sábado, 19 de dezembro de 2015

Crítica - Star Wars: O Despertar da Força (2015)

TítuloStar Wars: O Despertar da Força ("Star Wars: The Force Awakens", EUA, 2015)
Diretor: J.J. Abrams
Atores principais: Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Harrison Ford, Adam Driver
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=4r0287tUEgk
Nota: 8,0
Misto de reboot e continuação, filme é o melhor desde O Império Contra-Ataca

Enfim a espera acabou. Depois da considerável decepção que os fãs tiveram em 1999 com Star Wars: Episódio I - A Ameaça Fantasma e os dois filmes seguintes, com Star Wars: O Despertar da Força o público volta a ver um material digno de toda a adoração que a franquia recebe.

O diretor J.J. Abrams certamente aprendeu com os erros de George Lucas em sua tentativa anterior. Uma das maiores qualidades de Star Wars: O Despertar da Força é não abusar dos efeitos especiais, fazendo tudo parecer absolutamente real. As cenas de batalhas com naves - também por acontecerem sob um planeta e não no espaço - são empolgantes e críveis. Mesmo os alienígenas são em sua grande maioria pessoas vestindo fantasias. Só não convenceram Maz Kanata (Lupita Nyong'o) e Snoke (Andy Serkis), não a toa os únicos personagens relevantes 100% digitais.

Outro grande acerto do diretor e do estúdio foi manter o mistério ao redor da produção. Ao contrário do que (erroneamente) fazem estúdios como a Marvel e a Warner, que revelam toda a trama do filme em seus trailers, tudo ficou bem escondido em Star Wars: O Despertar da Força, até a sua sinopse, genérica e portanto inexistente. Em homenagem a todo este sensato segredo, fica meu alerta: a partir de agora irei comentar sobre a história do filme. Obviamente não revelarei nenhum grande spoiler, mas resumirei a trama principal e citarei alguns poucos detalhes do enredo. Portanto, se nem isto você quer saber antes de ver o filme, pare por aqui, vá os cinemas e depois volte. Ok?

Na história deste Episódio 7, trinta anos após o Episódio 6, temos a Primeira Ordem (sucessora do Império) guerreando contra a Resistência (sucessora da Aliança Rebelde). Ambos se concentram em um objetivo comum: encontrar o desaparecido Luke Skywalker. A primeira quer Luke para destruí-lo, já os Rebeldes querem voltar a contar com essencial sua ajuda.

É então que temos uma história muito parecida com a de Guerra nas Estrelas (1977). Temos em Rey (Daisy Ridley) a jovem heroína esquecida em um planeta deserto, em Kylo Ren (Adam Driver) um líder do lado negro da Força, temos um personagem velho e sábio orientando Rey, temos até uma arma equivalente à Estrela da Morte no final do filme! Confesso que eu tinha receio de que isto acontecesse. Mas a boa notícia é que todas estas partes "iguais" foram (re)filmadas com algo diferente, novo, que tornam o filme muito interessante tanto para os fãs antigos quanto para os espectadores de primeira viagem. A única exceção fica para as cenas substitutas da batalha na Estrela da Morte. Seu desfecho é apressado, curto, mal feito, mal explicado. Dá até sensação que faltou grana para um desfecho apropriado. Em se tratando da rica franquia, não foi o caso. É mais provável que esta "pressa" ocorreu para que o filme não tivesse muito mais do que 2h de duração - tempo considerado como "limite ideal" pelos produtores de Hollywood.

Star Wars: O Despertar da Força apresenta um novo trio de heróis protagonistas: Rey (Daisy Ridley), Finn (John Boyega) e Poe Dameron (Oscar Isaac). E não custa reforçar que eles são respectivamente uma mulher, um negro e um latino. Muito bacana. E os três estão ótimos. São grandes atores, grandes personagens. Possuem todas as qualidades para fazer a nova trilogia brilhar! Ah, ainda há um novo personagem que rouba a cena: BB-8. O robozinho é uma versão meiga de R2-D2, e mesmo não tendo um rosto, consegue ser tão expressivo quanto Wall-E. O cuidado com ele foi tanto que dois comediantes foram contratados só para criar suas vozes e "emoções".

Rey (tanto a personagem quanto a atriz) é simplesmente fantástica. Ela rouba a cena toda vez que aparece; mal a conhecemos e já reconhecemos instantaneamente sua grandeza. A química entre ela e Finn no começo do filme é incrível. O novo trio também é responsável por cenas heroicas verdadeiramente emocionantes e que honram todo o legado da franquia. Nesse aspecto, o roteiro do novo filme é brilhante.

