segunda-feira, 18 de junho de 2018

Crítica - Ascension (Netflix) - primeira temporada (2014)


Com tanto seriado sci-fi atual que simplesmente são reboots ou "cópias" de seriados do passado, foi uma grata surpresa encontrar esse Ascension na Netflix, já que conta com uma história original.

Ascension é outro seriado que embora esteja na Netflix, não é uma de suas produções. Na verdade, não se trata nem de um seriado propriamente dito: em seu formato original, Ascension foi uma mini-série de 3 capítulos do canal Syfy, que agora foi dividido em 6 episódios de uma hora cada.

Na interessante história, temendo que a Guerra Fria levasse à destruição da Terra, ainda mesmo na década de 60 os EUA lançaram secretamente ao espaço a nave Ascension. Com cerca de 350 voluntários homens, mulheres e crianças (em sua maioria militares e cientistas), eles têm a missão de completar uma viagem de 100 anos até Proxima Centauri, onde pousarão em um planeta para colonização.

No ano 51 da viagem (o que nos leva aos nossos dias atuais), uma jovem é assassinada, naquele que é o primeiro homicídio desde o lançamento da nave. Este é o ponto de partida para descobertas que colocarão a missão em risco. A investigação do crime, mais a instabilidade do modo de vida dentro da nave - sejam por fatores humanos ou externos - são os principais temas da história.

Ascension possui um elenco numeroso, porém pouco famoso e digamos até de baixa qualidade técnica. As exceções são os nomes mais conhecidos da série: a bela Tricia Helfer (da versão mais recente de Battlestar Galáctica) e Gil Bellows (da série Ally McBeal).

As críticas sociais acabam sendo um ponto forte da trama. Chega a ser estranho para espectador ver uma sociedade "do futuro" ter "parado no tempo" em termos de costumes: assim como era nos anos 60, a mulher ainda não ganhara seu espaço, e há menos respeito pelos direitos humanos. E como "bônus", a cada 2 episódios (ou seja, ao término de cada capítulo original) temos revelações realmente surpreendentes.

Ascension termina sua primeira temporada fechando um arco. A história tem um fim; entretanto, são várias as "pontas soltas" que ficam. O seriado foi planejado para ser continuado, mas a audiência insatisfatória da série no SyFy não permitiu que isto acontecesse.

Quem sabe se Ascension bombar de público no Netflix este cenário mude? Ascension está longe de ser brilhante, mas é uma ficção científica diferente, bacana, e que merecia uma segunda chance.

sábado, 16 de junho de 2018

Crítica - The Good Place (Netflix) - 1a e 2a temporadas (2016-17)


The Good Place não é uma produção da Netflix (pertence à rede de TV NBC), mas está disponível no Brasil desde o final de 2016. É uma comédia bem divertida, que já teve 2 temporadas de 13 episódios. A 3a temporada - com mais 13 episódios - já está em produção e embora nenhuma data tenha sido anunciada, o provável é que a mesma faça sua estréia nos EUA em Setembro deste ano.

Na história, Eleanor Shellstrop (Kristen Bell) acaba morrendo e acorda no "Lugar Bom". Na verdade, segundo lhe explicam, ela foi para um dos muitos "condomínios" do Céu, onde as pessoas que se comportaram bem passarão a eternidade tendo tudo o que sonharam.

O local é administrado pelo arquiteto Michael (Ted Danson), e outra curiosidade do "Lugar Bom" é que lá as pessoas conhecem sua alma gêmea para viverem em casal, que no caso de Eleanor é o jovem filósofo Chidi (William Jackson Harper). Tudo parece maravilhoso, não? O problema é que demora apenas alguns minutos para Eleanor descobrir que está no "Lugar Bom" por engano: ela, que não foi nada boa em vida, foi confundida com outra Eleanor Shellstrop, uma advogada conhecida pela sua luta pelos direitos humanos.

A primeira temporada de The Good Place é excelente. Kristen Bell se sai bem como protagonista, e o seriado é bem engraçado, doido, e em ritmo bem acelerado. Mas a maior qualidade desta temporada é que quase todo episódio se encerra com uma revelação que muda algo importante do que "achávamos" que sabíamos sobre a história.

Todas estas deliciosas surpresas culminam na "grande surpresa" do episódio final da temporada. A revelação é forte o suficiente para encerrar o seriado... mas isso não acontece; então vamos à segunda temporada...

