segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

JJ Abrams, Alfonso Cuarón, Star Wars e Gravity



Gostaria de iniciar a semana comentando sobre dois diretores: JJ Abrams e Alfonso Cuarón.

JJ Abrams e Star Wars VII

JJ Abrams foi oficializado neste sábado dia 26 como o diretor do novo filme de Star Wars, o Episódio VII. O americano filho de produtores de TV iniciou seu caminho para a fama em 1998, sendo co-criador e produtor do seriado Felicity. Na seqüência, ele foi co-criador e produtor dos seriados Alias, Lost e Fringe.

Nos cinemas, sua estréia como diretor veio em Missão Impossível 3, de 2006. Em seguida ele dirigiria o novo Star Trek (2009) e a homenagem aos filmes de aventura dos anos 80, Super 8.

Sobre o surpreendente anúncio de sua vinda para a direção de Star Wars, eu tenho minhas opiniões.

Para as novas gerações, foi uma ótima escolha. Atualmente, ele é um dos melhores no mundo do entretenimento para fazer dinheiro sem riscos. E tenho certeza que seu Star Wars será do jeito que são os blockbusters de sucesso atuais (exemplos: seu próprio Star Trek, e Vingadores): ou seja, muita ação, muita correria, muitos efeitos especiais, e muitas cenas e diálogos de humor (e zero de profundidade).

Para os antigos fãs, não encaro como algo tão bom assim. Resumidamente, porque seu trabalho final será muito mais semelhante a nova trilogia (Episódios I a III) do que a trilogia clássica (Episódios IV a VI).

E a notícia também afeta os fãs de Star Trek. Sendo JJ a grande cabeça por trás do reboot da franquia nos cinemas, sua ida para a ex-franquia de George Lucas deixará os novos trekkers abandonados. A Paramount já anunciou oficalmente que Abrams continua como produtor da franquia. Mas cá entre nós, sabemos que não será a mesma coisa. Aliás, curiosamente, quando disse que foi "surpreendente" sua escalação para Star Wars; disse isto pois em dezembro, ou seja, no mês passado, JJ Abrams declarou que recusou o convite para dirigir Star Wars justamente porque jamais abandonaria Star Trek. O que será que fez ele mudar de idéia, né? :)

Alfonso Cuarón e Gravity

Ao contrário de JJ Abrams, imagino que muitos não conhecem Alfonso Cuarón, o que é uma pena. Dentre os poucos filmes já feitos por este excelente diretor mexicano, assisti apenas dois, o que foi suficiente para admirá-lo. É dele Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (2004) e a ficção científica Filhos da Esperança (2006).

Para mim, seu Harry Potter foi o melhor filmado de todos. Já Filhos da Esperança... é uma aula de direção. Nele há pelo menos três longas seqüências de ação de tirar o fôlego... e tudo usando uma única tomada, sem cortes! A complexidade, dificuldade e qualidade das cenas servem pra deixar qualquer admirador de cinema boquiaberto.

Dito tudo isto sobre Cuarón, falarei sobre seu mais novo e ambicioso projeto: Gravity. Eu recentemente publiquei aqui duas listas sobre os “50 filmes mais esperados de 2013”, lembram

E agora lamento bastante que Gravity não aparece em nenhuma das duas listas. Na verdade, há uma possível explicação: o filme enfrentou vários atrasos no cronograma, e só bem recentemente ele foi confirmado para 2013.

Gravity é uma ficção científica espacial que será protagonizado por George Clooney e Sandra Bullock. Não gosto muito dos dois atores, mas daqui pra frente as notícias só melhoram e melhoram...

A sinopse: “A Dra. Ryan Stone (Bullock) é uma brilhante engenheira médica em sua primeira missão espacial. Ela é acompanhada pelo veterano astronauta Matt Kowalsky (Clooney), em seu último vôo antes de se aposentar. Porém, um desastre acontece e o ônibus espacial é destruído, deixando Stone e Kowalsky completamente sozinhos no espaço. Sem contato com a Terra ou qualquer chance de resgate, eles têm somente um ao outro e o único caminho para casa talvez seja uma incursão espacial ainda mais profunda.”.

Suficiente para já me deixar curioso. E tem mais. Gravity está sendo filmado em 3D! Se Alfonso Cuarón sempre deu show técnico, ficou ansioso para ver sua estréia com esta tecnologia.