Em seu todo o roteiro de Star Wars: O Despertar da Força possui altos e baixos. Como grandes virtudes, além das cenas heroicas comentadas acima, o filme consegue ser equilibrado em termos de ação, humor, aventura, reviravoltas e drama. Consegue resgatar e homenagear o sentimento da trilogia clássica sem erros. Tudo isto acompanhado da competente trilha sonora de John Williams, ele também misturando novo e antigo em seu trabalho. A trama possui seu MacGuffin: o mapa que mostraria a localização de Luke. Ele funciona maravilhosamente para conduzir as aventuras e tensões da história. Mas, quando tentam explicá-lo, é aí que o roteiro tem seu ponto mais fraco, pois muito pouco faz sentido. Se o Jedi queria ser encontrado, porque não deu sua localização para R2-D2 diretamente? Se não queria ser encontrado, como então Lor San Tekka (o velho de Jakku) tinha esta informação?

Apesar dos problemas de roteiro relatados, isto não atrapalha a experiência do espectador. Star Wars: O Despertar da Força é sem sombra de dúvida um ótimo e divertidíssimo filme de aventura, tendo todos os elementos que precisa para ser um grande clássico. Tecnicamente, é quase impecável, deslumbrante. Até os famosos (e ironizados) lens flares de J.J. Abrams são bem aproveitados, resultando em cenas visualmente (e tematicamente) espetaculares.

A verdade é que ao mesmo tempo que Star Wars: O Despertar da Força imita tanta coisa do Episódio 4 (sendo por isto parcialmente um reboot), ele apresenta tantos personagens novos que não sobre muito tempo para se contar uma história no filme. Muitas perguntas são deixadas sem resposta. Neste sentido, para mim Star Wars: O Despertar da Força se assemelha muito mais a um Episódio "6,5" do que um Episódio 7. E tão importante quanto resgatar a qualidade da franquia, é que a partir do próximo filme, que estréia em 2017, tudo pode ser 100% novo. E o será conduzido por 3 personagens que nasceram da melhor maneira possível: Rey, Finn e Poe Dameron. Brilhante e promissor é, o futuro desta saga! Nota: 8,0

PS 1: não é necessário conhecer nenhum dos Episódios anteriores para entender o Star Wars VII. Entretanto, ter assistido a trilogia clássica é importante para ter a experiência do filme como se deveria. Recomendo portanto que ela seja assistida antes. Quanto aos Episódios I a III, esqueçam. Eles não são citados em nenhum momento, e dificilmente serão no futuro.

PS 2: o 3D do filme não acrescenta nada. Mas também não atrapalha. por isto, se possível, opte pela versão 2D, mais barata.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Filmes da Netflix - Críticas: "Beasts of No Nation" e "The Ridiculous 6"


A Netflix - o mais conhecido dos canais de streaming - começa a investir cada vez mais em filmes próprios. Vamos a análise de dois de seus títulos mais famosos de 2015.


Beasts of No Nation (2015)

Diretor: Cary Joji Fukunaga
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=-LdeYA7Ku14
Atores principais: Abraham Attah, Emmanuel Nii Adom Quaye, Idris Elba
Nota: 8,0

"Para entender melhor o horror das guerras civis da África. E um ótimo filme"

Antes de falar do filme propriamente dito, é importante dizer o que ele representa. É a primeira tentativa da Netflix para obter uma indicação ao Oscar. Cada vez mais dedicada a fazer produções próprias - seja via seriados ou filmes - se suas séries já são exemplo de qualidade (principalmente devido a House of Cards), agora eles tentam reconhecimento equivalente para seus filmes, tentando um respaldo da Academia. Não vai ser fácil. Ao colocar a estréia de Beasts of No Nation simultaneamente no seu canal e nos cinemas (pois pelas regras de hoje para ter indicações ao Oscar é obrigatório o filme ter estado nos cinemas), o filme foi boicotado nos EUA por grandes empresas das telonas. O motivo: medo da futura concorrência. Em poucas salas, a arrecadação de Beasts of No Nation foi baixíssima (menos de 100 mil dólares). Vamos ver se eles receberão indicações do Oscar. Eu duvido. Entendo que a Academia também não vê com bons olhos filmes fora dos cinemas.

Sobre o filme... baseado em um livro de 2005 de mesmo nome do autor Uzodinma Iweala, a história se passa nos dias de hoje em algum país africano em guerra civil (o nome do país nunca é identificado). No meio da sangrenta batalha entre os exércitos do governo e os rebeldes estão a ONU e... os pobres civis. Acompanhamos a história do garoto Agu (Abraham Attah), que bem criança tem sua pequena aldeia devastada pelo exército nacional. Sozinho, ele foge para a selva e é encontrado pelo exército rebelde, onde seu Comandante (Idris Elba) resolve acolher e converter Agu como um de seus soldados.

