domingo, 25 de fevereiro de 2018

Crítica - Pantera Negra (2018)

TítuloPantera Negra ("Black Panther", EUA, 2018)
Diretor: Ryan Coogler
Atores principais: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong'o, Daniel Kaluuya, Letitia Wright, Martin Freeman, Winston Duke, Forest Whitaker, Andy Serkis
Outro bom filme de origem da Marvel (e histórico!)

O primeiro super-herói negro criado por uma grande editora de quadrinhos (em 1966) ganha enfim um filme nos cinemas. Um blockbuster de diretor negro, com todos os atores principais negros, ambientado na África e de grande qualidade. Mesmo que Pantera Negra não fosse um bom filme, já seria algo admirável; mas não parou por aí: como sempre na Marvel o filme é bem bacana!

Na história, o rei T'Challa, alter ego do Pantera Negra (Chadwick Boseman), acaba de assumir o trono como governante de Wakanda, porém dias depois já é obrigado a entrar em ação, já que os vilões Klaue (Andy Serkis) e Killmonger (Michael B. Jordan) estão traficando armas feitas de Vibranium pelo mundo.

Mesmo sendo um filme de super-heróis, Pantera Negra é provavelmente o filme mais "pés na realidade" feito pela Marvel até aqui. Seu enredo discute política, racismo e injustiça social. Também é - felizmente - o filme com menos piadinhas.

O ótimo roteiro conta com diálogos memoráveis e surpreende ao sair um pouco do padrão dos super-heróis, incorporando elementos similares a James Bond e Star Wars. Isto sem parecer uma mistura estranha ou forçada.

Pantera Negra conta com um design de produção excelente. Uniformes e roupas muito bem feitas, uma "Africa ultra-tecnológica" crível e belíssima visualmente. A trilha sonora é ótima, e com elementos tribais em vários momentos. O elenco jovem e negro é repleto de qualidade e entrega ótimas atuações.

Apesar das várias qualidades, Pantera Negra possui dois problemas: o primeiro é que o filme é bastante ancorado em lutas corpo-a-corpo mas elas não são boas: com exceção de duas ou três cenas  de grande qualidade, todas as demais lutas são repletas de cortes de câmera e os heróis se movimentam rápido demais, ficando difícil identificar o que realmente está acontecendo.

E, principalmente... por mais que o filme tente ser diferente com sua "pitada" de cultura africana, Pantera Negra não arrisca nada em seu desfecho e se encerra como um "mais do mesmo" em termos de filmes de origem da Marvel. Todo o debate inteligente até então é resolvido em "porrada genérica" e, principalmente, o vilão feito por Michael B. Jordan, que é tão bacana no começo com suas motivações não maniqueístas, no final do filme se torna um "malvadão" clichê. Além de que - pela milésima vez (tenha dó, Dona Marvel) - ele é simplesmente uma cópia maligna do herói: os mesmos poderes de seu adversário.

Pantera Negra é sem dúvida um bom filme, que agradará todos os fãs de filmes do gênero, mas fracassa no quesito "novidade". Se tivesse sido feito uns 5 anos atrás certamente seria mais impressionante. Porém, em uma época com até 5 filmes de super-heróis por ano, ele pára no "Bom". Nota: 7,0.


PS 1: mantendo a tradição Marvel, temos cenas pós-créditos: são duas. E a primeira, aliás, é uma bela patada no governo de Donald Trump.

PS 2: o nome Pantera Negra é associado a um movimento de protesto. Então, pra combinar, também fiz meu protesto por aqui: propositalmente em nenhum momento deste meu texto acima eu cito o nome de certa atriz que desrespeitou bastante os brasileiros em sua passagem pelo Brasil na CCXP do ano passado. Se alguém quiser saber mais detalhes sobre este lamentável episódio, só clicar aqui.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Dupla Crítica Oscar 2018: Três Anúncios Para um Crime (2017) e Lady Bird: É Hora de Voar (2017)


Os dois vencedores de Melhor Filme do Globo de Ouro 2018 em um só post! Continuam em exibição nos cinemas brasileiros e somados, possuem 12 indicações ao Oscar 2018! Confiram abaixo o que eu achei de cada um deles.


