sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Crítica - O Esquadrão Suicida (2021)

Título: O Esquadrão Suicida ("The Suicide Squad", Canadá / EUA / Reino Unido, 2021)
Diretor: James Gunn
Atores principais: Margot Robbie, Idris Elba, John Cena, Joel Kinnaman, Sylvester Stallone (vozes), Viola Davis, David Dastmalchian, Daniela Melchior, Michael Rooker, Jai Courtney, Peter Capaldi, Alice Braga
Nota: 7,0

James Gunn é de fato bom no que faz

Cerca de um mês e meio após estrear nos cinemas brasileiros, chega também para o HBO Max o filme O Esquadrão Suicida, continuação (com uma história totalmente independente) e reboot do péssimo Esquadrão Suicida de 2016.

Além da presença do artigo "O" no título, há uma diferença fundamental entre as duas obras, a presença (agora) do diretor James Gunn (de Guardiões da Galáxia e Guardiões da Galáxia Vol. 2).

Neste novo Esquadrão Suicida, James Gunn não nos deixa esquecer por nenhum momento que agora é ele quem comanda o show: todas as primeiras cenas trazem o ator Michael Rooker, costumeiro parceiro do diretor em seus projetos. Mas o toque de Gunn não fica apenas no visual: também na primeira cena já temos uma trilha sonora de qualidade que faz sentido com o filme, algo que não tivemos em 2016.

É realmente impressionante como James Gunn, sendo o diretor e o escritor, consegue fazer bem este tipo de filme: misturar um grupo (grande) de personagens desajustados / perdedores, unir muita ação, música, humor... tudo bem construído e resultando em um trabalho coeso. É exatamente o que ele fez nos dois primeiros Guardiões da Galáxia, e consegue repetir a dose aqui mais uma vez.

Volto a insistir no grande exemplo que os filmes de Esquadrão Suicida de 2016 e 2021 nos proporcionaram, ao mostrar o quanto direção e roteiro importam. A trama de ambas versões é muito parecida... e ainda assim, o trabalho de Gunn ficou muuuuuuuuito melhor que o de David Ayer do filme inicial.

E agora, comparando James Gunn com ele mesmo, ou seja, este O Esquadrão Suicida com Guardiões da Galáxia, o segundo vence a disputa. Entretanto, não se enganem, este filme do Esquadrão é bom e muito divertido! Ele sofre por ter atores e personagens piores do que James teve para trabalhar nos filmes da Marvel, além do "fardo" de ter que recuperar uma franquia de um filme-erro anterior.

Porém, O Esquadrão Suicida permitiu ao diretor fazer coisas que ele nunca poderá fazer na Marvel, como por exemplo, transformar seus personagens em algo REALMENTE dispensáveis (o que renderá várias surpresas, assistam!), além de poder criticar o governo americano. Na prática, tivemos um muito promissor recomeço para a franquia, e se a Warner/DC manter James Gunn no comando, e com total liberdade, ele tem tudo para fazer um próximo filme tão bom quanto Guardiões da Galáxia ou talvez até melhor! Nota: 7,0



PS: como curiosidades, não posso deixar de comentar a pequena (mas importante) participação da brasileira Alice Braga, sobrinha de Sônia Braga, como uma líder rebelde de Corto Maltese, e que Sylvester Stallone é quem faz as vozes do personagem Tubarão-Rei.

domingo, 8 de agosto de 2021

Crítica Netflix: Mestres do Universo - Salvando Eternia (+ bonus He-Man e She-Ra)

He-Man e os Defensores do Universo foi uma série de desenhos infantis muito famosa e relevante nos anos 80, criada pela Mattel (e produzida pela Filmation) para vender a linha de brinquedos do mesmo nome. Anos depois, veio sua "versão para meninas", ou melhor dizendo, os desenhos de She-Ra: A Princesa do Poder, que também fez muito sucesso.