Beast of No Nation prometeu duas coisas: mostrar os horrores das guerras na África e mostrar como um garoto inocente se torna um soldado sanguinário. A primeira promessa é cumprida com louvor. Bastante violento, mas sem apelar para cenas repletas de sangue, é impossível não se comover com o horror que os civis africanos vivem há décadas. Uma coisa é saber como eles (sobre)vivem; outra é assistir. Já a segunda promessa é cumprida em partes. Sim, é verdade que o grande foco do filme é justamente a história de Agu virando um soldado, e a grosso modo, é perfeitamente compreensível e crível a transformação do garoto. Porém, nos detalhes, esta "conversão" é irregular. Narrada em alguns momentos pelos pensamentos do próprio Agu, em várias ocasiões a voz dos seus pensamentos não refletem suas atitudes na tela, deixando a transformação do garoto um pouco inconsistente.

Para um filme de baixo orçamento - apenas US$ 6 milhões - a fotografia é bonita e competente, sendo o maior destaque técnico do filme. Seus fortes mesmo são o roteiro e a atuação de Idris Elba - até certo ponto comedida - mas muito crível e versátil. Para quem quiser entender um pouco mais sobre o triste mundo que vivemos, eis um filme de qualidade para isto. Nota: 8,0


The Ridiculous 6 (2015)

Diretor: Frank Coraci
Atores principais: Adam Sandler, Rob Schneider, Taylor Lautner, Jorge Garcia, Terry Crews, Luke Wilson, Nick Nolte
Nota: 5,0

"Elenco numeroso é o melhor desta comédia pastelão mediana de Adam Sandler"

The Ridiculous 6 já de cara não prometia muito. Produtor e roteirista do filme, Adam Sandler tentou vendê-lo para vários estúdios... e não conseguiu. Após assinar um contrato de 4 novos filmes com a Netflix em outubro de 2014, The Ridiculous 6 enfim achou um lugar para ser exibido. Sua estréia mundial aconteceu 3 dias atrás, em 11 de dezembro, numa das grandes atrações de Natal da empresa de streaming.

Nesta comédia de faroeste, Tommy Stockburn (Adam Sandler) precisa arrecadar US$ 50 mil para resgatar seu pai Frank (Nick Nolte) de uma quadrilha de bandidos. E em sua jornada, ele acaba encontrando mais cinco meio-irmãos, que se unem a ele na empreitada. São eles: Ramon (Rob Schneider), Lil' Pete (Taylor Lautner), Herm (Jorge Garcia), Chico (Terry Crews) e Danny Stockburn (Luke Wilson).

The Ridiculous 6 é uma comédia besteirol típica de Adam Sandler. É seu humor padrão repleto de piadas escatológicas, machistas, homofóbicas, sexuais e non-sense. O filme não é o pior dentre todos do ator, e certamente não é o melhor, fica no meio termo.

Com uma história simplória e previsível, The Ridiculous 6 apresenta duas qualidades: quando deixa de lado as piadas ofensivas e parte para as trapalhadas e o non-sense, algumas das piadas são bem engraçadas. Mas principalmente, o que mais chama a atenção é o número gigantesco de atores famosos na produção. Além dos 7 principais já citados anteriormente, ainda temos, dentre outros: Will Forte, Steve Zahn, Harvey Keitel, Jon Lovitz, David Spade, Danny Trejo, Steve Buscemi e John Turturro. Em geral personagens malucos, bizarros e caricatos, eles acabam sendo mais engraçados e interessantes do que as próprias piadas do filme.

The Ridiculous 6 é uma comédia mediana que deverá agradar apenas os fãs de Adam Sandler. Vale mais como curiosidade para ver o elenco estrelado do que assistir o filme em si. Vamos ver se os 3 filmes restantes do ator na Netflix serão bons... por enquanto, embora garanta algumas risadas, sua estréia não empolgou. Nota: 5,0

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Crítica - Chatô - O Rei do Brasil (2015)

TítuloChatô - O Rei do Brasil ("Chatô - O Rei do Brasil", Brasil, 2015)
Diretor: Guilherme Fontes
Atores principais: Marco Ricca, Andréa Beltrão, Paulo Betti, Leandra Leal, Gabriel Braga Nunes, Letícia Sabatella

Apesar dos 20 anos de problemas na produção, Chatô é bom e interessante

Tão importante quanto falar sobre o filme Chatô - O Rei do Brasil é contar sobre a sua complicada história de produção, que já entrou para a história do Cinema Brasileiro.


Chatô - A produção

O ano era 1995. Guilherme Fontes, então com 28 anos, vinha de recentes sucessos na TV e no teatro e era um dos principais galãs das novelas da Globo. Em novembro do mesmo ano ele conseguiria financiamento público de volumosos R$ 12 milhões para realizar o filme Chatô – O Rei do Brasil, baseado no polêmico livro de mesmo nome do escritor Fernando Morais. A previsão era que Chatô fosse lançado em 1997, mas... não saiu. Focado em arrecadar ainda mais dinheiro para tornar seu filme ainda mais grandioso (por exemplo Guilherme tentou trazer o diretor Francis Ford Coppola para ser seu produtor), as filmagens só começaram em 1999. Poucos meses depois viria o grande golpe: graças a uma denúncia de irregularidades na aplicação do dinheiro captado, Chatô seria alvo de investigação judicial.

