sexta-feira, 16 de junho de 2017

Dupla Crítica Filmes Netflix: War Machine (2017) e Shimmer Lake (2017)


Dois filmes de produção Netflix e que estrearam neste Junho de 2017 no canal de streaming brasileiro. Ambos os filmes são "incomuns", e apesar das notas não serem altas, acreditem: gostei e recomendo ambos. Confiram!


War Machine (2017)
Diretor: David Michôd
Atores principais: Brad Pitt, Anthony Hayes, John Magaro, Anthony Michael Hall, Topher Grace, Alan Ruck, RJ Cyler, Will Poulter

Com personagens bastante bizarros e caricatos - principalmente o protagonista, interpretado por Brad Pitt - War Machine é claramente um filme de comédia, no que fracassa fortemente, já que o filme simplesmente não consegue fazer rir.

Na história, após anos de ocupação estadunidense no Afeganistão, o general McMahon (Pitt) e seu grupo é enviado ao país citado para "resolver a situação". A primeira metade do filme foca principalmente em política e preparativos, e na segunda metade há algumas cenas de batalha.

Apesar de não fazer rir e ser um pouco cansativo para assistir, War Machine não deixa de ser bem interessante para quem curte história e política internacional. As críticas do filme em relação ao exército, a política externa dos EUA, e às guerras em geral são fortes e curiosas. Se War Machine falha ao não fazer rir, é bem sucedido em dar uma visão diferente sobre as incursões estadunidenses no oriente. Em suma, o filme tem suas qualidades, embora não sejam as esperadas. Nota: 5,0


Shimmer Lake (2017)
Diretor: Oren Uziel
Trailer: n/a (não existe em português e dá muito spoiler do filme)
Atores principais: Benjamin Walker, Ron Livingston, Wyatt Russell, Rainn Wilson, Stephanie Sigman, Adam Pally, John Michael Higgins, Rob Corddry, Mark Rendall

Como principal atrativo, Shimmer Lake é um filme que se passa de trás para frente. Mostrando eventos relacionados a um assalto a banco (que ocorreu em uma terça-feira), primeiro vemos os acontecimentos da sexta-feira (3 dias depois), e em seguida, voltando no tempo, da quinta-feira, da quarta-feira, e por fim, vemos a terça do roubo que deu origem à história.

A parte mais difícil de se fazer um filme como este, é manter a história interessante e repleta de "revelações surpresas" mesmo sendo contado cronologicamente ao contrário. E Shimmer Lake consegue ser bem sucedido na tarefa. Eu mesmo fiquei bastante surpreso com os eventos do último capítulo.

Comparando a outro filme que é apresentado "de trás pra frente", o ótimo Amnésia (2000) de Christopher Nolan, a diferença é que Shimmer Lake é menor em todos os sentidos. A produção é bem mais modesta, o drama em si é bem mais trivial e menos impactante que o de Amnésia, e até os atores são inferiores, apesar de fazerem um trabalho aceitável.

Para quem quer ver um filme policial diferente, Shimmer Lake é uma boa pedida para passar o tempo em casa. Nota: 6,0

sexta-feira, 9 de junho de 2017

Dupla-Crítica: Corra! (2017) e Silêncio (2016)


Dois filmes que estrearam nos cinemas brasileiros em 2017 mas que já saíram de cartaz. Eles possuem alguma relação? Sim: temas polêmicos e lados opostos de campanhas de divulgação. Enquanto Corra! teve uma massiva campanha publicitária em nosso país, Silêncio passou despercebido pela mídia, e exibido em pouquíssimas salas. E olhe que estamos falando de um filme do grande Martin Scorsese!

Vamos a breves análises sobre cada um deles.


Corra! (2017)
Diretor: Jordan Peele
Atores principais: Daniel Kaluuya, Allison Williams, Bradley Whitford, Catherine Keener

Dirigido e roteirizado pelo ator e comediante negro Jordan Peele, o filme foca totalmente no tema racismo. Sendo mais filme de terror do que suspense, os personagens são tão bizarros e a história é tão inverossímil, que Corra! acaba se afastando um pouco do mundo real, o que infelizmente enfraquece seu forte tom de crítica social.

Apesar dos problemas no roteiro e diálogos (várias vezes vemos pessoas falando sozinhas em voz alta para "entender" o que elas estão pensando - um recurso bem pobre), Corra! também possui algumas boas qualidades. O diretor tem seus méritos em deixar o espectador o tempo todo desconfortável, tenso. Por transmitir estas sensações, Peele merece elogios e minha futura atenção.

O maior ponto forte de Corra! é o elenco. Todos estão muito bem, em especial a dupla protagonista Daniel Kaluuya e Allison Williams. A atriz - que eu desconhecia até então - me impressionou bastante.

Resumindo, Corra! é uma espécie de episódio de nível razoável do falecido seriado Além da Imaginação, ou ainda, do atual seriado Black Mirror. Como diretor, Peele está aprovado. Já como roteirista... no mínimo ele precisa estudar um pouco mais sobre ciência básica. Nota: 6,0


Silêncio (2016)
Diretor: Martin Scorsese
Atores principais: Andrew Garfield, Adam Driver, Liam Neeson, Tadanobu Asano, Yôsuke Kubozuka, Issei Ogata

Filme de Martin Scorsese, em desenvolvimento pelo diretor desde 1990. Somando os fatos, Silêncio deveria ser um grande evento. Entretanto o filme foi injustamente ignorado nos EUA e no Brasil... provavelmente pelo seu tema.

