terça-feira, 20 de novembro de 2018

Crítica - The Ballad of Buster Scruggs (2018)

TítuloThe Ballad of Buster Scruggs (idem, EUA, 2018)
Diretores: Ethan Coen, Joel Coen
Atores principais: Tim Blake Nelson, James Franco, Liam Neeson, Tom Waits, Zoe Kazan, Tyne Daly, Clancy Brown, Bill Heck, Sam Dillon, Stephen Root, Harry Melling, Brendan Gleeson, Saul Rubinek
Os irmãos Coen de volta em sua melhor forma

Os ótimos irmãos Ethan e Joel Coen estão de volta dirigindo e roteirizando seu melhor filme desde Bravura Indômita (2010), que curiosamente também é um faroeste. Agora, em The Ballad of Buster Scruggs temos uma antologia de 6 curtas, cada um deles uma história completamente separada das demais. Em comum, cada conto tem principalmente o tema "morte".

Não irei descrever cada uma das 6 histórias. Só vou dizer que "A Balada de Buster Scruggs", que dá título ao filme, é a primeira apresentada e também a melhor de todas. Tendo até momentos musicais, o primeiro conto é o mais bem humorado, e provavelmente o mais caro, repleto de figurantes e contando até com alguns efeitos computadorizados. Na foto acima, vemos os 6 protagonistas de cada uma das histórias. Em ordem, respectivamente, temos os atores: Tim Blake Nelson, James Franco, Liam Neeson, Tom Waits, Zoe Kazan e Tyne Daly.

Os contos em The Ballad of Buster Scruggs trazem de maneira marcante as principais características autorais dos irmãos Coen: vários atores famosos, sarcasmo, ironia, humor negro, acontecimentos inesperados. De certa forma, para quem não conhece os Coen, seus filmes lembram em vários pontos os filmes de Quentin Tarantino. Porém, enquanto este último dá bastante destaque para trilha sonora, diálogos e "imitações" de filmes antigos, os irmãos Coen preferem investir na fotografia, em algo mais silencioso e contemplativo, e também, sem focar muito no passado.

The Ballad of Buster Scruggs é produção exclusiva Netflix e chegou ao Brasil nesta última sexta-feira dia 16. Entretanto, para ter a chance de concorrer ao Oscar (que exige de todos os indicados que os mesmos tenham sido exibidos em cinemas físicos), o filme foi exibido no começo do mês em algumas salas de cinema de Los Angeles, Nova York, São Francisco e Londres.

The Ballad of Buster Scruggs é uma excelente homenagem aos filmes de faroeste, brincando com seus clichês, trazendo belas paisagens, e principalmente, expondo o lado negro do ser humano. Para quem gosta dos filmes dos Coen, este aqui é imperdível! Nota: 8,0

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Crítica - Bohemian Rhapsody (2018)

TítuloBohemian Rhapsody ("Bohemian Rhapsody", EUA / Reino Unido, 2018)
Diretor: Bryan Singer (e também o não-creditado Dexter Fletcher)
Atores principais: Rami Malek, Lucy Boynton, Gwilym Lee, Ben Hardy, Joseph Mazzello, Aidan Gillen, Tom Hollander, Allen Leech, Mike Myers, Aaron McCusker
Muita música de ótima qualidade em uma biografia historicamente questionável

Se pararmos para pensar o quanto o grupo Queen foi bom, e ao mesmo tempo, o quanto eles estão esquecidos atualmente, até que demorou demais para que eles ganhassem sua biografia nos cinemas.

Em Bohemian Rapsody, a história desta banda londrina é contada desde seus momentos iniciais, no início dos anos 70, até à sua icônica apresentação no Live Aid, em 1985. Ou melhor, não é bem uma biografia da banda, pois embora o filme traga vários momentos musicalmente criativos do grupo, o enfoque da história é no líder/vocalista Freddie Mercury... mostrando sua ascensão à fama, e a posterior crise em consequência do sucesso, onde o cantor abusou de drogas e de verdadeiras orgias com vários parceiros homens.

