheimer, em teoria isto teria sido uma indireta para ele...


Se você chegou até aqui, uma dica para quem têm Netflix: dos 5 indicados ao Oscar de Melhor Curta, dois deles se encontram lá. Bora assistir... são rapidinhos! São eles: e Depois? e A Incrível História de Henry Sugar. Aproveitem!

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Crítica - Pobres Criaturas (2023)

TítuloPobres Criaturas ("Poor Things", EUA / Hungria / Irlanda / Reino Unido, 2023)
Diretor: Yorgos Lanthimos
Atores principaisEmma Stone, Mark Ruffalo, Willem Dafoe, Ramy Youssef, Christopher Abbott, Kathryn Hunter, Jerrod Carmichael, Kathryn Hunter, Hanna Schygulla, Margaret Qualley, Suzy Bemba
Nota: 8,0

Emma Stone foi uma escolha perfeita para este Frankenstein atualizado e feminino

Depois de conseguir alguma fama e algumas indicações ao Oscar com seus filmes sempre estranhos, como O Lagosta (2015) e A Favorita (2018), parece que agora é mesmo a grande chance do diretor e roteirista grego Yorgos Lanthimos, já que este seu Pobres Criaturas está indicado a 11 estatuetas, e dentre elas a de Oscar de Melhor Filme.

Na história, temos a jovem Bella Baxter (Emma Stone), que aparentemente é trazida de volta à vida pelo cientista e médico cirurgião Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe). Porém, por motivos que entenderemos depois, é como sua mente estivesse vazia, e ela tivesse nascido pela primeira vez. Ingênua e muito curiosa, ela acaba fugindo com o mal intencionado advogado Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo) em uma turnê pelo mundo, onde faz diversos aprendizados.

Lembrando que não temos aqui uma história original, e sim, a adaptação de um livro de mesmo nome, publicado pelo escritor escocês Alasdair Gray, em 1992. Como curiosidade, há várias diferenças entre o livro e este filme, e se tiver interessado nelas, leia o P.S. do final deste artigo. Há também uma considerável diferença estética... Yorgos Lanthimos retira a história original do século XIX "real" e o coloca em um mundo mais "fantasioso", estilizado... Isso garante a Pobres Criaturas belíssimas fotografias, figurinos e design de produção; não a toa o filme também recebeu indicação ao Oscar nestas três categorias.

Emma Stone e sua Bella Baxter são fascinantes. É difícil imaginar uma outra atriz que viveria tão bem este papel. Emma está incrível, e apenas acompanhar a jornada de descobrimento e empoderamento de sua Bella neste Pobres Criaturas já é um excelente e curioso entretenimento. E não é só ela que brilha na atuação. A lista de atores que participam da produção é grande e de boa qualidade. Mas destaco especialmente Mark Ruffalo e Willem Dafoe, que estão muito bem também.

Apesar de ser um ótimo filme, e certamente marcante, nem tudo é perfeito. Uma desvantagem é que os filmes de Yorgos Lanthimos são tão bizarros que acabam passando do ponto, e este efeito acaba por "diminuir" boa parte da reflexão ou questionamento social / moral presente na história, que aliás estão lá, é claro. Bella Baxter é sem dúvida uma formidável e destemida heroína contra o mundo do patriarcado. O excesso do "bizarro" infelizmente desvia um pouco do foco às críticas contra o machismo, e contra a soberba da alta sociedade, e está não só nos exageros dos personagens caricatos, mas até no modo que o diretor filma. Por exemplo, muitas das cenas são filmadas com ângulos estranhos ("tortos"), ou com efeito "olho de peixe"... e no começo, isto sempre tem relação com "confusão", "confinamento" ou "olhar de uma criança", e faz todo o sentido. Porém conforme o filme vai passando, estas cenas "estranhas" continuam a aparecer, mas já sem ter contexto nenhum, me parecendo ser um simples capricho estético.

Outra desvantagem é que em determinados momentos o filme acaba "amenizando" demais as situações, tornando-o bem inverossímil, especialmente durante o segmento em Paris. E reafirmo a existência desta "suavização" mesmo com a considerável quantidade de cenas de sexo (sim, corretamente o filme é apenas pra maiores de 18 anos). Tanto é verdade que ela existe, que há críticas de que o filme romantiza a prostituição (o que já neste caso, não concordo).