Chatô – O Rei do Brasil parou. Parte dos patrocinadores - já insatisfeitos com os atrasos - pediam o dinheiro de volta. Dos 12 milhões de Reais prometidos, apenas 8,6 milhões efetivamente vieram. Guilherme Fontes era constantemente criticado pela imprensa e ganhou imagem de ladrão. Mesmo com todos os problemas ele conseguiria patrocínios suficientes para gravar mais cenas em 2002 e 2004. Segundo Guilherme, oitenta por cento do filme estava pronto... mas ainda faltava completar o restante. Sem dinheiro, com problemas e dívidas cada vez maiores, o natural seria entregar Chatô do jeito que estava. Mas não foi o que Fontes fez. Foram mais 11 anos brigando por dinheiro para terminar seu projeto (algumas poucas regravações foram feitas posteriormente com os atores originais já envelhecidos, mas o que faltava mesmo era a pós-produção). E eis que 20 anos depois conseguir o financiamento inicial, para surpresa de todos, Chatô – O Rei do Brasil chegou aos cinemas brasileiros.

Para quem quiser conhecer mais sobre a conturbada história da produção, recomendo a leitura deste artigo da Revista Época. O texto traz uma visão de que todos os problemas que Fontes passou vieram mais da megalomania e irresponsabilidade do ator/diretor do que qualquer desonestidade. Seria isso mesmo? O fato é que Chatô mudou a história do nosso cinema, e depois dele as regras e leis para financiamento de filmes foram bastante alteradas. Por exemplo, hoje o valor máximo de arrecadação depende de quantos filmes e mini-séries o diretor/produtor fez. Sob as regras atuais, o então estreante Guilherme Fontes estaria limitado a apenas R$ 1 milhão se quisesse fazer seu Chatô hoje.


Chatô - A crítica do filme

Chatô – O Rei do Brasil é uma biografia bem humorada e um pouco fantasiosa do empresário Assis Chateaubriand, magnata das comunicações do país dos anos de 1930 a 60, considerado o "Cidadão Kane" brasileiro. O roteiro não é linear, tendo uma edição consideravelmente complexa. No início do filme Chatô entra em coma e, em seu delírio entre a vida e a morte, ele é submetido a um "julgamento" pela sua vida em um programa de auditório estilo Chacrinha. A cada depoimento das "testemunhas", vemos um capítulo da vida do empresário. Vários capítulos seguem uma ordem cronológica, mas nem sempre. E aí conhecemos melhor Chatô: mulherengo, desonesto, chantagista, folclórico e com grande talento político e comercial.

Uma das principais qualidade de Chatô – O Rei do Brasil é seu ritmo. A impressão é que Guilherme Fontes fez de tudo para que seu filme não ficasse chato mesmo percorrendo dezenas de anos da vida do protagonista. E deu certo. Abuso de cenas curtas, diálogos sempre ágeis e bem humorados, o roteiro não linear, tudo é feito para que Chatô seja dinâmico e atual.

Ironicamente, seu dinamismo também trabalha em efeito contrário, gerando os principais problemas de Chatô – O Rei do Brasil: o entendimento dos fatos históricos. Tudo é tão rápido que muitas passagens ficam apenas na "sugestão", sendo confusas ou mal explicadas. O início do filme é especialmente confuso. Por que Chatô está morrendo? O roteiro insinua (erradamente) um acidente de carro. A trombose é real ou fictícia? (e já respondendo, foi real). Para que o filme seja melhor aproveitado, é necessário que o espectador conheça um pouco da biografia de Assis Chateaubriand e de Getúlio Vargas. O que temos na Wikipedia já é suficiente para isto, mesmo se forem lidos apenas pós filme.

Não sei se houve desvio de dinheiro em Chatô. Mas podem ter certeza que enormes quantias foram gastas em figurinos, cenários e locações. A cada 2 ou 3 minutos de filme, roupas, locais, tudo muda. É um verdadeiro desfile. Aliás, o filme é bastante colorido, diria até... carnavalesco.

Chatô – O Rei do Brasil apresenta também várias atuações interessantes. Mais ainda, é como se o filme fosse uma máquina do tempo. Filmado em até 16 anos atrás, muitos atores estavam em evidência na época, mas hoje estão "sumidos" (por exemplo, Andréa Beltrão, que tem uma atuação encantadora); alguns até já faleceram (Walmor Chagas e José Lewgoy).

Com qualidades e defeitos devido seu ritmo acelerado, Chatô – O Rei do Brasil não é um grande filme, mas é bom e interessante. E pelos tantos problemas que teve, é portanto uma vitória de Guilherme Fontes. Aliás, o diretor disse que tinha material suficiente para um filme de 2h20min (foi finalizado em 1h45min). Será que esta versão mais longa corrigiria os problemas de Chatô? Acho que nunca saberemos. Mas o que sabemos hoje é que Chatô – O Rei do Brasil terminou sua longa história de maneira satisfatória. Nota: 6,5.