Bohemian Rapsody usa ao máximo músicas originais do Queen na trilha sonora. Durante quase todo o filme, os belos clássicos da banda são tocados para deleite do público. Isso sem contar que parte considerável dos longos 2h14min de projeção são simplesmente a banda se apresentando em shows ou TV. De certa forma, é como se boa parte do filme fosse um clipe musical gigante.

E claro que, sendo um clipe do Queen, não tem muito como deixar de agradar. Somando a isso o ritmo acelerado da história, à boa fotografia, e ainda, a ótima performance de Rami Malek como Freddie Mercury, qualquer pessoa que gostar da banda vai gostar bastante de Bohemian Rapsody.

O filme, entretanto, perde a oportunidade de ser memorável ao trazer um roteiro com poucos acontecimentos, ao focar - como dito antes - em apenas uma pessoa ao invés do grupo todo, e ao mudar vários fatos históricos.

Aliás, ser honesto com seu público definitivamente não é o forte de Bohemian Rapsody. Ao começar pelo seu trailer, que em apenas dois rápidos flashes mostram a homossexualidade de Freddie, sendo que dentro do filme é o assunto mais abordado, depois das apresentações musicais.

Dentre as várias modificações na história real do Queen, as mais gritantes ocorrem no desfecho do filme, nas cenas às vésperas do Live Aid. Ao contrário do que o filme mostra, neste momento o grupo não tinha terminado, eles não estavam "brigados" com Mercury, não fazia muito tempo que eles se apresentaram juntos (eles haviam encerrado o tour do álbum The Works apenas oito semanas antes), e principalmente, não foi neste momento que Freedie revelou a todos ter AIDS. Na vida real, o cantor só iria saber que estava com a doença dois anos depois do Live Aid.

É como se o Live Aid real não fosse o fim de uma história (e não foi), e então os roteiristas forçaram a barra para tornar o show como o "grande ato final" do grupo. Claro, em filmes tudo é permitido, mas eu considero alterar a História neste nível algo bastante decepcionante. Desta vez não estou sozinho em minha crítica: as modificações na história real do Queen foram destaque negativo na mídia mundial.

Talvez Bohemian Rapsody tivesse sido melhor se não fosse sua produção tão conturbada. Após sucessivas faltas e atrasos (e não é a primeira vez que ele faz isto), e também após inúmeras discussões com os atores e produtores, o diretor Bryan Singer foi demitido há duas semanas do término das gravações. Em seu lugar veio Dexter Fletcher, que nem é creditado como diretor do filme. Vale a pena lembrar que Singer é um dos vários recentemente acusados em Hollywood por abuso sexual.

Bohemian Rapsody brilha na música mas falha como documentário. Sugestão: vá ao cinema ouvir a música do Queen naquele "sonzão" e se quiser conhecer a verdadeira história da banda, procure através de livros e sites. Nota: 7,0

domingo, 4 de novembro de 2018

Crítica - O Doutrinador (2018)

Título: O Doutrinador (idem, Brasil, 2018)
Diretores: Gustavo Bonafé e Fábio Mendonça
Atores principaisKiko Pissolato, Tainá Medina, Samuel de Assis, Carlos Betão, Eduardo Moscovis, Natália Lage, Eduardo Chagas, Tuca Andrada, Helena Luz, Helena Ranaldi, Marília Gabriela
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vhQJvL159Mk
Nota: 6,0

Bom filme de ação sobre o combate à Corrupção

Em um Brasil com tanta corrupção e tanta impunidade, sempre estranhei o não-surgimento de um justiceiro que saísse por aí matando políticos desonestos, seja na vida real ou na ficção. Até que em 2013, enfim, e em plena época dos "Protestos dos 20 centavos" no governo Dilma, surge no Facebook a série de quadrinhos O Doutrinador, criada por Luciano Cunha, e que agora ganha proporção nacional ao estrear seu filme, contando com um elenco de diversos atores famosos.

Na história, Miguel (Kiko Pissolato) é um agente federal de combate ao crime que, após uma tragédia pessoal, busca sua vingança matando quem, aos seus olhos, são os verdadeiros culpados: os corruptos no governo. Para ajudá-lo na missão, Miguel chantageia a hacker Nina (Tainá Medina), que o auxilia em invasões.