É muito interessante a conclusão que se pode fazer comparando esta adaptação de Pobres Criaturas com o livro de Frankenstein, sua óbvia inspiração. Aqui temos uma clara atualização / reinvenção da obra de Mary Shelley, inclusive atualizando sua narrativa com toda a tragédia e pessimismo que vivemos atualmente. E então temos uma curiosa inversão: no Frankenstein literário o mundo era mais belo, fervendo em idéias, mas o "monstro" era um infeliz pessimista; já em Pobres Criaturas é o mundo que é terrível, e o "monstro" é otimista, feminino e triunfante. E no meio de tantas notícias ruins atuais, talvez seja esse o exemplo e a heroína que precisemos. Nota: 8,0.




P.S.: Diferenças entre o filme e livro (fortes spoilers a partir daqui, leia por conta e risco).

São várias diferenças, porém irei focar nas duas principais. A primeira dela se refere ao narrador. No romance original, é como se ele fosse na verdade um livro de memórias do personagem de Max McCandles (Ramy Youssef), e ainda, em anexo às "memórias", um também fictício editor do livro encerra a obra anexando no final um texto com observações escritas por Bella, onde em geral ela conta que "tudo o que foi escrito é invenção de seu marido, que tinha imaginação muito fértil...". Já no filme, embora não tenhamos um narrador "de fato", na maioria do tempo a história é contada sob o ponto de vista de Bella.

A segunda grande mudança é o final das histórias. No livro, ao serem confrontados no casamento de Bella com McCandles pelo seu primeiro marido, ao contrário do filme, os homens acabam brigando, mas no final o antigo esposo vai embora e eles retomam o casamento. E, alguns meses depois, é McCandles quem morre, por ter saúde frágil. Então o livro se encerra abruptamente, dando espaço para as tais notas finais de Bella - que irão negar a história de seu marido - que citei no parágrafo anterior.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Você PRECISA conhecer Supergirl: Mulher do Amanhã (e tem Brasileira envolvida!)


Tom King é um dos principais escritores de quadrinhos da DC Comics da última década. E na minha opinião, bastante irregular... já que entregou trabalhos sensacionais como a minissérie Senhor Milagre (2017), ou lixos completos como por exemplo a também minissérie Heróis em Crise (2018). Também em 2018 ele tentou fazer sua HQ space opera com o Superman, em Superman: Para O Alto e Avante, que é legalzinha, mas não trouxe nada de especial...

... mas três anos depois, ele voltou a tentar uma space opera, agora com a Supergirl... e o resultado foi espetacular. Supergirl: Mulher do Amanhã é uma HQ excelente, tão boa que foi uma das obras indicadas ao Eisner Award (o "Oscar" dos Quadrinhos) de Melhor Minissérie de 2022, e que merece ser conhecida por todos.

A história, que é uma aventura pelo espaço, 100% fora do planeta Terra, é narrada por Ruthye, uma jovem que teve seu pai camponês covardemente assassinado, e então contratou a Supergirl para matá-lo em vingança. Ué... mas não faz sentido que ela aceitasse esse tipo de missão... verdade, por isso você precisará ler para entender rs.

Deixando claro, Supergirl: Mulher do Amanhã é uma história emocionalmente pesada (ou seja, não é nada infantil), e é sim uma história de super-herói (ou seja, com bastante aventura e ação), mas dito tudo isso, também é uma história sobre (muita) compaixão, coragem e força feminina. Tom King acaba propondo o seguinte... e se todo o universo fosse machista? Bem, aí ser uma mulher e ser a prima do Superman torna as coisas tudo muito mais complicadas...

E não é só isso. Supergirl: Mulher do Amanhã acaba também recontando uma origem para a Supergirl que faz dela uma das personagens de passado mais dramático de todo o Universo DC. Isso acaba a tornando uma das personagens mais fortes e admiráveis que você já leu. De "defeitos", a história acaba tendo uns "furos" nas leis da Física, mas dá pra relevar rs.