Três Anúncios Para um Crime (2017)
Diretor: Martin McDonagh
Atores principais: Frances McDormand, Woody Harrelson, Sam Rockwell, John Hawkes, Peter Dinklage, Abbie Cornish

Três Anúncios Para um Crime é provavelmente a grande surpresa deste Oscar... ou pelo menos foi surpresa quando suas indicações (sete, no total) foram anunciadas. De lá pra cá, entretanto, o filme tem virado "presença certa" em premiações e vencendo várias delas, como por exemplo o Globo de Ouro por Melhor Filme de Drama.

Na história, Mildred Hayes (Frances McDormand) teve sua filha estuprada e assassinada e, como sete meses depois a polícia local ainda não havia feito nenhum progresso concreto na investigação, ela resolveu cobrá-los publicamente - focando principalmente no delegado responsável Bill Willoughby (Woody Harrelson) - com três anúncios em Outdoores de uma pequena estrada.

A grande qualidade Três Anúncios Para um Crime é seu roteiro. Ótimos diálogos, várias surpresas e reviravoltas, personagens densos e interessantes. Se aproxima muito das melhores obras dos Irmãos Coen, porém com menos humor negro e sarcasmo. E o filme, em geral, também segue o mesmo estilo dos grandes filmes dos Coen, porém até por ser de orçamento bem mais modesto, conta comparativamente com uma fotografia bem mais simples e um elenco bem mais barato.

Mesmo não sendo tão badalados assim, Frances McDormand e Woody Harrelson são ótimos atores e mais uma vez estão excelentes, carregando o filme com folga, graças ao carisma e grande presença de tela de ambos. Sam Rockwell também está muito bem (não a toa o trio citado neste parágrafo foi indicado ao Oscar deste ano), porém gostei de seu personagem ainda mais do que sua atuação: seu policial é muito mau e bom ao mesmo tempo; é difícil encontrarmos personagens assim nos cinemas.

Três Anúncios Para um Crime é um ótimo filme policial, ainda que de ritmo lento. Só não leva nota maior porque não tem uma parte técnica excepcional e porque não gostei de seu encerramento. Ainda assim, filmaço! Nota: 8,0


Lady Bird: É Hora de Voar (2017)
Diretor: Greta Gerwig
Atores principais: Saoirse Ronan, Laurie Metcalf, Tracy Letts, Lucas Hedges, Timothée Chalamet, Beanie Feldstein, Lois Smith, Jordan Rodrigues

Lady Bird é um filme que conta sobre a vida de Christine "Lady Bird" McPherson (Saoirse Ronan) em seu último ano de Ensino Médio em uma escola católica da cidade de Sacramento (EUA).

Apesar de todas suas indicações a prêmios e elogios da crítica especializada (venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme de Comédia ou Musical - mas aliás não se enganem, o filme é um Drama), Lady Bird não deixa de ser mais um dentre centenas de filmes já feitos sobre as "primeiras grandes descobertas de um adolescente". Lá vamos nós com o bullying na escola, a rebeldia, as dúvidas sobre a primeira transa, se apaixonar por babacas, e etc. Nada realmente novo: Lady Bird é um filme superestimado.

Ainda assim, Lady Bird traz algumas novidades. Por exemplo, há bastante destaque na relação da protagonista com seus pais; de certa forma o filme também traz um pouco do ponto de vista da mãe (interpretada por Laurie Metcalf, a melhor coisa de Lady Bird) sobre o processo de crescimento da filha. Também vemos um pouco das dificuldades do pai e irmão, dando um aspecto bem mais realista do que o costume para filmes deste gênero.

O filme é chato e lento em seu começo, mas engrena em sua segunda metade, se tornando agradável. Em suma, é uma história interessante, porém salvo algumas novidades, é uma história já explorada a exaustão nos cinemas.