Ainda que continue engraçada e permanecendo como bom passatempo, a segunda temporada de The Good Place é consideravelmente inferior a temporada inicial. Se a constante mudança do status quo era a principal qualidade da série, agora ela inexiste. A história avança muito pouco com o passar dos episódios. Ao invés da trama avançar, ela vai para "o lado", se focando muito mais em explorar os personagens coadjuvantes e trazendo mais detalhes de como o "pós morte" funciona. Kirsten Bell se torna praticamente uma coadjuvante, o que é uma pena já que ela é sem dúvida a pessoa mais carismática do elenco.

Será que na terceira temporada o seriado se recupera? Saberemos em breve. Pelo menos o desfecho do último episódio traz novas possibilidades ao programa que são promissoras. Que The Good Place volte à boa forma.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

Gosta de suspense e terror? Você deveria conhecer Locke & Key


Locke & Key é uma série de HQs de terror/suspense que já de cara deveria chamar a atenção devido ao nome de seu escritor: Joe Hill. Não conhece? E se eu lhe contar seu nome de batismo: Joseph Hillstrom King? Humm... acho que ajudou só os mais fanáticos.

Pois bem, Joe Hill é filho do famoso escritor de Stephen King, e com Locke & Key dá pra dizer que talento pode ser transmitido de pai para filho.

Na história, após ter seu marido assassinado, Nina Locke e seus três filhos resolvem mudar de cidade para se esquecer da tragédia. Eles acabam se mudando para a mansão Keyhouse, antiga residência da família de seu esposo, na fictícia cidade Lovecraft, em Massachusetts.

Não demora muito para que o caçula Bode, de seis anos de idade, começar a ouvir vozes e descobrir uma porta que, se atravessada, faz o espírito da pessoa sair de seu corpo físico. Na verdade este é só o começo de uma trama que possui centenas de anos e que envolve dezenas de pessoas que se envolveram com a magia presente em Keyhouse, que possui várias chaves e portas mágicas, cada uma causando em seu usuário um efeito diferente.

Locke & Key é uma série fechada, já encerrada: na verdade, se trata de 6 mini-séries, cada uma composta de 6 edições. O primeiro encadernado, ou seja, a primeira mini-série - Locke & Key: Bem-vindo a Lovecraft - já está disponível no mercado brasileiro desde ano passado, via editora Geektopia, e pode ser encontrada nos sites das principais livrarias nacionais.

Por enquanto, o primeiro encadernado foi tudo o que li do título, mas fiquei bastante empolgado: é uma das melhores histórias de suspense/terror que leio em um HQ em muitos e muitos anos! A reclamar desta publicação, apenas uma coisa: muito pouco dos mistérios e trama são revelados. A história passa bem rápida e dá aquela frustração de "ah, mas já acabou?".

Mas estou confiante de que a história continuará em alto nível. Não a toa a série teve 6 indicações ao Eisner Award, uma das quais foi vencedora (Joe Hill levou prêmio de melhor escritor, em 2011). Outro sinal de que o material é bom é que ele já quase foi para a TV em duas oportunidades: um episódio piloto foi gravado para a FOX em 2011, e no ano passado um novo piloto foi gravado à pedido da Hulu (serviço de vídeo sob demanda). Mas ambas não deram certo... até agora.

Para encerrar, segue abaixo uma foto da revista versão nacional, retirada da página do Facebook da editora.


quinta-feira, 17 de maio de 2018

Crítica - Deadpool 2 (2018)

TítuloDeadpool 2 ("Deadpool 2", EUA, 2018)
Diretor: David Leitch
Atores principais: Ryan Reynolds, Julian Dennison, Josh Brolin, Morena Baccarin, Stefan Kapicic, Zazie Beetz, Karan Soni, T.J. Miller, Eddie Marsan
Deadpool volta com a mesma fórmula

Deadpool 2 não perde um mísero segundo (re)apresentando seus personagens ou universo (então vejam o primeiro filme!), indo diretamente para a nova história, que é: o mutante Cable (Josh Brolin) volta ao passado para matar o adolescente mutante Russell (Julian Dennison), que Deadpool (Ryan Reynolds) conheceu recentemente. A pedido de sua namorada Vanessa (a brasileira Morena Baccarin), o herói assume como missão salvar a vida do garoto.