E toda esta bela e emocionante história é brilhantemente ilustrada por uma brasileira! Trata-se da paulistana Bilquis Evely, que aliás já há alguns anos vêm brilhando na DC Comics, como por exemplo  também em Mulher Maravilha e Sandman. Os traços de Bilquis (que você pode ver nas imagens deste artigo) acabam combinando muito bem com Supergirl: Mulher do Amanhã. Sua Supergirl é ao mesmo tempo delicada e forte; suas paisagens, ao mesmo tempo "alienígenas" e cinematográficas. E contribuindo com seus desenhos, a colorização é feita pelo também brasileiro Matheus "Mat" Lopes, e é excelente. Principalmente as cenas sob os céus dos planetas alienígenas são incríveis, parece que você está mesmo no espaço. Deslumbrante!

Para quem é fã de quadrinhos, principalmente fã da DC, Supergirl: Mulher do Amanhã é imperdível. Já pelos temas e personagens envolvidos, e por ser uma minisérie de história completa e fechada, é uma ótima sugestão para mulheres entrarem no mundo dos quadrinhos.


Supergirl: Mulher do Amanhã nos cinemas!

Sim! Outra "prova" de que a história de Supergirl: Mulher do Amanhã é boa é que recentemente, mais precisamente neste 29 de Janeiro, James Gunn - o atual chefão dos filmes da DC - anunciou que Milly Alcock, a moça da foto acima e conhecida por interpretar a Rhaenyra Targaryen na série A Casa do Dragão (HBO), foi a escolhida para ser a Supergirl do futuro filme... Supergirl: Mulher do Amanhã (!). O filme será sim baseado na história dos quadrinhos e, embora não tenha data prevista para lançamento, deverá ser lançado, segundo Gunn, "cerca de dois anos após o novo filme do Superman".


E caso você tenha chegado aqui e ainda não tenha se decidido a ler este quadrinho, seguem mais duas imagens como golpe de misericórdia. ;)


Bilquis Evely e um pouco de sua obra

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

Crítica - Os Rejeitados (2023)

TítuloOs Rejeitados ("The Holdovers", EUA, 2023)
Diretor: Alexander Payne
Atores principaisPaul Giamatti, Dominic Sessa, Da'Vine Joy Randolph, Carrie Preston, Brady Hepner, Andrew Garman, Naheem Garcia
Nota: 7,0

Com filme agradável, Payne continua suspirando pelo passado

Após trabalharem juntos em Sideways - Entre Umas e Outras, de 2004, o diretor Alexander Payne e o ator Paul Giamatti voltam a parceria com este Os Rejeitados. E é muito comum na obra de Payne termos um protagonista com mais idade, lembrando com saudosismo dos tempos em que tudo era mais direto e simples. Porém aqui ele dá um passo além ao nos transportar duplamente a este passado - pois estamos em 1970 - e o personagem principal, o professor de história Paul Hunham (Paul Giamatti) é um apaixonado por um passado ainda mais distante, a antiguidade, especialmente os clássicos gregos.

Na história, Paul é um impopular professor de um internato estadunidense, que é forçado a ficar como "babá" de alguns alunos que não tinham para onde ir durante as festas de Natal. Neste contexto, algumas situações acabam aproximando ele do aluno Angus Tully (Dominic Sessa), e da cozinheira-chefe e recém enlutada Mary Lamb (Da'Vine Joy Randolph). E o filme acaba contando um pouco da interação e vida do trio.

Os Rejeitados chega a fazer algumas interessantes criticas sociais em seu começo, mas não se aprofunda. Aliás, apesar de mostrar os dramas pessoais dos três protagonistas, em nenhum momento o filme chega a ser "pesado"... dificilmente vemos qualquer conflito e tudo acaba sendo um... "bola pra frente". Isso certamente torna Os Rejeitados mais leve, quase um filme Natalino (ainda que não seja de fato um filme feliz, ou uma comédia). Ainda assim, não me sai da cabeça que esta "solução" apresentada tantas vezes (a de deixar quieto e seguir em frente) é bem como se fazia nos anos que o diretor tanto tem saudade.

Entretanto, deixo claro que apesar do meu parágrafo anterior, Os Rejeitados não ignora os sentimentos de seus personagens e também, apesar de unir temas comuns de filmes de Natal e de "perdedores", felizmente foge bastante de clichês.

