quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Crítica - Homens, Mulheres e Filhos (2014)

Título: Homens, Mulheres e Filhos ("Men, Women & Children", EUA, 2014)
Diretor: Jason Reitman
Atores principais: Rosemarie DeWitt, Jennifer Garner, Judy Greer, Dean Norris, Adam Sandler, Ansel Elgort, Kaitlyn Dever

Filme é retrato fiel da "sociedade digital" contemporânea

Baseado em um livro homônimo de 2011 de Chad Kultgen, Homens, Mulheres e Filhos é o novo filme do diretor canadense Jason Reitman. Conhecido, dentre outros trabalhos, por dirigir Juno (2007) e Amor sem Escalas (2009), sua mais recente produção lembra um pouco estes dois títulos, ao trazer relacionamentos adolescentes e também, por manter um tom pessimista sobre o comportamento humano.

Sendo um filme de personagens, a história mistura relacionamentos (sejam de adolescentes ou adultos) com o impacto que a tecnologia atual (Internet, celulares, games online, etc) exerce sobre os mesmos.

Todo o numeroso elenco é composto de personagens bem caricatos, clichês, exagerados: assim temos o "casal adolescente certinho e fora de moda" Tim (Ansel Elgort) e Brandy (Kaitlyn Dever), um casamento em crise, com Don (Adam Sandler) e Helen (Rosemarie Dewitt) cansados da mesmice, uma mãe psicótica e ultra controladora (Jennifer Garner), uma mãe (Judy Greer) que não conseguiu ser atriz e portanto faz tudo para transformar sua filha ultra-mimada-e-periguete Hannah (Olivia Crocicchia) em uma, a menina ingênua anoréxica (Elena Kampouris) que idolatra um bad boy mais velho, um pai amargurado (Dean Norris) que não consegue se comunicar com o filho, e finalmente, um adolescente viciado em filmes pornô tão perturbados que não consegue ter um relacionamento normal (Travis Tope).

E o que acontece com estes personagens... bem, embora no roteiro surjam algumas surpresas, em geral tudo também é bem previsível, clichê. Apesar disto, todas as atuações são excelentes, e os personagens convencem. Ou melhor, minto: dois deles não convencem, e a culpa não é de seus intérpretes, e sim do roteiro: a personagem da Jennifer Garner, e principalmente, a personagem de Judy Greer. É simplesmente impossível acreditar que a personagem dela faria a "besteira" que é revelada no final do filme.

Devido as características acima, Homens, Mulheres e Filhos não agradou a crítica especializada. Porém não segui esta mesma linha. Sim, os personagens são exagerados, mas suas ações, dilemas, medos, são exatamente um retrato do que temos hoje no mundo "digital" atual. Portanto, quando o filme se encerra, ele leva o espectador a refletir bastante sobre tudo o que assistiu. E isto é ótimo! Arte não é isto?

Outro ponto curioso de Homens, Mulheres e Filhos é, intencionalmente ou não, não conseguir colocar a "culpa" dos nossos problemas na tecnologia. Há mais cenas onde a tecnologia é a vilã, porém há outras onde ela é mostrada como neutra, até positiva. Se a premissa do filme era discutir tecnologia, então neste ponto ele é falho, pois sobre isto se tornou inconclusivo.

Ao contrário do que é vendido, Homens, Mulheres e Filhos não é uma mistura de comédia com drama. É só drama. E mesmo que não sejamos muito surpreendidos com as situações destes dramas, o fato de presenciá-los todos - que afetam homens e mulheres e adolescentes - é o que faz toda a diferença. Homens, Mulheres e Filhos acaba sendo uma fotografia, um retrato da geração classe média ocidental atual. E nos faz refletir para mudarmos, melhorarmos. Sendo assim, o resultado final é que temos sim um bom filme. Nota: 7,0

PS: você que assistiu o filme, não reconhece na foto o cabeludo do canto superior esquerdo? Pois é, ele não apareceu na história mesmo. Trata-se do diretor, Jason Reitman.

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