sábado, 27 de dezembro de 2014

Crítica - No Limite do Amanhã (2014)

Título: No Limite do Amanhã ("Edge of Tomorrow", Austrália / EUA, 2014)
Diretor: Doug Liman
Atores principais: Tom Cruise, Emily Blunt, Brendan Gleeson, Bill Paxton, Noah Taylor

Um filme surpreendentemente bom de loop temporal

Não é a primeira vez que temos uma história de alguém "preso no tempo", ou seja, alguém que seja ao morrer (ou ao final de um dia), volta repetidamente à um mesmo ponto do passado preservando as memórias do que aconteceu antes deste "reset". Este conceito já foi utilizado em seriados de ficção (um episódio de Arquivo X, por exemplo) e filmes, onde talvez o exemplo mais famoso seja o Feitiço do Tempo (1993), com Andie MacDowell e o fantástico Bill Murray.

Em No Limite do Amanhã o detentor deste "habilidade" é o protagonista Major Cage (Tom Cruise), que se encontra em uma feroz batalha entre a humanidade e uma raça alienígena que desembarcou meses atrás na Terra para conquistar nosso planeta. Só que nós, infelizmente, estamos tomando uma surra.

Após algumas mortes (e recomeços na história), Cage encontra o cientista Dr. Carter (Noah Taylor) e a melhor combatente humana, a soldado Rita (Emily Blunt), que são os dois únicos a acreditarem no poder desenvolvido por Cage. É então que o trio tenta encontrar uma maneira de, usando as habilidades de Cage, vencer a guerra.

O fato de Cage ter como ponto de partida um fronte de batalha faz com que No Limite do Amanhã tenha muitas cenas de ação, o que não é uma novidade para o diretor estadunidense Doug Liman, conhecido principalmente por A Identidade Bourne (2002). Por isto mesmo Liman conduz o filme muito bem, as cenas de luta são bem feitas, repletas de adrenalina.

Mas não é só a ação que funciona bem em No Limite do Amanhã. Em termos de roteiro e montagem, o filme da um show ao nos mostrar o repetido ciclo de "morre-revive" de Cage sem cansar o espectador. Ao contrário, tudo é bem dinâmico, coerente em termos de continuidade, e até chega a trazer alguns momentos de humor - não propositais, aliás - que justamente por isto condizem perfeitamente com o tom tenso e dramático da história.

O foco é concentrado apenas em Cage, e com isto, ele é o único personagem que se desenvolve ao longo da trama. Isto não é um defeito do filme, e chega a ser até prazeroso acompanhar sua evolução, vê-lo se tornando cada vez mais forte aprendendo a cada morte, ver os testes de causa-reação que ele usa como experiência, acompanhar suas variações de humor, e principalmente, vê-lo se apaixonar pela Rita sem demonstrar isto de maneira explícita em nenhum momento.

Os efeitos especiais também são muito bons, o design traz para as telas um universo futurista crível, e até os alienígenas - talvez demasiadamente rápidos, o que dificulta um pouco ver o que eles fazem nas cenas - convencem como o adversário terrível que deveriam ser.

No Limite do Amanhã caminha para seu final de maneira quase irretocável... até que chega em seu desfecho, que considero duplamente problemático. Para não dar spoilers, falo sobre estes problemas no "PS" ao final do texto.

Como curiosidade, Brad Pitt era o ator originalmente imaginado para este filme, e recusou a participar. No Limite do Amanhã tem todo o jeitão de roteiro de um video-game mas na verdade é baseado em uma série de light novel japonesa intitulada All You Need is Kill.

Sendo surpreendentemente um dos melhores filmes de ficção científica do ano, No Limite do Amanhã conseguiu me deixar empolgado e "mentalmente respeitado" durante quase toda sua projeção, mesmo sendo um filme de ação. Uma pena que tenha derrapado no final, o que baixa sua nota, que aliás, ainda assim é alta. Nota: 8,0.


PS: ATENÇÃO: comentarei aqui sobre o final do filme, é spoiler total. Leia apenas após ter assistido Limite do Amanhã. A história, que estava irretocável e excelente acaba se perdendo quando os loops acabam. A partir daí, temos os dois problemas que citei anteriormente. O primeiro deles, é que o roteiro faz o ato de chegar até o "alien mestre" algo impossível, muito difícil de ser realizado. Porém depois que se chega ao local do alien, matá-lo ficou consideravelmente fácil. Faltou equilibrar melhor ambas as sequências.
Finalmente, querer fazer do final um final feliz, onde o mocinho termina com a mocinha é lamentável, pois se trata de uma falha grave de roteiro. Não há absolutamente nenhuma explicação lógica para voltarmos a um estado temporal onde todos os humanos estão vivos e o "alien mestre" morto. Este estado nunca aconteceu, e portanto, Limite do Amanhã se encerrou com um grave erro de continuidade.

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