sábado, 21 de setembro de 2013

Crítica - Terapia de Risco (2013)

Título: Terapia de Risco ("Side Effects", EUA, 2013)
Diretor: Steven Soderbergh
Atores principais: Rooney Mara, Jude Law, Channing Tatum, Catherine Zeta-Jones
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=CSjLrm-qTUY
Nota: 7,0

Interessante filme que altera seu gênero ao longo da história

Terapia de Risco (Side Effects, no original) é o mais novo trabalho do diretor Steven Soderbergh e um curioso caso de filme que muda de gênero ao longo da história.

A projeção começa sob o ponto de vista da frágil Emily (Rooney Mara), que mesmo com a recém saída de seu marido Martin (Channing Tatum) da prisão após 4 anos, se encontra em um estado de grande depressão. Soderbergh nos transmite com maestria o estado psicológico de Emily, com imagens praticamente monocromáticas (tudo tem um fortes tom laranja), cenas curtas com cortes abruptos, plano curto e closes... tudo refletindo com sucesso o estado de tormento mental da protagonista.

Após uma tentativa fracassada de suicídio, o psiquiatra Dr. Banks (Jude Law) assume Emily como paciente, e como parte do tratamento, lhe indica o anti depressivo Ablixa. Então, pouco tempo depois, devido a um EFEITO COLATERAL da droga (entendeu minha marcação, ó imbecil que traduz o nome dos filmes?), acontece um grave acidente, que coloca Emily e Dr. Banks em uma situação difícil. Mais ainda, sob suspeita de acompanhamento médico indevido, Banks tem sua carreira colocada em risco.

O cenário descrito acima é interessantíssimo, abrindo discussões como: quais são os cuidados, e qual é o limite para se tratar pacientes com drogas; e mais ainda, de quem é a culpa pelo acidente? Do médico? Da paciente? De ambos? Ou de nenhum dos dois?

Após uns ótimos vinte minutos explorando as indagações acima, eis que acontece uma reviravolta e o filme se transforma. De um empolgante drama filosófico ele se torna um thriller policial. Se por um lado o roteiro ganha pontos por nos surpreender, perde muitos pontos por ignorar a partir de então todo o promissor debate ético e moral apresentado até este momento.

A transformação do filme também se reflete na sua apresentação. Agora temos na tela uma Nova York bastante colorida, cenas mais longas e com planos mais distantes. O ponto de vista que temos passa a ser o do Dr. Banks. Porém esta "segunda parte do filme" não é tão bem executada quanto a primeira. Além de infelizmente desprezar a parte mais interessante da primeira parte, a história se enfraquece, ficando um pouco cansativa devido ao excesso de explicações e, mais ainda, por concluir com um final consideravelmente inverossímil.

Terapia de Risco é um filme que começa de maneira muito empolgante e promissora, mas que se torna um caso raro de história que se enfraquece justamente por surpreender o espectador. Apesar de suas falhas, entretanto, não deixa de ser um filme bom e diferente que merece sua chance. Nota: 7,0.

PS: o medicamento Ablixa é fictício. Mas isto não impediu os internautas de criarem um site fake para ele. Confiram esta curiosidade: http://www.tryablixa.com/

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Crítica - Rush: No Limite da Emoção (2013)

Título: Rush: No Limite da Emoção ("Rush", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2013)
Diretor: Ron Howard
Atores principais: Daniel Brühl, Chris Hemsworth, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=ee35ZJ4KGVw
Nota: 8,5

Um dos melhores filmes de corrida já feitos. E um dos melhores filmes do ano.

Rush é uma grata surpresa nos cinemas. Não só pela sua alta qualidade, mas por ser um filme de Hollywood a contar uma história da Fórmula 1. Coisa rara.