E como a moda dos últimos anos é ressuscitar sucessos oitentistas, He-Man é o novo produto re-imaginado daquela época, agora produzido pela Netflix (aliás, esta é a 4a encarnação de He-Man, confira as imagens no fim deste artigo!). Não é novidade, entretanto, ver a Netflix se aventurar nesta franquia. Afinal, poucos anos atrás, em 2018, ela lançou She-Ra e as Princesas do Poder

She-Ra e as Princesas do Poder é um completo reboot da série dos anos 80, sendo mais infantil, com mais personagens femininas, mais socialmente inclusiva, e que em nenhum momento cita He-Man na trama. O programa já está na 5a temporada; eu assisti a primeira e gostei bastante. Recomendo para quem tenha crianças conhecer.

Mas... voltando a He-Man: agora sob o nome de Mestres do Universo - Salvando Eternia, temos uma produção bem elaborada, repleto de atores famosos na dublagem (Mark Hamill, Sarah Michelle Gellar, Liam Cunningham, Lena Headey e Alicia Silverstone dentre outros), e que é uma continuação direta da série original de He-Man, de 4 décadas atrás.

Sim, Mestres do Universo - Salvando Eternia nos mostra o Rei Randor, a Rainha Marlena, a Feiticeira, o Mentor e até mesmo Gorpo envelhecidos; mas curiosamente o Príncipe Adam/He-Man e Teela parecem até mais jovens. Como principal nome na produção e nos roteiros temos Kevin Smith, cineasta e roteirista de quadrinhos, um dos "nerds" mais famosos de Hollywood.

A primeira temporada tem 10 episódios, porém estão divididos em 2 partes, sendo portanto que apenas os 5 primeiros já foram transmitidos. E resumindo o que achei destes episódios... "decepcionantes, mas ainda dá para ter esperança de melhoras".

E a recepção da série pelo público foi em geral mais crítica do que a minha. Para ele, a principal decepção é que He-Man mal aparece nestes episódios. De fato, até agora temos como personagem principal a Teela, e em segundo lugar, a vilã Maligna. Para piorar, não gostei de Teela, que embora seja uma personagem forte e corajosa, está sempre irritada e sua desculpa para "se rebelar" me soou bem fraca. Já Maligna é de longe a melhor coisa de Mestres do Universo - Salvando Eternia até agora: entendemos suas motivações, e ela nos deixa sempre no suspense se vai aprontar algo ou não.

Particularmente esperava ver uma animação bem feita, cheia de batalhas e lutas interessantes. A primeira parte se cumpriu, os desenhos são bons; porém em termos de batalhas.. pouco se vê. O que mais temos nestes 5 primeiros episódios é um road movie onde vamos passando por locais diversos e relembrando dos antigos personagens.

Porém, como disse antes, Mestres do Universo - Salvando Eternia não foi tão ruim a ponto de não me fazer ter vontade de assistir os futuros 5 episódios da temporada. Quem sabe com He-Man participando mais tenhamos mais ação e qualidade nos roteiros.



Bônus - veja aqui todas as encarnações de He-Man e She-Ra nos desenhos:


He-Man e os Defensores do Universo (1983-85) e todos seus principais personagens, sendo heróis ou vilões. Estão vendo o baixinho flutuando com um gigante "O" na roupa? Pois bem, seu nome original é Orko. Mas os idiotas que traduziram o desenho para o Brasil o batizaram de Gorpo, que não começava com a letra O...