O ator/diretor/produtor Guilherme Fontes há 20 anos atrás (esq) e hoje (dir)

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Crítica - 007 Contra Spectre (2015)

Título007 Contra Spectre ("Spectre", EUA / Reino Unido, 2015)
Diretor: Sam Mendes
Atores principais: Daniel Craig, Christoph Waltz, Léa Seydoux, Ralph Fiennes, Ben Whishaw, Andrew Scott
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=a7TBd8YPqLo
Nota: 5,0
Possível despedida de Daniel Craig como Bond é um filme longo e insosso

007 Contra Spectre é o quarto filme da série James Bond com o ator inglês Daniel Craig como protagonista. Na trama, Bond descobre que tudo de ruim que aconteceu nos três filmes anteriores tinha como executora uma mesma e única organização criminosa, a então desconhecida SPECTRE, comandada pelo vingativo Blofeld (Christoph Waltz). Sozinho, e sem apoio da MI6, James tenta desesperadamente desmontar a organização antes que seja tarde demais.

Como tem sido padrão nos últimos filmes da franquia, a cena de ação inicial é grandiosa, empolgante, excelente. Certamente a que mais consumiu orçamento. Desta vez, vemos 007 perseguindo um chefe criminoso em plena festa do Dia dos Mortos, no México, com direito a uma tensa sequencia dentro de um helicóptero. Após a ótima introdução, somos apresentados aos créditos iniciais, também muito interessantes, com um visual arrebatador e uma bela canção-tema por trás.

007 Contra Spectre portanto começa muito bem. Mas após estes primeiros minutos de projeção, praticamente mais nada de interessante acontece. Além de uma outra sequencia de ação muito boa - e difícil de filmar - uma luta dentro de vagões de trem, a outra única coisa boa restante do filme são... suas locações. Cenários internos dentro de amplas e imponentes salas, paisagens externas em diversos países do mundo, tudo belíssimo, "cinematográfico" no mais alto sentido. Mas tirando estas qualidades, não sobra mais nada. O roteiro é fraco, previsível, os personagens não são desenvolvidos de maneira adequada, há um excesso de perseguições de carro (longas e burocráticas), o casal Bond e Madeleine (Léa Seydoux) está constantemente emburrado e não possui carisma nenhum. Blofeld não assusta nem convence ninguém.

O pior em todos estes problemas, é que somos obrigados a vê-los por longas 2h28min. E há mais um detalhe: geralmente não costuma ser necessário assistir filmes de James Bond anteriores para entender sua trama atual. Mas aqui em 007 Contra Spectre, que não deixa de ser um desfecho para tudo que Daniel Craig fez, as referências aos personagens dos 3 filmes anteriores são muitas. Portanto, para aproveitar mais o filme e não ficar um pouco perdido, é bastante aconselhável que se assista os filmes passados.

007 Contra Spectre não deixa de ser um filme que homenageia bastante os filmes antigos da franquia. A SPECTRE está presente já no filme de estréia de James Bond, 007 contra o satânico Dr. No (1962). Já seu líder supremo, o caricato Ernst Stavro Blofeld, já aparece no filme seguinte, Moscou contra 007 (1963). É curioso ver que se os filmes do 007 acabassem hoje, a franquia se iniciaria e terminaria introduzindo os mesmos vilões.

E por falar em "acabar", qual será o futuro de 007 nos cinemas? Seria este o último filme de Daniel Craig como James Bond? O ator tem declarado abertamente que já está cansado e detestaria voltar a viver o famoso agente. Entretanto, ele tem contrato para um quinto filme. De minha parte, entendo que ele deveria mesmo encerrar seu ciclo agora. O reboot que se iniciou de maneira tão admirável com 007 - Cassino Royale, de 2006 (e que é o melhor filme da franquia que já assisti até hoje) se encontra atualmente esgotado, burocrático, insosso. Também não gostaria que o diretor Sam Mendes continuasse. Apesar que o também dele 007 - Operação Skyfall (2012) ser um bom filme, a imagem que tenho do diretor é que ele é apegado demais ao passado. E está na hora de James Bond voltar a ver o futuro. Nota: 5,0

domingo, 8 de novembro de 2015

Tem filme brasileiro entre os pré-indicados ao Oscar de Melhor Animação 2016!

