domingo, 6 de julho de 2014

Crítica - O Grande Hotel Budapeste (2014)

Título: O Grande Hotel Budapeste ("The Grand Budapest Hotel", Alemanha / EUA, 2014)
DiretorWes Anderson
Atores principaisRalph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Jude Law, Saoirse Ronan, Adrien Brody, Willem Dafoe, Jeff Goldblum, Mathieu Amalric, Edward Norton, Tilda Swinton, Jason Schwartzman, Tom Wilkinson, Léa Seydoux, Bill Murray, Harvey Keitel

Mais um divertido filme de Wes Anderson

Dentre os poucos diretores da atualidade que produzem os tais filmes "autorais", o estadunidense Wes Anderson é definitivamente um deles. Seus filmes possuem muitas características em comum, mas, principalmente, são filmes de um humor rápido e de personagens bizarros, e que sempre nos divertem muito.

Como sempre, a história é contada de maneira acelerada, com muitos cortes, várias cenas onde os atores aparecem estáticos e milimetricamente no centro da tela, como tudo se fosse uma pintura. Cores fortes, cenários improváveis, bastante coloridos, e muitos, muitos personagens, todos eles no mínimo excêntricos. Repare acima na lista de atores principais e perceba que também em O Grande Hotel Budapeste não há economia em personagens. Ótimos nomes de Hollywood aparecem mais uma vez reforçando a qualidade das obras de Wes Anderson.

O Grande Hotel Budapeste começa com um interessante exercício de narrativa, em camadas. Vemos uma menina, na fictícia república de Zubrowka de hoje, abrindo o livro sobre o hotel símbolo de seu país, e então somos transportados ao prefácio escrito pelo "autor" (Tom Wilkinson), que por sua vez, quando o livro começa, nos transporta aos anos 60 nos explicando sobre sua entrevista com o dono do hotel, o milionário Moustafa (F. Murray Abraham), que conta sua história.

E são as aventuras do jovem Moustafa na década de 30 - na época um jovem mensageiro de nome Zero (Tony Revolori) - e seu chefe, o concierge Monsieur Gustave H. (Ralph Fiennes), que são a verdadeira trama do filme. Ao longo da projeção, vemos como a propriedade do hotel passou para Gustave, que por sua vez, passou para Zero.

Notem que por mudar para a década de 30, o formato da tela vai para 1,37:1 (um formato quase quadrado, emulando o cinema daquela época, artifício também utilizado em O Artista). Estes "detalhes" são cuidados com esmero em O Grande Hotel Budapeste. O figurino e o cenário são muito bem feitos, nos convencendo da volta ao passado.

Com diálogos afiados e bastante humor, os 100 minutos de projeção passam num piscar de olhos, o que é um ótimo sinal. Comparando com o que considero as melhores obras do diretor, os filmes Os Excêntricos Tenenbaums (2001) e Moonrise Kingdom (2012), O Grande Hotel Budapeste é o melhor tecnicamente. Por outro lado, o roteiro não me cativou tanto. Ao contrário dos outros dois filmes citados, aqui a história envolve muito mais cenas de ação, e o sentimento dos personagens não é tão aprofundado, o que nos leva a um certo distanciamento dos protagonistas. Mesmo assim, o lado emocional não é descartado. Por exemplo, é trágica a situação de Monsieur Gustave, um homem "civilizado" que perde tudo com a chegada da guerra.

Contando com um enorme e talentoso elenco coadjuvante (e com ótimas atuações dos protagonistas Tony Revolori e Ralph Fiennes), se para mim O Grande Hotel Budapeste não é a melhor obra de Wes Anderson, no mínimo mostra que ele está tecnicamente cada vez melhor. E mais, reforça que seus filmes são sempre divertidos, imperdíveis. Quem ainda não conhece o trabalho deste diretor, corra aos cinemas! Você não irá se arrepender. Nota: 7,0

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