quarta-feira, 17 de abril de 2019

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Menino que Descobriu o Vento (2019) e Estrada Sem Lei (2019)


Conforme prometido, mais duas produções originais Netflix analisadas nesta semana. Desta vez filmes com conteúdo mais sério, baseados em fatos reais, e ambas produções recentíssimas, de 2019. Confiram as críticas!


O Menino que Descobriu o Vento (2019)
Diretor: Chiwetel Ejiofor
Atores principais: Maxwell Simba, Chiwetel Ejiofor, Aïssa Maïga, Lily Banda, Joseph Marcell, Noma Dumezweni, Lemogang Tsipa, Philbert Falakeza

Baseado no livro de memórias de mesmo nome, O Menino que Descobriu o Vento conta a história real de William Kamkwamba (Maxwell Simba), um garoto de uma aldeia em Malawi, pequeno país do sudeste africano. Em uma época de fome e seca, William montou através de peças descartadas em um lixo uma bomba d´água movida a energia eólica. Com isto, sua aldeia conseguiu irrigar plantações e se salvar dos problemas do clima.

Ao que parece, a Netflix tem atraído atores relacionados ao Oscar dando-lhes a oportunidade de dirigir seu primeiro filme. Assim foi com Brie Larson e sua Loja de Unicórnios e agora temos Chiwetel Ejiofor com este O Menino que Descobriu o Vento.

Chiwetel faz um bom trabalho na direção, e acertadamente ele prioriza dar foco na inspiradora história de William e sua família. Atores, momentos dramáticos, tudo isto fica em segundo plano... e ainda assim temos atuações excelentes de um elenco muito bom.

A se criticar em Chiwetel Ejiofor, eu citaria sua pouca ousadia nas filmagens e narrativa, mas principalmente, em dar um pouco mais de destaque a seu próprio personagem (que no filme é o pai de William), do que ao próprio garoto-herói. Mas nada que comprometa, pelo contrário: O Menino que Descobriu o Vento é muito bom! Digamos, apenas, que um diretor inexperiente como ele perdeu a chance de tornar o filme memorável.

Felizmente longe do vitimismo, mas bem realista, O Menino que Descobriu o Vento é inspirador, e um pequeno tapa na cara em todos aos brasileiros que não vivem na pobreza, pois comparando com toda população do planeta, ainda somos bastante privilegiados. Nota: 7,0.


Estrada Sem Lei (2019)
Diretor: John Lee Hancock
Atores principais: Kevin Costner, Woody Harrelson, Kathy Bates, John Carroll Lynch, Thomas Mann

Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas, filme de 1967 é um dos grandes clássicos da história do Cinema. Indicado a 10 Oscars, sucesso de bilheteria, o filme contava a história do casal Clyde Barrow e Bonnie Parker, jovens criminosos reais que durante a década de 30 ficaram famosos nos EUA como assaltantes de banco. Por serem jovens, ousados, roubarem em casal e apenas "dos ricos", a dupla conquistou considerável empatia popular, virando heróis para muitos apesar dos seus crimes.

Mais de 50 anos depois, enfim surge uma produção de peso para dar uma "resposta" ao filme de 67: agora, ao invés de ver a história sob o ponto de vista dos "bandidos", em Estrada Sem Lei vemos a história da caçada à famosa dupla sob o ponto de vista de seus captores, os aposentados rangers (guardas florestais) Frank Hamer (Kevin Costner) e Maney Gault (Woody Harrelson).

Para fazer este Estrada Sem Lei foram trazidos alguns grandes nomes. Além dos dois atores protagonistas, há também a presença da atriz Kathy Bates, do diretor John Lee Hancock (Fome de Poder, Walt nos Bastidores de Mary Poppins, Um Sonho Possível) e do roteirista John Fusco (O Reino Proibido, Mar de Fogo, Spirit o Corcel Indomável).

E o resultado, em todos os aspectos, é que Estrada Sem Lei é um bom filme. Sem nada espetacular, mas com bom roteiro, boas atuações, boa fotografia, bom design de produção, boa trilha sonora. Sua maior qualidade, talvez, é apresentar ao espectador de maneira dinâmica e interessante uma fiel representação dos anos 30: um mundo mais inocente, simples, e materialmente mais pobre que hoje.

Misturando filme de época com filme policial com um road movieEstrada Sem Lei recebe meus cumprimentos por deixar claro que Bonnie e Clyde não eram boas pessoas, e que portanto, jamais podem servir de inspiração. Nota: 7,0.

domingo, 14 de abril de 2019

Dupla Crítica Filmes Netflix - Durante a Tormenta (2018) e Loja de Unicórnios (2017)


Com este post eu inicio uma série com críticas de 4 filmes produções da Netflix, e que estrearam no Brasil neste ano de 2019. Neste texto trago dois filmes, e nos próximos dias publicarei as duas críticas restantes.

O primeiro é um filme espanhol sobre viagem no tempo; e o segundo é um filme dirigido e estrelado pela nova grande estrela de Hollywood, Brie Larson. Confiram as críticas!


Durante a Tormenta (2018)
Diretor: Oriol Paulo
Atores principaisAdriana Ugarte, Chino Darín, Javier Gutiérrez, Álvaro Morte, Nora Navas, Miquel Fernández, Aina Clotet, Julio Bohigas-Couto

Como já disse aqui algumas vezes, sou bastante crítico com filmes sobre viagem no tempo. E Durante a Tormenta me agradou bastante, o que por si só já mostra sua qualidade.