She-Ra: A Princesa do Poder (1985-86): aqui apenas os "mocinhos" da série. She-Ra, a irmã de He-Man teve a vantagem de contar com desenhos de melhor qualidade, e fez tanto sucesso quanto o irmão


As Novas Aventuras de He-Man (1990): pasmem, mas a primeira tentativa de continuação de He-Man foi essa, que na verdade era uma espécie de aventura espacial. Muito ruim, e pela aparência de Esqueleto e He-Man já dá para ter uma idéia da tristeza que isso foi. Durou apenas uma temporada


He-Man os Mestres do Universo (2002-2004): agora uma tentativa de contar a história original sob visão mais moderna. Certamente melhor do que a tentativa anterior, mas ainda mediano, e que não conseguiu o mesmo sucesso de público e crítica dos anos 80


She-Ra e as Princesas do Poder (2018-??): estreando via Netflix depois de quase duas décadas abandonada, este She-Ra é a mais infantil e bem humorada dentre todas as versões de He-Man e She-Ra. Faz certo sucesso de público, mas merecia mais


Os Mestres do Universo: Salvando Eternia (2021-??): por enquanto apenas Teela (esq.) e Maligna (dir.) protagonizam a série

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Curiosidades Cinema Vírgula #006 - O genial e Olímpico italiano Bud Spencer


Com a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio que tivemos hoje, podemos dizer que agora estamos oficialmente em clima de Olimpíadas! E aproveitando este tema, que tal falar de outro famoso ator que foi atleta Olímpico? Porém, essa "desculpa" que usei para escrever o artigo é até injusta com esta pessoa genial que foi Bud Spencer. Como vocês verão, ele foi muuuuuito mais que ator (e atleta).

Segundo ele mesmo: "Fiz de tudo na minha vida. Há apenas três coisas que nunca fui: bailarino, jóquei e político. Já que os primeiros dois empregos estão fora de questão, vou me jogar na política”, disse Bud Spencer em 2005, quando se candidatou a um cargo em Roma a pedido do então primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Ele acabou não sendo eleito, mas esta sua frase é emblemática e a mais pura verdade, como veremos a seguir.

Nascido em Nápoles, Itália, com o nome de Carlo Pedersoli, o famoso ator Bud Spencer (1929 - 2016) escolheu seu marcante nome artístico no final dos anos 60, quando sua carreira nos Western Spaghetti começava a decolar. Seu nome surgiu de uma junção curiosa: sua cerveja americana favorita Budweiser mais o primeiro nome do ator Spencer Tracy, de quem era fã.

Bud Spencer e Terence Hill

Sua aposta nos "Faroestes" foi certeira, pois foi justamente fazendo dupla com o também italiano Terence Hill neste tipo de filme (embora em seu caso, sempre puxando para a comédia) que Bud atingiu sucesso mundial e também ficou muito famoso no Brasil, com seus filmes sendo exibidos a todo momento na TV, principalmente nos anos 70 e 80. A dupla atuou junto em 19 filmes. Em 1984 os dois estiveram no programa Os Trapalhões, e Bud falou em Português, claro(!), como se pode ver aqui ou aqui (versão completa).

Mas antes da fama, Bud Spencer de fato fez de tudo um pouco. Na América do Sul ele morou no Brasil (no Rio de Janeiro, onde trabalhou numa fábrica na linha de produção; e em Salvador, onde trabalhou como secretário na Embaixada Italiana), e também morou na Venezuela (onde trabalhou como supervisor em construção de ferrovias). Todas estas viagens o fizeram ser fluente tanto no Português quanto no Espanhol, mas ele também falava Italiano, Inglês, Francês e Alemão.

Foi entre os períodos entre Brasil e Venezuela que Bud Spencer, de volta à Itália, se tornou um grande atleta. Iniciou uma faculdade de Química, porém acabou abandonando e se formando em Direito: segundo ele, a troca lhe dava mais tempo livre para treinar esportes. Spencer chegou a lutar Boxe, onde foi bem sucedido localmente, mas ele se destacou mesmo é na Natação.

Bud Spencer foi, em 1950, o primeiro italiano a nadar os 100m rasos abaixo de 1 minuto. Nas Olimpíadas de Helsinque, em 1952, Bud parou na semifinal nos 100m livre com o tempo de 58s9. Ele também fez parte no revezamento 4x200m, mas a Itália não avançou na fase final. Quatro anos depois, Spencer estava novamente nos Jogos Olímpicos, agora em Melbourne (1956). Mais uma vez ele caiu na semifinal dos 100m livre, agora com o tempo de 59s. Apesar de não ter ficado entre os 8 melhores do mundo, Bud Spencer dominou facilmente os 100m livre na Itália em sua época, e foi 7 anos campeão nacional.