Com estilo indie, em geral Lady Bird é um filme legal... mas nem de longe deveria ter todas estas indicações ao Oscar. Eu só concordo com a indicação de Laurie Metcalf, e nada mais. Até nos pequenos detalhes Lady Bird falha. Por exemplo, o filme se diz passar em 2002, porém seu design de produção não consegue deixar isto claro; o próprio desenvolvimento da protagonista possui uns "buracos" na história que deveriam ser preenchidos para melhor compreensão da mesma. Enfim, um filme pra se passar o tempo quando se está sem nada o que fazer em casa. Nota: 6,0

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Crítica - The Post: A Guerra Secreta (2017)

TítuloThe Post: A Guerra Secreta ("The Post", EUA / Reino Unido, 2017)
Diretor: Steven Spielberg
Atores principais: Meryl Streep, Tom Hanks, Sarah Paulson, Bob Odenkirk, Tracy Letts, Bradley Whitford, Matthew Rhys, Jesse Plemons
Bem dirigido, mas estadunidense demais

Pela primeira vez juntos, três dos maiores nomes de Hollywood: Tom Hanks, Meryl Streep e Steven Spielberg. E o filme que os uniu é The Post: A Guerra Secreta, drama político baseado em fatos reais com 2 indicações ao Oscar: Melhor Filme e Melhor Atriz.

Na história, estamos em 1971, quando até então, oficialmente o Governo dos EUA afirmava que agia na Guerra do Vietnã apenas indiretamente. É então que o jornal The New York Times começa a publicar trechos de um documento vazado do Pentágono (os "Pentagon Papers" ou "McNamara Papers") que provava não somente a ação ativa dos EUA na guerra, como também, provava que eles estavam perdendo a guerra e havia toda uma organização para esconder estes fatos do público. Após o Times ser proibido pela justiça de publicar mais do material, Katharine Graham (Streep) - a dona do jornal The Washington Post - e seu editor chefe Ben Bradlee (Hanks) precisam tomar a decisão de eles mesmos passarem a publicar as denúncias, ou apenas aguardar passivamente o desfecho da proibição imposta pela lei.

Steven Spielberg consegue fazer de The Post: A Guerra Secreta um filme dinâmico e interessante para qualquer público. Um filme que praticamente se passa dentro da redação de um jornal, e ainda assim não é enfadonho devido ao ritmo acelerado "de urgência" dos diálogos e personagens, de tomadas de câmeras em estilos variados, ou ainda, da competente trilha sonora.

Ainda assim, apesar da boa direção, The Post: A Guerra Secreta falha ao ser pouco informativo e pouco relevante para o público fora dos EUA.

Com uma grande quantidade de personagens da trama, pouco sabemos de cada um deles, e o filme em nenhum momento se esforça em explicar qual a relação hierárquica entre os mesmos. A sensação que dá assistindo ao The Post é que perdemos o primeiro ato da história, onde os personagens teriam sido apresentados.

Além disto, o filme falha em passar para o espectador a importância de sua realização. Por que esta história foi tão importante para ganhar um filme Hollywoodiano com tantos nomes famosos? Por que o vazamento destas notícias foram tão bombásticos? Ou ainda, por que o jornal que é o protagonista do filme foi o Washington Post, e não o The New York Times, este sim o pioneiro na divulgação dos documentos vazados e quem enfrentou o processo mais grave na justiça? Simplesmente não consigo responder nenhuma destas respostas.

The Post: A Guerra Secreta é um filme com bom elenco, interessante para quem gosta de história, política e jornalismo, mas ainda assim, que falha no provar seu propósito de existência. E que também, mesmo não sendo nenhuma grande aberração as suas duas indicações ao Oscar, para mim  nenhuma delas foi merecida. Nota: 6,0.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Dupla Crítica Oscar 2018: O Destino de uma Nação (2017) e Com Amor, Van Gogh (2017)


Mais duas ótimas produções com indicações para o Oscar 2018, e que chegaram ao Brasil em Janeiro. Confiram!


O Destino de uma Nação (2017)
Diretor: Joe Wright
Atores principais: Gary Oldman, Ben Mendelsohn, Kristin Scott Thomas, Lily James, Stephen Dillane, e Ronald Pickup

O Destino de uma Nação recebeu 6 indicações ao Oscar, dentre elas a de Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Maquiagem e Melhor Fotografia.