O Doutrinador é uma enorme e violenta catarse de um cidadão comum contra toda a corrupção política que assola o país há tanto tempo. O filme conta com boas cenas de ação - quase todas tiroteio, entretanto -  e é bastante sangrento. Haja mortes de corruptos (e seguranças) nas mãos do Doutrinador.

Um detalhe que gostei bastante foi o design de produção, ao filmar cenas sempre em locais degradados - sujos, pichados, abandonados - reflexo direto da corrupção que O Doutrinador combate.

Filme e HQ possuem duas diferenças fundamentais: nos quadrinhos o justiceiro tem sua identidade desconhecida e é um ex-soldado do exército, além da história se passar no Brasil "real"; já no filme além do protagonista ser identificado e ser um policial, todos os nomes citados (de políticos à locais) são fictícios.

O Doutrinador até tem um bom roteiro; neles estão presentes os dilemas morais do protagonista, assim como sua dor. Porém, talvez o maior defeito do filme é ele ser "direto" demais. Embora os dilemas de Miguel existirem, a história não dá tempo para eles serem desenvolvidos; aliás, com exceção do "corrupto líder", nenhum outro personagem possui desenvolvimento; o que vemos são tiroteios do começo ao fim, em ritmo alucinante.

Sendo um bom filme de ação, mas sem tentar em nenhum momento ser mais do que isso, talvez o maior legado deste O Doutrinador seja sua forte mensagem anti-corrupção. E que ela ajude às pessoas a relembrar que seus verdadeiros inimigos são os políticos corruptos, e não os familiares e amigos que não votam na mesma pessoa que você. Nota: 6,0


PS: assim como o próprio filme já faz propaganda em seu final, O Doutrinador ganhará seu seriado na TV, através do canal Space. A estréia do seriado está prevista para 2019 e contará com o mesmo elenco do longa-metragem.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Dupla Crítica Netflix: Noite de Lobos (2018) e Maniac (2018)


Mais duas produções originais Netflix, e pela primeira vez misturo filme e seriado num mesmo post. E eles são recentes: ambos programas estrearam no mês passado, Setembro. Me parece que a Netflix investe cada vez mais em quantidade, mas a qualidade não está acompanhando. Vejam as críticas!


Maniac (2018)
Diretor: Cary Joji Fukunaga
Atores principais: Jonah Hill, Emma Stone, Sonoya Mizuno, Justin Theroux, Sally Field, Gabriel Byrne, Rome Kanda

A história de Maniac se passa em um "futuro próximo" e o seriado conta a vida de dois "fracassados", Owen (Jonah Hill) e Annie (Emma Stone), que por motivos distintos aceitam entrar em um programa experimental que promete, através de pílulas e análises de computador, "curar" a pessoa de seus maiores problemas sociais.

Maniac começa muito bem. O "futuro próximo" da série é como se fosse um futuro imaginado pelas pessoas dos anos oitenta. Nos primeiros episódios vamos conhecendo o universo do seriado e é muito divertido ver as máquinas "futuristas" do programa, que mais pareceriam latas velhas nos dias de hoje (ainda que elas realizem tarefas que o nosso presente ainda não conseguiu alcançar).

Outra coisa muito bacana dos dois primeiros episódios é que parte deles contam um mesmo acontecimento, porém pela perspectiva de Owen (1o episódio) e depois pela perspectiva de Annie (2o episódio). Duas histórias distintas que se convergem em um ponto da trama em comum? Muito legal!

Se Maniac terminasse no segundo capítulo eu o acharia excelente... mas infelizmente não é assim. A série possui 10 episódios e do terceiro ao oitavo, cerca de 70% deles se passam nas fantasias das mentes da dupla protagonista. Ainda que o processo faça sentido no roteiro - são estes "sonhos" que desenvolvem os personagens - daria facilmente para reduzir o seriado em uns 3 episódios, que para mim são pura enrolação. E para piorar o conjunto da obra, o desfecho de Maniac é genérico e nada ousado.