Além da natação, em seus últimos anos como atleta Bud também participava da Seleção Italiana de Polo Aquático, onde foi Ouro com a seleção nos Jogos do Mediterrâneo de 1955. Entretanto, ele não chegou a disputar Olimpíadas como jogador deste esporte. Em 1957, resolveu encerrar a carreira nas águas. Foi aí que ele migrou para a Venezuela, para "se encontrar com sua verdadeira natureza". Em seus últimos meses por lá Spencer trabalhou em uma fábrica da Alfa Romeo e chegou a disputar corridas de carro. 

Depois de quase 1 ano em Caracas, Bud Spencer volta para seu país natal devido a saudades de sua família e de sua namorada Maria Amato. Ele se casaram em 1960 e embora o pai de Maria fosse produtor de cinema, Bud estava mais interessado em música, e chegou a assinar contrato com a gravadora RCA como compositor (e você pode ouvir algumas de suas músicas clicando aqui).

Mas a carreira musical não decolou, e seguindo a sugestão da esposa, em paralelo Bud Spencer começou a fazer suas primeiras pequenas aparições em filmes italianos. E o resto de sua carreira na telona vocês ja sabem. ;)

Décadas depois, já nos últimos anos como ator, passou a atuar também como roteirista, e descobriu no "voar" uma nova paixão, se tornando piloto de aviões e helicópteros. Nos anos 80 ele foi co-fundador de uma empresa de aviação, a Mistral Air, e também atuou como piloto comercial de sua própria companhia.

E para finalizar seus grandes feitos, em 2010 ele passou a ser escritor, lançando sua autobiografia. Anos depois ele lançaria mais dois livros: outra biografia e um outro que misturava filosofia com gastronomia. Todos os livros foram best sellers na Itália.

Viva Carlo Pedersoli! Viva Bud Spencer! E vocês achando que o Rodrigo Hilbert é um faz-tudo... tsc, tsc


Bud Spencer em seus últimos anos, relembrando seu físico de atleta




PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!


quarta-feira, 21 de julho de 2021

Curiosidades Cinema Vírgula #005 - A Sétima Arte


Acredito que a maioria de vocês já deve ter ouvido falar que o Cinema é a Sétima Arte. E de fato, ele é considerado como a Sétima Arte porque antes dele vêm: Arquitetura, Escultura, Pintura, Literatura, Música e Dança.

A classificação destas 6 primeiras surgiu na Europa, em meados do século XVIII, como conceito de "Belas Artes". Em 1923, o italiano Ricciotto Canudo lançou seu Manifesto das Sete Artes, incluindo pela primeira vez o Cinema na lista, na sétima posição. Esta classificação é bem popular e aceita até hoje.

E já não tão universalmente aceitas, mas ainda assim populares, as listas de "numeração das Artes" dos dias atuais chegam até a ter mais 4 itens: Fotografia (8ª), Historia em Quadrinhos (9ª), Video Games (10ª) e Arte Digital (11ª), que no caso são as modelagens 3D feitas em computador.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

sábado, 17 de julho de 2021

Dupla Crítica Filmes Netflix - A Mulher na Janela (2021) e America: The Motion Picture (2021)


Olá! Tentando recuperar o atraso de semanas sem novos artigos aqui no blog, segue a crítica de dois filmes de uma única vez. Ambos lançamentos recentes na Netflix Brasil. Será que são bons? Confiram!


