Mais dois filmes que estrearam nos cinemas brasileiros em 2020 e que ainda não tinham aparecido no Cinema Vírgula. E um deles, a meu ver, merecia ter ganho múltiplas indicações ao Oscar, o que injustamente não aconteceu. Confira ambas as críticas!
Diretor: Robert Eggers
Atores Principais: Robert Pattinson, Willem Dafoe, Valeriia Karaman, Logan Hawkes
O jovem diretor e escritor Robert Eggers de (atuais) 36 anos chamou bastante a atenção do mundo com seu longa metragem de estréia, o terror A Bruxa (2015). Particularmente, não gostei do filme, mas ganhou meu respeito por ser diferente do padrão atual.
Quatro anos depois, agora contando com atores mais talentosos e famosos, Robert volta com O Farol, filmado em preto-e-branco e com a tela numa proporção mais "quadrada" (em 19:16), resolução dos cinemas entre os anos 1926 e 1932. E ele voltou com uma obra muito melhor e impressionante!
Na história, situada pouco antes dos anos 1900, o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) chega em uma ilha isolada para ajudar o velho faroleiro Thomas Wake (Willem Dafoe) com seu trabalho. Não demora muito para que, devido o isolamento, a dupla começe a se estranhar. E a tensão entre ambos só piora com os constantes delírios de Ephraim e o comportamento misterioso de Thomas.
De certa forma, O Farol me lembrou um bocado do filme Mãe (2017), de Darren Aronofsky. Ambos são visualmente fantásticos e perturbadores, trazem grandes atuações, terror psicológico, e contam uma história simplória porém repleta de metáforas e símbolos. Porém O Farol consegue ser bem superior; primeiro por focar mais na história do que na própria produção, segundo porque todas suas metáforas e símbolos PODEM não ser metáforas... ao contrário de Mãe, onde tudo é didaticamente explícito sem deixar dúvidas, na história de O Farol tudo está em aberto: estamos diante da história de dois deuses da mitologia grega (veja a explicação no final deste post), ou de dois marinheiros comuns da vida real? O quanto do filme é delírio e o quanto são fatos que ocorreram? Quão mentiroso é o personagem de Willem Dafoe? Não sabemos nenhuma destas respostas, e é nisso que o filme se torna ainda melhor.
Misturando conceitos de conceitos de Edgar Allan Poe, Psicologia e Mitologia Grega, O Farol é outro filme bem diferente e um pouco difícil de assistir; mas agora sim Robert Eggers me convenceu: já estou ansioso para ver seu próximo filme. Nota: 8,0.
Diretora: Cathy Yan
Atores principais: Margot Robbie, Rosie Perez, Mary Elizabeth Winstead, Jurnee Smollett-Bell, Ewan McGregor, Ella Jay Basco, Chris Messina
Aves de Rapina estreou e fez considerável barulho; porém não pelo filme em si, mas sim porque foi um fracasso de público e crítica. Sendo que o culpado pela falta de público foi o "nome" do filme (por ser muito grande e não focar só na Arlequina) e o culpado pelas avaliações ruins foi o "machismo".
E discordo de ambas as afirmações acima, feitas pela dona Warner, claro: Aves de Rapina foi mal de público e crítica porque é um filme no máximo mediano, com um roteiro genérico e raso, e personagens muito mal condizidos e aproveitados.
Há um ponto positivo em Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa: as cenas de luta. Elas parecem bem reais e certamente exigiram bastante de todas as atrizes, o que leva minha admiração e respeito. Mas por melhor atriz que você seja, não dá para fazer milagre com um roteiro tão ruim.
Roteiro, alias, escrito por uma mulher: Christina Hodson; cujo "melhor" e mais conhecido trabalho foi o roteiro de Bumblebee (2018). Sério, gente? Um filme tão importante quanto esse para o público feminino e para o Universo DC dos cinemas, e a Warner traz a pessoa que escreveu Bumblebee? Aí não dá...
Ironicamente, a principal falha do filme é justamente ser mais "Arlequina" do que "Aves de Rapina". A srta Harley Quinn não nasceu para ser protagonista (aliás, o próprio personagem fala isto no filme), e então ela deveria dividir o espaço igualmente com as demais heroínas no filme, o que não acontece. Rosie Perez, como Renee Montoya até aparece um pouco; mas já o que fazem com Mary Elizabeth Winstead (Caçadora) e Jurnee Smollett-Bell (Canário Negro) causa um misto de pena e revolta.
Pelo menos o filme possui um ritmo bem acelerado e é bem humorado, o que torna a experiencia de assistí-lo próximo do agradável. Aves de Rapina não chega a ser uma enorme "bomba", mas mais uma vez é uma enorme oportunidade disperdiçada pela Warner. Nota: 5,0.
PS - explicação sobre o filme "O Farol": uma possível interpretação para o filme é que o personagem de Dafoe seja o deus grego Proteu; já o personagem de Pattinson seria o deus Prometeu.
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