terça-feira, 24 de julho de 2012

Crítica - Valente (2012)

"Pixar volta a trazer boas histórias, e sua animação não para de evoluir".

Primeiro filme da Pixar após o fraco "Carros 2", com "Valente" o estúdio recupera sua boa forma. E de quebra respondendo às críticas de que seus filmes nunca tiveram protagonista feminina.

Aqui temos a história da princesa Merida, que adora arco-e-flecha e ser livre, mas que está constantemente em conflito com sua mãe, que a cobra constantemente das rígidas responsabilidades esperadas da filha de um rei.

Em seus 40 primeiros minutos o filme não empolga... é preenchido com dezenas de piadinhas físicas sem graça e nada mais. Porém, quando enfim Merida se depara com sua missão/desafio, o filme passa a funcionar muito bem. Passa a mostrar uma história muito bonita, que não fica devendo nada para outras grandes histórias dos contos de fada.

Ok, aqui não temos uma princesa em busca do "príncipe encantado", mas há o conflito mãe/filha adolescente com que qualquer garota se identificaria. E todos os outros elementos dos contos de fada estão lá. Temos até bruxa... uma bem exótica por sinal.

E esta história bem bacana é reforçada por um elemento especial: a qualidade da animação.

Uma pausa para falar sobre cabelos. Pegue qualquer animação via computação gráfica que você conheça. Note que os cabelos dos personagens não são lá tão "animados". Isto só mudaria com o "Enrolados" (Tangled, no original - outra animação muito boa) de 2010. Produzido pela Disney (mas com ajuda de animadores da Pixar), os cabelos de Rapunzel são o grande chamativo do filme. Eles ficam em constante movimento, e parecem bastante com cabelos reais.

Porém "Valente" leva isto a outro patamar. Os cabelos ruivos cacheados de Merida são perfeitos. Não dá pra olhá-los sem desconfiar que são cabelos "de verdade". E esta aproximação da animação com o mundo real não para por aí. Árvores, grama, até o rio em movimento: em várias cenas, se não tivéssemos os personagens nos "relembrando" que se trata de um desenho, não saberíamos mais dizer se são imagens desenhadas ou filmadas. É inacreditável o grau de perfeição atingida pela Pixar na computação gráfica. Perfeição reforçada pelo 3D (muito bom por sinal).

Se "Valente" não é um dos melhores trabalhos da Pixar, é muito bom mesmo assim. E nele você encontra o pacote completo: você vai rir, torcer, se comover. Recomendado para todos os gostos! Só não leva uma maior nota exclusivamente devido seu início morno.

Nota: 7,0.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Crítica – “Na estrada" (2012)

Road movie incomum, filme retrata a Geração Beat sem empolgar”.

Gosto bastante dos Road Movies. De maneira geral, retratam a história de um grupo pequeno de pessoas que, na tentativa de “se descobrir”, abandona tudo e cai na estrada, geralmente sem rumo certo. Durante a viagem, as mais inusitadas situações aparecem – talvez seja esta total imprevisibilidade o principal motivo de eu gostar destes filmes – e no final (seja isto um fator positivo ou negativo), em muitas vezes não há uma conclusão, redenção, ou moral da história.

“Na estrada” é a adaptação de um livro símbolo da Geração Beat, “On the Road” (o mesmo nome do filme, no original) de Jack Kerouac. Com um título destes, somado à sinopse e Trailers divulgados, imaginava que iria assistir um Road Movie. Nem tanto.

A história começa nos apresentando o jovem escritor Sal (Sam Riley), sem idéias para escrever seu “grande livro”, quando então lhe é apresentado o "bad-boy" Dean (Garrett Hedlund) e sua namorada Marylou (Kristen Stewart). O desejo da dupla é simplesmente fugir de onde está para curtir a vida. E Sal, fascinado por ambos, resolve acompanhá-los na jornada com objetivo de encontrar material para escrever. Ou seja, nenhum personagem está buscando seu autoconhecimento.

O destino da viagem também não é desconhecido, pelo contrário. Eles atravessam os EUA, mas para visitar algum amigo, ou rever a mãe, ou rever algum(a) ex. E nestas visitas, se estabelecem por lá, passando semanas ou meses. Não há portanto tanta “estrada” nesta história.

Se o filme é diferente em seu universo apresentado, esta qualidade não pode ser dita do roteiro, bastante repetitivo. Em cada local que os personagens chegam, acontece sempre a mesma coisa: sexo, drogas, sexo, dança; diálogos reclamando da vida e de declarações apaixonadas de “Bromance”. Não há nenhum grande acontecimento, nenhum clímax, o que torna o filme bastante cansativo, até enfadonho.