Ainda assim, Maniac é um seriado agradável e divertido de se assistir, graças a boa qualidade do design de produção, e principalmente, devido ao carisma da dupla protagonista, tanto dos atores quanto de seus personagens. Nota: 6,0.


Noite de Lobos (2018)
Diretor: Jeremy Saulnier
Atores principais: Jeffrey Wright, Alexander Skarsgård, James Badge Dale, Riley Keough, Tantoo Cardinal, Julian Black Antelope

Noite de Lobos é baseado em um livro de 2014, Hold the Dark (também o nome original do filme), bem elogiado pela crítica especializada.

A história acompanha Russell Core (Jeffrey Wright), um escritor especializado em lobos, que surpreendentemente atende o chamado de uma jovem desconhecida, Medora Sloane (Riley Keough), que mora em uma pequena vila no Alaska e que teve seu filho aparentemente levado por lobos.

Pelo nome (traduzido) do filme, e pelos seu cartazes, eu imaginava ser uma história sobre lobos. E mais uma vez a Netflix me enganou negativamente: de lobos o filme não tem praticamente nada.

A história vira uma caçada policial em que é praticamente impossível entender as ações e motivações de qualquer um dos personagens. E não estou exagerando! Ironicamente, esses "absurdos" é que tornam o filme interessante, já que você imagina que no final tudo será explicado. Porém, passados dois terços da história eu já tinha perdido as esperanças de receber alguma explicação plausível. E infelizmente eu estava certo.

Noite de Lobos é um exemplo de adaptação de livros mal feita. Na obra escrita, as motivações dos personagens são - oras bolas! - explicadas de maneira clara. Além disto, o livro é bem melhor sucedido em transmitir o efeito da "escuridão" (o Dark do título original) nos personagens; coisa que o filme também falha.

O mais triste é ler declarações do diretor Jeremy Saulnier (que até hoje não dirigiu nada de relevante, mas já está escalado para dirigir alguns episódios da futura terceira temporada de True Detective) dizendo que a ausência destas explicações que senti tanta falta foram propositais.

Noite de Lobos acaba não sendo de todo ruim devido a sua bela fotografia (aliás Jeremy tem bem mais trabalhos como diretor de fotografia do que como diretor de filmes) e também, como já expliquei antes, por prender a atenção do espectador por boa parte da história (ainda que pelos motivos errados). É filme para passar o tempo e só. Nota 5,0.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Dupla Crítica: Sombras da Vida (2017) e Tully (2018)


Mais dois filmes pouco conhecidos em terras brasileiras, e que o Cinema Vírgula apresenta aqui, já que são bem interessantes. Um é sobre o sentido da vida... e o outro seria sobre o sentido de ser mãe?? Confiram as respostas abaixo!


Sombras da Vida (2017)
Diretor: David Lowery
Atores principais: Casey Affleck, Rooney Mara

Mesmo sendo um filme com bom reconhecimento da crítica estrangeira, Sombras da Vida não chegou aos cinemas brasileiros e só há alguns meses atrás passou a estar disponível para nós através de serviços pagos de streaming.

Geralmente eu critico bastante quando bons filmes não chegam às nossas telonas, mas desta vez eu vou diminuir o protesto porque no caso de Sombras da Vida eu até entendo as distribuidoras. Para começar, é um filme bem fora do comum: filmado praticamente com apenas dois atores (além deles dois há apenas alguns pouquíssimos e breves coadjuvantes), quase sem diálogos, cronologicamente não linear, e muito melancólico. E pra piorar é um daqueles filmes "ame ou odeie": o público se divide achando o filme genial ou uma tremenda enganação.

Na história, "C" (Casey Affleck) e "M" (Rooney Mara) são um casal que vive em crise no casamento. Um dia "C" sofre um acidente e acaba morrendo abruptamente. É então que seu fantasma, confuso, segue "M" por todo lugar enquanto ao mesmo tempo contempla o mundo ao seu redor, tentando encontrar um sentido para o que está vendo.

Gostei bastante de Sombras da Vida, apesar do "sofrimento" que é assistí-lo. Explico: há muito tempo não assistia algo tão melancólico, e que ao mesmo, desse uma mensagem tão clara sobre a fugacidade da vida.

