terça-feira, 4 de março de 2014

Crítica - Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013)

Título: Walt nos Bastidores de Mary Poppins ("Saving Mr. Banks", Austrália/EUA/Reino Unido, 2013)
Diretor: John Lee Hancock
Atores principais: Emma Thompson, Tom Hanks, Annie Rose Buckley, Colin Farrell, Ruth Wilson, Paul Giamatti

A fantasia da fantasia

Walt nos Bastidores de Mary Poppins, como o próprio título já diz, conta a história de todo o trabalho que Walt Disney (Tom Hanks) teve para convencer a escritora P. L. Travers (Emma Thompson) a liberar os direitos de sua criação, Mary Poppins para um filme. Mais ainda, há detalhes de como Travers influenciou no desenvolvimento do roteiro, através de seus inúmeros vetos e ajustes.

Mas além destes bastidores, há um outro filme rodando em paralelo: trata-se de cenas da infância da escritora. Sua versão mirim (Annie Rose Buckley) era absurdamente apegada ao pai alcoólatra (Colin Farrell). E é através desta história que entendemos porque Travers se tornou a pessoa rígida que é, e ao mesmo tempo, compreendemos que Mary Poppins é bastante baseada em personagens reais de sua sofrida infância.

As cenas do presente e passado vão se intercalando ao longo da projeção, e principalmente as cenas do passado são bastante monótonas. De qualquer forma são necessárias, pois só através delas é que conseguimos entender o comportamento tão "errático" da escritora.

Com uma história que não empolga, Walt nos Bastidores de Mary Poppins então se sustenta com as boas atuações de Tom Hanks e Emma Thompson. Totalmente opostos, o otimismo exagerado de Walt Disney duelando com a rabugice de P. L. Travers rende os melhores momentos do filme.

O resultado final é um filme de roteiro apenas razoavelmente interessante, mas com um bonito final. O problema é que a feliz história contada nas telas é bastante diferente da vida real.

Fora da fantasia, para começar, quando P. L. Travers vai a Los Angeles ela já havia cedido os direitos de seus livros à Disney, portanto, a premissa do filme já é, de cara, irreal. E depois que o contrato estava assinado, Walt pouco se importou em paparicar Travers. Ela negociava (e brigava) diretamente com os irmãos Sherman.

(Quem não assistiu o filme ainda, pule o parágrafo abaixo, que comenta sobre uma das cenas finais)

Outro ponto bastante discutível é o choro de P. L. Travers quando ela assiste seu filme pela primeira vez. Ao contrário de chorar de emoção como o filme mostra, ela havia chorado de raiva, devido a tantas distorções de sua obra original. Ao acabar a sessão, ela foi falar com Walt, pedindo a remoção de cenas inteiras, principalmente as com desenhos animados. Ao que Disney respondeu: "Pamela, that ship has sailed" (algo como, "Pamela, agora é tarde demais"), o que a deixou furiosa. Na vida real, P. L. Travers nunca perdoou a Disney pelo que fez com Mary Poppins. Mas décadas depois cedeu um pouco, dizendo ter se acostumado com o que aconteceu, que reconhecia que o filme era bom, apesar de não se tratar da Mary Poppins dela.

Com uma história apenas razoável, Walt nos Bastidores de Mary Poppins tem entre seus apelos a história de vida de Travers e a sua relação com Walt Disney. Infelizmente a segunda parte é pura ficção, o que enfraquece ainda mais o filme. Em filmes da Disney não dá para se esperar por realidade. Mas dá para se esperar o costumeiro final feliz. Nota: 6,0.

PS: a atuação de Tom Hanks como Walt Disney foi a primeira vez na história em que a Disney aceitou alguém representando seu criador.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Oscar 2014 - Repeteco do ano anterior: o que importa é a mensagem


Saudações! Após a realização de mais um Oscar, o Cinema Vírgula comenta os principais pontos do evento. Foi um Oscar sem surpresas, e acertei todos os meus 6 palpites para vencedores.

Ser "previsível" não necessariamente indica que o Oscar foi justo. Na verdade, achei o Oscar justo no geral... mas a pisada de bola ficou para o fim, no prêmio de Melhor Filme.