Na verdade, a F1 acaba sendo apenas o pano de fundo para a verdadeira história, que é a história da rivalidade entre o piloto austríaco Niki Lauda e do piloto inglês James Hunt. O grande trunfo de Rush é que não importam as corridas, e sim os dois personagens Lauda (Daniel Brühl) e Hunt (Chris Hemsworth) e a relação entre eles. Esta abordagem torna o filme bastante interessante tanto para os fãs de automobilismo quanto para os homens e mulheres que não se importam pelo esporte.

Conduzida com maestria pelo diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante), a história começa em 1970, ainda pela Fórmula 3 - aonde a rivalidade começou, e termina junto com o ano de 1976, ano em que Lauda sofreria seu grave acidente nas pistas.

O ator espanhol Brühl convence e impressiona como o ríspido Lauda e é uma das grandes atrações do filme. Já Hemsworth representa seu “papel de sempre” com a diferença que aqui, como Hunt, sua atuação cai como uma luva e é muito boa, contrastando com o que acontece quando ele representa Thor, que chega a ser constrangedor em alguns momentos.

Apesar de ter 2h de duração, Rush é desenvolvido em um ritmo tão rápido e tão enxuto que definitivamente não se vê o tempo passar. A bela fotografia (as cores são bastante carregadas, mas eu gostei do efeito produzido), e principalmente os efeitos sonoros, contribuem para que a experiência de assistir o filme seja alucinante, mesmo não mostrando quase nada de corrida no filme todo!

O pai da bela Bryce Dallas Howard acerta a mão ao não tornar os personagens sob seu comando reles opostos maniqueístas. Sim, Lauda é o antipático e rígido ultra profissional, mas ao mesmo tempo, sabe fazer rir e tem sentimentos. Sim, Hunt é o mulherengo louco que vive cada dia como se fosse o último, mas mesmo assim, também demostra medo e coração. E outro grande acerto é conseguir mostrar todo o drama dos personagens sem ser piegas.

Para completar o pacote, nos pequenos detalhes, há o bônus para o amante da F1. É um prazer ver espalhadas pelo filme, mesmo que em pequenos relances, curiosidades da F1 de 40 anos atrás, como por exemplo pistas com mais de 20 Km de extensão, uma mortalidade de 2 pilotos por temporada, ver uma Tyrrell com 6 rodas, ver a “loucura” de Fittipaldi deixar a McLaren para ir para se arriscar na Copersucar, e etc.

Finalizando, Rush é uma bela história de rivalidade, coragem, vida, morte, inimizade e amizade. E é difícil encontrar defeitos nele. Mesmo assim, como sou chato, Rush não leva uma nota ainda maior porque, fora alguns pequenos erros e exageros, acaba herdando um pouco da característica de Lauda e é pragmático demais... nos dando pouco tempo para reflexão, ou ainda, sem conceder tempo para nos surpreender – tudo o que acontece tem uma causa e efeito imediatos.

Infelizmente, Rush tem chamado pouca atenção nos cinemas brasileiros, o que é uma pena. Repito que é um dos melhores filmes de corrida de todos os tempos, e um dos melhores filmes do ano. Nota: 8,5.

PS: mais uma vez, deixo aqui minha “homenagem” aos imbecis que “traduzem” os nomes dos filmes. Desta vez nem houve tradução na verdade... de apenas “Rush”, no original, virou o piegas Rush: No Limite da Emoção. Com um nome de sessão da tarde como este, dificilmente eu assistiria este filme nos cinemas. Talvez isto justifique, em partes, porque o filme não está chamando tanta atenção.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Agatha Christie vai voltar (ou quase). Hercule Poirot vai voltar (este vai mesmo!)

Sophie Hannah, Agatha Christie, e o detetive Hercule Poirot interpretado pelo ator David Suchet

Eis uma notícia bem recente que surpreendentemente ainda não repercutiu no Brasil. Nesta 4ª feira dia 04 de setembro, a editora inglesa Harper Collins anunciou oficialmente que um novo livro de Hercule Poirot irá ser publicado em 2014, a ser escrito pela britânica Sophie Hannah.