Sombras da Vida é um filme bem diferente, interessante, e que te fará refletir sobre a vida por vários dias. Pra quem não se incomoda com filmes lentos, depressivos, nem se incomoda de levar um "tapa na cara" para te tirar da realidade, Sombras da Vida é uma ótima pedida. Nota: 8,0.


Tully (2018)
Diretor: Jason Reitman
Atores principais: Charlize Theron, Mackenzie Davis, Ron Livingston, Asher Miles Fallica, Lia Frankland, Mark Duplass, Elaine Tan, Gameela Wright

Tully esteve nos cinemas brasileiros em Maio deste ano, apesar de que apenas em um número bem reduzido de salas. Ele é, acima de tudo, um filme sobre os desafios e dificuldades da maternidade. Na história, Marlo (Charlize Theron) já é mãe de dois filhos e está grávida do terceiro. Entretanto, ela já está no seu limite com os filhos atuais e quando a terceira criança nasce a única maneira encontrada por Marlo para dar conta de todos é contratando uma "babá noturna", no caso a Tully (Mackenzie Davis) do nome do filme.

Basicamente todos os problemas que uma mãe passa com um recém nascido são mostrados em Tully: do esforço físico às transformações do corpo, e até a depressão pós-parto. Apesar de tantas dificuldades, o filme não é todo drama, contando com alguns momentos mais leves e felizes: "culpa" da babá Tully, que transforma o mundo de Marlo trazendo alegria de volta para sua casa.

Charlize Theron e Mackenzie Davis estão muito bem em seus respectivos papéis e o filme só não ganha maior nota pois não gostei de seu desfecho: para mim soou um pouco inverossímil e clichê. Ainda assim, se o final não me agradou em termos de lógica, eu concordo em 200% com a "lição de moral" do mesmo. Para quem pensa em ter filhos Tully pode ser um grande aprendizado, para o bem e para o mal. Nota: 6,0.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Gosta de Mangás (e fantasia medieval)? Você deveria conhecer Holy Avenger!

Hoje em dia o mercado nacional de Mangás é bem grande, com literalmente dezenas de publicações mensais alcançando bancas de revistas e lojas especializadas, sendo as maiores editoras a Panini, a JBC e a New Pop.

E claro que os editores e artistas brasileiros não iriam ficar de fora deste mercado, também produzindo seus mangás, ou então, obras homenageadas pelos mesmos. O mais expressivo deles é A Turma Mônica Jovem, que apesar de não ser exatamente um Mangá, têm clara influencia, tanto no visual quanto nas histórias.

Porém, alguns anos mesmo antes do Mangá virar mania por aqui, tivemos uma publicação nacional inspirada nos quadrinhos japoneses, excelente e ainda pouco conhecida. Trata-se de Holy Avenger. O título teve 42 edições, formando uma história única e completa, e mais 7 edições especiais, todas elas publicadas entre 1999 e 2003.

Inspirada pelos universos medievais de RPG e com desenhos inspirados nos mangás, Holy Avenger é uma criação de Marcelo Cassaro, Rogério Saladino e J.M. Trevisan; escrita por Cassaro e ilustrada por Érica Awano (os desenhos são incríveis!).

Na história, Lisandra, uma jovem garota criada na floresta por lobos, começa a ter sonhos que as instruem a recolher os Rubis da Virtude, com o objetivo de ressuscitar o herói Paladino, que morrera anos atrás. Ela enfrenta o medo que tem de ir até uma cidade, e lá busca ajuda do grande ladrão Galtran. Entretanto, quem vai em seu auxílio é o filho dele, Sandro.

Conforme a dupla se aventura pelo mundo em busca dos Rubis a missão de ambos vai se tornando cada vez mais perigosa, com inimigos cada vez mais fortes tentando impedir Lisandra, e ainda, com a jovem heroína aos poucos ganhando poderes mágicos que não consegue controlar. Com o passar do tempo, Lisandra e Sandro ganham amigos para ajudá-los, sendo os principais deles a maga elfa Niele, e o lagarto troglodita Tork.


