domingo, 26 de fevereiro de 2017

Aquecimento para o Oscar 2017


Pela primeira vez desde que iniciei este blog não irei postar meus palpites para os vencedores do Oscar nas principais categorias do evento. O motivo é que por questões pessoais não consegui assistir todos os principais indicados antes da cerimônia, ficando então injusto opinar.

Mas o fato não impede de que o Cinema Vírgula traga uma cobertura mínima do evento de hoje a noite.

Abaixo segue a lista dos filmes deste com 3 ou mais indicações. Clique nos títulos em negrito para ver a crítica dos mesmos:

14 indicações: La La Land
8 indicações: A Chegada, Moonlight
6 indicações: Até o Último Homem, Lion, Manchester à Beira-Mar
4 indicações: Um Limite Entre Nós, A Qualquer Custo
3 indicações: Estrelas Além do Tempo, Jackie


Quem será o grande vencedor

La La Land: Cantando Estações deverá ser o maior vencedor de estatuetas hoje, além de levar o prêmio máximo de Oscar de Melhor Filme.

Se minha previsão se confirmar, lamentarei bastante. Sim, La La Land é tecnicamente maravilhoso (principalmente em se tratando de figurino, design de produção e fotografia); mas como musical é apenas mediano e como romance é apenas bom. Muito pouco para quem vai ganhar o título de "melhor filme do ano".

Isto sem contar que mais uma vez teríamos a Academia privilegiando uma obra que homenageia ela mesma, ou melhor, a história do Cinema. Em uma época de "pós-verdade" onde racismo e xenofobia se espalham pelo planeta, se La La Land vencer mais uma vez os figurões de Hollywood mostrariam que continuam alienados do mundo "real".

Aliás, esta é a safra de filmes indicados mais fraca que vejo em anos. Dos que vi até agora A Chegada é muito superior a todos os demais (que chegam no máximo a nota 7). Porém ainda demorarão vários anos para que a Academia prestigie um filme de ficção científica do jeito que ele merece.


Não percam, é hoje, domingo de carnaval, as 22h!

A cerimônia do Oscar 2017 é hoje, domingo dia 26/02, e somente será transmitida ao vivo pelo canal TNT, a partir das 21h com a chegada dos famosos no tapete vermelho. Na TV aberta a Globo passará os melhores momentos no dia seguinte, as 15h. E sem gafes da Gloria Pires deste vez :P

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Dupla-Crítica: Lion: Uma Jornada Para Casa (2016) e Jackie (2016)

A menos de uma semana da cerimônia do Oscar 2017, segue a crítica de mais duas produções multi-indicadas: Lion: Uma Jornada Para Casa (com 6 indicações) e Jackie (com 3 indicações). Vamos a elas!

Lion: Uma Jornada Para Casa (2016)
Diretor: Garth Davis
Atores principaisDev Patel, Sunny Pawar, Nicole Kidman, Rooney Mara, David Wenham, Abhishek Bharate, Priyanka Bose

Baseado em fatos reais, Lion conta a história do garoto indiano Saroo, que com 5 anos se perdeu da família em uma estação de trem. Adotado posteriormente por um casal australiano, 25 anos após seu incidente ele tenta reencontrar sua família.

O filme é dividido em dois grandes atos, o primeiro com Saroo criança, interpretado por Sunny Pawar, e o segundo com Saroo adulto interpretado por Dev Patel. Lion conta com belíssimas fotografias e trilha sonora, um final bastante emocionante, mas ainda assim não empolga. O motivo? O filme é muito longo e muito lento.

Uma história que poderia ser contada em alguns minutos acaba sendo transformada em um filme de duas horas graças a inclusão de flashbacks desnecessários, cenas repetidas, cenas de paisagens, e personagens que não acrescentam à trama (como a de Rooney Mara). Ainda que eu aprove bastante que a bela história de Saroo seja conhecida pelo mundo todo, ela não tem material suficiente para virar um filme. Nota: 5,0


Jackie (2016)
Diretor: Pablo Larraín
Atores principais: Natalie Portman, Peter Sarsgaard, Greta Gerwig, Billy Crudup, John Hurt 

A imagem que tenho de Jacqueline Kennedy é de uma mulher forte, que perdeu dois filhos no nascimento e que estava ao lado de seu marido JFK quando o mesmo foi assassinado, de onde ela tentara levá-lo com vida ao hospital mesmo tendo sangue e até pedaços do cérebro do mesmo respingados em seu corpo.

