sábado, 27 de novembro de 2021

Crítica - Duna (2021)

Título: Duna ("Dune: Part One", Canadá / EUA, 2021)
Diretor: Denis Villeneuve
Atores principais: Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Josh Brolin, Stellan Skarsgård, Dave Bautista, Zendaya, Sharon Duncan-Brewster, Charlotte Rampling, Jason Momoa, Javier Bardem, Chang Chen
Nota: 8,0

Duna é a primeira parte de uma saga que promete ser única e espetacular

Ainda em cartaz nos cinemas nacionais, e disponível desde ontem via HBO Max, pela primeira vez a obra literária de Frank Herbert enfim ganha uma adaptação digna de sua qualidade, para alegria dos fãs de ficção científica.

Este Duna de 2021 narra os eventos de metade do primeiro dos 6 livros escritos por Herbert. Ou seja, ainda que este filme se encerre completando um ato definido, trazendo considerável conclusão, sua história principal não acaba, sendo necessário um filme seguinte.

A história, que se passa no ano 10191 (de que calendário? rs), acompanha acontecimentos que estão ocorrendo com a família da Casa Atreides, governantes do planeta "oceânico" Caladan. Segundo ordens do Imperador dos planetas conhecidos, os Atreides foram convocados a assumir também o controle do planeta "desértico" Arrakis, que estava sob o cruel comando da Casa Harkonnen nos últimos 80 anos. Arrakis, que antes da chegada do Império já era habitado há centenas de anos por um povo nômade de nome Fremen, é o planeta economicamente mais desejado do universo, por ser o único lugar que produz a especiaria Melange, matéria prima utilizada, dentre outras coisas, como combustível das naves para viagens interestelares. A chegada da "família Real" de Atreides, composta pelo Duque Leto Atreides (Oscar Isaac), sua esposa Lady Jessica (Rebecca Ferguson) e seu filho Paul Atreides (Timothée Chalamet), causam reviravoltas políticas (e até religiosas) dentro e fora de Arrrakis, que é o que acompanhamos ao longo deste filme.

Meses atrás eu escrevi um texto apresentando a franquia Duna em livros, e suas similaridades com Senhor dos Anéis (relembre aqui). Mas agora vendo o filme, minha conclusão é que Duna é uma história mais complexa para se adaptar. Com isso, consigo entender e "perdoar" o diretor Denis Villeneuve por seu filme ser mais difícil de ser assistido do que os filmes da Terra Média feitos por Peter Jackson.

Vejam: a obra original de Duna opta por ser uma salada de vários assuntos distintos, debatendo política, economia, filosofia e religião ao longo de seus muitos livros da franquia. Só no primeiro livro, base do primeiro filme, temos três histórias para serem contadas ao mesmo tempo: 1) a luta política entre Casas disputando poder para controle do Império; 2) a destruição que o "homem moderno" causa no meio ambiente e nos povos nativos em busca de recursos naturais (em Duna há uma referencia muito óbvia ao Petróleo e o mundo Árabe, porém a metáfora serve para qualquer recurso que foi valioso em nossa história... Ouro, terras, etc); 3) o culto a um "Messias" ("o" escolhido) que surgiria para trazer equilíbrio e paz a todos. 

Portanto, para contar tudo isso, Duna é um filme longo (2h e 35min), que passa na maior parte do seu tempo sendo "didático", apresentando seu universo, mas ainda assim não é um filme cansativo de assistir: ele é tão interessante que passa muito rápido. Vejam: embora não seja um filme "parado" nem "cansativo", é um filme mais difícil de se assistir, por ter muitos diálogos e trazer bastante intrigas e políticas. O trailer de Duna (que você pode conferir clicando no link no começo deste texto) é uma propaganda enganosa: se ele é quase todo cenas de ação, é porque usa praticamente todas as cenas do tipo que existem no filme... não espere por muita pirotecnia em Duna.

E é justamente a "pouca ação" e o muito tempo gasto apresentando o universo criado por Frank Herbert uma das poucas críticas que o filme Duna está recebendo; já que tecnicamente o filme é maravilhoso, muito bem feito, principalmente em termos de efeitos visuais. Confesso que não vejo muitas maneiras para Denis Villeneuve contar sua história "corrigindo" estes pontos. Porém, ao se tratar de uma adaptação, ele deveria sim inserir algumas cenas a mais de ação, e cortar alguns personagens que não fazem diferença para a trama... a menos que eles tenham alguma ação essencial em filmes futuros, não cortá-los foi um fan service desnecessário.

Comparando este Duna com outras obras, visualmente ele lembra bastante Star Wars, mas já em roteiro as coisas são bem diferentes... talvez o que mais se aproxime deste Duna (e não muito) seja o Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones, devido suas intrigas políticas... nesse sentido, Duna com suas Casas e castas lembra muito mais um Guerra dos Tronos. E em termos de trilha sonora e ambientação, este Duna é bem contemplativo, com uma trilha incidental forte, barulhenta, com temas que misturam desorientação, épico e cultos religiosos. É uma mistura de Blade Runner com A Chegada; não a toa, o diretor Denis Villeneuve dirigiu estes dois filmes (aí seria o Blade Runner 2, no caso).

Elogiado em geral pela crítica, Duna entretanto não foi tão bem nas bilheterias dos cinemas, principalmente por ter sido prejudicado pela pandemia de Covid. Mas também não foi tão ruim, alcançando cerca de U$S 370 milhões em arrecadação até a data de hoje. Desta forma, foi com certo alívio e felicidade que recebi a notícia de que a produção do segundo filme - que encerrará a história do primeiro livro - está confirmada, com as filmagens já programadas para Julho de 2022 e lançamento previsto para Outubro de 2023.

Com alguns defeitos e várias qualidades, estou empolgadíssimo para continuar acompanhando a saga da família Atreides no planeta Arrakis. Nota: 8,0

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