domingo, 30 de julho de 2023

Crítica - Oppenheimer (2023)

TítuloOppenheimer (idem, EUA / Reino Unido, 2023)
Diretor: Christopher Nolan
Atores principaisCillian Murphy, Emily Blunt, Matt Damon, Robert Downey Jr., Florence Pugh, Josh Hartnett, Casey Affleck, Rami Malek, Kenneth Branagh, Benny Safdie, Dane DeHaan, Jason Clarke, David Krumholtz, Tom Conti, Alden Ehrenreich
Nota: 7,0

Nolan reaprende a contar histórias, mas seu ego ainda atrapalha

Acostumado a escrever os roteiros para seus filmes, e sendo todos de ficção, foi uma considerável surpresa ver que o novo trabalho de Christopher Nolan, Oppenheimer, se trata da adaptação de um livro (e aliás não um livro qualquer... uma biografia!). Trata-se American Prometheus, de 2005, escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwint e vencedor de Prêmio Pulitzer.

A história conta a vida do físico teórico estadunidense J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy), creditado mundialmente como o "pai da bomba atômica". Em termos de roteiro, ele não é contado de maneira totalmente linear, e é apresentado em 3 frentes: temos uma audiência interna na qual Oppenheimer é interrogado, outra audiência posterior e aberta ao Senado (sem a presença do cientista), e finalmente dezenas de cenas em que vemos Oppenheimer de fato "fazendo" o que está sendo dito nas investigações; esta é a maior parte do filme.

Ambas audiências são situadas na década de 50, e acabam recontando toda a saga de Oppenheimer, do começo de sua carreira até a construção da bomba. A audiência no Senado é filmada em branco-e-preto, e isto representa que mostra os fatos "crus". Já todas as demais cenas, por terem a presença do físico nelas, são sob seu ponto de vista, e são filmadas em colorido.

Antes de tudo, Oppenheimer é um filme sobre História, sobre Política, e sobre a pessoa complexa e controversa que Robert Oppenheimer foi. Porém, a maneira com que Christopher Nolan fez seu filme, sempre com cenas curtas e aceleradas, e com diálogos do mesmo modo, Oppenheimer quase se torna um filme de ação. São exatas 3 horas de projeção, mas você não sente o tempo passar. A história é muito dinâmica e muito interessante.

Como sempre também em todos os filmes de Nolan, seu filme está apoiado em uma fotografia magnifica, e em um enorme elenco de atores famosos e de alto nível. Cillian Murphy, o protagonista, está excelente. As duas principais atrizes, Emily Blunt e Florence Pugh, também estão muito bem. Mas minha maior surpresa foi ver tanto Matt Damon quanto Robert Downey Jr., que são bem caricatos, atuarem com bastante eficiência e com poucos deslizes.

Depois de vários filmes onde Nolan passa mais tempo tentando explicar o mundo que criou, do que focar no próprio conto que quer mostrar, é muito satisfatório ver que ele enfim voltou a fazer o que no passado mostrou saber fazer muito bem, que é contar histórias. Porém, infelizmente Nolan ainda não voltou aos seus melhores trabalhos, já que sua enorme ambição e ego ainda atrapalham.

A começar, quanto as imagens da explosão da bomba nuclear. Nolan fez uma propaganda absurda, se gabando de que tudo foi feito sem efeitos de computador. E mais ainda, que tudo é tão real e grandioso que precisa ser visto em iMAX; que aliás nem o iMAX conseguiu captar tanta grandiosidade infelizmente... Bem... não vejo desta forma. Claro, as imagens são bonitas, mas se tivessem sido feitas em computador, não vejo grande impacto no resultado. Aliás o impacto da explosão em si é bastante frustrante em termos de imagem... só vale a pena pelo som... e coisa de 5 segundos. Minha conclusão? Oppenheimer sequer é um filme que você "precise" assistir nos cinemas. Afinal, de maneira incoerente com sua propaganda, Nolan tratou em seu filme a explosão como algo muito coadjuvante. O que importa mesmo para ele é a vida de Robert Oppenheimer.

Na trilha sonora, Nolan usa uma mão "pesada", e alterna entre um tom de "épico/triunfo" e "drama interior" o tempo todo... temos uma música forte e alta quase o tempo todo, o que nos leva a alguns problemas de ritmo... é como se o filme tivesse um clímax a cada 20 min.

Mas o pior é quando o diretor / escritor quer "fazer Arte". As cenas de nudez são completamente desnecessárias; e o desfecho do filme, onde temos duas mini reviravoltas, apenas para passar a impressão de que o roteiro é "genial", foi decepcionante. Me senti mais enganado do que qualquer outra coisa, além de que é um final cujo tom é diferente do restante do resto que foi apresentado.
 
Com muitos prós e alguns contras, a conclusão para Oppenheimer é que Nolan enfim deixou a descendente que vinha em seus filmes e parece reencontrar o bom caminho. Que continue assim. E independente de tudo que falei sobre Nolan nesta crítica (e falei bastante rs), para quem gosta de História, Política, ou simplesmente de um bom filme, Oppenheimer é uma escolha certa. Nota: 7,0


PS: tudo começou como piada, porém o meme Barbenheimer, que ria do fato que os filmes de BarbieOppenheimer tiveram lançamento mundial no mesmo dia, e até "convidava" as pessoas a ter a experiência de assistirem os dois filmes no mesmo fim de semana de estréia, acabou tendo um efeito bastante inesperado e lucrativo. Com isso, a bilheteria de ambas as produções catapultaram e tiveram ótimos resultados (cerca de US$ 800 milhões somados na primeira semana), o que por sua vez, infelizmente, acabou virando "prejuízo" principalmente para Missão: Impossível - Acerto de Contas - Parte UmIndiana Jones e a Relíquia do Destino.

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