Mas o melhor mesmo, é que ele vai retomar as longas e geniais tomadas longas feitas em Filhos da Esperança. O filme, de aproximadamente duas horas, terá apenas 156 tomadas, o que o levará a ter várias tomadas longas de 6 a 10 minutos. E a maior das tomadas será a tomada inicial. Serão 17 minutos sem corte, que dentre outras coisas, mostrarão a destruição da nave espacial. Promete!

Gravity já é facilmente um dos meus “top 5” de filmes mais esperados para 2013. Sua estréia está prevista para 05 de Outubro nos EUA e dia 21 de novembro aqui no Brasil. Existe um teaser bem antigo disponível para assistir. Mas não dá para ver muita coisa: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=xFn7Zr7WKkI

Abraços a todos e até a próxima!

sábado, 26 de janeiro de 2013

Crítica - Django Livre (2012)


Título: Django Livre ("Django Unchained", EUA, 2012)
Diretor: Quentin Tarantino
Atores principais:  Jamie Foxx, Christoph Waltz e Leonardo DiCaprio 
Nota: 7,0

“Ainda que irregular, Tarantino continua entregando ótimas cenas e diálogos”

Em cada um de seus trabalhos, vemos o ótimo Quentin Tarantino revisitar algum gênero de filme. Por exemplo, em Jackie Brown ele homenageia os filmes blaxploitation; em Kill Bill ele homenageia os filmes B de artes marciais; em Bastardos Inglórios, ele homenageia filmes da 2ª guerra. E agora, em seu novo trabalho, Django Livre, Tarantino homenageia os “Western spaghetti” de diretores como Sergio Leone e Sergio Corbucci (este último filmou seu Django em 1966).

Porém este “faroeste” do diretor estadunidense é feita de maneira bastante inusitada: seu foco principal é comentar sobre a escravidão e racismo, em plena Guerra Civil nos EUA. Na história, o caçador de recompensas Dr. Schultz (Christoph Waltz) e o ex-escravo Django (Jamie Foxx) se tornam amigos e percorrem o sul do país para encontrar (e libertar) a sra. Django, ainda escrava. Sendo seus filmes acostumados a exibir cenas violentas, de humor negro, etc, a escolha temática de Tarantino alarmou o “clube dos politicamente corretos” antes mesmo da estréia.

Mas a resposta à estas preocupações já é a primeira grande qualidade de “Django Livre”. O roteiro nos apresenta a uma enorme variedade de violências, sejam físicas ou psicológicas, as quais os negros eram submetidos. Também nos apresenta vários tipos de agressores e escravos. É uma ótima aula de história. Só que surpreendentemente aqui Tarantino faz um de seus filmes mais sérios e visualmente menos violentos (pelo menos em comparação com seus anteriores).

Já a “imitação” dos spaghetti, com um filme mais lento, recheado de closes nos personagens, alternados com cenas de planos bem longos para estabelecimento do ambiente, também é bem digna de elogios. Aqui vemos um dos melhores trabalhos de Fotografia nos filmes de Quentin. Não a toa, recebeu indicação ao Oscar por isto.

Django Livre também conta com excelentes atuações. Principalmente Christoph Waltz e Samuel L. Jackson estão excelentes. Leonardo DiCaprio também vai muito bem, ainda mais se levarmos em consideração que ele protagoniza um tipo de personagem que não está acostumado: o vilão.

Ah, e sabem aqueles diálogos sensacionais, aqueles personagens memoráveis, e aquelas cenas tão surpreendentes que viram instantaneamente clássicas nas mãos de Tarantino? Tudo isto também está presente em Django. Porém, de forma inconstante. E é a partir daqui que comento os problemas do filme.

Um grande defeito da história é seu ritmo. Por contar com nada menos que três climax (?!) o passar dos longos 165 minutos de projeção torna-se cansativo durante os momentos “mornos”. E todo este tempo de duração poderia ser melhor aproveitado. Alguns diálogos e cenas são desnecessários, as vezes beirando a repetição; em contrapartida, não temos cenas para explicar como Django se tornou um atirador tão bom, ou como aprendeu a ler.

Toda aquela miscelânea de cultura cinéfila e pop que Tarantino sempre soube usar tão bem encontra enfim seus limites em Django Livre. Algumas associações simplesmente não funcionam. Por exemplo, a trilha sonora inclui black music (o que faz sentido dado o universo mostrado), e funciona muito bem quando temos músicas antigas, como Jazz, Blues. Mas quando são usadas músicas modernas, (principalmente Rap), o resultado é muito ruim. O estranhamento de gêneros é imediato.