O filme conta o dia a dia do político britânico Winston Churchill em um período bem curto: desde sua posse como Primeiro Ministro até a Operação Dínamo (que curiosamente é retratada em detalhes por um filme "concorrente" no Oscar: Dunkirk).

Mais do que qualquer coisa, O Destino de uma Nação é um filme sobre Política; um filme de diálogos, que apesar de ser em plena 2ª Guerra Mundial não tem nenhuma cena de ação. Ainda assim, seu ritmo é bem dinâmico e agradável graças a seu protagonista.

Gary Oldman está excelente como Churchill. Os trejeitos e voz do falecido dirigente são muito bem imitados. A maquiagem - que torna o ator bem gordo - é irrepreensível. Se Oldman vencer o Oscar por esta sua atuação não seria injusto; e me deixaria feliz. Dito isto entretanto, mesmo com grande atuação e maquiagem eu não consegui "ver" Winston Churchill no filme... apesar de tanto trabalho, ator e personagem possuem rostos demasiadamente diferentes para convencerem meus olhos.

E sobre as outras indicações ao Oscar que ainda não comentei, a Fotografia é muito boa. E embora ela seja melhor nos ambientes internos, o filme traz de diferente justamente algumas cenas externas bem bacanas, onde a câmera vai descendo do céu até o chão para nos dar uma melhor visão do "todo" de cada cena. Já quanto a indicação de Melhor Filme... não... O Destino de uma Nação não tem força para isto.

Para quem gosta de História e Política, O Destino de uma Nação é diversão certa. Ainda que falte ao filme qualquer momento marcante - nem mesmo os discursos famosos de Churchill impressionam - toda a história contada tem passagens curiosas e interessantes, que prendem a atenção do espectador do começo ao fim. Nota: 7,0.


Com Amor, Van Gogh (2017)
Diretores: Dorota Kobiela, Hugh Welchman
Atores principais: Douglas Booth, Robert Gulaczyk, Jerome Flynn, Saoirse Ronan, Helen McCrory, Chris O'Dowd, Eleanor Tomlinson

Com Amor, Van Gogh recebeu apenas uma indicação ao Oscar, a de Melhor Animação, o que considero pouco dado sua qualidade e grandeza de produção.

Considerado o primeiro filme composto 100% de pinturas, depois de apenas 14 dias de filmagens com atores reais um time composto por 125 artistas produziu em 6 anos as 65.000 pinturas a óleo que formam as aproximadas 1h30min de projeção.

A história se passa cerca de 1 ano após a morte de Van Gogh e mostra Armand Roulin (Douglas Booth) recebendo de seu pai carteiro a missão de levar a Theo van Gogh (o irmão do pintor) uma carta de Vincent ainda não entregue. Durante a sua jornada, Armand acaba se interessando pelas estranhas circunstâncias da morte de Van Gogh, e o filme acaba se tornando principalmente uma investigação policial amadora.

Maravilhoso visualmente, o filme é composto em sua maioria por pinturas que simulam o estilo de Van Gogh, com as famosas pinceladas grossas e cores fortes. Apenas quando temos flashbacks as pinturas mudam, indo para um estilo bem mais tradicional e em preto e branco. Muito bacana que além de vermos as obras do pintor em tela, também vemos seus "pensamentos", já que vários trechos de cartas suas são comentados.

Contando com um elenco famoso e talentoso para dar suporte, Com Amor, Van Gogh conta uma história que precisa ser vista por qualquer amante de pintura e/ou curioso pela obra e vida de Vincent. Ao mesmo tempo em que o espectador se deslumbra com o estilo de Van Gogh na tela, sua história é  bem interessante, porém bastante melancólica e triste. Dói ver um gênio ser mal tratado, viver deprimido, e pior: morrer de maneira tão inesperada e até "tola".

