Depois de longos 31 anos, a franquia Corra que a Polícia Vem Aí! está de volta com seu quarto filme, no que em tese não é um reboot, afinal o personagem principal é o policial Frank Drebin Jr. (Liam Neeson), filho do falecido policial e herói da trilogia de filmes anteriores Frank Drebin (imortalizado pelo ator canadense Leslie Nielsen, também falecido, em 2010).
Na trama, o policial de Los Angeles Frank Jr. precisa investigar praticamente sozinho um estranho roubo de banco e, em paralelo, descobrir quem assassinou o irmão de seu novo interesse amoroso, Beth Davenport (Pamela Anderson).
Definitivamente o novo Corra que a Polícia Vem Aí! é uma grande homenagem aos filmes originais, seguindo a mesma formula e estrutura dos filmes anteriores e, é claro, com o mesmo estilo de anedotas nonsense, diálogos sem sentido e, piadas visuais inesperadas. Aliás, sobre homenagens, a franquia tem o costume de trazer várias participações especiais, e também o fez aqui, mas muito pouco, o que é uma decepção. Ainda assim, de maneira surpreendente, traz de volta o cantor Weird Al Yankovic (que esteve em todos os outros filmes) e em uma brevíssima aparição Priscilla Presley, refazendo a personagem de Jane, esposa de Frank e mãe de Frank Jr..
O filme traz piadas novas, se aproveitando dos novos tempos, e por exemplo também brinca com temas como o uso de celulares e redes sociais, o que é bem vindo. Por outro lado, dentre suas "modernidades", também faz uso de efeitos de computador criando situações simplesmente impossíveis (a de Frank se transformar em uma garotinha, que vemos no trailer, é um exemplo) e também há cenas onde temos violência sem ser engraçado. Nestes dois últimos casos, o "novo" foi para pior.
Corra que a Polícia Vem Aí! também repete algumas piadas de filmes anteriores, e mesmo que isso possa ser argumentado como "homenagem", ou "tradição", poderia ser evitado. Porém o maior erro do filme, se falarmos de "tradição", é manter objetificação feminina e fazer várias piadas sobre isto. Se durante os filmes dos anos 80 e 90 isso era algo comum, hoje os tempos são outros.
Apesar dos percalços, e de Liam Neeson não ser nem de longe um Leslie Nielsen, o filme acaba sendo como um todo bem divertido, com várias cenas bem engraçadas de besteirol, e resgatando para os cinemas um estilo de humor que há muitos anos não dava suas caras.
Aliás, Neeson não é Nielsen, mas não compromete. Ele vai bem, afinal, faz o esperado do personagem, que é se manter sério nos momentos mais absurdos. Já sua parceira Pamela Anderson, que não aparece tanto no filme, também está bem... inclusive, ela me proporcionou duas dentre as maiores gargalhadas que dei durante a projeção.
Em resumo, o novo Corra que a Polícia Vem Aí! é um bom filme, bem engraçado, que foi feito por pessoas que de fato são fãs da franquia e entendem como ela funciona, sabendo portanto, imitá-la. Porém, pelo menos por enquanto, não conseguiram alcançar a genialidade de seus criadores.
David Zucker, um dos 3 criadores originais (e também pai dos igualmente geniais Apertem os Cintos... o Piloto Sumiu! e Top Secret!), declarou lamentando que em nenhum momento foi procurado pela Paramount para qualquer coisa relacionada ao novo filme. Ele inclusive adoraria ter voltado à franquia, e chegou a enviar um script inteiro de um novo Corra que a Polícia Vem Aí! para a Paramount em 2018 (que também nunca teve nenhum retorno).
PS1: o filme possui algumas atrações pós-créditos. já em seu começo, há uma cena de Frank com Beth; depois disso, enquanto os créditos passam, ouvimos Frank cantando a música que ele compôs à Beth (e que Drebin Jr. comenta durante o filme que fez isso); e finalmente, após todos os créditos, temos uma cena curtinha de uns 3 segundos envolvendo Weird Al Yankovic.
PS2: eu assisti a versão legendada do filme, que foi bem fiel aos diálogos originais, inclusive nas piadas, mantendo os nomes originalmente envolvidos. O mesmo não se pode falar do que foi feito na versão dublada, feita pelo "ator" e "comediante" Antonio Tabet, de quem não tenho confiança. Como não vi a versão dublada, não sei ficou bom ou não, mas já sei que ele optou por "regionalizar" várias coisas, trocando o nome de pessoas e times estadunidenses por nomes brasileiros. Por exemplo, sei que ele trocou um diálogo envolvendo times de futebol americano para fazer piada com certo time de futebol não ter mundial, sendo que o diálogo nativo não tem um contexto nem próximo a isto. Não vejo motivos para mexer com a paixão de um grupo se a piada não está originalmente lá. Não torço para este time, mas desaprovo esta escolha... Tabet já foi inclusive dirigente do Flamengo. Nada como a idoneidade...
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