Outra escolha ruim pode ser vista nas cenas de tiroteio. Estas sim são exageradamente violentas, e a quantidade de sangue é tão grande, as trapalhadas dos inimigos são tão exageradas, que aqui também somos “ expulsos” do mundo dos westerns devido a mais esta desfiguração temática.

E finalmente, talvez a maior incompatibilidade de todas, é o estilo de Tarantino frente ao tema da escravidão. O filme está bem longe de ser racista (pelo contrário), e como já citei antes, o diretor teve um enorme bom senso ao restringir em Django suas piadas e violência. Porém o assunto parece ser “forte e real demais” para o estilo dele. A violência está mais contida, mas ela existe o tempo todo e choca bastante, porque desta vez sabemos que não é ficção. As piadas são mais contidas, mas existem, e mesmo com várias piadas boas, é difícil rir, mais uma vez, porque sabemos que tudo pode ter sido real.

Devido seus altos e baixos, Django Livre não é um dos melhores trabalhos de Tarantino. Mesmo assim, seus “altos” são mais que suficientes para justificar o filme e deixá-lo consideravelmente acima da média. Nota: 7,0.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Crítica – A Viagem (2012)


Título: A Viagem ("Cloud Atlas", Alemanha/EUA/Hong Kong/Singapura, 2012)
Diretores: Tom Tykwer, Andy Wachowski e Lana Wachowski
Atores principais: Tom Hanks, Halle Berry, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Doona Bae
Nota: 8,0

“Irmãos Wachowski retornam de maneira bastante digna”

Os irmãos Andy e Larry Wachowski chamaram a atenção do mundo - e de Hollywood - pela primeira vez em 1999, em seu segundo filme como diretores, intitulado "The Matrix". Não é exagero dizer que foi um filme revolucionário. Além de fazer o então desprezado gênero cyberpunk voltar a moda, suas cenas de ação em câmera ultra-lenta filmadas praticamente a 360º viraram objeto de imitação por muitos e muitos anos depois.

Mas os irmãos não provaram ser tão geniais nos trabalhos seguintes. Matrix 2 foi bem inferior ao primeiro, e Matrix 3 foi bem inferior ao segundo, quase estragando a trilogia como um todo. O pior, entretanto, ainda estava por vir: a versão live action estadunidense de Speed Racer foi horrorosa. Eu, por exemplo, nem consegui assistir o filme até o fim.

Então surgiu Cloud Atlas (no idioma original), que aqui no Brasil recebeu o estúpido nome de “A Viagem”. Era um filme onde eu tinha bastante esperança em que os Wachowski poderiam se recuperar se fossem bons mesmo. Afinal, tínhamos muitas mudanças envolvidas:

Pela primeira vez depois da fama, os irmãos não contaram com a grana dos grandes estúdios (aliás, o filme teve uma enorme dificuldade para ser financiado, sendo no final uma produção independente). Outra mudança para os Wachowski foi que desta vez estariam adaptando um livro (do escritor David Mitchell, lançado em 2004), e não criado seu próprio universo. E para completar, já entrando bem no mundo pessoal dos irmãos, Larry mudou de gênero e passou a se chamar Lana Wachowski. O anúncio da mudança ocorreu pouco antes da estréia de A Viagem em festivais, encerrando rumores que datavam anos, e foi feita pela própria Lana, que se mostrou bastante feliz e aliviada com a mudança.

Ou seja, tudo insinuava um positivo recomeço e eu estava bastante otimista. Felizmente meu otimismo se justificou: A Viagem é um ótimo filme e de longe o melhor filme dos irmãos desde o primeiro Matrix.

Filmado sob uma rara união de três diretores (além de Andy e Lana, também temos o alemão Tom Tykwer – do também muito bom "Corra, Lola, Corra”), A Viagem mostra em paralelo seis histórias distintas, cada uma em uma época diferente no tempo. As histórias de 1849, 2144 e 2321 foram filmadas pelos Wachowski, e as histórias de 1936, 1973, 2012 filmadas por Tykwer.

O começo do filme é bastante difícil de assistir. Seis histórias se alternando rapidamente na tela sem que conheçamos qualquer ligação entre elas. Aliás, sem que conheçamos qualquer personagem ou contexto envolvido. Porém, bem aos poucos, vamos entendendo o que está acontecendo. E passada a confusão, já estamos prontos para nos envolver e sofrer/torcer com cada drama apresentado.

