sábado, 17 de março de 2018

Crítica Netflix - Aniquilação (2018)

TítuloAniquilação ("Annihilation", EUA, 2018)
Diretor: Alex Garland
Atores principais: Natalie Portman, Jennifer Jason Leigh, Gina Rodriguez, Tessa Thompson, Tuva Novotny, Oscar Isaac, Benedict Wong
Enfim um thriller de ficção científica bom e assustador

Três anos após seu primeiro filme como diretor (onde também era o roteirista) - o ótimo Ex-Machina - Alex Garland retorna para dirigir e roteirizar outra ficção científica muito boa, porém bem diferente na temática. Se no primeiro filme o foco era formas de vidas artificiais, aqui vamos na direção oposta, onde o foco é na biologia.

Baseado no livro de mesmo nome escrito por Jeff VanderMeer em 2014 (aliás bem levemente, o filme é bastante diferente da obra escrita), o roteiro de Aniquilação não é excepcional; possui algumas pequenas falhas e repetições. Ainda assim, ele é muito bom: debate de maneira sutil sobre o sentido da Vida (sim, toda a Vida, não só a humana) e também sobre o desejo humano de autodestruição (para mim esta palavra representa mais o filme do que "Aniquilação"). Mas principalmente, o roteiro cria cenas e atmosfera realmente assustadoras e perturbadoras; algo realmente "alienígena" (no sentido de ser diferente de tudo que temos na nossa natureza). Há muito tempo eu não via um filme de ficção científica tão eficiente neste aspecto. E olha que não foi por falta de tentativas de Hollywood (como por exemplo Vida, Alien: Covenant e O Paradoxo Cloverfield).

Na história, algo cai do espaço e começa envolver suas redondezas com uma crescente e estranha névoa, chamada "o brilho". Após várias tentativas de exploração na área, ninguém retornara da mesma. Até que o marido da bióloga Lena (Natalie Portman) - o soldado Kane (Oscar Isaac) - retorna do misterioso local após 1 ano desaparecido, em péssimas condições de saúde e completamente desorientado. Então Lena se junta a próxima expedição (desta vez composta só de mulheres civis), para entrar no "brilho" e descobrir alguma maneira de ajudar seu marido.

Depois de passar os últimos anos em filmes medianos - inclusive um dos quais estreou como diretora - Natalie Portman volta a brilhar. Carismática, competente, mais uma vez convence como atriz de drama e de ação. O restante do elenco não tem grande participação, e não ajuda nem atrapalha.

Tecnicamente o filme encanta na fotografia - belíssima - e na trilha sonora; esta mesmo não sendo nada inovadora, é bastante competente em trazer os sentimentos dos personagens para o espectador.  Mas é o design de produção que leva os maiores elogios, ao criar os "elementos" visualmente perturbadores (e em outras vezes, os elementos de rara beleza). As inserções de computação gráficas não são muito boas, mas são competentes, não chegam a comprometer em nada.

Há apenas dois pontos a se lamentar sobre este excelente filme. O primeiro é o fato dele não ter sido exibido nos cinemas nacionais. Aniquilação definitivamente é um filme que deveria ser visto nas telonas. Se de casa, na Netflix, já me senti tenso e envolvido com a história, imagina quão sensacional seria estar imerso dentro dele nos cinemas? Ah, embora lamentável a exibição apenas via Netflix, eu respeito o motivo: após fraco desempenho de opinião do público nas exibições-teste, a Paramount solicitou para que o filme fosse alterado para ser "menos intelectual e complicado". Mas o produtor Scott Rudin e o diretor Garland não aceitaram mudar nada; motivo pelo qual o filme então só foi para os cinemas do Canadá, China e EUA; com os direitos do filme vendidos para a famosa empresa de streaming para o restante do planeta.

O outro ponto que não gostei foi o desfecho. Não posso explicar isto sem dar spoilers, então só vou dizer que depois de tanta coisa surpreendente no filme, ele se encerra de um jeito um pouco inverossímil e de forma clichê (principalmente em sua cena final).