Para o bem e para o mal, Deadpool 2 repete (e bastante) a mesma fórmula do humor louco e politicamente incorreto do primeiro filme, que o tornou sucesso de crítica e público. A boa notícia disso, é que Deadpool 2 continua bastante divertido. É um alívio ver que Ryan Reynolds e a dupla de roteiristas do filme original venceram a queda de braços com o estúdio, que já estava querendo mudar a franquia para um filme de ação de alto orçamento.

O lado negativo... bem, é que com a repetição as muitas piadas do filme já não são novidade. Deadpool 2 realmente poderia ter sido menos igual ao primeiro filme... até os coadjuvantes são os mesmos, encabeçados por Colossus (Stefan Kapicic). Uma grata exceção é a nova personagem Dominó (Zazie Beetz). Bonita e com poderes bem originais, ela acrescenta um pouco aqui e tem potencial para render bem mais em eventuais filmes futuros.

Com menos história, Deadpool 2 investe em todo o resto: traz mais ação (que aliás nada acrescenta ao filme, sendo bem pior do que no filme anterior), mais piadas (e com muito mais carga sexual), mais participações especiais (tanto em termos de personagens quanto atores) e mais referências a cultura pop em geral, especialmente em músicas, HQs e filmes de super-heróis.

A se lamentar é que Deadpool 2 desperdiça a oportunidade de desenvolver seus personagens e expandir sua própria mitologia, além de perder uma de suas principais qualidades, que era surpreender o público. Ainda assim, nas poucas vezes que o faz, é muito engraçado!

Para quem gostou do primeiro filme, não tem erro: Deadpool 2 continua muito insano e divertido! E apesar de minhas críticas acima, o filme sem dúvida continua muito bom; ele só é inferior ao primeiro... mesma sina sofrida por quase toda continuação. Nota: 7,0


PS: o filme traz duas cenas pós créditos, sendo a segunda absolutamente imperdível (talvez seja a melhor coisa de Deadpool 2). E a boa notícia é que as cenas aparecem na metade dos créditos, não sendo necessário, portanto, ficar até o final de todas as letrinhas.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Crítica - Vingadores: Guerra Infinita (2018)

TítuloVingadores: Guerra Infinita ("Avengers: Infinity War", EUA, 2018)
Diretores: Anthony Russo, Joe Russo
Atores principais: Josh Brolin, Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Mark Ruffalo, Benedict Cumberbatch, Tom Holland, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Zoe Saldana, Chris Pratt
Grande diversão para os fãs de HQs

O começo do fim. Depois de 18 filmes, temos em Vingadores: Guerra Infinita o início da história que marcará a despedida de Robert Downey Jr como Homem de Ferro, de Chris Evans como Capitão América, de Chris Hemsworth como Thor... enfim, de toda uma geração de atores e personagens.

E mais do que nunca, para não se decepcionar com este Vingadores, é necessário ser um fã considerável dos filmes da Marvel. Primeiro, porque para entender o filme em sua totalidade, no mínimo é necessário ter assistido: Vingadores 1 e 2, Capitão América: Guerra Civil, Thor 1 e 3, o primeiro Guardiões da Galáxia, Pantera Negra e Doutor Estranho. E segundo porque somente quem acompanha notícias do Universo Cinematográfico Marvel saberia que este Vingadores 3 não tem uma história realmente completa... ele será continuado com Vingadores 4, em 2019.

Esta minha crítica de Vingadores: Guerra Infinita será curta pelo simples motivo de dar o menos possível de spoilers sobre o filme.

Na história, o vilão Thanos (Josh Brolin) decide unir as 6 "Jóias do Infinito" para matar metade da vida do Universo. Então todos os heróis da Marvel se unem para evitar que isto aconteça. Vingadores: Guerra Infinita começa de maneira fantástica. Os primeiros 30 minutos do filme são pra deixar qualquer fã de super-heróis boquiaberto. São três cenas de lutas em sequência, visualmente incríveis e muito empolgantes!

Após este primeiro ato espetacular, o filme peca um bocado em seu desenvolvimento. Guerra Infinita prossegue com muitas e muitas batalhas (é certamente o filme da Marvel com mais lutas), várias piadas e pouca história.

Não que as batalhas ficam ruins - na verdade o filme como um todo é bom e divertido - mas elas são bem menos inspiradas e repetitivas, algumas são até desnecessárias. É só bem mais adiante... na primeira metade da luta em que os heróis têm contra Thanos em seu planeta natal, que voltamos a ter ação com uma qualidade tão espetacular como no começo do filme. Aliás, é nesta mesma batalha que acontece algo que me desagradou bastante, contando pontos negativos para o roteiro.