Cada uma das seis narrativas tem seus personagens interpretados sempre pelos mesmos atores. Por exemplo, Tom Hanks. Em 1849 ele é um médico, em 1936 ele é um porteiro de prédio, em 1973 ele é um cientista, e etc. Cada ator não interpreta uma mesma “alma” ao longo dos tempos, mas sim, personagens realmente distintos. O que nos premia com atuações muito boas dos atores – principalmente Tom Hanks, Halle Berry e Jim Sturgess - e também nos permite ver atores ora interpretando um “vilão”, ora interpretando um “herói”.

Tecnicamente o flime é bem executado. Nada para grandes elogios, mas também nada para ser criticado. Os universos criados para as histórias no futuro são críveis e ao mesmo tempo discretos, sem grandes exageros. Talvez o maior destaque técnico vá para a história de 1973, onde o figurino é muito bom e uma fotografia escurecida, "cor de terra", nos transmite bem a sensação de “algo velho”.

Todas as histórias são de certa forma bem parecidas (até na maneira como são filmadas), e contam a vida de pessoas lutando contra algum tipo de injustiça. E devido esta semelhança, isoladamente alguns dos contos acabam não se tornando muito interessantes, fato este que é uma das poucas fraquezas do filme.

Entretanto, é quando juntamos a histórias que A Viagem mostra sua grandeza. Primeiro, se pensarmos em termos de perspectiva. Temos uma percepção precisa, acompanhando séculos de história, de como a maldade e a bondade humana sempre coexistem - sob as mais diversas modalidades - e sempre coexistirão.

Mas o grande trunfo do filme são mesmo as interligações entre os contos. “Tudo está conectado”, como diz o trailer. E está mesmo. O roteiro e a montagem são dignos de admiração. É curioso ver que passados mais da metade do filme, mal temos qualquer ligação entre as histórias. Cheguei a duvidar que tudo se conectaria. Mas no final, tudo se encaixa de forma magistral. Não posso dizer mais nada sob risco de estragar surpresas, mas o final é belíssimo, e não só faz tudo se conectar, como nos apresenta dois tipos distintos de conexão.

É muito bom ter os Wachowski de volta. Nota: 8,0.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

O que vem por aí...


... em 2013, nos cinemas
Abaixo seguem duas listas de “50 filmes para não perder em 2013” para vocês terem uma idéia do que este ano nos espera. Optei por colocar as duas listas já que elas são consideravelmente diferentes uma da outra.

e

Uma ausência que senti nas duas listas foi o filme Hitchcock, que tenho bastante vontade de ver ( http://www.imdb.com/title/tt0975645/ ).

Das listas em questão, estou bastante ansioso para ver a todos os 9 filmes indicados a melhor filme do Oscar 2013. Além destes, meu lado nerd tem grandes expectativas para assistir Homem de Aço, Star Trek: Além da Escuridão e Pacific Rim.

... no Oscar
Domingo, dia 13, tivemos o Globo de Ouro, e os grandes premiados da noite foram: Os Miseráveis (Melhor filme de humor ou musical, Melhor ator em filme de humor ou musical, Melhor atriz coadjuvante) e Argo (Melhor filme dramático e Melhor diretor).

E eu disse que o Globo de Ouro serve como bom termômetro pro Oscar... Bem, não desta vez. Argo não vai ganhar o Oscar de melhor filme (confiem em mim) e sequer teve o seu diretor (Ben Affleck como um dos 5 indicados). Já para Os Miseráveis, em geral quando temos um musical que é forte concorrente, ele se destaca frente a qualquer comédia... mesmo no Globo de Ouro. Então, foi uma competição “injusta”.

Portanto, difícil fazer qualquer previsão quanto em relação a disputa de “gêneros unificados” do Oscar. Dos cinco prêmios acima, entendo que a maior chance de “repetição” é a Anne Hathaway levar seu Oscar de melhor atriz coadjuvante.

Bem, mas se para os prêmios principais o Globo de Ouro não ajudou em relação ao Oscar, ele serviu apenas para confirmar três “barbadas”: o Oscar de melhor canção original irá para a Adele com seu "Skyfall" (007 - Operação Skyfall); o Oscar de melhor filme estrangeiro irá para Amor (Áustria) e o Oscar de melhor longa animado irá para Valente, da Pixar.

... e neste blog
Ano novo, vida nova. Ou melhor, formato novo. A partir de agora, minhas críticas de filmes terão um formato um pouco mais “profissional”. Irei colocar uma espécie de “ficha técnica” sobre os filmes, assim vocês conseguirão de maneira muito rápida ter mais informações sobre o filme em questão.
Além disto, resolvi mudar um pouco o critério das minhas notas. Nada mais de “nota e meio”. Ou seja, por exemplo. Um filme nunca mais receberá um 8,5. Será 8,0 ou 9,0.
Ainda nesta semana deverei postar críticas sobre dois filmes estreando o novo formato. Aguardem!