Saiu nesta quinta-feira dia 5 uma lista com 16 pré-indicados ao Oscar de Melhor Animação da cerimônia que acontecerá no dia 28 fevereiro de 2016. São eles:

Anomalisa (Anomalisa) *
Bakemono no ko (The Boy and the Beast) *
O Bom Dinossauro
Cada Um na Sua Casa
Hotel Transilvânia 2
O Profeta
UFO gakuen no himitsu (The Laws of the Universe - Part 0) *
Muumit Rivieralla (Moomins on the Riviera) *
Snoopy & Charlie Brown: Peanuts, o Filme
Apenas Um Show: O Filme
Shaun, o Carneiro
Bob Esponja: Um Herói Fora D'Água
As Memórias de Marnie
* filmes que ainda não possuem título oficial em português, portanto segue seu nome original e entre parênteses seu nome em inglês

Depois deste anúncio, o próximo passo será o anúncio oficial dos 5 finalistas, o que ocorrerá no dia 14 de janeiro.

Alguns pontos me chamam a atenção: primeiro, notem a presença de dois filmes da Pixar (O Bom Dinossauro, que estréia no Brasil em 7 de janeiro, e Divertida Mente). Outro destaque é o desenho Anomalisa: primeira animação (e em stop-motion) da carreira do escritor e diretor Charlie Kaufman. Ele, que já roteirizou ótimos e bizarros filmes como Quero Ser John Malkovich (1999) e Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (2004), está ausente dos cinemas desde 2008. O que será que ele vai aprontar agora? Fiquei bastante interessado.

Mas o grande destaque, disparado, é a presença da animação brasileira O Menino e o Mundo, do animador / diretor Alê Abreu. Muito justo. Ou melhor, se fosse eu, já daria o Oscar para ele hoje! A história deste filme é simplesmente espetacular, não a toa, em minha crítica, O Menino e o Mundo levou nota 9,0, uma das maiores notas que já dei em todos os tempos!

Torçam por O Menino e o Mundo! E quem não o assistiu ainda, corra para ter este presente!

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Crítica - Frank (2014)

TítuloFrank ("Frank", EUA / Irlanda / Reino Unido, 2014)
Diretor: Lenny Abrahamson
Atores principais: Michael Fassbender, Domhnall Gleeson, Maggie Gyllenhaal, Scoot McNairy
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=oNbFdtltpXE
Nota: 7,0
Esquisito e inesperado do começo ao fim

Um dos filmes indie mais elogiados pela crítica em 2015, Frank é, por falta de melhor definição, um filme bem esquisito. Pra começar, o personagem que dá nome ao título é uma pessoa que veste uma enorme máscara em 100% do tempo (ver imagem acima). Qualquer cena com um personagem destes instantaneamente se torna algo bizarro. Não sabemos se é algo engraçado ou assustador. E é exatamente este mesmo tom que vemos no filme todo.

Na história, Jon (Domhnall Gleeson) é uma pessoa comum que sempre quis - sem sucesso - ser músico. Eis que por acidente ele acaba tendo a oportunidade de participar da banda do misterioso Frank (Michael Fassbender). Ele abandona tudo para acompanhar o grupo, que irá se isolar em uma fazenda na Irlanda para gravar seu próximo disco.

O personagem de Frank é baseado em uma pessoa real - o britânico Chris Sievey, que na década de 80 fez algum sucesso em pequenas emissoras de rádio e TV inglesas com seu personagem Frank Sidebottom. Entretanto, com exceção de algumas pequenas passagens exibidas durante a gravação das novas músicas, todo o resto é ficcional, não servindo de maneira alguma como biografia de Sievey.

É difícil dizer sobre o que Frank se trata. Ele fala sobre música, e sobre a dificuldade em se tornar um músico famoso, sem dúvidas. Mas isto é apenas uma pequena parte do que o roteiro nos mostra. O mistério que Frank e sua persona exercem sobre todos acaba sendo um assunto mais presente que sua música, por exemplo.

Com uma trilha sonora constante - que alterna entre leves e agitadas músicas instrumentais com as músicas sendo compostas pela banda - Frank deverá agradar os "Jons" da vida real, ou seja, todos que um dia já sonharam ter sua banda. Ou melhor: o constante inesperado sobre o que virá a seguir é o grande atrativo para o público em geral. É difícil ficar entediado com Frank, mesmo sendo ele um filme de ritmo bem lento.

Como atrativo final, Frank conta com boas atuações, em especial a de Fassbender. Mesmo sem mostrar nunca seu rosto, sempre sabemos como Frank se sente. Para quem gosta de filmes diferentes, esquisitos, Frank é seu filme. Adjetivos mais apropriados para ele que estes dois, não há. Nota: 7,0

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Dupla-Crítica: A Incrível História de Adaline (2015) e Cinderela (2015)


Mais dois filmes que estrearam nos cinemas este ano, que não estão mais em cartaz, mas que ainda assim, a pedido de alguns leitores, estou postando a crítica dos mesmos. Vamos a eles!


A Incrível História de Adaline - "The Age of Adaline" (2015)

Diretor: Lee Toland Krieger
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=5TtQiKI4NhA
Atores principais: Blake Lively, Michiel Huisman, Harrison Ford, Ellen Burstyn
Nota: 7,0

"Um bonito romance reforçado pela atuação de Blake Lively"

Nesta fantasia romântica, conhecemos Adaline (Blake Lively), nascida em 1908, mas que aos 29 anos parou de envelhecer. Não demorou muito para que ela tivesse que mudar completamente seu comportamento - o que inclui não ter nenhum relacionamento sério com ninguém - para esconder esta sua condição do restante da humanidade. Mas quando Ellis (Michiel Huisman) entra em sua vida, muita coisa parece que vai mudar.