Ao mesmo tempo, também vejo "Jackie" como a rica mimada e fútil que passou seu tempo como primeira dama dos EUA dando festas na Casa Branca e que fez questão de transformar o funeral de seu marido-presidente em um gigantesco evento midiático.

E o filme Jackie mostra exatamente estes dois lados da ex senhora Kennedy, sem ter a intenção de julgar que foi a "verdadeira" Jackie, ainda que justifique que parte das ações dela eram na verdade sua busca pela sobrevivência no mundo do marido.

A história contada pelo filme é bem interessante, trazendo o tão exaustivamente assunto da morte de John Kennedy sob uma perspectiva rara de bastidores e levemente feminina. Ainda assim, o roteiro tem sua ressalva: o quanto dele é "real"? Afinal, o filme é levemente baseado em uma entrevista dada por Jackie semanas após ficar viúva - fonte por si só parcial. E o restante da história, certamente teve mais preocupação narrativa do que em ser verídica.

Natalie Portman mais uma vez entrega uma ótima atuação. O maior destaque entretanto é a imitação quase perfeita que a atriz faz da voz e sotaque de Jackie. Realmente impressionante! Outro ponto curioso envolvendo atores é que Jackie é o último filme de John Hurt, falecido em Janeiro deste ano.

Jackie entrega uma história interessante e diferente, mas sem nenhum grande momento. Além disto, peca pelo ritmo lento e pela trilha sonora pesada e melodramática. Ainda assim, deve agradar bem os amantes de política e História. Nota: 6,0

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Crítica - Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)

Título: Moonlight: Sob a Luz do Luar ("Moonlight", EUA, 2016)
Diretor: Barry Jenkins
Atores principais: Mahershala Ali, Alex R. Hibbert, Janelle Monáe, Naomie Harris, Ashton Sanders
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=cYFIBxizOW0
Nota: 7,0
Filme traz história forte e comovente, mas falha na conclusão

Existem vários filmes que se propõem a acompanhar a vida de uma pessoa por décadas, onde vemos verdadeiramente seu crescimento e temos um melhor entendimento do porquê este alguém tomou determinados rumos em sua vida. Filmes assim, quando bem escritos, costumam ser acima da média, e é felizmente o caso de Moonlight: Sob a Luz do Luar.

Contando praticamente apenas com personagens negros, e com cenários na periferia de Miami, talvez o mais bacana em Moonlight é que se trata de uma jornada de auto-conhecimento que independe de cor, gênero, local e época.

Na história acompanhamos a vida do "pequeno" Chiron em três atos: o primeiro como criança, o segundo como adolescente, e o terceiro como adulto. Chiron é uma criança franzina, tímida, e que sofre bullying frequentemente dos garotos da escola, principalmente porque sua mãe Paula (Naomie Harris) é uma prostituta. Sem pai e sem atenção da mãe, Chiron acaba sendo "adotado" pelo traficante Juan (Mahershala Ali), que verdadeiramente quer ajudá-lo.

Moonlight tem ótima qualidade técnica, com boa fotografia, edição e trilha sonora. Não a toa, o filme levou indicação ao Oscar nestas três categorias. A direção também é muito boa, conseguindo com bastante sensibilidade transpor da tela para o espectador os sentimentos dos personagens.

Os dois primeiros arcos de Moonlight são muito bons, é fácil se comover com os dramas de Chiron e assistir com bastante interesse os dilemas morais das pessoas que o cercam. Solidão e violência levam o garoto à uma fase adulta com vários problemas... e é aí que o filme decepciona.

Em seu ato final, o mais curto de todos, Moonlight se limita a mostrar uma história de romance. Por quase toda sua duração, o filme abrange vários aspectos da vida de Chiron para posteriormente descartar todos estes temas e focar apenas em sua paixão de adolescente.

Apesar do desfecho abrupto e - para mim - bem incompleto, Moonlight: Sob a Luz do Luar ainda vale bastante a pena ser assistido por ser um drama diferente e tocante. Nota: 7,0

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Crítica - Até o Último Homem (2016)

Título: Até o Último Homem ("Hacksaw Ridge", Austrália / EUA, 2016)
Diretor: Mel Gibson
Atores principais: Andrew Garfield, Sam Worthington, Luke Bracey, Vince Vaughn, Hugo Weaving, Teresa Palmer
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=gSBAzgT7Z6I
Nota: 8,0
Uma grata novidade no universo da 2ª Guerra

Dez anos após seu último projeto na direção - Apocalypto (2006) - o polêmico Mel Gibson retorna com Até o Último Homem. Gibson, que tem a fama de "cultuar" a violência, desta vez conta a história real de um pacifista que se recusava a pegar em armas. Que irônico e curioso!