De 42 anos, Sophie Hannah também é uma escritora de romances policiais, e atualmente bem conhecida na Inglaterra. Ela será a primeira privilegiada a escrever uma obra 100% inédita de um personagem de Agatha Christie com o aval de seus herdeiros.

Até agora pouco do futuro livro é conhecido. Não se sabe seu nome, nem sua trama. Mas se sabe que a história se passará em 1920, o que colocaria esta narrativa em um período onde Poirot estava no começo de sua carreira como detetive particular (o primeiro livro de Poirot publicado por Agatha Christie - O Misterioso Caso de Styles - foi publicado justamente em 1920).

Não é a primeira tentativa de se “reviver” a grande escritora britânica. Afinal, Agatha Christie (1890 - 1976) só não vendeu mais que Shakespeare e que a Bíblia. Algo tão lucrativo dificilmente ficaria estacionado para sempre.

Vejam que curioso... a primeira pessoa a pensar no seu legado pós-morte foi a própria escritora! Com o advento da 2ª Guerra Mundial, a “Rainha do Crime” resolveu escrever em plena guerra a última história de seus dois principais detetives: Poirot e Miss Marple (o nome dos livros, respectivamente: Cai o Pano e Um Crime Adormecido). Assim, se houvesse alguma fatalidade ela não deixaria seus leitores sem conhecer o desfecho de seus personagens preferidos.

Mas Agatha sobreviveu a guerra, e estes livros ficaram escondidos por décadas, até que então, já com a saúde bastante debilitada Cai o Pano foi publicada em 1975. Meses depois, a autora faleceria, sendo que então em 1976 seria a vez de se publicar Um Crime Adormecido, que se tornaria o primeiro livro póstumo da inglesa.

De certa forma, primeiro e último, já que depois de 1976 o que se viu como lançamentos foram apenas algumas poucas coletâneas de contos – alguns inéditos – publicados anteriormente em outras mídias, como jornais e revistas. Daí surgiram, por exemplo, os livros Os Últimos Casos de Miss Marple (1979), Problem at Pollensa Bay and Other Stories (1991), Enquanto Houver Luz (1997), Poirot e o Mistério da Arca Espanhola & Outras Histórias (1997).

Mas seria só em 1998 que teríamos a primeira tentativa “forte” de ressuscitar a autora. Foram três livros inéditos, referentes a peças de teatro escritas por Agatha Christie e adaptados pelo escritor australiano Charles Osborne. Então vieram: Café Preto (1998), O Visitante Inesperado (1999) e A Teia da Aranha (2000).

De lá pra cá, não houve nada de novo no universo da “Rainha do Crime”. Até hoje. Pois Sophie Hannah terá sua chance de escrever um novo capítulo nesta história. Que ela seja bem sucedida.

PS: para quem quiser um pouco mais de detalhes sobre o novo livro, segue o link:

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Veja aqui: 4 trailers comentados (inclui os novíssimos de Robocop e Gravidade)

Depois de mostrar em meu post anterior cinco filmes “do passado”, é hora de olhar para o futuro. Quatro filmes. Quatro trailers. Que para bem ou para o mal, chamaram minha atenção. Vamos a eles!

Filme: Robocop
Estréia em: 21 de fevereiro de 2014
Comentários: começo pelo trailer mais recente de todos... o primeiro do novo Robocop, dirigido pelo brasileiro José Padilha (Tropa de Elite), e que foi divulgado ontem! Infelizmente, toda a má impressão que tive do filme via fotos se reforça no trailer. Ele é decepcionante. Bem distante do original; o novo Robocop é muito mais humano que robô, e realmente parece muito mais um humano de armaduras do que uma máquina. Lamentável. Espero estar errado, mas a impressão que tenho é que este será um filme de ficção científica bem “genérico”, perdendo muito das características originais.

Filme: Rush - No Limite da Emoção
Estréia em: 13 de setembro de 2013
Comentários: depois do trailer mais recente, segue o trailer cujo filme estrará primeiro. E ele já estréia na próxima sexta. O que vi me deixou bastante empolgado; e afinal de contas, não deixa de ser uma novidade um filme de Hollywood sobre F1, o que não acontecia há muito tempo. Dirigido por Ron Howard (Uma Mente Brilhante), temos aqui a história da rivalidade entre os pilotos James Hunt e Niki Lauda.

