terça-feira, 20 de novembro de 2018

Crítica - The Ballad of Buster Scruggs (2018)

TítuloThe Ballad of Buster Scruggs (idem, EUA, 2018)
Diretores: Ethan Coen, Joel Coen
Atores principais: Tim Blake Nelson, James Franco, Liam Neeson, Tom Waits, Zoe Kazan, Tyne Daly, Clancy Brown, Bill Heck, Sam Dillon, Stephen Root, Harry Melling, Brendan Gleeson, Saul Rubinek
Os irmãos Coen de volta em sua melhor forma

Os ótimos irmãos Ethan e Joel Coen estão de volta dirigindo e roteirizando seu melhor filme desde Bravura Indômita (2010), que curiosamente também é um faroeste. Agora, em The Ballad of Buster Scruggs temos uma antologia de 6 curtas, cada um deles uma história completamente separada das demais. Em comum, cada conto tem principalmente o tema "morte".

Não irei descrever cada uma das 6 histórias. Só vou dizer que "A Balada de Buster Scruggs", que dá título ao filme, é a primeira apresentada e também a melhor de todas. Tendo até momentos musicais, o primeiro conto é o mais bem humorado, e provavelmente o mais caro, repleto de figurantes e contando até com alguns efeitos computadorizados. Na foto acima, vemos os 6 protagonistas de cada uma das histórias. Em ordem, respectivamente, temos os atores: Tim Blake Nelson, James Franco, Liam Neeson, Tom Waits, Zoe Kazan e Tyne Daly.

Os contos em The Ballad of Buster Scruggs trazem de maneira marcante as principais características autorais dos irmãos Coen: vários atores famosos, sarcasmo, ironia, humor negro, acontecimentos inesperados. De certa forma, para quem não conhece os Coen, seus filmes lembram em vários pontos os filmes de Quentin Tarantino. Porém, enquanto este último dá bastante destaque para trilha sonora, diálogos e "imitações" de filmes antigos, os irmãos Coen preferem investir na fotografia, em algo mais silencioso e contemplativo, e também, sem focar muito no passado.

The Ballad of Buster Scruggs é produção exclusiva Netflix e chegou ao Brasil nesta última sexta-feira dia 16. Entretanto, para ter a chance de concorrer ao Oscar (que exige de todos os indicados que os mesmos tenham sido exibidos em cinemas físicos), o filme foi exibido no começo do mês em algumas salas de cinema de Los Angeles, Nova York, São Francisco e Londres.

The Ballad of Buster Scruggs é uma excelente homenagem aos filmes de faroeste, brincando com seus clichês, trazendo belas paisagens, e principalmente, expondo o lado negro do ser humano. Para quem gosta dos filmes dos Coen, este aqui é imperdível! Nota: 8,0

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Crítica - Bohemian Rhapsody (2018)

TítuloBohemian Rhapsody ("Bohemian Rhapsody", EUA / Reino Unido, 2018)
Diretor: Bryan Singer (e também o não-creditado Dexter Fletcher)
Atores principais: Rami Malek, Lucy Boynton, Gwilym Lee, Ben Hardy, Joseph Mazzello, Aidan Gillen, Tom Hollander, Allen Leech, Mike Myers, Aaron McCusker
Muita música de ótima qualidade em uma biografia historicamente questionável

Se pararmos para pensar o quanto o grupo Queen foi bom, e ao mesmo tempo, o quanto eles estão esquecidos atualmente, até que demorou demais para que eles ganhassem sua biografia nos cinemas.

Em Bohemian Rapsody, a história desta banda londrina é contada desde seus momentos iniciais, no início dos anos 70, até à sua icônica apresentação no Live Aid, em 1985. Ou melhor, não é bem uma biografia da banda, pois embora o filme traga vários momentos musicalmente criativos do grupo, o enfoque da história é no líder/vocalista Freddie Mercury... mostrando sua ascensão à fama, e a posterior crise em consequência do sucesso, onde o cantor abusou de drogas e de verdadeiras orgias com vários parceiros homens.

Bohemian Rapsody usa ao máximo músicas originais do Queen na trilha sonora. Durante quase todo o filme, os belos clássicos da banda são tocados para deleite do público. Isso sem contar que parte considerável dos longos 2h14min de projeção são simplesmente a banda se apresentando em shows ou TV. De certa forma, é como se boa parte do filme fosse um clipe musical gigante.

E claro que, sendo um clipe do Queen, não tem muito como deixar de agradar. Somando a isso o ritmo acelerado da história, à boa fotografia, e ainda, a ótima performance de Rami Malek como Freddie Mercury, qualquer pessoa que gostar da banda vai gostar bastante de Bohemian Rapsody.

O filme, entretanto, perde a oportunidade de ser memorável ao trazer um roteiro com poucos acontecimentos, ao focar - como dito antes - em apenas uma pessoa ao invés do grupo todo, e ao mudar vários fatos históricos.

Aliás, ser honesto com seu público definitivamente não é o forte de Bohemian Rapsody. Ao começar pelo seu trailer, que em apenas dois rápidos flashes mostram a homossexualidade de Freddie, sendo que dentro do filme é o assunto mais abordado, depois das apresentações musicais.

