sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Crítica - Era Uma Vez em... Hollywood (2019)

TítuloEra Uma Vez em... Hollywood ("Once Upon a Time... in Hollywood", China / EUA / Reino Unido, 2019)
Diretor: Quentin Tarantino
Atores principais: Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, Emile Hirsch, Margaret Qualley, Timothy Olyphant, Dakota Fanning, Austin Butler, Al Pacino
Uma ode saudosista à Hollywood do fim dos anos 60

Eis que chega aos cinemas o 9º filme de Tarantino como diretor. Estamos na Hollywood de 1969 e ao misturar fatos e personagens reais com fictícios, para aproveitar melhor o filme é necessário saber um pouco do contexto histórico da época.

É importante saber o básico de quem foram Charles Mason e Sharon Tate, de que estamos nos últimos anos do movimento hippie, e principalmente, que TV e Cinema passavam por grandes mudanças. Com uma população cada vez mais urbanizada, programas de faroeste e show de variedades estavam em decadência; já nos cinemas as grandes super produções começavam a ser substituídas por filmes autorais e mais baratos, de uma nova geração de diretores como Martin Scorcese, Francis Ford Copolla, e o próprio Roman Polanski, que aparece no filme.

É nesse contexto que conhecemos a ex-estrela de Westerns na TV, o ator Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), e seu ex-dublê (e melhor amigo) Cliff Booth (Brad Pitt) buscando novas oportunidades de emprego. É então que eles se envolvem indiretamente com o grupo da Família Manson, dentre outras pequenas histórias envolvendo bastidores do mundo dos filmes e seriados da época.

Era Uma Vez em... Hollywood traz um dos roteiros mais fracos e simples dentre os filmes de Tarantino. Não há grandes diálogos ou acontecimentos. Ainda assim, o roteiro é bom e acima da média.

É certamente o filme mais pessoal e menos violento de Quentin. E aliás, por muitos momentos esta "violência" é substituída por um ingênuo otimismo e amor ao mundo das celebridades, amor este personificado principalmente em Sharon Tate (Margot Robbie). Robbie convence com seu encantamento e felicidade em todos os momentos em tela.

A homenagem de Tarantino pela Hollywood do final dos anos 60 é escancarada com quase uma centena de referências a filmes, seriados, propagandas e músicas da época. Por falar em músicas, a trilha sonora - como em todo filme do diretor - é excelente, e se bobear este é o filme que traz uma maior quantidade de músicas diferentes.

Se o roteiro não é o ponto principal do filme, por outro lado Tarantino compensa com uma grande qualidade técnica, através de uma fotografia excelente e tomadas em movimento muito belas e bem feitas. A maneira com que ele cria o clima de tensão e suspense em algumas cenas é magistral. E, claro, não podemos deixar de elogiar o cuidado com que o diretor tem com seus atores/personagens.

DiCaprio e Brad Pitt estão excelentes em Era Uma Vez em... Hollywood. Carismáticos, engraçados, mudanças repentinas de emoções... somente pela dupla o filme já vale muito a pena.

Era Uma Vez em... Hollywood é provavelmente o filme mais mainstream de Tarantino, ainda que ele mantenha todas suas características autorais. É também provavelmente seu filme mais lento e contemplativo, sendo isto o que entendo ser o ponto fraco deste filme. Com vários altos e poucos baixos, Era Uma Vez em... Hollywood é obrigatório para todo fã de cinema. Nota: 7,0


PS 1: o filme traz uma cena pós créditos com DiCaprio fazendo uma propaganda e, em seguida, aparece um inusitado "áudio pós créditos" (que sequer foi legendado aqui no Brasil). O áudio (real) é de Adam West em um concurso ocorrido em 1966 para uma rádio, onde ele promovia o seu seriado do Batman.

PS 2: é muito provável que vocês já tenham visto notícias da polêmica envolvendo a maneira com que Bruce Lee é representado no filme. Tarantino mostra Lee como uma pessoa bem arrogante, o que causou a ira da família do ex-lutador. Mas poderia ser pior. Pelo roteiro original, o personagem de Brad Pitt iria ter uma luta demorada contra Bruce Lee, sendo que o personagem de Pitt iria massacrá-lo. Mas Pitt foi contra esta ideia, por respeito a Lee, e então juntamente com o responsável pela coreografia da luta eles convenceram Tarantino a deixar a luta como ficou no filme... curta e sem vencedores.

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