segunda-feira, 31 de julho de 2017

Crítica - Dunkirk (2017)

TítuloDunkirk ("Dunkirk", EUA / França / Países Baixos / Reino Unido, 2017)
Diretor: Christopher Nolan
Atores principais: Fionn Whitehead, Aneurin Barnard, Mark Rylance, Tom Hardy, Kenneth Branagh, Tom Glynn-Carney, Jack Lowden, Harry Styles
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=hDfPdL50VNc
Nota: 7,0
Belo, diferente, mas muito, muito barulhento

Em seu primeiro filme que não é 100% ficção, o cineasta Christopher Nolan nos mostra as praias de Dunquerque (Dunkirk em Português), na França, no ano de 1940 e em plena 2ª Guerra Mundial, onde cerca de 400 mil homens Ingleses, Frances e Belgas estavam cercados pelas tropas Alemãs e prestes a serem exterminados.

Vemos então, através de 3 histórias diferentes (e também 3 perspectivas distintas: na água, terra e ar), os eventos da histórica Operação Dínamo, evacuação quase milagrosa que salvou mais de 300 mil soldados.

As 3 histórias são interessantes (embora entreguem pouco conteúdo), e revelam algumas surpresas quando se encontram; além do curioso fato de não serem temporalmente lineares entre elas.

A abordagem de Nolan para a guerra não deixa de ser interessante: os horrores das batalhas estão bastante presentes, mesmo com pouco sangue na tela. Outro ponto bacana foi sua maneira de mostrar como as pessoas são insignificantes diante de batalhas tão grandes: praticamente nenhum personagem de Dunkirk tem seu nome apresentado durante a projeção. Isto também faz que os personagens mal tenham tempo para ganhar alguma personalidade. Apenas os atores Kenneth Branagh e Mark Rylance conseguem fugir desta regra, de tão bons que são atuando.

Como sempre nos filmes deste diretor britânico, a fotografia é belíssima. Mesmo com um diretor de fotografia "novo" (Nolan trocou o estadunidense Wally Pfister pelo suíço Hoyte Van Hoytema desde Interestelar (2014)), as imagens são grandiosas e feitas para impressionar no formato IMAX. Se aproveitando do fato de que boa parte das cenas serem na praia, temos imagens que são como pinturas de tirar o fôlego. O mesmo pode ser dito das batalhas aéreas em "primeira pessoa", deslumbrantes!

Porém, apesar de todas as qualidades acima, Dunkirk tem um problema gravíssimo em seu ritmo: o filme simplesmente não tem um "clímax"... ou melhor, ele é inteiramente um único e gigantesco clímax. Do primeiro ao último de seus 106 minutos de duração, tudo em Dunkirk é épico, repleto de tensão, com uma trilha incidental absurdamente alta e barulhenta.

Sem variações de ritmo e sem descanso para os ouvidos, assistir Dunkirk se torna uma experiência desagradável em alguns momentos. É muito barulho o tempo todo, e além disto, cada uma das 3 narrativas se desenvolve de maneira tão lenta que chega a cansar. Dunkirk é uma provação para mente e ouvidos.

Dunkirk continua confirmando minha teoria de que desde A Origem (2010), Christopher Nolan ficou com a idéia de que quanto mais grandioso e épico for um filme, melhor. Porém, nisto Nolan está equivocado... é só ver o que as irmãs Wachowski fizeram em O Destino de Júpiter (2015) pensando da mesma maneira. Nolan continua trazendo um cinema interessante e diferente, belíssimo visualmente, mas está se perdendo nos excessos. Desta vez entregou um filme que é bom, mas que não é nada fácil de assistir. Nota: 7,0

sábado, 29 de julho de 2017

Crítica - Em Ritmo de Fuga (2017)