A Mulher na Janela (2021)
Diretor: Joe Wright
Atores principais: Amy Adams, Gary Oldman, Anthony Mackie, Fred Hechinger, Julianne Moore, Jennifer Jason Leigh, Wyatt Russell, Brian Tyree Henry

Embora a trama seja parecida com o clássico filme Janela Indiscreta (1954), a história em A Mulher na Janela é outra, baseada em um livro de mesmo nome de 2018.

Na trama, Anna (Amy Adams) é uma mulher solitária e reclusa que sofre de agorafobia, observa a vida externa através das janelas de seu apartamento, e testemunha o que acredita ser o assassinato de uma mulher no prédio do outro lado da rua.

O filme foi produzido pela Fox Pictures, porém devido ao Covid-19, seu lançamento nos cinemas foi cancelado e a produção então foi vendida para a Netflix. Olha, que bom que não precisei sair de casa para ver A Mulher na Janela. O filme não é de todo ruim, tem algumas poucas cenas de suspense bem feitas, e tem uma trama que até prende a atenção, repleta de reviravoltas... Entretanto após o mistério ser revelado, não somente ele não faz muito sentido, como é feito de maneira abrupta. Se o filme em geral é aceitável, seu ato final é muito ruim.

Nem o elenco estrelado salva a produção. Amy Adams e Julianne Moore tem seus bons momentos mas é só, nem mesmo Gary Oldman está bem. Para quem gosta de filmes de suspense policial, A Mulher na Janela é no máximo um passatempo aceitável. Nota: 5,0.



America: The Motion Picture (2021)
Diretor: Matt Thompson
Atores principais (vozes)Channing Tatum, Jason Mantzoukas, Olivia Munn, Bobby Moynihan, Judy Greer, Will Forte, Raoul Max Trujillo, Killer Mike, Simon Pegg, Andy Samberg

Quando esta animação original Netflix foi anunciada, me desepertou certo interesse. Trazia como diretor o produtor e diretor das séries de animações ArcherLaboratório Submarino 2021, e como roteirista o rapaz que escreveu  os filmes da franquia do Stallone Os Mercenários, e também Zumbilândia 2.

O filme diz contar a "verdadeira" história da fundação dos EUA, com a maioria dos Pais Fundadores mortos em uma emboscada e com Lincoln sendo assassinado por uma versão lobisomem do traidor Benedict Arnold, a mando do Império Britânico. Para vingar a morte dos companheiros e efetivamente conquistar a independência do país, foi formada uma equipe que continha, dentre outros, George Washington, a chinesa cientista Thomas Edison e o líder indígena Gerônimo.

Sendo uma animação adulta de humor negro e ficção, a produção faz boas críticas a sociedade estadunidense, mas fora isso decepciona. Para começar, ele de fato foi feito apenas para os habitantes dos EUA... você precisa conhecer bem a História deles para entender boa parte das referências. Além disso, o roteiro do filme não faz absolutamente nenhum sentido, é apenas uma sequencia de centenas (literalmente) de piadas e trocadilhos. Alguns são bons, mas a maioria simplesmente não tem graça. Resumindo: o filme entretém no começo, mas depois seu nonsense simplesmente cansa. Nota: 4,0.

domingo, 11 de julho de 2021

Jogue o recém lançado jogo brasileiro de Caverna do Dragão! (+ bônus: relembrando o final da série)


Para quem é saudoso deste clássico dos desenhos animados dos anos 80, o Caverna do Dragão, nos últimos tempos tivemos algumas boas notícias.

No ano passado tivemos o desenho do episódio final de Caverna do Dragão feito por fãs e liberado na internet (caso tenha perdido isso, leia meu PS no final deste texto), e neste mês tivemos outro lançamento bacana de fã, um jogo de videogame.

Este novo jogo, disponível gratuitamente para PC, Android e iMac, foi desenvolvido pelo brasileiro ZVitor, via OpenBOR. O jogo é um Beat'em up de gráficos anos 90, e em termos de jogabilidade e movimentos dos personagens, é claramente baseado em Streets of Rage e em The King of Dragons, jogo da Capcom de fliperama que foi portado também para o SNES. Mas apesar da "base" do clássico da Capcom, o jogo final em si é completamente diferente, com muuuuitas referências à série de TV e gráficos totalmente remodelados.