De resto, cenários, arte e figurino de Vingadores: Guerra Infinita são excelentes e é muito bacana e empolgante ver os heróis de filmes diversos se encontrando em um lugar só... ainda que a Marvel não tenha conseguido juntar TODOS os heróis desta vez. Este fato tem gerado críticas dos fãs, mas não considero um problema... com ainda mais personagens em tela, menos tempo se teria para desenvolver a história de todos os demais.

O que mais gostei de Vingadores: Guerra Infinita foi o vilão Thanos. Se vilões fracos têm sido um dos grandes defeitos em comum dos filmes da Marvel, desta vez temos o melhor vilão da franquia até agora... e disparadamente! O antagonista é o personagem mais consistente e impressionante dentre todos apresentados. Thanos, nos quadrinhos, deseja matar metade do Universo para agradar a Morte, por quem é apaixonado. Aqui, os roteiristas mudaram os motivos de Thanos, trazendo à tona um tema muito sério e atual. Fiquei bastante surpreso... e positivamente!

Vingadores: Guerra Infinita é o melhor filme de heróis de todos os tempos? Não. É o melhor da Marvel? Também não. Dentre as minhas justificativas para estas respostas, temos problemas de ritmo, pouca história, e principalmente, a incapacidade do filme em emocionar e comover. Mesmo com tantos perigos em tela, não dá levar a história a sério. Guerra Infinita não traz limites ou lógica nas façanhas que seus personagens podem fazer; desta maneira, não sobra muito para se apegar racionalmente e emocionalmente.

Apesar destes problemas, como tem sido em praticamente todo filme da Marvel, para quem curte ação e HQs a diversão e qualidade estão garantidas! Se não é "o" melhor dos filmes desta franquia, certamente está entre um de seus melhores. Nota: 8,0


PS: após o filme só há uma cena pós-créditos. E ela é relevante para os filmes da Marvel que ainda virão.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Crítica - Jogador Nº 1 (2018)

TítuloJogador Nº 1 ("Ready Player One", EUA, 2018)
Diretor: Steven Spielberg
Atores principais: Tye Sheridan, Olivia Cooke, Ben Mendelsohn, Lena Waithe, T.J. Miller, Simon Pegg, Mark Rylance, Hannah John-Kamen
Várias qualidades e muitos clichês

Steven Spielberg está de volta aos blockbusters de aventura com Jogador Nº 1, filme baseado no livro de mesmo nome escrito por Ernest Cline em 2011.

Na história, estamos em 2045, onde boa parte da população é pobre e vive amontoada e sem esperança em "favelas" high-tech. O único local onde estas pessoas podem ter alguma esperança é dentro do OASIS, um enorme mundo de realidade virtual criado pelo nerd-gênio James Halliday (Mark Rylance) décadas atrás. Quando Halliday morre, ele deixa como "legado" um desafio: uma série de 3 enigmas dentro da OASIS que, quando resolvidos, premiará o vencedor com sua herança de meio Trilhão de dólares e o controle do mundo virtual. Wade (Tye Sheridan) é o jovem protagonista que acompanhamos em busca do prêmio.

O principal atrativo de Jogador Nº 1 é sua quase centena de referências à cultura pop: filmes, TV, música, quadrinhos, animes, vídeo games... principalmente dos anos 70 e 80, mas também passando em menor intensidade pelos anos 90 e nosso século atual. Para quem curte todas estas mídias, Jogador Nº 1 já se torna imediatamente uma experiência agradável, nem que seja pelo saudosismo. Somente em um filme como esse podemos ver um DeLorean correndo contra motos de Akira e Tron; ou ainda, o robô de O Gigante de Ferro em batalha contra outros dois robôs que não vou citar para aqui não dar spoiler. Só adianto que a (curta) luta entre estes gigantes é mais emocionante do que qualquer luta de robôs exibida em qualquer um dos cinco filmes dos Transformers.

Outra grande qualidade de Jogador Nº 1 são seus efeitos especiais. A maioria do filme se passa dentro do OASIS, e apesar disto, não me cansei das "cenas artificiais", que também me pareceram bem críveis como sendo um "mundo virtual do futuro". O design de produção de Jogador Nº 1 é sem dúvida excelente.