TítuloEm Ritmo de Fuga ("Baby Driver", EUA / Reino Unido, 2017)
Diretor: Edgar Wright
Atores principais: Ansel Elgort, Kevin Spacey, Jon Hamm, Eiza González, Lily James, Jamie Foxx, CJ Jones, Jon Bernthal
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=TJrKYWPBTrc
Nota: 8,0
 Tudo o que Velozes e Furiosos e La La Land queriam ser e não conseguiram...
em um único filme

Um dos aspectos que mais valorizo em um filme é o quanto ele é diferente, inovador. E este é o caso do surpreendente Em Ritmo de Fuga. Na história, Baby (Ansel Elgort) é o motorista de fuga de uma gangue de assaltantes, em um filme repleto de ação. Portanto... nada novo até aí. O que torna Em Ritmo de Fuga diferente é o uso da música: Baby ouve músicas altas com seu fone de ouvido o tempo todo, sem parar, e nós espectadores ouvimos tudo junto com ele. Parafraseando seu diretor, Edgar Wright, o filme é "dirigido pela música". Em vários momentos Baby dança junto com sua trilha sonora em situações das mais inusitadas; ou ainda, em outras cenas, a ação acompanha o ritmo da música tocada... como por exemplo, os disparos em um tiroteio acompanhando as batidas da trilha musical.

Por mais estranho ou cansativo que a descrição acima pode parecer, o resultado é ótimo. Ver Baby em seu "mundo sonoro particular" dançando e ouvindo música o tempo todo enquanto tudo ao seu redor explode de ação em um ritmo frenético é uma experiência bastante agradável.

Comentando as comparações entre filmes que fiz no subtítulo acima, Em Ritmo de Fuga também possui manobras e perseguições de carro malucas, personagens "machões / fodões", mas diferentemente da franquia Velozes e Furiosos, aqui as cenas de ação são mais críveis, menos exageradas, muito melhor filmadas (sem aquele excesso absurdo de cortes de cenas), e com atores que sabem atuar de verdade. Já em relação a La La Land... ok, Em Ritmo de Fuga não é um musical. Entretanto, ambos possuem como destaques principais muita música e um casal de jovens inocentes, sonhadores e apaixonados. La La Land - que até é um bom filme - tentou modernizar os musicais do passado. E que para mim, fracassou neste quesito. O primeiro tem um apelo para o público mais velho; já o segundo, para o público mais jovem. É Em Ritmo de Fuga que consegue, afinal, trazer uma maneira nova e atualizada para desfrutar músicas no Cinema.

E que músicas! A trilha sonora é excelente, e mesmo sendo em sua maioria músicas mais agitadas, há também algumas canções mais lentas. No geral, entretanto, são todos ritmos bem dançantes. Ah sim: se em La La Land muitas músicas são de Jazz, aqui temos uma variação muito maior, cobrindo lançamentos do último meio século, e alternando entre diversos estilos de Rock, R&B, Soul e Pop.

Em Ritmo de Fuga não é só som. A fotografia tem alguns bons momentos, principalmente em algumas cenas de plano sequência. As cenas de ação também são muito boas e o roteiro com várias surpresas... é como se fosse um roteiro de Tarantino sem o destaque para os diálogos.

Em Ritmo de Fuga é minha maior surpresa positiva nos Cinemas deste ano até agora. E que com este filme o jovem diretor/roteirista Edgar Wright ganhe um maior e merecido reconhecimento. Você acha que não conhece seu trabalho? Pois Wright por exemplo também dirigiu Todo Mundo Quase Morto e Scott Pilgrim Contra o Mundo, e foi o roteirista de Homem-Formiga e As Aventuras de Tintim dentre outros. Mais um nome para acompanharmos mais de perto. Nota: 8,0

domingo, 23 de julho de 2017

Crítica - Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017)

TítuloHomem-Aranha: De Volta ao Lar ("Spider-Man: Homecoming", EUA, 2017)
Diretor: Jon Watts
Atores principais: Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr., Marisa Tomei, Jon Favreau, Jacob Batalon, Laura Harrier
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=x5Q0AzHr3FM
Nota: 8,0
O filme mais heróico do UCM

Ao invés de comparar este primeiro filme solo da 3ª encarnação do Homem Aranha nos cinemas com os filmes anteriores do Cabeça de Teia, irei compará-lo com todos os filmes do UCM (Universo Cinematográfico Marvel). E nesta comparação, Homem-Aranha: De Volta ao Lar é o filme que melhor transmite o sentimento de heroísmo dentre todos os filmes UCM até agora.

