sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Crítica - Tenet (2020)

Título
Tenet (idem, EUA / Reino Unido, 2020)
DiretorChristopher Nolan
Atores principais: John David Washington, Robert Pattinson, Elizabeth Debicki, Kenneth Branagh, Dimple Kapadia, Michael Caine
Lamento Nolanzetes, o dia que eu mais temia chegou

Ocasionalmente vemos surgir grandes diretores, que fazem obras autorais bem diferente do padrão, tanto em termos de roteiro quanto visuais. E sou grande admirador destes realizadores, como por exemplo posso citar Darren Aronofsky e Christopher Nolan. Ambos têm filmes em meu Top 10 de todos os tempos: O Grande Truque (Nolan) e Fonte da Vida (Aronofsky), que curiosamente foram lançados no mesmo ano, 2006; e ambos também estiveram presentes na minha lista de "diretores que mais gosto atualmente", que escrevi em 2014 (clique aqui pra rever).

Mas de 2014 pra cá algumas coisas aconteceram... as vezes diretores se perdem no próprio ego e fama. Aconteceu em 2017 com Darren Aronofsky, com seu filme Mãe; e agora em 2020 aconteceu com Christopher Nolan, com seu novo lançamento Tenet. Aliás, o resultado final de Tenet é bem pior que de Mãe, pois pelo menos no segundo eu passei por uma experiência interessante. Se auto-alimentando da própria mística em fazer filmes cada vez mais ambiciosos e complexos, e piorando filme a filme justamente por isso, eu temia que um dia Nolan fizesse algo tão complexo que se tornaria bem ruim. Pois é, Nolanzetes, este dia chegou.

O conceito de Tenet é o seguinte: assim como tudo na nossa realidade se move em um sentido temporal (para o futuro), uma agência secreta começa a descobrir objetos que se movem no sentido temporal contrário (para o passado). Como se vê no trailer (recomendo você assisti-lo clicando no link do começo do texto), imagine uma pistola "invertida" no tempo: quando você dispara o gatilho, o que acontece é que uma bala que estava incrustada em algum lugar volta para o cano do revólver. Pois é... Isso já é um conceito bem complicado para pequenos objetos, porém quando Nolan resolve ampliá-lo para pessoas, veículos, prédios... aí ele se perde de vez: o filme mostra literalmente CENTENAS de pequenas inconsistências, sejam visuais, sejam lógicas ou temporais, ao longo das intermináveis 2h30min de projeção.

Junto a este conceito, está uma trama clichê e sem sentido de espionagem onde um vilão quer destruir o mundo com este novo poder (Kenneth Branagh) e um herói quer salvá-lo (John David Washington). O diretor/roteirista Christopher Nolan aproveita para "homenagear" (ou seria reciclar?) vários de seus filmes em um só, tornando-o ainda mais caótico. Em Tenet podemos ver elementos dos roteiros de O Grande Truque, Batman, A Origem, Amnésia e Interestelar.

Claro, Tenet também possui algumas qualidades. Como sempre nos filmes deste diretor, a fotografia e os movimentos de câmera estão impecáveis, excelentes. E no meio de tanta confusão temporal, onde pessoas que se movem pro passado se encontram com pessoas que se movem normalmente (!!!???), há algumas cenas de ação plasticamente bem diferentes e belas. Mas as qualidades param aí.

Até no som Nolan perde a mão como nunca: o filme tem uma trilha sonora pesada (de novo), muito barulhenta, repleta de marchas pesadas e agitadas. Com isso Tenet fica com um "clímax" gigante de 2h30min... é um martírio assistir. Fora que todos seus personagens falam de maneira rápida, curta e grossa. É pro espectador não conseguir respirar e entender o que está acontecendo. Aliás, faz sentido: se nem mesmo o próprio diretor/roteirista conseguiu dar coerência nas regras que criou (e ao longo do filme novas regras são apresentadas constantemente, até chegar a um ponto que eu simplesmente resolvi não me esforçar mais pra entender), claro que ele vai tentar esconder seus erros do público!

Tenet é tranquilamente o pior filme de toda a carreira de Christopher Nolan. E sei que se já desagradei os Nolanzetes em críticas passadas, estou desagradando mais uma vez neste momento. Afinal, não há limites para os fanáticos defenderem seus ídolos. Nota: 4,0

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