Até aquele momento, tínhamos Gravidade com 7 Oscars - incluindo o de Melhor Diretor e o de Melhor Montagem - enquanto 12 Anos de Escravidão só tinha 2. É bastante "esquisito" um filme que vença por Diretor e Montagem não levar o melhor filme. Porém a vitória de 12 Anos de Escravidão mostra duas coisas:

1) Uma ficção científica vai sempre perder de um filme de época, não importando o quão bom ele seja.

2) Para a Academia atual, a única coisa que realmente importa é o filme ter uma mensagem. Ano passado, a mesma coisa aconteceu. Argo não era nem de longe o Melhor Filme, mas venceu pois passava a mensagem de apoio de Hollywood à política externa estadunidense. E agora, o melhor filme perdeu de novo. A mensagem anti-racismo valeu mais do que tudo. Um filme com apenas 3 Oscars foi eleito o melhor filme do ano (a mesma coisa que Argo). Chega até constranger. Mas como disse a apresentadora Ellen DeGeneres no começo da noite: "... ou 12 Anos de Escravidão vence como Melhor Filme, ou saímos daqui todos considerados como racistas".

De qualquer forma, 12 Anos de Escravidão também é um filme muito bom, e é muito mais justo que ele vença do que o superestimado Trapaça, por exemplo. E passar uma mensagem contra o racismo SEMPRE é bom. Aliás quanto a isto 12 Anos de Escravidão conseguiu algo ainda mais importante que o Oscar: o fato dele ser a partir de agora de exibição obrigatória nas escolas do EUA. Para finalizar, há outra coisa bem legal em 12 Anos ganhando: Brad Pitt enfim venceu seu primeiro Oscar. Como Produtor, já que como Ator a Academia ainda não cometeu a justiça de premiá-lo.

Os pontos altos da noite para mim foi a confirmação de Alfonso Cuarón como Melhor Diretor - primeiro latino-americano a receber este prêmio - e a vitória de Ela como Melhor Roteiro Original. Ela possui de longe o melhor roteiro do ano e fico feliz com a grata surpresa da Academia não ter escolhido o injustamente favorito Trapaça nesta categoria. Foi o primeiro Oscar do diretor/escritor Spike Jonze. Justíssimo.

E por falar em surpresas, acho que a única verdadeira surpresa da noite foi a derrota da Disney na categoria de Melhor Curta de Animação. O vencedor foi o desconhecido curta francês Mr Hublot. Mas a companhia do Sr. Walt não tem do que reclamar: Frozen faturou dois Oscars: o de Melhor Animação e o de Melhor Canção Original.

Da cerimônia como um todo, achei ela bem cansativa, foram 3h30 de duração. Tempo que seria muito menor se não fossem as inúmeras pausas para comerciais. A apresentadora Ellen DeGeneres não foi muito engraçada, mas pelo menos trouxe um pouco de modernidade à cerimônia. Seu "selfie" (a foto que ilustra este post) em tempo real bateu o recorde mundial de retweets, e marcou esta edição do Oscar.

Como resultado final, o Oscar 2014 foi melhor que o anterior. Seus indicados foram melhores, e a festa teve menos altos e baixos. Seu vencedor de Melhor Filme foi muito melhor do que o de 2013. Mas ainda assim, o melhor não venceu. E a Academia está se especializando em não premiar o melhor filme.

sábado, 1 de março de 2014

Oscar 2014 - Quem vai levar? Quem merece levar?


Mais um ano, mais um Oscar. E como sempre, o Cinema Vírgula dá seus palpites. Este ano mais uma vez temos 9 indicados a Oscar de Melhor Filme. Assisti todos os 9, apesar de não ter feito a crítica de Capitão Phillips, filme que dou nota 7,0. Abaixo segue a lista dos indicados a Melhor Filme, em ordem de minha preferência (o primeiro é o meu preferido, e assim sucessivamente). Entre parênteses, ao lado do nome, o número total de indicações que cada filme levou:

Gravidade (10)
Ela (5)
12 Anos de Escravidão (9)
O Lobo de Wall Street (5)
Nebraska (6)
Trapaça (10)
Clube de Compras Dallas (6)
Philomena (4)
Capitão Phillips (6)

Mais uma vez teremos um Oscar com as premiações bem divididas entre os indicados, sem nenhum grande favorito.