Dentre as várias modificações na história real do Queen, as mais gritantes ocorrem no desfecho do filme, nas cenas às vésperas do Live Aid. Ao contrário do que o filme mostra, neste momento o grupo não tinha terminado, eles não estavam "brigados" com Mercury, não fazia muito tempo que eles se apresentaram juntos (eles haviam encerrado o tour do álbum The Works apenas oito semanas antes), e principalmente, não foi neste momento que Freedie revelou a todos ter AIDS. Na vida real, o cantor só iria saber que estava com a doença dois anos depois do Live Aid.

É como se o Live Aid real não fosse o fim de uma história (e não foi), e então os roteiristas forçaram a barra para tornar o show como o "grande ato final" do grupo. Claro, em filmes tudo é permitido, mas eu considero alterar a História neste nível algo bastante decepcionante. Desta vez não estou sozinho em minha crítica: as modificações na história real do Queen foram destaque negativo na mídia mundial.

Talvez Bohemian Rapsody tivesse sido melhor se não fosse sua produção tão conturbada. Após sucessivas faltas e atrasos (e não é a primeira vez que ele faz isto), e também após inúmeras discussões com os atores e produtores, o diretor Bryan Singer foi demitido há duas semanas do término das gravações. Em seu lugar veio Dexter Fletcher, que nem é creditado como diretor do filme. Vale a pena lembrar que Singer é um dos vários recentemente acusados em Hollywood por abuso sexual.

Bohemian Rapsody brilha na música mas falha como documentário. Sugestão: vá ao cinema ouvir a música do Queen naquele "sonzão" e se quiser conhecer a verdadeira história da banda, procure através de livros e sites. Nota: 7,0

domingo, 4 de novembro de 2018

Crítica - O Doutrinador (2018)

Título: O Doutrinador (idem, Brasil, 2018)
Diretores: Gustavo Bonafé e Fábio Mendonça
Atores principaisKiko Pissolato, Tainá Medina, Samuel de Assis, Carlos Betão, Eduardo Moscovis, Natália Lage, Eduardo Chagas, Tuca Andrada, Helena Luz, Helena Ranaldi, Marília Gabriela
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vhQJvL159Mk
Nota: 6,0

Bom filme de ação sobre o combate à Corrupção

Em um Brasil com tanta corrupção e tanta impunidade, sempre estranhei o não-surgimento de um justiceiro que saísse por aí matando políticos desonestos, seja na vida real ou na ficção. Até que em 2013, enfim, e em plena época dos "Protestos dos 20 centavos" no governo Dilma, surge no Facebook a série de quadrinhos O Doutrinador, criada por Luciano Cunha, e que agora ganha proporção nacional ao estrear seu filme, contando com um elenco de diversos atores famosos.

Na história, Miguel (Kiko Pissolato) é um agente federal de combate ao crime que, após uma tragédia pessoal, busca sua vingança matando quem, aos seus olhos, são os verdadeiros culpados: os corruptos no governo. Para ajudá-lo na missão, Miguel chantageia a hacker Nina (Tainá Medina), que o auxilia em invasões.

O Doutrinador é uma enorme e violenta catarse de um cidadão comum contra toda a corrupção política que assola o país há tanto tempo. O filme conta com boas cenas de ação - quase todas tiroteio, entretanto -  e é bastante sangrento. Haja mortes de corruptos (e seguranças) nas mãos do Doutrinador.

Um detalhe que gostei bastante foi o design de produção, ao filmar cenas sempre em locais degradados - sujos, pichados, abandonados - reflexo direto da corrupção que O Doutrinador combate.

Filme e HQ possuem duas diferenças fundamentais: nos quadrinhos o justiceiro tem sua identidade desconhecida e é um ex-soldado do exército, além da história se passar no Brasil "real"; já no filme além do protagonista ser identificado e ser um policial, todos os nomes citados (de políticos à locais) são fictícios.

O Doutrinador até tem um bom roteiro; neles estão presentes os dilemas morais do protagonista, assim como sua dor. Porém, talvez o maior defeito do filme é ele ser "direto" demais. Embora os dilemas de Miguel existirem, a história não dá tempo para eles serem desenvolvidos; aliás, com exceção do "corrupto líder", nenhum outro personagem possui desenvolvimento; o que vemos são tiroteios do começo ao fim, em ritmo alucinante.

Sendo um bom filme de ação, mas sem tentar em nenhum momento ser mais do que isso, talvez o maior legado deste O Doutrinador seja sua forte mensagem anti-corrupção. E que ela ajude às pessoas a relembrar que seus verdadeiros inimigos são os políticos corruptos, e não os familiares e amigos que não votam na mesma pessoa que você. Nota: 6,0


PS: assim como o próprio filme já faz propaganda em seu final, O Doutrinador ganhará seu seriado na TV, através do canal Space. A estréia do seriado está prevista para 2019 e contará com o mesmo elenco do longa-metragem.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...