A aventura em si - que é quase literalmente um roteiro de vídeo-games - é bem divertida e acelerada. Pra quem gosta de jogos eletrônicos não tem erro: outro fator garantido para diversão. De quebra o filme ainda debate - e corretamente critica - o tempo que dedicamos às mídias sociais.

Todas estas qualidades acima, entretanto, estão acompanhadas de diversos problemas, o que faz a qualidade de Jogador Nº 1 cair muito como resultado final.

A começar, todos os seus personagens são mal desenvolvidos e são verdadeiros "clichês ambulantes": o mocinho ingênuo que vai salvar o mundo, a mocinha idealista e solitária que vai se apaixonar pelo mocinho, o vilão ultra-mega malvado, etc. E além dos clichês (ah, e como defender uma cena em que um vilão vai matar um mocinho e justo nesta hora sua munição acaba?) também são várias as inconsistências: drones espiões que simplesmente somem de cena quando conveniente, ou inimigos que viram a casaca sem nenhum motivo lógico.

Mas talvez o clichê de Jogador Nº 1 que mais me desanima tenha o nome de Steven Spielberg. Por que o final dos seus filmes precisam ser SEMPRE tão exageradamente felizes?

Ok, é verdade que as críticas são quase unânimes de que o filme é melhor que o livro (ou seja, o material original não é lá estas coisas); e também é totalmente compreensível que uma aventura infanto-juvenil precisa ter um final feliz. Mas não tão feliz assim! Temos literalmente 4 ou 5 finais felizes dentro do filme. E não é a primeira vez (nem será a última) que Spielberg finaliza uma história com múltiplos finais piegas-felizes.

Se fosse transportado para as telonas de maneira mais adequada, Jogador Nº 1 poderia ter sido "o" filme de aventura "futurista" do final desta década. Mas ironicamente ao repetir tantos erros e exageros do passado (ou seja, clichês), fica pra História como um filme divertido e nada mais.  Nota: 6,0.


PS: sobre as referências que o filme faz, cito aqui como curiosidade três diferenças relevantes em relação ao livro. 1) toda a cena rodada "dentro" de O Iluminado no livro se passa dentro de Blade Runner, do qual não se conseguiu os direitos de exibição; 2) pelo mesmo motivo o robô de O Gigante de Ferro substituiu Ultraman; 3) Spielberg fez questão de cortar do filme qualquer referência às suas obras (ainda que os artistas do filme tenham conseguido colocar escondido do diretor duas referências a Gremlins - filme que Steven foi produtor).

segunda-feira, 16 de abril de 2018

Crítica - Um Lugar Silencioso (2018)

TítuloUm Lugar Silencioso ("A Quiet Place", EUA, 2018)
Diretor: John Krasinski
Atores principais: Emily Blunt, John Krasinski, Millicent Simmonds, Noah Jupe, Cade Woodward
Um dos melhores filmes de suspense dos últimos anos

Dirigido por John Krasinski - o eterno Jim Halpert do seriado The Office estadunidense - que também co-estrela o filme com sua esposa na vida real Emily Blunt, Um Lugar Silencioso tem sido uma grata surpresa de crítica e público pelo mundo (já é a segunda maior bilheteria nos EUA neste ano até agora, só perdendo para Pantera Negra).

Na história, pós-apocalíptica, acompanhamos a vida da família Abbott a partir de um mês após uma misteriosa invasão alienígena que quase acabou com a humanidade. Os invasores - cegos - apenas atacam quando ouvem barulho; o que significa que é possível a sobrevivência desde que as pessoas permaneçam em um eterno e completo silêncio.

Contando com uma fotografia muito boa, a maior das qualidades de Um Lugar Silencioso é o forte clima de tensão que acompanha todo o filme. Já faz um tempinho que não vejo nos cinemas uma obra tão eficiente ao fazer suspense.

Sabem aqueles filmes que os mocinhos são atacados mas você sabe que no final tudo vai dar certo? Isto definitivamente não acontece em Um Lugar Silencioso. Os problemas que a família Abbott têm que enfrentar ao longo da história são crescentes, e em nenhum momento você sabe se todos eles vão sobreviver ou não. Aliás, vocês terão que assistir o filme para descobrir se sobreviveram. ;)

A estrutura narrativa e o tema de Um Lugar Silencioso lembram um bocado o filme Sinais (2002) de M. Night Shyamalan. A diferença é que aqui a empatia que sentimos pela família em apuros é maior. O drama dos personagens é melhor desenvolvido e explora com bastante emoção a relação entre pais e filhos; além de que as filmagens são mais bem sucedidas em nos colocar "dentro" do ambiente do filme.