Mantendo a tradição, vamos tentar acertar os vencedores do Oscar 2014? Em 2012 eu acertei os 7 palpites que dei. Em 2013 eu acertei apenas 3 palpites de 7. Este ano, irei palpitar em 6 categorias:

Melhor Atriz Coadjuvante
- Quem vai levar: Lupita Nyong'o (12 Anos de Escravidão)
- Em quem eu votaria: Lupita Nyong'o (12 Anos de Escravidão)
- Comentários: Lupita Nyong'o é a grande favorita e atuou muito bem. De qualquer forma Jennifer Lawrence (Trapaça) corre por fora já que é idolatrada pela Academia.

Melhor Atriz
- Quem vai levar: Cate Blanchett (Blue Jasmine)
- Em quem eu votaria: Cate Blanchett (Blue Jasmine)
- Comentários: Das cinco indicadas: Amy Adams (Trapaça), Cate Blanchett (Blue Jasmine), Sandra Bullock (Gravidade), Judi Dench (Philomena) e Meryl Streep (Álbum de Família) só não vi a atuação da Meryl. E se o Oscar fosse para qualquer uma das outras quatro, não seria injusto. Mas Cate Blanchett prova mais uma vez sua grande versatilidade e leva minha torcida. Se a competente australiana não levar, aposto minhas fichar em Amy Adams, a única das cinco que ainda não levou a sonhada estatueta pra casa.

Melhor Ator Coadjuvante
- Quem vai levar: Jared Leto (Clube de Compras Dallas)
- Em quem eu votaria: qualquer um menos Jonah Hill (O Lobo de Wall Street) e Bradley Cooper (Trapaça)
- Comentários: Ao contrário da forte categoria anterior, como Ator Coadjuvante nenhuma atuação empolga. Jared Leto deve levar devido sua transformação física, que a Academia adora. Torço o nariz para Jonah Hill e Bradley Cooper, para mim ambos com atuações superestimadas, não deveriam nem ter sido indicados.

Melhor Ator
- Quem vai levar: Matthew McConaughey (Dallas Buyers Club)
- Em quem eu votaria: Leonardo DiCaprio (O Lobo de Wall Street)
- Comentários: Matthew McConaughey é o grande favorito, e também devido a sua transformação física. Não me incomodo se ele vencer pois evoluiu muito como ator nos últimos anos. Por outro lado, Leonardo DiCaprio leva minha simpatia. Ele já mostrou diversas vezes ser um grande ator mas nunca venceu um Oscar. E este ano ele teve duas atuações marcantes: tanto em O Lobo de Wall Street, onde foi indicado, quanto também em O Grande Gatsby, que apenas recebeu 2 indicações técnicas.

Melhor Diretor
- Quem vai levar: Alfonso Cuarón (Gravidade)
- Em quem eu votaria: Alfonso Cuarón (Gravidade)
- Comentários: Gravidade é genial e o mexicano Cuarón é genial. Está mais do que na hora do diretor ter o reconhecimento de seu brilhante trabalho. Por outro lado, Steve McQueen (12 Anos de Escravidão) é outro nome igualmente forte, e se vencer, será o primeiro diretor negro a receber o prêmio.

Melhor Filme
- Quem vai levar: 12 Anos de Escravidão
- Em quem eu votaria: Gravidade
- Comentários: Como vocês perceberam já no começo do meu texto, Gravidade é meu grande preferido, um marco técnico dos cinemas, e uma grande ficção científica. Seu "problema" (pelo menos aos olhos da Academia) é justamente ser uma ficção científica, gênero que jamais foi agraciado com um Oscar de Melhor Filme em toda a história. Queria que 2014 fosse o ano em que este preconceito acabasse.... mas, duvido. Trapaça corre por fora e tem chances. Embora seja um bom filme, é bem inferior a Gravidade e a 12 Anos de Escravidão. Mas por ser um filme "de atores" que agrada a todos, sem ter rejeição, não podemos descartá-lo.
  
Não percam!
O Oscar será amanhã, domingo dia 02 de Março, e terá transmissão a partir das 20h30 pelo canal TNT. A TV aberta ficará de fora, já que a dona Globo optou por transmitir o Carnaval e não fará transmissão ao vivo.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

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