Os Rejeitados recebeu 5 indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Filme, o que considero um exagero. É sim um bom filme, e agradável para assistir, mas peca por falta de força crítica, e também não entra entre os meus 10 melhores filmes produzidos pelos estadunidenses em 2023. Acho que das 5 indicações, manteria as duas dada aos atores e só. Nota: 7,0

domingo, 11 de fevereiro de 2024

Conheça a Oink Games e seus curiosos jogos de cartas / tabuleiro


A Oink Games é uma empresa japonesa de jogos fundada em 2010, e embora ela também tenha alguns  poucos jogos de videogames em seu catálogo (celulares e Nintendo Switch), seu grande foco e especialidade, desde seu nascimento, são os jogos de tabuleiro.

Falando sobre seus jogos de cartas e de tabuleiro, a Oink Games já lançou cerca de 50 jogos até agora, e apesar de ter lançado jogos em caixas de tamanhos diversos (mas sempre em caixas pequenas), e algumas vezes simplesmente licenciando jogos de designers estrangeiros (por exemplo estão com ela os jogos Modern Art, Stamps e Twins do famoso criador de jogos alemão Reiner Knizia), ela é mais conhecida pelos seus jogos em pequenas caixinhas retangulares (com cerca de 11cm de altura por 6,5 cm de largura), com design diferenciado e minimalista, e de criadores japoneses (ver a foto acima).

Abaixo apresento a vocês 5 destes joguinhos de caixinhas da Oink Games que conheço, em ordem crescente de data de lançamento.


Maskmen (2014)

Dos designers Jun Sasaki e Taiki Shinzawa, Maskmen é um jogo de carteado de Climbing ("escalada"), ou seja, que na sua jogada você precisa "matar" as cartas do jogador anterior, geralmente jogando uma ou mais cartas de valores maiores. Com temática de lutadores da Lucha Libre mexicana, e para 2 a 6 jogadores, o principal diferencial deste jogo é que a definição do "qual valor (cor) é mais forte que o outro" acontece durante as partidas. Bem bonito visualmente, Maskmen fez bastante sucesso no Brasil em 2022, com muita gente importando o joguinho e levando nas jogatinas.


Deep Sea Adventure (2014)

Um dos maiores sucessos comerciais da Oink, ultrapassando 200 mil copias vendidas internacionalmente, Deep Sea Adventure foi criada pelos designers Jun Sasaki e Goro Sasaki, e se trata de um caça-ao-tesouro no fundo do mar. De 2 a 6 "mergulhadores", onde cada jogador rola dois dados, desce cada vez mais fundo no oceano e decide ou não pegar um peça de tesouro... tendo que que voltar para o barco antes de que o oxigênio acabe. Só há dois "probleminhas": quanto mais tesouros você pega, mais pesado você fica, consumindo mais oxigênio; e a reserva de oxigênio é compartilhada... ou seja, se alguém é muito ganancioso, pegando muito tesouros, TODOS são prejudicados correndo risco de vida. É bem comum que todos os mergulhadores acabem sem oxigênio e não voltem a tempo com seus espólios para o barco rs. O jogo é rápido, simples, tenso e divertido. Digamos que é uma versão ultra simplificada de Clank! (2016). Deep Sea Adventure fez tanto sucesso que em 2021 a Oink Games lançou Moon Adventure, uma versão maior e mais elaborada de Deep Sea, com mais componentes.


Dungeon of Mandom VIII
(2017)

Este jogo de cartas é a versão seguinte de Dungeon of Mandom (2013), e apesar do nome estranho, é um jogo familiar para os brasileiros. Pois se trata do jogo que na Europa foi vendido como Welcome to the Dungeon (2013), e teve sua continuação como Welcome Back to the Dungeon (2016). As regras são as mesmas em todos os jogos. A diferença principal entre as versões (além do design / ilustração das cartas), é o número dos personagens. Se nos "Welcome" temos 4 opções de aventureiros cada, no Dungeon of Mandom temos apenas 1, e no Dungeon of Mandom VIII temos 8 (daí o nome). No jogo, cada jogador é um aventureiro de classe distinta, repleto de equipamentos, e que pretende explorar uma masmorra (dungeon). Primeiro os jogadores se revezam desafiando um ao outro para entrar no calabouço com menos equipamentos, que também vai se enchendo de monstros. Quando resta apenas um jogador que não fugiu do desafio, ele desce para a exploração, indo para o "tudo ou nada".