Holy Avenger é uma aventura completa. Possui ação, batalhas, drama, romance e (bastante) humor. É uma história leve, típica para o público infanto-juvenil, mas ainda assim boa o suficiente para agradar adultos e quem curte bons quadrinhos em geral.

Ainda hoje é possível comprar Holy Avenger através dos 4 encadernados de luxo da "Edição Definitiva" publicada pela editora Jambô. Os encadernados, repleto de material extra, somados trazem as 40 primeiras edições, sem conter as edições especiais. Ah, as edições 41 e 42, também não incluídas, são um prólogo dispensável a trama. As 40 edições originais são o que realmente importa em Holy Avenger. Corra ler que vale a pena!


PS: Holy Avenger chegou a ser cogitada para uma animação nacional, porém o projeto foi engavetado. De qualquer forma, a franquia conseguiu emplacar seu jogo de computador, que pode ser comprado e jogado via Steam. Abaixo, uma foto do jogo.

Lisandra, Sandro, Niele e Tork reunidos dentro do jogo

sábado, 20 de outubro de 2018

Crítica - O Primeiro Homem (2018)

Título: O Primeiro Homem ("First Man", EUA, 2018)
Diretor: Damien Chazelle
Atores principais: Ryan Gosling, Claire Foy, Jason Clarke, Kyle Chandler, Corey Stoll, Ciarán Hinds, Patrick Fugit, Lukas Haas, Olivia Hamilton
Uma grande história contada através de uma infeliz fotografia

A história de O Primeiro Homem é baseada no livro-biografia First Man: The Life of Neil A. Armstrong, publicado por James R. Hansen em 2005. Mas enquanto o livro nos mostra literalmente toda a vida de Neil, da infância a velhice, aqui temos sua trajetória contada desde o início de sua participação no projeto espacial até o dia em que ele chega à Lua.

A grande força do filme reside em sua história. Neil Armstrong (aqui interpretado por Ryan Gosling) é uma pessoa fascinante, passou por momentos bem difíceis tanto na vida profissional quanto pessoal, e, afinal de contas, foi um dos principais responsáveis por conduzir a raça humana à Lua pela primeira vez.

Para quem gosta de História e astronomia, O Primeiro Homem tem todos os elementos para agradar. O filme é bem sucedido em mostrar o quão difícil, perigoso e custoso a chegada do homem à Lua. Os fracassos da NASA, a pressão popular, a dificuldade para o corpo humano resistir ao espaço. Uma coisa muitíssimo bacana é que quando chegamos enfim na famosa viagem da Apolo 11, algumas das cenas mostradas são cenas reais da viagem, agora coloridas e aperfeiçoadas. Para mim o ponto alto do filme é o momento da chegada a Lua. Agradeço ao diretor Damien Chazelle, já que me senti como se estivesse lá pisando na superfície de nosso satélite natural, sendo Neil Armstrong. É uma sensação indescritível participar desta experiência dentro de um cinema iMAX.

Outra grande qualidade de O Primeiro Homem é seu som e trilha sonora. Os "ruídos" das espaçonaves e ambientes parecem bem reais, e a música é bem bonita e inspiradora, ainda que em alguns momentos temos o absurdo clichê de ver naves se movimentando no espaço com aquelas músicas clássicas "de balé" ao fundo.

Entretanto, saibam os fãs de filmes de Espaço que O Primeiro Homem não é sobre viagens espaciais. O filme é acima de tudo sobre Neil Armstrong, e em segundo lugar, sobre sua família. Sua esposa Janet (Claire Foy) também se sacrifica devido a profissão do marido, e o filme também é bem sucedido em nos mostrar isto.

O Primeiro Homem tinha de tudo para ser um dos meus filmes preferidos de 2018. Isto não ocorreu, entretanto, devido a maneira com que ele foi filmado. Quase todo ele é filmado como se fosse um filme "caseiro" da época, com cores opacas, imagens não tão nítidas, excesso de closes nos personagens, e principalmente, muita "tremedeira" na tela.