E você?
Qual é sua expectativa para o Oscar 2013? Quais são os filmes que você mais aguarda, e por que? Comentem a vontade! :)

sábado, 12 de janeiro de 2013

Os indicados para o Oscar 2013



Nesta última quinta-feira foram divulgados os indicados para o Oscar 2013, cuja cerimônia acontecerá dia 24 de fevereiro. Por enquanto, a lista de filmes indicados que assisti é bem pequena. Mesmo assim, isto não impede de eu fazer alguma análise.

Mais uma vez temos 9 indicados para melhor filme. São eles*:
  • Lincoln (12)
  • As Aventuras de Pi (11)
  • O Lado Bom da Vida (8)
  • Os Miseráveis (8)
  • Argo (7)
  • Amor (5)
  • Django Livre (5)
  • A Hora Mais Escura (5)
  • Indomável Sonhadora (4)
* = em parênteses o número total de categorias indicadas para cada filme

Sobre estes nove, a primeira coisa que me vêm a mente é que neste ano o “tema da vez” parece ser a política dos EUA. São três os filmes que abordam o assunto: Lincoln, Argo, e A Hora Mais Escura. Este último, que conta a história da captura de Bin Laden, para mim é uma grande surpresa. Nada do que li sobre ele dá conta de ser um grande filme.

O austríaco Amor também é uma surpresa... não pela indicação (afinal, é o atual vencedor de melhor filme em Cannes), mas por ser indicado como melhor filme e melhor filme estrangeiro ao mesmo tempo. É muito raro a Academia indicar para estas duas categorias simultaneamente. Para se ter uma ideia  isto só aconteceu cinco vezes, sendo a vez mais recente em 2000, com o chinês O Tigre e Dragão.

As ausências
Dentre as ausências, lamento não ver os excelentes Moonrise Kingdom e As Vantagens de Ser Invisível na lista dos melhores filmes. Na verdade, é muito pior que isto. Moonrise Kingdom recebeu apenas uma indicação. Já o As Vantagens... não recebeu nenhuma!

Curioso também ver que os três maiores blockbusters do ano só receberam indicações técnicas: Hobbit recebeu três (efeitos visuais, direção de arte e maquiagem), Os Vingadores recebeu uma (efeitos visuais), e Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge ficou sem nenhuma. Nada disto é surpresa e nem muito injusto. Mesmo assim, dá pena ver um filme tão legal como Batman sem indicações. Até porque não vejo os efeitos especiais de Os Vingadores melhores do que os dele.

Um filme bastante querido pelo público (e que também ainda não assisti) é O Impossível, filme sobre uma família vítima de um tsunami na Tailândia. Só teve uma indicação, de melhor atriz para Naomi Watts. Tenho certeza que muita gente torceu o nariz para este número tão baixo. Em contrapartida, o tema "desastres" foi bem lembrado pela Academia. Afinal, As Aventuras de Pi (sobre um sobrevivente de um naufrágio) e Indomável Sonhadora (vitimas do furacão Katrina) somaram 15 indicações.

Por último, uma das ausências mais surpreendentes foi a não presença do francês Intocáveis na lista de melhor filme estrangeiro. O filme é ótimo e foi nada mais nada menos que o maior público de um filme francês fora da França. Mas será injusto? Não sei, e espero que não. Tenho que ver os cinco indicados primeiros para tomar uma opinião. Por exemplo, falam maravilhas do austríaco Amor e do chileno No.

Curiosidades
  • O Lado Bom da Vida é o primeiro filme desde Reds (1981) a receber indicações para as sete principais categorias: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro e as quatro de atores.
  • A categoria de melhor atriz tem ao mesmo tempo, a indicada mais velha e a mais nova de toda a história do Oscar. Emmanuelle Riva, de Amor, tem 85 anos. Já Quvenzhané Wallis, de Indomável Sonhadora, possui 9 anos
  • Algo que jamais imaginava, é ver as animações stop-motion voltarem a fazer sucesso. Afinal, dos cinco indicados, três utilizam este recurso: Frankenweenie, ParaNorman e Piratas Pirados!
  • o apresentador do Oscar 2013 será um estreante: Seth MacFarlane, criador dos desenhos Family Guy e American Dad. Seu humor ácido e politicamente incorreto poderá fazer história na premiação... mas será que ele realmente vai ter coragem de aprontar?
PS: amanhã, domingo dia 13, será a cerimônia do Globo de Ouro 2013. Tenho certa curiosidade em ver os vencedores... A premiação costuma ser um termômetro razoável do que vai acontecer no Oscar.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Crítica - As Aventuras de Pi (2012)

“Um espetáculo visual. E uma boa história.”

