segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Crítica - Star Wars: Os Últimos Jedi (2017)

TítuloStar Wars: Os Últimos Jedi ("Star Wars: The Last Jedi", EUA, 2017)
Diretor: Rian Johnson
Atores principaisDaisy Ridley, Adam Driver, Mark Hamill, Carrie Fisher, John Boyega, Oscar Isaac, Andy Serkis, Domhnall Gleeson
Saga enfim avança para lugares inexplorados

Mesmo tendo sido sucesso de crítica, uma reclamação comum sobre o filme anterior - Star Wars: O Despertar da Força - era que o mesmo não trazia nada de novo à trama; ele era basicamente um reboot do filme inicial Star Wars - Uma Nova Esperança (1977). A ótima notícia é que em seu novo capítulo a saga recebe uma história totalmente nova, sem seguir a estrutura dos 7 filmes anteriores, e finalmente traz rumos inéditos à franquia. Em contrapartida, Star Wars: Os Últimos Jedi é inferior ao filme de dois anos atrás.

Na história deste Episódio VIII temos uma continuação direta dos eventos do filme anterior. Enquanto Rey (Daisy Ridley) tenta convencer o recluso Luke Skywalker (Mark Hamill) a entrar na guerra ajudando a Resistência, ao mesmo tempo a Primeira Ordem dos vilões Kylo Ren (Adam Driver) e Snoke (Andy Serkis) descobriu a localização da base dos heróis e se prepara para realizar o ataque final.

Sendo um filme bastante irregular, a única maneira que encontrei para analisar Star Wars: Os Últimos Jedi foi separando seus prós e contras.

Em primeiro lugar, Star Wars: Os Últimos Jedi é um bom filme, e certamente irá agradar a maioria do público, independente da idade, e não importando se são fanáticos pela saga ou espectadores casuais.

Como destaque, Star Wars: Os Últimos Jedi traz as melhores imagens de toda a franquia; principalmente as batalhas espaciais são visualmente espetaculares. E não me refiro apenas em termos de ação, mas também do enquadramento, da "paisagem"... qualquer segundo destas cenas poderia ser "congelado" e virar um poster sensacional.

Outra grande ponto positivo é que o roteiro traz uma estrutura inédita, e uma trama com várias reviravoltas e surpresas. A mitologia sobre a "religião" Jedi é expandida e traz até algumas explicações, para a alegria dos fãs. Há também um bacana contraponto entre "jovens" e "velhos". Para uma franquia dita como sem profundidade, o roteiro é bem maduro em temas.

Em termos de desenvolvimento de personagens, o que nos é apresentado sobre os "portadores da Força" Luke, Kylo Ren e Rey é o ponto mais alto de Star Wars: Os Últimos Jedi. É bacana ver que os três possuem seus defeitos, seus conflitos, e continuam em busca da evolução. E mais ainda, é muito interessante como os três se interagem entre eles.

Por outro lado, além do trio citado no parágrafo anterior, apenas Poe Dameron (Oscar Isaac) ganha um desenvolvimento decente. Contando com um número exagerado de personagens e aparições especiais, todos os outros personagens não aprendem nada, nem contribuem com qualquer coisa da trama.

O pior do roteiro é a trama paralela envolvendo Finn (John Boyega). Nela é inserida o personagem DJ (interpretado por Benicio Del Toro, cuja única explicação de estar no filme é ser "amigão" do diretor ou de algum produtor), a personagem Rose (interpretada por Kelly Marie Tran, apenas para ter um asiático no filme), e traz também em pequenas aparições Maz Kanata (Lupita Nyong'o) e a Capitã Phasma (Gwendoline Christie). Depois desta dupla de boas atrizes ser praticamente ignoradas no filme anterior, com este mesmo tratamento dado à elas aqui, agora fica claro que elas foram contratadas apenas para emprestar o nome à franquia e mais nada. Ah, e além de ser inútil, a trama paralela conduzida por Finn exagera no CGI, e me lembrou instantaneamente dos piores momentos do Star Wars: Episódio I (1999).

Outro ponto frustrante são as piadinhas fora de hora e os "animaizinhos fofinhos pra vender bonequinhos". George Lucas já cometeu este erro em Star Wars: Episódio I mas a dona Disney nem se incomodou em repetir o que já foi bastante criticado no passado. Oras, o que vale é vender milhões de brinquedos dos Porgs, e não a qualidade do filme.

E se Star Wars: Os Últimos Jedi merece muitos elogios por esquecer do passado e pensar em uma nova história futura, os acontecimentos deste filme acabam por tornar "obrigatórias" as respostas para algumas perguntas. Afinal, quem é Snoke e porque não ouvimos falar dele nas duas trilogias anteriores? Ou ainda, como a Resistência pode estar ainda mais fraca neste ponto da história (após derrotar Vader e o Imperador) do que era quando ambos eram vivos? Tudo indica que estas respostas, infelizmente, nunca virão.

Além das perguntas não respondidas, há uma que foi respondida de maneira inconsistente. Me desculpem, mas a revelação sobre quem são os pais da Rey seria uma ótima sacada SE não entrasse em contradição com várias "dicas" sobre o assunto no filme anterior. E o pior, o diretor Rian Johnson (que também foi o roteirista do filme) declarou nesta semana que esta resposta pode "mudar" no futuro... o que pra mim estragaria ainda mais a história.

Finalmente, Star Wars: Os Últimos Jedi também tem problemas sérios de ritmo, principalmente por exibir dois finais para a história apresentada.

Somando prós e contras Star Wars: Os Últimos Jedi tem qualidades suficientes para entreter e agradar a maioria do público. Se por um lado traz um roteiro mais corajoso e maduro, por outro perde em emoção e apresenta um número considerável de falhas. Nota: 6,0.


PS: o que menos gostei do filme foi a cena final, em que simplesmente é dito na cara dura para nós, espectadores, que a história de Star Wars nunca vai terminar. Ou seja, a quantidade de filmes para a franquia é potencialmente infinita.

PS2: entre as pessoas que não gostaram do filme, uma das maiores críticas se referem ao comportamento do Luke. Na minha opinião, o Luke de Star Wars 8 tem um comportamento crível, e sua jornada (de ser uma pessoa "quebrada" mesmo quando todos esperavam que ele fosse um mestre fodão perfeito) é bastante corajosa e interessante. Não tenho nada a reclamar deste Luke DESDE QUE ele continue a orientar a Rey no próximo filme. Mas mesmo se isto acontecer, também não seria nenhuma tragédia, apenas teríamos mais um pequeno furo de roteiro.

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