Ter cores e definição similares a de uma câmera antiga está ok. Agora, ficar o tempo todo com a imagem em close, tremendo e se movimentando de lá pra cá foi uma escolha bastante infeliz de Damien Chazelle e seu diretor de fotografia Linus Sandgren. Se fosse o caso de estarmos vendo através dos olhos de Neil Armstrong (o que acontece em alguns momentos do filme), tudo bem. Mas não é assim na maioria do filme: uma simples conversa de Neil e esposa na cozinha é filmada deste jeito... oras, por acaso o casal tinha um documentarista ao seu lado 24 horas por dia? Lamentável. Não sei o que os diretores tinham na cabeça.

Confesso que fiquei muito incomodado na primeira metade do filme, cheguei até a ter que desviar uns momentos o olhar da tela para não ficar um pouco atordoado. Depois de um certo tempo seu cérebro se acostuma com tudo isto, mas enquanto isso não ocorre, o filme desagrada.

Há outros pequenos momentos em que acho que o diretor erra a mão novamente, desta vez, por exagerar no dramático. É verdade que isto ocorre muito pouco, mas ainda assim, não deixa de ser irônico Chazelle exagerar na emoção e ao mesmo tempo escolher como protagonista um ator que pouco fala e que tem pouca expressão facial.

Sendo uma mistura de drama amoroso com filmes espaciais, O Primeiro Homem pode não agradar tanto devido seus defeitos, mas para quem gosta de astronomia, a história deste filme é tão fascinante, tão impressionante, que assisti-lo se torna obrigatório. Nota: 7,0

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Dupla Crítica Filmes Netflix: Your Name (2016) e Shiki Oriori - O Sabor da Juventude (2018)


Dois longa-metragens de animação japonesa (anime) que chegaram ao Brasil via Netflix neste ano de 2018. São histórias otimistas, sobre amor (e muitas vezes, amor fraternal). Tudo o que você precisa assistir para "desligar" um pouco do clima de ódio e pessimismo que preenche o país.

Ah, e os dois filmes possuem uma polêmica ligação entre eles. Quer saber qual é? Somente lendo as críticas abaixo!


Your Name (2016)
Diretor: Makoto Shinkai
Atores principais (vozes): Ryûnosuke Kamiki, Mone Kamishiraishi, Ryô Narita

Sucesso de crítica, e principalmente de bilheteria (o filme se tornou o anime de maior arrecadação em todos os tempos), Your Name praticamente não chegou aos cinemas brasileiros, já que foram apenas 32 salas com exibição única, em Outubro de 2017. Uma vergonha.

Disponível na Netflix desde o começo deste ano, Your Name entra fácil no meu Top 5 de 2018 até agora.

Baseado em um mangá de mesmo nome (e já publicado no Brasil pela editora JBC), a história é sobre dois adolescentes: a garota Mitsuha, que vive no campo e deseja morar numa cidade grande; e o garoto Taki, que mora em Tóquio mas também vive entediado. Um dia, inexplicavelmente, eles acordam com os corpos trocados e assim o ficam por várias horas. Com a frequência deste estranho fenômeno aumentando com o passar do tempo, eles acabam se comunicando através de mensagens de cadernos, e ficando mais próximos um do outro.

Apesar do enredo parecer clichê, ele foge bastante do senso comum, e traz uma "surpresa" no final que é simplesmente sensacional. Não posso falar mais nada para não estragar... mas acreditem, Your Name é belo, comovente, um filmaço! Não acredita em mim? Acredite então no IMDb: lá o filme se encontra no Top 100 de todos os tempos. Nota: 8,0.


Shiki Oriori - O Sabor da Juventude (2018)
Diretores: Haoling Li, Yoshitaka Takeuch, Xiaoxing Yi
Atores principais (vozes): George Ackles, Taito Ban, Dorothy Elias-Fahn

Shiki Oriori - O Sabor da Juventude é uma produção original Netflix promovida com um "dos mesmos criadores que Your Name". Mas para mim isto é uma espécie de propaganda enganosa: os roteiristas não são os mesmos, os diretores não são os mesmos, os atores não são os mesmos. O que estes dois filmes têm então em comum? Apenas que foram produzidos pelo mesmo estúdio de animação, o estúdio japonês CoMix Wave Films.