No jogo você pode a qualquer momento jogar com um dos 6 personagens principais: Hank, Bobby, Diana, Eric, Presto e Sheila, e cada um dos personagens possuem poderes específicos, iguais aos poderes da TV. O personagem que mais gosto de jogar é o Presto: seu poder permite ataques a distancia que são completamente aleatórios... podem ser úteis raios congelantes ou fortes furacões, ou então coisas inúteis como um sapo ou um pequeno porquinho. Muito engraçado! rs.

E para nós, a vantagem do desenvolvedor ser brasileiro é que o jogo está em português, trazendo trilha sonora e nomes dos personagens do jeito que conhecemos no passado. Cada personagem pode evoluir de nível ao longo da partida, e além disto, há alguns personagens secretos para desbloquear e jogar. Quer saber um deles? Lá vai... Sir John.

Ficou interessado? O link para download do jogo é esse aqui, mas se quiser ver o jogo em ação primeiro antes de sair jogando, basta ver este vídeo. Até agora não joguei muito, mas já me diverti bastante. E já alerto que o jogo é bem difícil e não tem continue!




PS: conforme já expliquei neste blog, em 2013 (leia aqui), o episódio final "Réquiem" chegou a ser escrito oficialmente, porém nunca foi produzido. Então, em 2020 um grupo de fãs resolveu recriar o episódio final com imagens iguaizinhas aos dos desenho original. O trabalho ficou muito bem feito, e pode ser visto clicando aqui. IMPORTANTE: embora este desenho seja muito fiel a Réquiem, o roteiro original termina no minuto 28 do vídeo, deixando o final em aberto. Tudo o que vemos a partir desse momento é invenção dos fãs.

PS2: o que é esse OpenBOR? Trata-se de uma engine gratuita para que fãs faça seus próprios jogos de Beat'em up. Se vocês pesquisarem, verão que tem muita gente pelo mundo fazendo muita coisa boa nessa plataforma. O OpenBOR foi criado para se fazer o jogo Beats of Rage (um "clone-homenagem" a Steets of Rage) e tempos depois seus desenvolvedores liberaram o "motor" do jogo para que outras pessoas fizessem seus próprios jogos-homenagens.

terça-feira, 22 de junho de 2021

Crítica - Cruella (2021)

 
Título: Cruella (idem, EUA / Reino Unido, 2021)
Diretor: Craig Gillespie
Atores principais: Emma Stone, Emma Thompson, Joel Fry, Paul Walter Hauser, John McCrea, Emily Beecham, Mark Strong, Kayvan Novak, Kirby Howell-Baptiste, Jamie Demetriou
Nota: 6,0

Um conto de fadas visualmente impressionante

Atualmente nos cinemas nacionais, e disponível via Disney+ daqui um mês, Cruella recicla a idéia que a empresa do Mickey já teve com Malévola, trazendo agora a vilã do clássico filme 101 Dálmatas (1961) como a heroína da vez.

Na história, que se passa bem antes dos eventos de 101 Dálmatas, aprendemos que Cruella (Emma Stone) era uma criança pobre de nome Estella, e que já nesta idade conheceu seus eternos capangas Horácio (Paul Walter Hauser) e Gaspar (Joel Fry). Ao realizar seu grande de sonho de ser uma estilista, trabalhando pela rica e famosa Baronesa (Emma Thompson), não demora muito para que a garota sofra nas mãos da chefe, descubra seus segredos sombrios, e resolva destroná-la no mundo da Moda.

As duas Emmas, como grande atrizes que são, estão muito bem em Cruella. Mas o maior atrativo do filme nem são elas, e sim, todo o visual desta produção. Seja devido a fotografia excelente, ou aos vários cenários incríveis, ou aos centenas de figurinos deslumbrantes. Visualmente Cruella é um conto de fadas de altíssimo nível. O filme também me agradou no uso da câmera, explorando constantemente ângulos diferentes e "impossíveis", e trazendo alguns planos-sequência bem bacanas.