No filme conhecemos a história de Desmond T. Doss (Andrew Garfield), um estadunidense que serviu as tropas dos EUA na 2ª Guerra Mundial em 1945, na Batalha de Okinawa. Devido a alguns incidentes ao longo de sua vida - e também por ser Cristão - Desmond era radicalmente anti-armas (se recusava a encostar em uma); mas ainda assim queria servir seu país na guerra como médico.

Dividido em duas grandes partes: o antes da guerra (onde vemos a infância de Desmond e seu treinamento no exército), e a batalha em si (bastante violenta), Até o Último Homem certamente se diferencia dos outros milhares de filmes de guerra devido seu herói inusitado. Ainda que a atuação de Andrew Garfield não seja extraordinária, o (não tão) jovem ator se mostra bastante talentoso e competente, e além disto está muito bem acompanhado por diversos outros bons atores.

Tecnicamente o filme traz uma boa fotografia, efeitos sonoros realistas, e cenas de batalha bastante variadas e bem coreografadas. Ponto positivo para Mel, que faz por merecer sua 2ª indicação ao Oscar na direção.

Com uma história tocante e interessante, Até o Último Homem é um dos melhores filmes deste Oscar 2017, ainda que possua alguns defeitos básicos: a trilha sonora é excessiva e bastante melodramática. Algum exagero também pode ser colocado em algumas ações do carismático Doss.

Eu, que já estou bastante cansado de assistir filmes da 2ª Guerra, encontrar em Até o Último Homem uma história bem interessante de seu começo ao fim é uma constatação do quanto este filme consegue ter sua dose de inovação e universalidade. Nota: 8,0

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Crítica - A Qualquer Custo (2016)

TítuloA Qualquer Custo ("Hell or High Water", EUA, 2016)
Diretor: David Mackenzie
Atores principais: Jeff Bridges, Ben Foster, Chris Pine, Gil Birmingham
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ej0oQRR8rNc
Nota: 6,0
Faroeste atual entretém mas não impressiona

Uma das maiores surpresas do Oscar 2017 com 4 indicações (dentre elas a de Melhor Filme), A Qualquer Custo é um filme que mistura gêneros e referências.

Na história, que se passa no oeste estadunidense atual, os endividados irmãos Toby (Chris Pine) e Tanner (Ben Foster) resolvem pagar suas dívidas roubando de quem os levou à ruína: o Texas Midlands Bank. Para investigar estes roubos de baixas proporções são escalados dois Texas Rangers: o rabugento e quase aposentado Marcus (Jeff Bridges) e seu ajudante Alberto (Gil Birmingham).

A Qualquer Custo mistura os gêneros de faroeste, road movie e policial; ao mesmo tempo que seu tom se alterna entre a inocência dos "bons bandidos" (que roubam bancos mas não roubam pessoas nem as matam) com a melancolia e experiência do velho policial, de certa forma imitando (e não tão bem) a perspectiva do policial Ed de Tommy Lee Jones em Onde os Fracos não Têm Vez (2007).

O filme chega a flertar com temas bem atuais para os EUA, como a recente e grave crise financeira e imobiliária do país, mas não se aprofunda nisto. Também brinca com "jeitão" típico do texano: valentão, racista e preconceituoso; porém mostrando-o mais como pessoas pitorescas do que sendo uma crítica a este tipo de comportamento.

A Qualquer Custo consegue entreter, misturando ação e humor, embora em um ritmo muito mais lento que o público atual está acostumado. Mas em nenhum momento empolga, não há nada especialmente interessante em sua história. A meu ver, o filme não deveria de maneira nenhuma receber uma indicação de Melhor Filme pela Academia.

A indicação de Jeff Bridges como melhor ator coadjuvante também não me agrada. Claro, ele está muito bem, assim como os outros 2 atores principais do filme. Porém, fazer papel de velho mal humorado não é lá muito desafiador, ainda mais para ele. Se fosse para premiar um coadjuvante, que se indicasse Bem Foster... que por não ser um "rosto famoso", obviamente foi ignorado.

Com um faroeste contemplativo voltado para o público masculino, A Qualquer Custo é um exemplo eficiente de Neo Western, mas que não ficará para a posteridade. Nota: 6,0

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...