Neste 2º do Aranha temos o Peter Parker (Tom Holland) mais novo de todos, com 15 anos. Ou seja, ao invés de vê-lo "saindo" do colegial, ele ainda está em seu começo (curiosidade: Holland tinha 19 anos na época das filmagens). Na história, o garoto começa sua vida de super-herói enfrentando bandidos "comuns". Quando aparece a gangue do Abutre (Michael Keaton), que começa a vender armas alienígenas de grande poder de devastação em sua Nova York, o Homem Aranha tenta impedir o pior, enfrentando o maior desafio de sua vida.

O dilema principal deste filme é que Peter descobre que ao se tornar o Homem Aranha ele põe em risco de vida a Tia May (Marisa Tomei), que representa toda única família que ele tem; e põe a perder o relacionamento com a garota que ele adora, Liz (Laura Harrier). Além disto, inexperiente como combatente e desacostumado com os próprios poderes, em alguns momentos Peter teme pela própria vida, assustado em situações de alto risco. Para piorar, ele atua contra a vontade de Tony Stark (Robert Downey Jr.), ou seja, também coloca em risco sua chance de um dia ser aceito pelo grupo dos Vingadores.

Nunca nos filmes da Marvel um protagonista teve tanto a perder. E apesar de tudo, Peter Parker não desiste, pois sabe que tem um dever. O Homem Aranha até "curte" o sonho de ser super no começo da história. Mas quando as coisas se tornam realmente sérias, a "brincadeira" acaba e ele se sacrifica sem hesitar para ajudar as pessoas, que é a definição de herói e está um pouco esquecida nos cinemas atualmente. Aquelas "piadinhas" características dos filmes da Marvel aparecem em poucos momentos: estamos falando de um filme que enfim transmite perigo e seriedade nos desafios ao herói.

O tom mais "caseiro" de Homem-Aranha: De Volta ao Lar (ou seja, ele precisa salvar sua cidade, e não o mundo ou o universo) traz várias vantagens. As cenas de ação são bem filmadas e dispensam aquela quantidade absurda de efeitos especiais. Outra vantagem é que enfim no MCU temos um vilão de motivações críveis e interessantes, e que - respondendo a "cutucada" do escritor de Game of Thrones, George R. R. Martin - finalmente temos um vilão que tem poderes diferentes do herói.

Se tecnicamente o filme agrada bastante, assim como suas cenas de ação, em termos de elenco e coadjuvantes Homem-Aranha: De Volta ao Lar comete seus deslizes. A maioria dos personagens da escola de Peter são caricatos, sem graça, e quebram o ritmo do filme. O mesmo acontece com os descartáveis companheiros do Abutre, que mais parecem que estão no filme porque pagaram para fazer uma ponta, do que por atuação. Também é de se lamentar a pouca atenção dada à Tia May em detrimento da atenção exagerada dada a "Happy" (Jon Favreau), que pela milésima vez não convence com ator.

Simples, eficiente e heróico, Homem-Aranha: De Volta ao Lar é outro exemplo bem sucedido de renovação em filmes de super-herói, trazendo um tom diferente dos principais blockbusters da atualidade. Nota: 8,0.


PS 1: o filme possui duas cenas pós-créditos.