Já em termos de roteiro Cruella não empolga. A história até divertida, mas é clichê, e falha ao ficar dando explicações no como Cruella virou a vilã que conhecemos no futuro. Há alguns momentos bem ruins, como por exemplo de onde surgiu o sobrenome "de Vil", em um trecho tão constrangedor como a explicação do sobrenome "Solo" de Han em Han Solo: Uma História Star Wars (2018). E por falar em copiar exemplos ruins, as pessoas não perceberem que Cruella e Estella são a mesma pessoa é tão bobo como não perceber que Clark Kent é o Superman. Essa "inocência" de roteiro da época de se amarrar cachorro com linguiça está presente em todo o filme.

Também me desagradou perceber no final que a história contada não é 100% fiel ao universo mostrado no 101 Dálmatas. Há algumas definições que contradizem a Cruella mostrada no clássico original.

Sendo apenas um bom passatempo e nada mais, Cruella deverá agradar mais os olhos do que a mente. Para quem quiser se perder em vestidos maravilhosos, mansões espetaculares, o filme é uma ótima pedida. Nota: 6,0.



PS: o filme tem uma cena extra importante logo no começo da apresentação dos créditos finais, não perca!

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Curiosidades Cinema Vírgula #004 - O excêntrico Bill Murray

 

Se você leu meu artigo anterior, verá que fiz referência (mais uma vez neste blog) ao clássico filme de comédia dos anos 90, Feitiço do Tempo. Está na hora então de conhecermos um pouco mais sobre Bill Murray, o protagonista desta comédia romântica que foi muito copiada desde então.

Muitos nomes do showbiz vivem, além de seu talento, da fama proporcionada por seu comportamento incomum. E o ator / comediante Bill Murray, hoje com 70 anos e ainda na ativa, é certamente um deles.

Bill Murray se tornou famoso no final dos anos 70, através do programa de TV Saturday Night Live. Nos anos 80 ele participou de vários filmes de sucesso - sendo os principais deles os dois Os Caça-Fantasmas (1984 e 1989) - e sempre trabalhando com o diretor Ivan Reitman e o roteirista / diretor Harold Ramis. 

O auge de seu sucesso veio com Feitiço do Tempo (1993), dirigido por Ramis, e é deste filme a primeira da lista de "excentricidades" do ator. Vamos a elas?

  • Não muito animado em participar de Feitiço do Tempo, Murray evitava ao máximo qualquer contato com a produção, sendo um sacrifício para qualquer um entrar em contato com ele. Harold Ramis então sugeriu a Bill para que ele contratasse um assistente pessoal para tratar desses assuntos. Dito e feito, Bill Murray contratou um jovem surdo como assistente. Detalhe: ninguém da produção, nem mesmo Murray, sabia falar na linguagem de sinais. Como todos sabemos, o filme foi concluído com sucesso. Mas depois deste episódio Harold rompeu em definitivo com Bill e nunca mais trabalhou com ele.
  • E essa dificuldade de contato se mantém até hoje. Bill Murray não tem nenhum agente, relações públicas ou assistente. Ele tem um número de telefone comercial de onde recebe mensagens via correio de voz.
  • Seu temperamento instável já garantiu vários problemas no trabalho. Por exemplo durante a gravação do filme Nosso Querido Bob (1991), quando Richard Dreyfuss sugeriu a Murray mudar alguns diálogos, o ator retrucou ofendendo-o e atirando um enorme cinzeiro de vidro em sua direção. Na produção deste mesmo filme, Bill jogou a produtora do filme Laura Ziskin em um lago durante uma discussão.
  • Outro caso de discussão famoso ocorreu nas filmagens de As Panteras (2000), Bill Murray criticou diante de toda a equipe a qualidade de interpretação de Lucy Liu, que de tão irritada, chegou até a dar alguns socos no ator. Embora negado oficialmente por Lucy, o consenso é que este episódio realmente ocorreu, e de fato, Murray não foi convidado para repetir seu papel de Bosley na continuação As Panteras: Detonando (2003)... em seu lugar apareceu o ator Bernie Mac.