Criado por Masato Uesugi, e ampliado por Antoine Bauza, o jogo chegou ao Brasil sempre na versão Welcome to the Dungeon, em parceria com a editora francesa Iello, ou seja: em uma caixa maior, branca, totalmente diferente das caixinhas da Oink.


Startups (2017)

Startups é um jogo de cartas do designer Jun Sasaki, de 3 a 7 jogadores, com temática de compra de ações de empresas na "bolsa de valores". As cartas são de 6 companhias diferentes, e no final da partida, só pontua quem tiver mais ações para cada companhia. A "sacada" do jogo é que quanto mais ações de uma empresa você tem no momento, fica mais difícil comprá-las. Isso exige dos jogadores balanceamento e estratégia nas compras das mesmas. Para quem olhar no detalhe de como o jogo funciona, irá perceber que ele é "mais ou menos" um No Thanks! (2004) ao contrário.


Scout (2021)

E, finalizando a lista com o melhor de todos eles, Scout, indicado ao Spiel des Jahres de 2022 (ou seja, foi um dos 3 jogos indicados ao equivalente ao "Oscar" de melhor jogo do ano). Um jogo de cartas de 2 a 5 pessoas, do designer Kei Kajino, Scout é o segundo jogo de escalada ("climbing") desta lista. A questão aqui, é que pra mim, ele é o melhor jogo de Climbing que joguei até hoje.

O diferente de Scout está em suas cartas... ele tem números tanto em cima quanto embaixo, e ao receber suas cartas você NÃO pode reordená-las! Pode apenas escolher em jogar com os números da parte de cima, ou os números da parte de baixo! Feito isso, em sua vez, ou você joga na mesa uma ou mais cartas maiores que a do adversário (para "matá-las" e ganhar um ponto para cada carta que matou), ou, se não for possível, se compra uma carta da mesa recém colocada pelo seu adversário, e se coloca na sua mão. Note que ao fazer isto, você aí sim pode colocar a carta pescada em qualquer lugar da sua mão. A rodada acaba quando o primeiro jogador "bater" e eliminar todas as cartas das maõs. Cada carta não jogada que sobrou com você vale um ponto negativo.

Há outras regras, mas não vou citar para não me estender muito. Scout é outro jogo que foi bastante importado pelos brasileiros, e tem feito bastante sucesso por aqui nas jogatinas dos últimos dois anos.



E como os jogos de tabuleiro também tem um pezinho no colecionismo, uma experiência diferente e bacana seria colecionar os jogos de caixinhas da Oink Games (eu mesmo tenho 2 e há mais um outro a caminho). Pena que não é uma tarefa tão fácil para nós brasileiros, afinal, pouquíssimos dos seus jogos saíram por aqui (e quando saíram, foram em caixas genéricas completamente diferente das originais). A única maneira de colecioná-los seria importá-los.

A Oink não é boba e supervaloriza seus preços. Portanto, apesar de serem bem pequenos, suas "caixinhas icônicas" tem o preço médio de 20 Euros, variando levemente para mais ou para menos, dependendo da loja que você os encontre. Só compensa mesmo se você estiver no exterior e comprar pessoalmente, porque se comprar pela internet, com o frete e imposto, o preço vai às alturas.

E aí, conhecia os jogos da Oink Games? Tem algum? Já jogou algum? Coleciona? Escreva nos comentários!



Atualização 17/02/24: hoje a Galápagos Jogos anunciou, de modo surpreendente que irá trazer o Scout para o Brasil. Não disse a data nem o valor, mas será para o primeiro semestre deste ano. E segundo eles, esperam ser apenas o primeiro jogo dentre uma maior parceria com a Oink. Tomara. Nosso dinheiro agradece.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Curiosidades Cinema Vírgula #019 - Não confunda! Muttley NÃO é o Rabugento!

Em meu artigo de curiosidades de hoje, vamos desfazer uma confusão muito comum feita por quem assistia aos antigos desenhos clássicos da Hanna-Barbera. É muito comum pensar em "Muttley, o cachorro rabugento"... porém esta associação está errada(!), ainda que ambos personagens sejam de fato bem parecidos e partilhem muitas coisas em comum.