Não há como negar, entretanto, que a película faz bem o que propõe: documentar a tal Geração Beat. E o registro impressiona visualmente. As imagens não são filmadas em primeira pessoa mas mesmo assim, devido às câmeras estarem sempre muito próximas dos atores, temos uma sensação muito forte de “fazer parte” do filme. Mais ainda, por estar sempre acompanhando o mesmo nível do olhar dos personagens, a câmera nos convence que “realmente” estamos dentro do carro viajando com o trio, ou participando de suas “festinhas”.

E se geralmente os Road Movies não trazem uma moral da história, o padrão é alterado mais uma vez ao trazê-la. E é um desfecho que me agrada, principalmente por ser verossímil.

Em resumo, se “Na estrada” é muito bom tecnicamente, bom como relato histórico, mas fraco em roteiro e personagens (obs: os personagens não nos comovem, porém as atuações dos atores são muito boas). Mesmo sendo bem falado pela crítica em geral, a meu ver só deve agradar os fãs da Geração Beat. Que não é meu caso.

Nota: 5,0.

PS: “Na estrada” foi vendido no cinema que fui como filme nacional. De brasileiro, o filme só tem o diretor (Walter Salles), uma atriz coadjuvante (Alice Braga) e... parte do dinheiro. Sim, o filme é co-produção nacional e recebeu apoio da Ancine; portanto faz sentido ser vendido como filme nacional. Só não faz nenhum sentido, pra mim, apoiar um filme sobre um movimento cultural estadunidense dos anos 50...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Crítica – “Sombras da Noite" (2012)


“Boa mescla de humor e cenários sombrios é prejudicada por um final ruim”.

Mais uma vez o ator Johnny Depp e o diretor Tim Burton estão juntos, em sua 8ª participação conjunta. E também mais uma vez eles se unem para trazer ao espectador um mundo sombrio e bizarro. Baseado no seriado de TV estadunidense de mesmo nome do filme ("Dark Shadows", no original), a trama traz Depp como um vampiro acorrentado dentro um caixão por 2 séculos, escapando enfim de sua prisão e ressurgindo na década de 1970, mesma década do seriado, para reencontrar os descendentes de sua família.

Aos poucos somos apresentados à trama e a todos os personagens do filme, dentre eles a bruxa Angelique (Eva Green), responsável por transformar Barnabas Collins (Depp) em vampiro. E por cerca de uma hora vemos o diretor nos apresentar o mundo de “Sombras da Noite” de maneira agradável e contínua; diria até comedida. Cenários sombrios muito bem filmados, piadas bem distribuídas ao longo da história (as comparações entre os 2 séculos geram as melhores piadas), tudo flui muito bem, mesmo não trazendo grandes cenas de suspense ou humor.

Os atores também são um ponto positivo. Mesmo claramente interpretando personagens “clichês”, eles conseguem fazê-lo sem serem caricatos. E isto se aplica até para Johnny Depp. Mesmo apesar do bizarro visual de seu personagem, ele quase se comporta como um humano comum, o destaque – quem diria – vai mais pelos seus diálogos do que pelas suas caretas e loucuras.

Se o diretor tivesse mantido sua costumeira preferência pelo bizarro e exagerado sob controle até o fim, “Sombras da Noite” seria um filme acima da média. Infelizmente não é o caso, já que "controle" definitivamente não é o que descreve as cenas finais.

Todos os excessos economizados ao longo do filme aparecem de uma vez só. E haja efeitos especiais (não necessariamente bons) e pouca história. Chega me lembrar o filme “Um Drink no Inferno”, onde do nada o que parecia uma história policial se transforma em filme de monstros e vampiros.

Mas se no filme de Robert Rodriguez o final exagerado é algo positivo, aqui acontece justamente o contrário. E o filme traz, em teoria, um final feliz. Porém, a construção deste final ao longo do enredo é tão superficial que a história se encerra de maneira abrupta e sem graça. É tão ruim que inclusive saimos do cinema sem ter passado pela sensação de um final feliz.

“Sombras da Noite" traz universo, personagem e diálogos que poderiam se tornar memoráveis. Mas a recepção não muito boa de público e crítica nos mostra o quanto um bom final faz a diferença na percepção do filme como um todo. E não posso dizer que eles estão errados.

Nota: 6,5.

PS: o figurino utilizado pelo vampiro Barnabas para fugir do sol é claramente uma referência a Michael Jackson. Vindo de Depp, entendo ser uma homenagem ao cantor.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...