A comparação de A Incrível História de Adaline com O Curioso Caso de Benjamin Button (2008) é inevitável. E se o primeiro é mais piegas e simplório que o segundo, Adaline é igualmente emocionante, com a vantagem de ter um ritmo melhor. Com uma fotografia bonita abusando de cores vivas, e com uma trilha sonora competente porém repetitiva, o grande destaque do filme vai para a bela atuação da jovem Blake Lively. Ela convence ser uma mulher madura e ao mesmo tempo, transmite com louvor seus sentimentos ao público.

A Incrível História de Adaline certamente agradará quem gosta de um bom filme de romance. E é também um filme que debate com eficiência o saudosismo e o amor de longa duração. Há alguns pontos do roteiro, entretanto, que não aprovo. Como exemplos, o casal possuir uma vida sem aparente dificuldades (dinheiro não é problema), o número considerável de clichês e, principalmente, que o amor de Adaline por Ellis não convence. Não entendo porque ela mudaria tão rapidamente seus hábitos por ele, e pior, porque ela continuou a se interessar pelo rapaz após descobrir quem é o pai do mesmo. É a má construção do relacionamento do casal principal que baixa a nota deste filme. Mas tirando isto do roteiro, todo o resto se apresenta de maneira bela e convincente. E no final das contas sobra bastante coisa bacana. Nota: 7,0



Cinderela - "Cinderella" (2014)

Diretor: Kenneth Branagh
Atores principais: Lily James, Cate Blanchett, Richard Madden, Helena Bonham Carter
Nota: 7,0

"Um Conto de Fadas tradicional ao extremo"

A Disney continua com suas versões live-action de seus clássicos de animação do passado. Recentemente tivemos Alice no País das Maravilhas (2010) e Malévola (2014); agora é a vez de Cinderela. Dentre todas as obras citadas anteriormente esta é de longe a mais parecida com o desenho original.

Mais do que parecer com a versão de animação, Cinderela leva ao máximo o deslumbre fantasioso dos contos de fadas. Tudo em Cinderela é glamouroso, grandioso. Até a casa decadente onde mora a protagonista é linda. Com uma bela fotografia, design de produção belíssimo, tudo é colorido, brilhante, dourado, um sonho. A história segue a versão clássica da Disney: Cinderela (Lily James) é maltratada pela Madrasta má (Cate Blanchett) e se apaixona pelo Príncipe (Richard Madden). Aí vêm as badaladas da meia noite, o sapatinho de cristal, e todo o restante tão bem conhecido pelo público.

Cinderela é um filme bem agradável de se assistir. Primeiro, pelo encanto visual, segundo, pelo seu ritmo dinâmico, sem enrolações, e bom humor. Tudo no mundo de Cinderela é perfeito. Até demais. Não deixa de ser bastante curioso (e eu reforço a palavra curioso - não estou dizendo que está certo ou errado) que após anos criando princesas independentes que não procuram por um príncipe salvador, como por exemplo em Mulan (1998), Valente (2012) e Frozen: Uma Aventura Congelante (2013), a Disney volte com este conceito clássico da bela e indefesa Cinderela esperando pelo Príncipe encantado. Nota: 7,0

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Crítica - Ponte dos Espiões (2015)

TítuloPonte dos Espiões ("Bridge of Spies", EUA, 2015)
Diretor: Steven Spielberg
Atores principais: Tom Hanks, Mark Rylance, Alan Alda, Amy Ryan, Scott Shepherd
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=I-G9WsuVv-A
Nota: 7,0
Outro bom filme histórico entregue por Spielberg

Steven Spielberg retorna ao assunto guerra, porém de maneira menos explícita. Saem as batalhas e a violência e entramos no mundo de espiões na Guerra Fria no final dos anos 50 / início dos anos 60. Na história de Ponte dos Espiões, um velho espião russo de nome Rudolf Abel é capturado agindo em solo estadunidense. Ele vai a julgamento, e para defendê-lo é convocado o advogado James B. Donovan (Tom Hanks). Posteriormente, Rudolf é sugerido como moeda de troca por um espião americano capturado na União Soviética, e Donovan parte para a Alemanha participar das negociações.

O filme se divide então em duas partes bem distintas, e igualmente interessantes. Na primeira, temos um filme de tribunal. Porém, longe de enfadonhos debates jurídicos, este ato é contado sobre o ponto de vista cotidiano de Donovan. Mais ainda, é a luta de um indivíduo honesto contra toda uma sociedade preconceituosa. Uma boa e corajosa maneira de vender o american way of life fazendo auto-críticas e sem exagerar no patriotismo.