Mugger... o começo de tudo

Em primeiro lugar, ambos partilham de uma inspiração comum. Teoricamente, eles são uma evolução de um cachorro coadjuvante de nome Mugger, dublado por Don Messick, e que apareceu pela primeira vez em 1964, no filme de animação Oi Galera, Sou o Zé Colmeia!.


Mas voltando ao Muttley vs Rabugento: Muttley foi quem surgiu primeiro, em 1968, como um dentre os vários personagens do desenho Corrida Maluca (Wacky Races, no original). Muttley era o amigo / cachorro de Dick Vigarista, e juntos, sendo os "vilões" da atração, tentavam sabotar os carros dos adversários para vencer as disputas. Claro que sempre tudo dava errado, e na maioria das vezes, Muttley acabava rindo quando seu amigo se dava mal.

No ano seguinte, 1969, Muttley e Dick Vigarista acabaram ganhando seu próprio desenho: Dick Vigarista & Muttley (Dastardly and Muttley and Their Flying Machines no original), onde agora a dupla - que continuava sendo os vilões atrapalhados da trama - com seus aviões, perseguiam o pombo-correio Yankee Doodle para tentar roubar suas mensagens secretas. Notem que aqui Muttley já tem uma leve mudança no visual, pois se em Corrida Maluca sua única vestimenta era uma pequena coleira vermelha, em Dick Vigarista & Muttley ele recebe chapéu e óculos de aviador, e uma echarpe.

É  apenas neste desenho que Muttley "exige" uma medalha em troca de salvar Dick de se acidentar, mas seu característico riso está presente novamente. Acontece que, tanto em Corrida Maluca  como em  Dick Vigarista & Muttley, às vezes vemos Muttley resmungando por ter levado uma bronca, ou ser contrariado. E esse é outro ponto que faz as pessoas acharem que ele é o tal "cachorro Rabugento". Mas quem é então, o tal Rabugento?



Rabugento, o Cão Detetive (The Mumbly Cartoon Show no original) é uma criação bem posterior, estreando na TV dos EUA em 1976, e teve apenas 16 episódios. O personagem, inspirado no detetive Columbo (uma série de TV dos anos 70), mostra Rabugento, um cachorro detetive caçando bandidos com suas aparições surpresa e "milagrosas". Já o outro personagem principal do desenho, o chefe da polícia Sargento Sinuca (Chief Schnooker no original), também é inspirado em outro detetive de outra série policial setentista: Kojak. Diferentemente de Muttley, Rabugento tem uma pelagem cinza, e está sempre vestido com um casaco que cobre totalmente seu corpo.

Rabugento possui uma risada que é exatamente igual a de Muttley, porém, além de rir, em muitas das vezes que um vilão foge de suas perseguições ele acaba resmungando... e muito.. por isso o seu nome. Outra de suas características é seu carro, uma lata-velha que mal anda e está sempre caindo aos pedaços. E se não bastasse as risadas iguais e enorme semelhança física, sabe quem dublava ambos os personagens originalmente? A mesma pessoa (que também deu voz a Mugger): Don Messick.

Apesar de seu programa solo não ter continuado, Rabugento ainda iria participar, no ano seguinte, 1977, de um outro desenho, chamado Ho-Ho-Límpicos (Laff-A-Lympics no original), que teve 24 episódios. Era uma espécie de "Jogos Olímpicos" entre os personagens da Hanna-Barbera, sendo que eles competiam divididos em 3 times... com nosso amigo Cão Rabugento sendo o líder de um deles. Abaixo segue a abertura brasileira deste raro desenho.

  

Acho que agora as coisas estão um pouco mais claras e menos confusas, certo? Não seja por isso. Existe um TERCEIRO cachorro que possui a mesma risada de Muttley e Rabugento: trata-se de Precioso, do desenho Xodó da Vovó (Precious Pupp no original), de 1965. Então, pasmem: a tão famosa risadinha asmática de Muttley não é originalmente dele! Foi usada primeira no Precioso, depois em Muttley, e finalmente, em Rabugento.

No vídeo abaixo, aos 59 segundos, vocês podem ver um trecho de Precioso rindo, em Xodó da Vovó.


Caso algum destes desenhos fez parte de sua infância, comente se você sabia destas diferenças e curiosidades!

Será que quem ri primeiro ri melhor??



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...