Contando também com boas atuações, Um Lugar Silencioso é diversão certa para quem gosta de suspense de primeira. Nota: 8,0

sábado, 17 de março de 2018

Crítica Netflix - Aniquilação (2018)

TítuloAniquilação ("Annihilation", EUA, 2018)
Diretor: Alex Garland
Atores principais: Natalie Portman, Jennifer Jason Leigh, Gina Rodriguez, Tessa Thompson, Tuva Novotny, Oscar Isaac, Benedict Wong
Enfim um thriller de ficção científica bom e assustador

Três anos após seu primeiro filme como diretor (onde também era o roteirista) - o ótimo Ex-Machina - Alex Garland retorna para dirigir e roteirizar outra ficção científica muito boa, porém bem diferente na temática. Se no primeiro filme o foco era formas de vidas artificiais, aqui vamos na direção oposta, onde o foco é na biologia.

Baseado no livro de mesmo nome escrito por Jeff VanderMeer em 2014 (aliás bem levemente, o filme é bastante diferente da obra escrita), o roteiro de Aniquilação não é excepcional; possui algumas pequenas falhas e repetições. Ainda assim, ele é muito bom: debate de maneira sutil sobre o sentido da Vida (sim, toda a Vida, não só a humana) e também sobre o desejo humano de autodestruição (para mim esta palavra representa mais o filme do que "Aniquilação"). Mas principalmente, o roteiro cria cenas e atmosfera realmente assustadoras e perturbadoras; algo realmente "alienígena" (no sentido de ser diferente de tudo que temos na nossa natureza). Há muito tempo eu não via um filme de ficção científica tão eficiente neste aspecto. E olha que não foi por falta de tentativas de Hollywood (como por exemplo Vida, Alien: Covenant e O Paradoxo Cloverfield).

Na história, algo cai do espaço e começa envolver suas redondezas com uma crescente e estranha névoa, chamada "o brilho". Após várias tentativas de exploração na área, ninguém retornara da mesma. Até que o marido da bióloga Lena (Natalie Portman) - o soldado Kane (Oscar Isaac) - retorna do misterioso local após 1 ano desaparecido, em péssimas condições de saúde e completamente desorientado. Então Lena se junta a próxima expedição (desta vez composta só de mulheres civis), para entrar no "brilho" e descobrir alguma maneira de ajudar seu marido.

Depois de passar os últimos anos em filmes medianos - inclusive um dos quais estreou como diretora - Natalie Portman volta a brilhar. Carismática, competente, mais uma vez convence como atriz de drama e de ação. O restante do elenco não tem grande participação, e não ajuda nem atrapalha.

Tecnicamente o filme encanta na fotografia - belíssima - e na trilha sonora; esta mesmo não sendo nada inovadora, é bastante competente em trazer os sentimentos dos personagens para o espectador.  Mas é o design de produção que leva os maiores elogios, ao criar os "elementos" visualmente perturbadores (e em outras vezes, os elementos de rara beleza). As inserções de computação gráficas não são muito boas, mas são competentes, não chegam a comprometer em nada.

Há apenas dois pontos a se lamentar sobre este excelente filme. O primeiro é o fato dele não ter sido exibido nos cinemas nacionais. Aniquilação definitivamente é um filme que deveria ser visto nas telonas. Se de casa, na Netflix, já me senti tenso e envolvido com a história, imagina quão sensacional seria estar imerso dentro dele nos cinemas? Ah, embora lamentável a exibição apenas via Netflix, eu respeito o motivo: após fraco desempenho de opinião do público nas exibições-teste, a Paramount solicitou para que o filme fosse alterado para ser "menos intelectual e complicado". Mas o produtor Scott Rudin e o diretor Garland não aceitaram mudar nada; motivo pelo qual o filme então só foi para os cinemas do Canadá, China e EUA; com os direitos do filme vendidos para a famosa empresa de streaming para o restante do planeta.

O outro ponto que não gostei foi o desfecho. Não posso explicar isto sem dar spoilers, então só vou dizer que depois de tanta coisa surpreendente no filme, ele se encerra de um jeito um pouco inverossímil e de forma clichê (principalmente em sua cena final).