E de fato, colocando Shiki Oriori - O Sabor da Juventude e o Your Name lado a lado, apenas o visual é bastante parecido; o resto nem se compara. Your Name é bem mais ousado e grandioso.

Mas isto não quer dizer Shiki Oriori é um filme ruim, pelo contrário. Composto por 3 histórias curtas e independentes entre si (cada uma com cerca de 30 min de duração), onde o tema comum seria um "jovens recém adultos se lembrando de momentos da infância", a produção traz histórias bem cotidianas, porém belas e comoventes em sua simplicidade.

O primeiro conto, intitulado "O macarrão de arroz", mostra um universitário lembrando saudosamente de momentos de seu passado relacionados a um prato de bifum.

O segundo conto se chama "Nosso pequeno desfile de moda", e conta a história de duas irmãs órfãs, onde a primogênita sustenta a dupla e é uma modelo de moda que apesar de ser jovem, já está ficando "velha" para a profissão.

Finalmente, a terceira e última história se chama "Amor em Xangai", sobre um arquiteto recém formado que descobre algo inédito sobre seu antigo amor de infância. Dos três contos, esse é o mais fraco e previsível.

Ah, e Shiki Oriori - O Sabor da Juventude possui cenas após os créditos. Não deixe de assistí-las. Nota: 6,0

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Crítica - Penn & Teller: Fool Us (Netflix) - primeira temporada


Penn & Teller: Fool Us é uma espécie de "competição" de mágica que começou com sua primeira temporada em 2011 (9 episódios), e após um breve hiato, retornou de vez em 2015 sendo produzida ano a ano sem interrupções. Da segunda temporada em diante cada ano traz 13 episódios e o show continua em pleno andamento, com a 5a temporada terminando neste mês de outubro.

Até a data de hoje a Netflix têm no catálogo brasileiro apenas as duas primeiras temporadas. Mas, quem sabe com vocês lendo este texto aqui e dando audiência pro programa as próximas temporadas não venham? rs

Sobre o que é este programa? Penn e Teller são dois dos ilusionistas mais famosos da atualidade. Como "prova" da fama e qualidade de ambos, eles fazem seus shows ininterruptamente em Las Vegas desde 2001!

Em Penn & Teller: Fool Us mágicos vêm ao programa apresentar um truque ao vivo, e o objetivo é fazê-lo sem que a dupla famosa descubra como o truque é feito. Caso seja bem sucedido em enganar ("fool", em inglês) Penn e Teller , o participante ganha a oportunidade de se apresentar em Las Vegas com a dupla e com as despesas todas pagas.

Após cerca de 5 participantes por episódio, Penn e Teller encerram o programa com eles mesmos fazendo algum truque. Para quem gosta de mágica, Penn & Teller: Fool Us é um deleite. Assisti a primeira temporada e fiquei estupefato com vários dos truques apresentados.

Quando os mágicos são "desmascarados", Penn explica através de perguntas e "indiretas" para o desafiante sobre como ele descobriu o truque; desta maneira, nem sempre nós telespectadores entendemos o segredo descoberto. Mesmo para os "perdedores", em geral os truques são realmente muito bons, garantindo a diversão e qualidade do espetáculo. Os participantes não são simples amadores: geralmente também são ilusionistas profissionais.

E se quem não engana a dupla já é bom, imagine quem os engana! Exemplos de truques que eles não adivinharam como é feito: uma carta de baralho escolhida e assinada por Penn foi parar dentro de um maço de baralhos lacrado e na posição numérica correta; Penn e Teller disputam um jogo de dardos e o desafiante acertou o placar do jogo antecipadamente. E isto são só dois exemplos absurdos!

Para deixar tudo ainda mais divertido, Penn & Teller: Fool Us possui um tom de comédia, uma das características consagradas de graças da dupla Penn e Teller (aliás, Teller sequer fala, ele apenas faz mímicas e caretas) e do bom apresentador e comediante Jonathan Ross.

Novamente, reforço o convite: para quem curte mágica, Penn & Teller: Fool Us é imperdível!

PS: para os fãs de How I Met Your Mother, a partir de 3a temporada a apresentadora do programa passa a ser Alyson Hannigan, a eterna Lily Aldrin.

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...