Filme: Thor: O Mundo Sombrio
Estréia em: 1º de Novembro de 2013
Comentários: depois do fraco primeiro filme, eis a continuação. Pelo que se vê a continuação aparenta ser melhor que sua antecessora. Mais ação, mais seriedade, melhores batalhas. E uma última constatação de efeitos dúbios: a belíssima Natalie Portman aparecerá bem mais neste filme. Isto é bom para os olhos. Mas ruim para o roteiro já que a pior coisa do primeiro filme fui justamente as cenas de romatismo entre ela e Thor.

Filme: Gravidade
Estréia em: 11 de Outubro de 2013
Comentários: já cansei de falar bem deste filme neste blog, que certamente é o filme de 2013 que mais ansiosamente aguardo. E o trailer do link acima é o mais recente de todos, começou a ser exibido só nesta semana! Eu admiro muito o trabalho do diretor Alfonso Cuarón e mesmo antes de ver o filme já passei a admirar Sandra Bullock. Afinal, para este filme ela teve que passar horas e horas pendurada por cordas em um quarto escuro, sem ver absolutamente nada. Respeito bastante este esforço e dedicação. Curiosidade: todos estes sons de explosão presentes no trailer são puro marketing. O diretor já avisou que no filme as explosões não são ouvidas... afinal, o som não se propaga no espaço! E ele quer deixar tudo o mais real possível. Imperdível!

domingo, 1 de setembro de 2013

Cinco filmes. Cinco parágrafos. Cinco notas.


A longa ausência de conteúdo novo em meu blog se deveu a problemas pessoais, mas eles não me impediram que, neste período, eu assisti em casa alguns dos filmes dos primeiros meses de 2013 que perdi nos cinemas.

E embora eu não vá fazer uma crítica detalhada para cada um destes filmes (são cinco), para cada um deles irei escrever um parágrafo e dar minha nota. Leiam porque tem bastante coisa boa listada abaixo!

A Caça ("Jagten", 2012)
Filme dinamarquês sobre um professor acusado injustamente de pedofilia. Belíssima fotografia, história forte, impressiona ao transmitir tanta coisa com poucos diálogos e sem melodrama. Nota: 9,0.

Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer ("A Good Day to Die Hard", 2013)
Um plágio mal feito de James Bond onde sequer há algo que se possa chamar de roteiro. Bruce Willis passa o filme inteiro em chatas discussões com o filho e sequer leva o filme a sério. Disparado o pior filme da franquia. Nota: 3,0.

No ("No", 2012)
Filme chileno indicado ao Oscar 2013, que nos mostra o plebiscito ocorrido em 1988 para que o ditador Pinochet continuar ou não no poder. Com Gael García Bernal  no papel principal, o filme consegue nos passar com maestria a tensão vivida pelo personagem. Prato cheio para quem gosta também de história, propaganda e publicidade. Só não gostei da fotografia. Nota: 8,0.

ParaNorman ("ParaNorman", 2012)
Animação de stop-motion indicada ao Oscar 2013, baseada na história de um menino que consegue falar com os espíritos. Bem bacana, principalmente por tirar sarro de clichês, explorando com frequencia situações de maneira oposta ao apresentado na maioria dos filmes. Nota: 7,0.

Era uma Vez na Anatolia ("Bir zamanlar Anadolu'da", 2011)
Filme turco “cult”, vencedor do Grande Prêmio do Juri em Cannes, toda história se passa ao longo de um único dia de uma investigação policial. A fotografia é soberba, e o filme é uma aula de narrativa e apresentação dos personagens. Seu único defeito é ser exageradamente longo e lento. Nota: 8,0.

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

Título :  Em Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017) Diretor : Edgar Wright Atores principais : Ansel Elgort, K...