  • Mas Bill Muray não vive só de tretas, pelo contrário. Em 2014 o ator resolveu se intrometer na sessão de fotos de noivado de um casal de desconhecidos que viu em frente de uma Igreja, e uma das provas está na imagem acima. No mesmo ano, ele invadiu uma festa de despedida de solteiro e resolveu fazer um discurso, dando conselhos para o então desconhecido noivo.

  • No festival SXSW (South by Southwest) de 2010, Bill fez amizade com um dos bartenders, que o convidou para distribuir bebidas junto com ele, no que o ator aceitou empolgadamente. A partir daí Murray passou a preparar bebidas para os clientes. Detalhe: não importa qual o drink que a pessoa pedia, Bill Murray sempre entregava tequila.
  • Há vários relatos (e algumas fotos) de Bill Murray passeando por Nova York, aceitando aleatoriamente convites de cantar em Karaokês, ou aparecendo em restaurantes roubando batatas fritas de turistas.
  • Após o término de uma partida de basquete universitário que Murray assistia, um garoto apresentou a Bill a sua bisavó, que estava fazendo 94 anos, e por isso pediu a ele que tirasse uma foto com ela como presente. Murray então respondeu: "Não acha que deveríamos cantar parabéns para ela?". Então Bill Murray e o bisneto cantaram juntos o "Parabéns para você" completo para a aniversariante.

  • E, para encerrar: em 2016 Bill Murray estava em Washington para receber um prêmio, e resolveu invadir a conferencia de imprensa que estava acontecendo na Casa Branca. Os repórteres presentes entraram na brincadeira, começaram a chamar Murray de "Senhor Presidente", e fizeram uma sessão de perguntas aleatórias por alguns minutos.



PS: Já viu as outras curiosidades do Cinema Vírgula? É só clicar aqui!

domingo, 6 de junho de 2021

Crítica Netflix - Dois Estranhos (2020)

 

Título: Dois Estranhos ("Two Distant Strangers", EUA, 2020)
Diretores: Travon Free, Martin Desmond Roe
Atores principais: Joey Bada$$, Andrew Howard, Zaria, Mona Sishodia
Nota: 8,0

Forte mensagem seguindo o movimento #BlackLivesMatter

Bastante inspirado no triste episódio de violência policial e racismo ocorrido nos EUA com a morte de George Floyd, Dois Estranhos junta este delicado e atual tema com o loop temporal da clássica comédia Feitiço do Tempo (1993). Mas aqui não há nada para se rir, muito pelo contrário.

Sendo um curta-metragem com 32 minutos de duração, Dois Estranhos é produção original Netflix e vencedora do Oscar de Melhor Curta-Metragem de 2021. Na história, o jovem negro Carter (Joey Bada$$) acorda na casa de Perri (Zaria) após uma noite de amor. Ao sair da casa da namorada, é abordado pelo policial Merk (Andrew Howard), que acaba o agredindo e matando-o. Então Carter acorda novamente na casa de Perri para o ciclo começar novamente...

Não posso dar muito mais detalhes da trama, pois o filme esconde várias surpresas. Gosto da solução encontrada por Carter para resolver o problema, das reviravoltas, e da mensagem final, até otimista.

Se a estrutura de loop temporal é algo clichê hoje em dia, pelo menos o curta consegue sair do senso comum, o que é muito bem vindo; além disto, e principalmente por isso, Dois Estranhos leva o espectador a se indignar e a refletir. Até por ser bem curto, é um filme que indico para todos assistirem. Nota: 8,0

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...