Baseado no livro best-selling de mesmo nome do escritor canadense Yann Martel, “As Aventuras de Pi” contam a história do jovem indiano Pi, que na adolescência foi vítima de um naufrágio em um navio onde também estavam sua família e alguns animais do zoológico de seu pai. Como resultado, ele ficou meses abandonado em um pequeno bote juntamente com alguns animais e um tigre, de nome Richard Parker, co-protagonista do filme.

O enredo começa com um Pi já adulto recebendo a visita de um escritor para ouvir sua fascinante história de vida. E os interesses do visitante não eram apenas literários. Segundo ele, lhe contaram que seria “uma história para se convencer que Deus existe”.

Este começo me decepcionou duplamente. Primeiro, por temer que o filme se tornasse uma espécie de pregação (e felizmente isto não ocorre, religião é abordada de maneira apenas superficial). E principalmente, porque fazendo o narrador do filme ser um Pi já adulto, obviamente concluímos que ele sobreviveu ao naufrágio e a quaisquer perigos que enfrentara.

Mas então é aí que entra o grande trabalho do diretor Ang Lee. Posso afirmar que as tais “aventuras” de Pi são tão bem executadas que te deixam preocupado com a vida do protagonista mesmo que seja ele contando a história. As cenas de ação são críveis e bem interessantes. Grande parte do filme se baseia na difícil (e improvável) convivência entre Pi e Richard Parker dentro de um bote. E é muito bom!

Tecnicamente o filme também impressiona. O visual é incrível, o tempo todo. Não somente as paisagens, mas também os efeitos especiais. Saiba que o tigre é 100% computação gráfica. E não será assistindo “As Aventuras de Pi” que você iria conseguir descobrir isto.

Confesso que Ang Lee nunca me chamou muita atenção, mas desta vez ele me impressionou. Não é só a fotografia. A trilha sonora é sóbria e adequada. As atuações dos atores, muito boas. E tecnicamente, é apenas no uso do 3D que tenho alguns "poréns" a comentar.

Lee usa o 3D em sua melhor maneira, ou seja, com planos bem longos, onde estes sim dão sensação verdadeira de profundidade. Mas ele poderia usar este recurso mais vezes (como fez Scorsese em seu "A Invenção de Hugo Cabret"). O diretor também usa os tais truques de “objetos saírem fora da tela” com parcimônia e de maneira inteligente. O que é bom. A grande falha dele foi exibir várias cenas onde o fundo estava desfocado. Isto é um recurso desnecessário. Afinal, a diferença de foco é justamente pra nos dar a sensação de profundidade no 2D. Se é 3D, usar pra que?

O desfecho da história de Pi é parte fundamental do filme. Após uma breve cena tocante (são pouquíssimas as que emocionam ao longo da projeção), a narrativa muda de tom e se discute, nos fazendo refletir. O final é inteligente. E só então percebemos que usar o Pi adulto como narrador faz todo o sentido. Porque o filme não é “realmente” sobre naufrágio, nem sobre religião, nem sobre homem vs natureza. É sobre saber contar uma história. E "Pi" é um grande contador. De uma história realmente boa.

Nota: 8,5

domingo, 30 de dezembro de 2012

Crítica - "Argo" (2012)


"Sóbrio e historicamente interessante".

Baseado em uma história real, "Argo" possui sem dúvida uma premissa curiosa. O ano é 1979, no Irã. Com a recusa do governo dos EUA em entregar o xá Reza Pahlevi, recém deposto pela população, os iranianos invadem a embaixada estadunidense fazendo de seus funcionários reféns. Entretanto, seis americanos conseguiram escapar, se refugiando na embaixada canadense.

O dilema: se tentarem sair do país, serão identificados e provavelmente mortos. A solução: com a ajuda de uns figurões de Hollywood, a CIA monta um plano de criar "Argo": filme de ficção científica a ser rodado no Irã. A idéia é incorporar os seis refugiados como integrantes da produção do filme, e trazê-los sãos e salvos no retorno do elenco aos EUA.