Baseado em um livro de ficção de 1966 escrito pelo japonês Shūsaku Endō, a trama se passa em 1640, onde acompanhamos a viagem dos padres jesuítas Rodrigues (Andrew Garfield) e Garupe (Adam Driver) para o Japão, com a missão de "resgatar" o padre Ferreira (Liam Neeson), que partira para o Oriente para catequizar os japoneses.

O forte teor histórico e a belíssima fotografia são os pontos fortes de Silêncio. O filme também debate questões como: "qual a verdadeira eficiência de converter uma pessoa de cultura e religiões completamente diferentes das suas?", ou ainda, "vale a pena morrer em nome de sua crença?".

Se as perguntas são bem relevantes, é o desenvolvimento em volta delas que enfraquece Silêncio. As mesmas questões são repetidas durante todo o filme, com os personagens ponderando sobre o assunto enquanto são continuadamente torturados pelos japoneses.

Contemplativo e melancólico, Silêncio possui várias cenas marcantes e temas interessantes para quem gosta de história e teologia. Porém seu excesso de duração e a falta de variações nas cenas enfraquecem um pouco o seu resultado final. Nota: 7,0

sábado, 3 de junho de 2017

Crítica - Mulher-Maravilha (2017)

Título: Mulher-Maravilha ("Wonder Woman", China / EUA / Hong Kong, 2017)
Diretor: Patty Jenkins
Atores principais: Gal Gadot, Chris Pine, Robin Wright, Connie Nielsen, Danny Huston, David Thewlis, Elena Anaya
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=osdoIpEQ3OM
Nota: 7,0
Após duas decepções seguidas, a DC volta a entregar um filme decente

Após duas produções com edição e roteiro de baixa qualidade (Batman vs Superman: A Origem da Justiça e Esquadrão Suicida) o universo cinematográfico da DC Comics enfim volta a apresentar um filme decente. Mulher Maravilha é um filme de origem que se arrisca pouco mas entrega boa diversão e uma profundidade acima da média nos filmes do gênero.

Na história, aprendemos que Diana (Gal Gadot) nasceu e cresceu na ilha de Themyscira, local que sempre se manteve isolado do mundo dos humanos. Quando o piloto estadunidense Steve Trevor (Chris Pine) cai com seu avião na ilha, a futura Mulher Maravilha fica conhecendo a existência da Primeira Guerra Mundial e resolve deixar seu lar para encerrá-la.

O roteiro de Mulher Maravilha é bastante equilibrado, trazendo história, humor e ação na medida certa. As piadas explorando o estranhamento de Diana tanto com nossas tecnologias, quanto ao mundo machista que vivemos é uma crítica sutil e eficiente ao nosso mundo. A inocência da protagonista também ajuda a ampliar seus atos de bondade e heroísmo, ideais que deveriam fazer parte de todos os super-heróis mas que nos filmes atuais - sejam da Marvel ou DC - infelizmente não são tão comuns.

O filme mescla com sucesso ficção e fatos históricos da Primeira Guerra, deixando tudo mais plausível. Ele também trás criticas às guerras e violência em geral. Somando então tudo o que descrevi nos dois últimos parágrafos temos um roteiro com muito mais conteúdo do que o normal para filmes de heróis.

A direção de Patty Jenkins (um mulher dirigindo uma grande produção é raro) mostra-se um acerto. Temos uma boa química entre os atores, boa trilha sonora; as cenas de ação são bem coreografadas, a apresentação do mundo das Amazonas e do doente mundo humano são bem feitas, e principalmente, ela usa as cenas em câmera lenta de maneira bem orgânica, sem atrapalhar o filme.

Aliás, a câmera lenta serve para encher os olhos congelando como em um quadro cenas épicas de luta, e também, a grande beleza da protagonista. Ouso a dizer que Gal Gadot vestida de Mulher Maravilha é a super-heroína mais bonita da história do cinema. A atriz israelense pode não ser uma boa atriz dramática, mas convence bastante como atriz de ação e possui enorme carisma e beleza.

Apesar de todos os elogios acima, Mulher Maravilha também comente um erro grave. O longo filme de 2h e 21min de duração começa de maneira excelente e vai perdendo sua força minuto a minuto... até chegar em um desfecho pavoroso.

Quase nada se salva no desfecho de Mulher Maravilha. A batalha final já não é muito boa devido ao CGI ruim e ao visual escuro. Mas os diálogos... é a maior reunião de clichês que vi em um bom tempo. Isto sem contar pelo menos dois acontecimentos - que não posso revelar aqui para não dar spoiler - que infelizmente chegam até a contradizer as críticas comportamentais que o filme fez durante toda a projeção.

Mulher Maravilha é em geral um filme bem redondinho e diversão para todos os gêneros e idades, mas que se perde vergonhosamente no final. Ainda assim, é um filme bem melhor do que a DC vem entregando nos últimos anos. Nota: 7,0

PS: não é filme da Marvel, então... não há cenas pós créditos.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...