Aniquilação é o segundo filme de ficção científica de Alex Garland e ambos os filmes são diferentes, ousados, e de que gostei bastante. Mais do que nunca, acompanharei os próximos passos deste britânico nos cinemas com atenção. Nota: 8,0

domingo, 11 de março de 2018

Dupla Crítica Filmes Netflix: O Paradoxo Cloverfield (2018) e Spectral (2016)


Mais dois filmes de produção original Netflix avaliados pelo Cinema Vírgula! O primeiro é um lançamento bastante badalado. E o segundo, embora já esteja há mais de um ano no catálogo, costuma figurar na lista de "melhores filmes produzidos pela Netflix até agora". Confiram!


O Paradoxo Cloverfield (2018)
Diretor: Julius Onah
Atores principais: Gugu Mbatha-Raw, David Oyelowo, Daniel Brühl, John Ortiz, Chris O'Dowd, Aksel Hennie, Ziyi Zhang, Elizabeth Debicki, Roger Davies

Confesso ser fã da franquia Cloverfield, dado o quanto seus dois primeiros filmes me surpreenderam positivamente. Cloverfield: Monstro (2008) inovou a trazer um filme de "monstros gigantes" com filmagem em primeira pessoa (sob ponto de vista da "câmera de mão" de alguns dos personagens). Já a continuação Rua Cloverfield, 10 (2016) é um excelente filme de suspense psicológico, e praticamente não tem ligação com o primeiro.

Eis então que após estes dois ótimos filmes exibidos nos Cinemas, surge repentinamente O Paradoxo Cloverfield, que veio diretamente para a TV, ou melhor, para a Netflix.

Mantendo a tradição, este filme também é completamente diferente dos anteriores: aqui vemos um grupo de astronautas dentro de uma estação espacial, onde tentam ligar um gigantesco acelerador de partículas que irá produzir energia suficiente para toda a humanidade.

Claro que como sempre, nada dá certo lá em cima, e coisas muito estranhas começam a acontecer. Com a preguiçosa desculpa de que a trupe viaja para "outra dimensão", onde as leis da física são diferentes das nossas, todas as aberrações que acontecem passam a ser "logicamente possíveis". Só que não são, não fazem o menor sentido. Tudo é tão sem propósito que O Paradoxo Cloverfield é muuuuito mais próximo de um filme B de terror do que um filme de ficção científica.

De O Paradoxo Cloverfield só se salva as muitas referências aos dois filmes anteriores. É bacana ver os 3 filmes se interligando. Só que apesar de tantos fan services legais, eles são apenas "detalhes"... e em nenhum momento os outros filmes citam a gravíssima crise energética no mundo. Para mim este "furo" é um erro grave, que acaba no mínimo anulando os pontos positivos ganhos com as referências acertadas.

O Paradoxo Cloverfield está sendo um fracasso de crítica, o que pra mim é justo. Ainda assim a franquia está longe de acabar. O quarto filme já está sendo produzido para os cinemas e - pasmem - será durante a 2a Guerra Mundial. Também já existem boatos de que o 5o filme já está sendo planejado, com uma história se passando além do ano 2050 e com Daisy Ridley cotada para o elenco. Nota: 4,0



Spectral (2016)
Diretor: Nic Mathieu
Atores principais: James Badge Dale, Emily Mortimer, Bruce Greenwood, Max Martini

Neste filme que mistura guerra e suspense, estamos nos dias atuais, onde tropas estadunidenses atuam em uma guerra civil na pequena Moldávia. É então que os soldados passam a ser mortos por entidades que aparentam ser sobrenaturais, parecidas com fantasmas. Em caráter de emergência o gênio em tecnologia Dr. Mark Clyne (James Badge Dale) é enviado ao local para descobrir o que está acontecendo.

A trama principal para Spectral não é ruim. O filme aborda o tema sobrenatural de maneira científica e deixa o espectador curioso para descobrir o que realmente está acontecendo. Porém carregar uma única boa idéia por 107 minutos não funciona. Tudo indica que faltou experiência e criatividade para Nic Mathieu, que aqui faz sua estréia em filmes tanto na direção quanto no roteiro. Em torno de sua idéia base temos muitos diálogos e personagens clichês, e cenas que não levam a nada, repetitivas... que absolutamente não têm nada para contar.

Os bons efeitos visuais acabam sendo o melhor Spectral, que só vai entreter se você estiver com bastante tempo livre e não esperar muito do filme. Nota: 5,0

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...