O filme (este, de 2012) começa muito bem. De cara acompanhamos a invasão da embaixada, em cenas tensas, barulhentas, e muito bem executadas. Aliás, o filme é bem executado em geral. Bastante sóbrio, sem apelar para sentimentalismo, consegue mostrar em paralelo diversas ações (acontecendo em diversos locais dos EUA e do Irã) com competência. Tecnicamente o filme também impressiona, principalmente na fotografia, excelente.

Outro ponto bacana é o fato do roteiro não esquecer de contextualizar o momento histórico em questão. Então temos algumas transmissões de TV da época, vemos que enquanto acompanhamos esta crise há outra em curso (a invasão do Afeganistão pela URSS), etc.

Todos estes fatores pesam a favor do diretor (e ator principal) Ben Affleck. Entretanto, mesmo com todas estas qualidades, o filme não empolga tanto, principalmente pela falta de carisma de seus personagens. Os atores são todos frios, distantes. Nenhum personagem (nem o principal, interpretado pelo ator-diretor) tem sua história aprofundada. A tal sobriedade que elogiei anteriormente também tem sua contrapartida.

Mas outro problema do filme, ironicamente, é justamente quando ele tenta dar mais emoção à história. São vários os momentos em que os seis estadunidenses não são pegos em flagrante por questão de um mísero segundo (literalmente). Mesmo com este bom trabalho na direção, Affleck parece não conseguir escapar dos clichês Hollywoodianos.

Eu não tenho dúvidas que "Argo" receberá várias indicações ao Oscar, e poderá levar algumas estatuetas pra casa. Não que mereça, mas faz parte do modus operandi da Academia prestigiar filmes que homenageiam Hollywood. E querem maior homenagem que esta? Uma história real onde eles se envolvem em resgate de vidas?

Bem feito, porém sem grandes passagens ao longo do enredo, "Argo" distrai e certamente vale a pena assisti-lo como curiosidade histórica. Nota: 7,0.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Crítica - "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" (2012)


"Quando mais é menos".

Agora sim, a aguardada crítica sobre o filme, ignorando seus 48 fps (se quiser ver minhas impressões sobre o HRF, clique aqui).

Temos em "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" mais uma adaptação dos livros de J.R.R. Tolkien. Na verdade, Hobbit é o primeiro livro do autor dentro do universo da Terra Média, escrito cerca de 17 anos antes de "A Sociedade do Anel". Aqui o herói que dá nome à aventura é o hobbit Bilbo Bolseiro, tio de Frodo.


Se pararmos para pensar: o roteiro original vem de J.R.R. Tolkien, que dispensa comentários. A direção vem de Peter Jackson, que já mostrou bastante competência com a trilogia do Senhor dos Anéis. Com esta dupla, era pouco provável que Hobbit desse errado. E não deu. "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" é um bom filme, no pior dos casos um bom entretenimento. Todo o encanto, aventura, e qualidade técnica que vimos nos filmes do Senhor dos Anéis está de volta.

Aliás, tecnicamente, temos duas novidades bem interessantes: primeiro, a filmagem a 48 fps; e segundo, várias cenas com tomadas aéreas "de curta/média distância". Desta maneira, conseguimos desfrutar as paisagens e as batalhas de uma maneira inédita e privilegiada, onde temos uma completa noção de onde/como se passam as ações.

Tudo isto serve para agradar os olhos. E "O Hobbit" também é eficiente em agradar o coração, pois nele também temos as esperadas cenas com dose certa de emoção e heroísmo. Para fechar o pacote, só faltaria a parte de agradar a mente (roteiro). E é aí que a aventura de Bilbo falha, e bastante.

A ganância dos envolvidos com a trilogia nos cinemas fez que um livro infantil fosse dividido em TRÊS longos filmes. Obviamente, muita coisa extra livro precisaria ser acrescentada para preencher três produções. E é uma pena que são exatamente as partes "extra livro" que enfraquecem a trama.

Logo de cara, temos DUAS introduções ao filme. A primeira, totalmente irrelevante, só serve para mostrar Frodo, ou seja, fazer uma ponte entre as duas trilogias. Ainda para reforçar a ligação entre as duas trilogias, temos aparições de personagens extra-Hobbit, como por exemplo Saruman, Galadriel e o mago Radagast. A participação destes personagens sob justificativa de uma "grande e misteriosa força do mal" descaracterizam a obra original, dando a Hobbit um tom muito mais sombrio do que a aventura "leve" do livro.

Radagast aliás, é um dos pontos mais baixos do filme. Sua participação abrupta não somente quebra totalmente o ritmo da história, como é um personagem exageradamente caricato, deslocado do mundo apresentado.