Na segunda parte, a tensão aumenta bastante, e aí temos a jornada de James agindo literalmente sozinho em Berlim, justamente no mesmo momento em que o Muro está sendo construído.

Se você gosta de História e espiões, certamente vai gostar bastante de Ponte dos Espiões. O fato de se basear em fatos reais, ter diálogos inteligentes e bastante bem humorados (roteiro dos irmãos Coen), contar com ótimas atuações e personagens de Tom Hanks e Mark Rylance; tudo isto é bastante agradável.

Ponte dos Espiões é, portanto, um bom filme. Mas poderia ser melhor se Spielberg não fosse tão piegas e tão exagerado. Exemplos? Nos discursos mais bonitos de Donovan, textos bastante inspirados, eis que surge aquela trilha sonora altíssima "épica" dizendo para o espectador burro que agora é momento de se emocionar. Em uma bela tomada em que se percorre o muro de Berlim sendo montado tijolo a tijolo e separando instantaneamente famílias e amigos, na sequencia vem uma cena de "como os soldados alemães são maus". Ou ainda, um desfecho de final feliz não basta para o diretor americano. São dois. Um mais piegas que o outro.

Ponte dos Espiões é mais um bom filme entregue por Spielberg, feito para agradar qualquer tipo de público adulto. Porém mais uma vez o diretor perdeu a chance de fazer um filme marcante. Desde 2005, com seu Guerra dos Mundos, todos os seus filmes (com exceção de Munique, também de 2005), possui exatamente os mesmos problemas que apontei no parágrafo anterior. É por isto que Steven não entrou na minha lista de Diretores Preferidos da Atualidade e continuará não entrando. Nota: 7,0

PS: na foto deste post vemos Steven Spielberg, Angela Merkel e Tom Hanks na frente da ponte-título do filme.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Crítica - A Colina Escarlate (2015)

Título: A Colina Escarlate ("Crimson Peak", EUA, 2015)
Diretor: Guillermo del Toro
Atores principais: Mia Wasikowska, Jessica Chastain, Tom Hiddleston, Charlie Hunnam
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=c2SbrLVGORM
Nota: 4,0
Esmero visual e na produção não salvam o filme do tédio

Em termos visuais, como sempre, a nova obra de del Toro é irretocável. E desta vez ajudada por um motivo bem particular: a assustadora mansão onde A Colina Escarlate foi rodada é uma casa real, especialmente construída para o filme. O design de produção é fantástico, e a casa, ao mesmo tempo traz medo e admiração, bastante admiração!

Na história, Edith (Mia Wasikowska) é uma jovem solteira, filha de um rico empresário, e sem nenhum interesse pela vida social. Eis que aparecem em sua cidade, vindo da Inglaterra, os estranhos irmãos Thomas e Lucille Sharpe (Tom Hiddleston e Jessica Chastain). Não demora muito para que Edith seja seduzida por Thomas, e que ambos se mudem para as terras dos Sharpe, onde há a decadente e assustadora mansão descrita no parágrafo anterior.

Um dia antes da estréia do filme, com receio de ser mal interpretado, o diretor Guillermo del Toro foi em seu Twitter e avisou: se trata de um "romance gótico", e não um filme de terror. De fato, o mexicano descreveu bem A Colina Escarlate. Ele é bem mais um drama/romance do que terror. Mas, como espectador, mesmo se preparando para assistir então este gênero de filme, não há como se preparar para a monotonia que vem a seguir.

Não demora muito para entendermos o que está acontecendo, e o que os irmãos Sharpe estão tramando. Todos os "mistérios" da mansão e dos sombrios irmãos são revelados em pouco tempo. Entretanto, cada mesmo segredo é "revelado" dezenas de vezes. Tudo é tão explicado, e tantas vezes, que não tem como A Colina Escarlate deixar de ser enfadonho.

Basicamente, o filme traz uma história mediana que poderia ser contada em 30 minutos, mas é contada em 2 horas. O clima de terror e os fantasmas poderiam dar uma "apimentada" em A Colina Escarlate, mas não o fazem. Principalmente porque já no começo do filme aprendemos que os fantasmas (que são visualmente maravilhosos... impressionantes, misturando beleza e terror) são na verdade amigos de Edith, apenas querem ajudá-la, e não o contrário.

Para contribuir ainda mais com a chatice do filme, Mia Wasikowska e Tom Hiddleston têm atuações bem contidas e repetitivas (embora eficientes); é apenas Jessica Chastain que traz um pouco de brilho ao filme, com uma atuação bem mais imponente e convincente.

De algo que poderia ser o grande filme de terror do ano, o que temos é um romance de época enfadonho em que apenas seu belíssimo visual e Jessica Chastain trazem algum atrativo. Confesso estar surpreso, é o primeiro filme de Guillermo del Toro que não gostei. Nota: 4,0

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