PS 2: o cinema imita a vida ou o contrário? São várias as "curiosidades" que misturam a vida real com este filme. Por exemplo, o ator Michael Keaton teve sua carreira "encerrada" após viver o Batman nos cinemas, para ser "ressuscitada" como um aposentado ator de um Birdman, para neste filme viver o também "pássaro" Abutre, em uma cena sob o luar que é igualzinha a que ele protagonizou no filme do Morcegão no passado; outro exemplo é que a voz do computador do Homem de Ferro - Jarvis - é feita por  Paul Bettany. Já a voz do uniforme deste Homem Aranha - Karen - é dublada por Jennifer Connelly. Bettany e Connelly são casados desde 2001.

domingo, 2 de julho de 2017

Dupla Crítica Filmes Netflix: Okja (2017) e Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo (2017)


Com poucos filmes interessantes em cartaz atualmente nos cinemas brasileiros, sempre resta a opção de assistir bons filmes em casa. Seguem breves críticas de mais dois filmes disponibilizados este ano na Netflix brasileira. O primeiro deles, aliás, estreou há apenas 4 dias atrás, em 28 de Junho. Aprendam mais sobre estes dois desconhecidos títulos!


Okja (2017)
Diretor: Bong Joon Ho
Atores principaisAhn Seo-hyun, Tilda Swinton, Paul Dano, Jake Gyllenhaal, Byun Hee-bong, Steven Yeun, Yoon Je-moon, Giancarlo Esposito

Filme escrito e dirigido pelo bom cineasta Sul-Coreano Bong Joon Ho (Expresso do Amanhã, O Hospedeiro), misturando atores de seu país com atores consagrados de Hollywood.

Na história, Lucy Mirando (Tilda Swinton), a presidente de uma enorme e gananciosa companhia estadunidense anuncia a descoberta de uma nova geração de porcos, os "superporcos", futura solução para acabar com a fome do mundo e preservando o ambiente. Os 26 primeiros "superporcos" são deixados por 10 anos em países diferentes, para ver como eles se comportam diante de criadores de costumes distintos. O porco enviado para a Coréia do Sul acabou se tornando o grande amigo da adolescente Mija (Ahn Seo-hyun), que quando é obrigada a devolver o amigo para a companhia Mirando, se recusa a fazê-lo.

Okja é um filme que critica as grandes corporações, ironiza os defensores dos animais, mas que ao mesmo tempo mostra o quão cruel é o consumo animal pelos humanos. O filme tem boa fotografia, boa trilha sonora, e consegue transmitir os sentimentos e dor da protagonista e de seu amigo animal.

Okja é certamente um bom filme, gostoso de acompanhar, e que nos leva a refletir e pensar. Seu ponto fraco é que sua mensagem é enfraquecida por alguns deslizes no humor (os personagens são em geral estereotipados e bizarros demais) e algumas cenas de ação que embora cinematograficamente bonitas, nada acrescentam à trama. Bong Joon Ho (que as vezes também aparece como Joon Ho Bong) continua fazendo filmes diferentes que valem a pena acompanhar. Nota: 7,0



Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo (2017)
Diretor: Macon Blair
Atores principais: Melanie Lynskey, Elijah Wood, Gary Anthony Williams, Devon Graye

Vencedor do prêmio do Grande Juri no festival de Sundance 2017 como melhor filme de drama estadunidense, aqui temos a história de Ruth (Melanie Lynskey), uma deprimida e solitária assistente de enfermagem que teve sua casa furtada e - devido o descaso da polícia - decide recuperar seus pertences com a ajuda de seu vizinho Tony (Elijah Wood).

Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo é um filme repleto de humor negro, personagens esquisitos, e bastante violento em sua parte final. Estas características lembram um filme de Quentin Tarantino... mas a comparação para por aí. Esqueça os atores famosos, os longos e inspirados diálogos, ou ainda, a ótima trilha sonora. Aliás, esqueça também o clima de aventura dos filmes "Tarantinescos". Aqui temos um drama, de ritmo lento, em que os acontecimentos violentos e bizarros não nos fazem rir, e sim, sentir pena da protagonista.

Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo é um filme diferente, para quem gosta de ser surpreendido mas não se importa em ver um filme lento e melancólico. Nota: 7,0

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...