domingo, 8 de março de 2020

Especial Dia Internacional da Mulher: Lucille Ball e seu enorme legado para a cultura POP


Se você possui menos de 30 anos, dificilmente reconhecerá o seriado (e a protagonista) da imagem acima. Se trata de uma sitcom dos anos 50 de nome I Love Lucy, e a atriz... é Lucille Ball.

Para o grande público, "Lucy" sempre será a esposa de classe média inocente e muito atrapalhada do seriado. Mas o que poucos sabem é que Lucille Ball revolucionou a TV e chegou a ser a mulher mais poderosa da TV estadunidense em seu tempo. Nada mais apropriado então, neste Dia Internacional da Mulher, conhecer um breve resumo de sua história e seu legado.

Nascida em Agosto de 1911 como Lucille Désirée Ball, esta nova iorquina iniciou sua carreira de atriz na Broadway nos início dos anos 30, década onde também faria pequenas pontas em alguns filmes. Já na década de 40 ela assinaria com a MGM, fazendo dezenas de filmes e alcançando fama nacional, ainda que só conseguisse ser protagonista em "filmes B". "Lucy" também passou por diversos programas de rádio, e em 1948 ela fez um enorme sucesso com o programa My Favorite Husband, da rádio CBS.

I Love Lucy
Não demorou muito para que a CBS quisesse levar seu sucesso dos rádios para a TV. Porém, para fechar contrato, Lucille Ball bateu o pé e disse que só aceitaria o programa se ele fosse co-protagonizado por seu marido, o cubano Desi Arnaz. Porém os executivos da CBS não acreditavam que o público aceitasse um casal formado por uma tradicional ruiva americana e um cubano de forte sotaque latino.

A dupla não desistiu: com dinheiro próprio, fundaram a primeira produtora independente da TV, a Desilu Productions ("Desi" do marido + "Lu" de Lucille...  quanta criatividade não?) e gravaram um episódio piloto. E mais uma vez, a CBS não se convenceu. Então Lucille e Desi resolveram promover seu potencial seriado fazendo um tour pelos EUA apresentando os personagens em teatros. Com o sucesso da turnê, enfim a CBS aceitaria fazer o programa com a dupla: em 1951 estreava nas TVs o seriado I Love Lucy.


Durante suas 6 temporadas, I Love Lucy venceu 5 Emmys e foi "o" programa de TV mais assistido nos EUA por 4 anos. Lucille Ball se consagraria como grande comediante não somente pelas piadas do seu seriado, mas principalmente pelas suas "caretas" e comédia física.

Fazendo História
I Love Lucy foi mais do que um grande sucesso comercial. Ele foi revolucionário. Para começar, ela e Desi formaram o primeiro casal inter-racial da TV dos EUA. Aliás, quando seu programa estreou, Lucille tinha 40 anos, na época uma idade muito alta em mulheres para os padrões de Hollywood. No ano seguinte Lucy engravidaria na vida real e o casal convenceu a CBS a levar a gravidez para as telinhas, com ela se tornando então a primeira atriz na história da TV a interpretar uma gestante estando grávida de verdade.

Mas I Love Lucy também mudou a maneira como se fazia seriados nos EUA: sendo avessos a se mudarem de sua casa em Los Angeles para Nova York (onde as principais séries de TV eram feitas na época, e no caso das sitcoms, todas "ao vivo"), Lucille e Desi resolveram pagar do próprio bolso para fazer o show em LA e gravarem os episódios em fitas de filme: uma criativa maneira para garantir a exibição por todo país com qualidade nas imagens. Por serem eles mesmos seus próprios financiadores, a Desilu recebeu como "compensação" da CBS ter os direitos do seriado.


E não para por aí: o formato tradicional (até hoje) das sitcoms, onde os atores ficam em um pequeno cenário, filmado por múltiplas câmeras e diante de uma platéia real de fãs foi inaugurado por I Love Lucy! O seriado foi filmado por 3 câmeras simultâneas, o que permitia cortes e edição por ângulos diversos. Antes de I Love Lucy o padrão era ter câmera única e sem platéia nenhuma.

Em uma tacada só Lucille Ball e sua produtora iniciaram o processo que mudou o local de produção, o modo de produção, e a maneira de distribuição dos seriados estadunidenses.

Jornada nas Estrelas
Em 1960 Lucille encerraria seu casamento de 20 anos com Desi Arnaz e compraria a participação do ex-marido na Desilu por US$ 2,5 milhões, se tornando então a primeira mulher da história a ser dona única e CEO de uma produtora grande de TV.

Com seu estúdio procurando por ideias inovadoras para seriados, em 1964 lhe foi apresentado o Jornada nas Estrelas (Star Trek), de Gene Roddenberry. Acreditando no potencial da série, Lucille foi contra a opinião da Diretoria de seu estúdio e autorizou a caríssima produção de um episódio piloto, a ser apresentado para a emissora NBC. Infelizmente a NBC recusou o programa, mas de modo surpreendente, aceitou uma segunda tentativa. Eis então que mais uma vez Ball foi contra a opinião de sua Diretoria e bancou a produção do segundo piloto, este enfim aceito pela NBC.


Em 1967 - após a exibição apenas da primeira temporada de Star Trek - "Lucy" venderia 100% de seu estúdio para a Paramount Pictures, por US$ 17 milhões (130 milhões nos padrões atuais). Mas sua imprescindível contribuição para Jornada nas Estrelas já estava feita.

Ah, e lembra de que 1964 a Desilu procurava por novas idéias de seriado? Pois eles também encontraram e criaram Missão: Impossível. Assim como Jornada nas Estrelas, Missão: Impossível também estreou nas TVs em 1966; e também se tornou um enorme sucesso mundial.

Curiosidade: além da Desilu, sabem o que mais Jornada nas Estrelas e Missão: Impossível têm em comum? Leonard Nimoy! Pois é: assim que Star Trek foi cancelado, o eterno Spock foi para o Missão Impossível, onde participou de 2 temporadas.


As últimas décadas... e a despedida
Após a venda de seu estúdio, Lucille também pretendia se despedir de seu segundo seriado de sucesso, The Lucy Show, que durou de 1962 a 68 e já não contava com a participação de Desi Arnaz. Porém, com a promessa de ter seus dois filhos reais no elenco (Lucie Arnaz e Desi Arnaz Jr.), Lucille voltou para a TV no mesmo ano com uma nova sitcom, de nome Here's Lucy. Com 6 temporadas, o seriado foi exibido entre 1968 a 1974.

Here's Lucy também foi muito bem de audiência, porém durante sua quinta temporada, em 1973, o seriado já não aparecia entre os 15 programas mais assistidos da TV dos EUA: era a primeira vez que isto acontecia com qualquer um dos programas de "Lucy" como protagonista. Tendo passado mais de 20 anos fazendo esta personagem, Lucille quis encerrar seu programa aí mesmo; porém foi convencida pela CBS a fazer mais uma - e última - temporada.

Após o fim de Here's Lucy, Ball continuou presente na TV até 1985, porém fazendo apenas pequenas apresentações ou sendo a apresentadora de especiais de comédia. Em 1986 viria seu último ato: a comédia Life with Lucy, onde ela retornaria com sua personagem máxima pela última vez, aos 74 anos. Infelizmente o programa foi um fracasso de audiência e teve apenas 13 episódios.

A grande Lucille Ball morreria em Abril de 1989, aos 77 anos, apenas 1 mês depois de sua última aparição pública - no Academy Awards (o "Oscar") de mesmo ano - onde o público todo se levantou e a aplaudiu em pé. Muitíssimo merecido! Obrigado por tudo, Lucille!


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