A necessidade de "fazer o tempo passar" fica evidente nos diálogos - alguns repetitivos e desnecessários - e principalmente nas batalhas. Sim, batalhas com trolls, orcs, gigantes de pedra... tudo isto está no texto de Tolkien. Mas o que deveriam ser batalhas simples foi realizado de maneira tão grandiosa, tão inverossímil,  tão carregada de efeitos especiais que remetem aos piores momentos da nova trilogia do Star Wars de George Lucas.

Curiosamente, este "inchaço" não pode ser creditado exclusivamente à ganância de Hollywood. Parte da culpa é do diretor Peter Jackson. Afinal, o lucro com três filmes já estava definido e garantido, e ele poderia simplesmente fazer cada filme com cerca de uma hora e meia. Mesmo assim Jackson fez questão de fechar o primeiro filme da trilogia com absurdos 169 minutos! (E isto não é surpresa pra mim... Lembram?).

Apesar de seus defeitos repito que "O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" ainda consegue ser um bom filme, e vai agradar quem gostou de "O Senhor dos Anéis". Devido sua longa duração, a história chega a cansar um pouco, mas isto é amenizado devido ao constante encantamento que temos explorando novos trechos do universo de Tolkien. O primeiro filme Hobbit é definitivamente inferior a qualquer um dos três "Senhor dos Anéis", mesmo assim, ainda diverte. Nota: 7,0.

Assisti! Hobbit a 48 fps!!


"O Hobbit - Uma Jornada Inesperada" já entrou para a história do cinema  Não pela sua qualidade (a crítica sobre o filme virá ainda hoje, no meu próximo post), mas por ser o primeiro filme comercial a exibir cenas em 48 fps. (Quer saber mais sobre o 48 fps? Clique aqui).


A nova trilogia de Peter Jackson foi concebida para ser exibida em 3D a 48 fps, e foi sob este formato que fiz questão de assistir "Hobbit 3D HFR" (High Frequency Rate, é como estão vendendo o 48 fps no Brasil). Seguem então minhas impressões:

A grande diferença (e vantagem) em relação ao tradicional, conforme se esperava é a qualidade das imagens; ou melhor ainda, seu detalhamento. Não é exagero: na telona do cinema você consegue ver nos closes cada poro da pele dos atores, ou cada fibra de suas roupas. Toda esta precisão absurda deverá se tornar o grande desafio (ou seria pesadelo?) dos maquiadores e figurinistas daqui para frente. Uma ideia aproximada da qualidade das imagens é o que você encontra assistindo Blu-Ray em TVs LED de alta resolução.

Em termos de 3D - se isto é consequência do 48 fps ou não eu não sei - aqui vemos uma claridade e uma quantidade de cores incomuns (o 3D atual deixa as imagens naturalmente mais escuras, opacas). Tudo é um grande deleite para os olhos, realmente impressionante!

Nem tudo funciona bem, entretanto. Quando o filme começa, as imagens estão em velocidade acelerada, como se estivéssemos apertado um botão "FF". E esta sensação "ruim" se reforça graças à infeliz escolha de cenas pelo diretor: temos de cara sequencias de muita ação, com a câmera em total movimento, o que obviamente amplia a sensação de "correria".

Gradualmente, entretanto, as imagens vão voltando a "velocidade normal". Provavelmente porque sua mente vai se acostumando ao que vai vendo. Depois de uns 15 min já está tudo bem menos acelerado... mas acho que levei cerca de 1h para que as imagens estivessem "100 %" normais em termos de aceleração.

Temos outro problema na computação gráfica. E não se enganem. Em Hobbit, os efeitos via computador são excepcionais, um trabalho brilhante, um dos melhores que já vi. Entretanto, passando pela prova do incrível detalhamento do 48 fps, algumas cenas se tornam "artificiais demais". Nas tomadas nas florestas esta sensação não existe, tudo funciona muito bem. Porém, em construções (sejam imagens internas ou externas) e batalhas gigantes a sensação de artificialidade é maior do que se costuma ver nos filmes atualmente.

Entendo que vale a pena todos experimentarem o 48 fps pelo menos uma vez. É uma "revolução" menor que eu esperava, confesso, mas mesmo assim inesquecível para os olhos. Imagino que em pouco tempo, após conhecer melhor esta nova tecnologia, os problemas vistos em "O Hobbit" serão resolvidos. Em contrapartida não imagino ver o 48 fps substituindo o 24 fps. Mas assim como vale a pena assistir determinados filmes especificamente em 3D, certamente serão produzidos mais filmes onde o 48 fps faça a diferença.

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