Retratado de maneira bem plausível historicamente (todos os personagens são pessoas reais que conviveram com o pintor em vida), Com Amor, Van Gogh é facilmente um dos melhores filmes da safra de 2017 e uma homenagem maravilhosa e digna ao genial Vincent Van Gogh. Nota: 8,0.

PS: abaixo exemplos da transformação da filmagem "real" em pinturas.


domingo, 4 de fevereiro de 2018

Crítica - A Forma da Água (2017)

TítuloA Forma da Água ("The Shape of Water", EUA, 2017)
Diretor: Guillermo del Toro
Atores principais: Sally Hawkins, Michael Shannon, Octavia Spencer, Doug Jones, Richard Jenkins, Michael Stuhlbarg
Belo e emocionante, ainda que me incomode na forma

Chegamos a aquele momento do ano em que os "filmes do Oscar" chegam apressadamente às telas dos cinemas brasileiros. Nesta crítica falo sobre A Forma da Água, o grande nome desta edição do Oscar com suas 13 indicações, dentre elas a de Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante.

Na história, que se passa nos EUA da Guerra Fria da década de 60, conhecemos Elisa (Sally Hawkins), uma mulher solitária que trabalha como funcionária de limpeza em um laboratório militar. Lá ela acaba descobrindo um estranho ser aquático humanóide (Doug Jones), de quem se torna amiga e planeja libertá-lo.

Optei por não escrever muito sobre A Forma da Água para não dar muitos spoilers. Então vamos direto ao principal: o filme é belíssimo (tanto visualmente quanto em termos de história), e conta com passagens bem emocionantes.

Além disto, A Forma da Água consegue fazer sua crítica política-social sem ser panfletário ou dar sermão. Vemos em seu universo o racismo, o machismo, a homofobia... os vilões são aquelas pessoas que são más em nome "de Deus e da família". Um contexto bastante anos 60 aliás... até você lembrar que em 2018 temos Trump como presidente dos EUA e Bolsonaro liderando a intenção de votos no Brasil.

E por falar em "anos 60" é a partir dele que começam as decisões do diretor Guillermo del Toro que me desagradaram.

Ao mesmo tempo que o filme tem um discurso atual, ele parece viver no passado. O mundo de A Forma da Água parece maniqueísta e ingênuo demais. Há um número considerável de fatos que me soam bastante implausíveis. Por exemplo: como um laboratório de segurança máxima não tem absolutamente nenhum controle que impeça Elisa de visitar a criatura quando quer? Por que a criatura é magicamente dócil com qualquer civil, mesmo que desconhecido? E ainda menos plausível foi ver Elisa vivendo uma paixão com o "monstro". Entenderia perfeitamente ela quisesse defendê-lo a qualquer custo; ou que o amasse como grande amigo, como alguém "similar". Mas este tipo de amor romântico... não. Rápido demais, fácil demais.

Outro ponto que me desagradou em A Forma da Água foi que o diretor se preocupou bastante em homenagear o cinema antigo, fazendo a protagonista morar em cima de um cinema e ser fã de musicais e sapateados; ou ainda, trazendo uma trilha sonora pesada, repleta de musicas instrumentais ou cantadas do cinema da época.

Também me incomodou a protagonista ser muda. Isto não faz nenhuma diferença para a história. Uma pessoa não pode ser solitária e excluída sem ter limitações físicas? Oras... Elisa é muda para que Sally Hawkins aumente suas chances de ganhar o Oscar. Assim como todas estas "homenagens ao passado" foram escolhidas propositalmente para agradar os jurados da Academia. Esta fórmula sempre se mostrou muito bem sucedida. E já está rendendo frutos, mais do que merecia. 13 indicações são um exagero... Por exemplo, temos de fato atuações muito boas. Mas são dignas de indicações? Para mim, nenhuma das três são merecidas.

A Forma da Água é um filme muito bonito, excelente tecnicamente, e certamente merece muitos elogios. Ao mesmo tempo, sua bela história poderia ser muito mais memorável (e em um ritmo mais adequado à nova geração) se o diretor deixasse de se preocupar tanto em levar o maior número possível de estatuetas pra casa. Nota: 7,0

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...