Aniquilação é o segundo filme de ficção científica de Alex Garland e ambos os filmes são diferentes, ousados, e de que gostei bastante. Mais do que nunca, acompanharei os próximos passos deste britânico nos cinemas com atenção. Nota: 8,0

domingo, 11 de março de 2018

Dupla Crítica Filmes Netflix: O Paradoxo Cloverfield (2018) e Spectral (2016)


Mais dois filmes de produção original Netflix avaliados pelo Cinema Vírgula! O primeiro é um lançamento bastante badalado. E o segundo, embora já esteja há mais de um ano no catálogo, costuma figurar na lista de "melhores filmes produzidos pela Netflix até agora". Confiram!


O Paradoxo Cloverfield (2018)
Diretor: Julius Onah
Atores principais: Gugu Mbatha-Raw, David Oyelowo, Daniel Brühl, John Ortiz, Chris O'Dowd, Aksel Hennie, Ziyi Zhang, Elizabeth Debicki, Roger Davies

Confesso ser fã da franquia Cloverfield, dado o quanto seus dois primeiros filmes me surpreenderam positivamente. Cloverfield: Monstro (2008) inovou a trazer um filme de "monstros gigantes" com filmagem em primeira pessoa (sob ponto de vista da "câmera de mão" de alguns dos personagens). Já a continuação Rua Cloverfield, 10 (2016) é um excelente filme de suspense psicológico, e praticamente não tem ligação com o primeiro.

Eis então que após estes dois ótimos filmes exibidos nos Cinemas, surge repentinamente O Paradoxo Cloverfield, que veio diretamente para a TV, ou melhor, para a Netflix.

Mantendo a tradição, este filme também é completamente diferente dos anteriores: aqui vemos um grupo de astronautas dentro de uma estação espacial, onde tentam ligar um gigantesco acelerador de partículas que irá produzir energia suficiente para toda a humanidade.

Claro que como sempre, nada dá certo lá em cima, e coisas muito estranhas começam a acontecer. Com a preguiçosa desculpa de que a trupe viaja para "outra dimensão", onde as leis da física são diferentes das nossas, todas as aberrações que acontecem passam a ser "logicamente possíveis". Só que não são, não fazem o menor sentido. Tudo é tão sem propósito que O Paradoxo Cloverfield é muuuuito mais próximo de um filme B de terror do que um filme de ficção científica.

De O Paradoxo Cloverfield só se salva as muitas referências aos dois filmes anteriores. É bacana ver os 3 filmes se interligando. Só que apesar de tantos fan services legais, eles são apenas "detalhes"... e em nenhum momento os outros filmes citam a gravíssima crise energética no mundo. Para mim este "furo" é um erro grave, que acaba no mínimo anulando os pontos positivos ganhos com as referências acertadas.

O Paradoxo Cloverfield está sendo um fracasso de crítica, o que pra mim é justo. Ainda assim a franquia está longe de acabar. O quarto filme já está sendo produzido para os cinemas e - pasmem - será durante a 2a Guerra Mundial. Também já existem boatos de que o 5o filme já está sendo planejado, com uma história se passando além do ano 2050 e com Daisy Ridley cotada para o elenco. Nota: 4,0



Spectral (2016)
Diretor: Nic Mathieu
Atores principais: James Badge Dale, Emily Mortimer, Bruce Greenwood, Max Martini

Neste filme que mistura guerra e suspense, estamos nos dias atuais, onde tropas estadunidenses atuam em uma guerra civil na pequena Moldávia. É então que os soldados passam a ser mortos por entidades que aparentam ser sobrenaturais, parecidas com fantasmas. Em caráter de emergência o gênio em tecnologia Dr. Mark Clyne (James Badge Dale) é enviado ao local para descobrir o que está acontecendo.

A trama principal para Spectral não é ruim. O filme aborda o tema sobrenatural de maneira científica e deixa o espectador curioso para descobrir o que realmente está acontecendo. Porém carregar uma única boa idéia por 107 minutos não funciona. Tudo indica que faltou experiência e criatividade para Nic Mathieu, que aqui faz sua estréia em filmes tanto na direção quanto no roteiro. Em torno de sua idéia base temos muitos diálogos e personagens clichês, e cenas que não levam a nada, repetitivas... que absolutamente não têm nada para contar.

Os bons efeitos visuais acabam sendo o melhor Spectral, que só vai entreter se você estiver com bastante tempo livre e não esperar muito do filme. Nota: 5,0

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