Na história, no mesmo dia da queda do Muro de Berlim (1989), conhecemos Nico (Julio Bohigas-Couto), um menino de 12 anos que acaba morrendo em um acidente. 25 anos depois, na mesma casa onde Nico morava, Vera Roy (Adriana Ugarte), uma mãe casada e feliz, acaba conseguindo se comunicar com o garoto no passado, salvando sua vida. Porém seu ato altera completamente a linha temporal, e ela encara uma realidade onde sua filha sequer tinha nascido. Desesperada, Vera tenta entender como pode reverter o tempo para que tudo volte como era antes.

Durante a Tormenta não traz um primor de roteiro, mas que dentro de sua simplicidade é um roteiro redondo, sem falhas. O que este filme traz de diferente em relação à muitos filmes de mesmo tema é sua abordagem muito mais policial e drama familiar do que de ficção científica. Pouco importa como a viagem do tempo ocorreu; ou ainda, a personagem principal em nenhum momento precisa entender física, ter grandes aprendizagens... Vera é uma mãe como qualquer outra, e talvez seu maior desafio seja o dilema moral entre escolher entre duas realidades distintas, onde seus conhecidos vivem bem ou mal, pouco ou muito. O que é "justo" escolher neste caso?

Além do bom roteiro, Durante a Tormenta possui um ritmo frenético, que prende a atenção do espectador. Pra quem quer ver um filme de viagem no tempo que não seja muito "cabeça", Durante a Tormenta é uma ótima pedida. Nota: 7,0.


Loja de Unicórnios (2017)
Diretor: Brie Larson
Atores principais: Brie Larson, Samuel L. Jackson, Joan Cusack, Bradley Whitford, Mamoudou Athie, Hamish Linklater

Loja de Unicórnios é um filme que foi apresentado pela primeira vez ao público em 2017, através de festivais, mas que só agora foi lançado mundialmente pela Netflix, obviamente para que o mesmo se aproveite do grande sucesso do ótimo Capitã Marvel (2019).

A história deste filme - que é o primeiro longa metragem dirigido pela jovem Brie Larson - conta a história de Kit (Larson), que não conseguiu se formar como artista e então, fracassada, voltou a morar com os pais. Deprimida, ela acaba conhecendo "A Loja", um estranho estabelecimento onde "O Vendedor" (Samuel L. Jackson) promete lhe vender um Unicórnio real, desde que ela prove ser digna dele.

O roteiro de Loja de Unicórnios não ajuda. Mesmo com Kit tendo que "mudar sua vida" para obter o mítico animal (ou seja, crescer como pessoa), o desenvolvimento do personagem não é muito perceptível. Mesmo sendo "forçada" a virar uma adulta, Kit é tratada como uma pessoa infantil o tempo todo, sem grandes traumas pra ela, e ao mesmo tempo, sem que isso faça muito sentido no "mundo real". Parece que tirando os críticos de arte, todas as outras pessoas do planeta a querem bem.

Repleto de clichês, o filme tenta fazer o personagem crescer sem abandonar seu mundo de fantasia, o que é um bocado incoerente... Ainda assim, o carisma de Brie Larson é gigante, e ela consegue tornar o filme assistível... até agradável. Brie já provou ser uma ótima e versátil atriz, mas se ela quiser continuar com a ótima imagem que tem hoje, precisa ser mais criteriosa nos filmes que aceita participar. Nota: 5,0.

domingo, 10 de março de 2019

Dupla Crítica Séries Netflix - Boneca Russa (2019) e After Life (2019)


Aproveitei o Carnaval para maratonar dois ótimos lançamentos da Netflix. Ambos são seriados bem curtos, com episódios de cerca de 30 minutos, com Boneca Russa contando com 8 episódios e After Life contando com 6.

Recomendo ambos para serem assistidos e abaixo segue uma breve descrição e opinião sobre cada um deles.


Boneca Russa (2019)

Boneca Russa não possui lá um enredo muito original: a história começa com Nadia (Natasha Lyonne) se arrumando no banheiro de uma casa onde ela está celebrando seu 36º aniversário. Algumas horas depois ela morre atropelada e... volta ao passado, para o banheiro onde tudo começou.

Se trata portanto de mais uma história de loop temporal, da mesma forma como temos o clássico Feitiço do Tempo (1993), ou os mais recentes - e também muito bons - No Limite do Amanhã (2014) e A Morte te dá Parabéns (2017).

No mínimo tão bom quanto os títulos que citei anteriormente, o principal diferencial de Boneca Russa é sua personagem principal, Nadia. Dá para descrevê-la como sendo uma "jovem Dercy Gonçalves", dados sua voz rouca, a enorme quantidade de palavrões, e ao seu jeito "doido" em geral. Além disso, Nadia é uma programadora de computadores, entende bem de física, e portanto ao invés de "surtar" com as repetições temporal, fica testando teorias para reverter o processo.

Outro aspecto do roteiro que gostei bastante são as pequenas participações dos personagens secundários... dependendo da repetição eles fazem coisas boas ou ruins; e a vida é isso mesmo: ninguém é o totalmente mau ou totalmente bom.

Para quem curte histórias bem humoradas de loop temporal, Boneca Russa é imperdível!


After Life (2019)

O público brasileiro em geral não conhece Ricky Gervais, comediante inglês de 57 anos, que teve seu primeiro grande sucesso como criador e protagonista do seriado The Office (2001) britânico (que posteriormente foi copiado pelo The Office estadunidense de Steve Carell que conhecemos).

Gervais também faz stand-ups e já participou de alguns filmes hollywoodianos, como por exemplo, O Primeiro Mentiroso (2009), que também conta com nomes como Jennifer Garner, Jonah Hill, Rob Lowe e Tina Fey.

Ricky Gervais é ateu, vegetariano, e seu humor é bastante sarcástico, politicamente incorreto e pessimista. Bastante crítico à sociedade, ele é inteligente e um excelente comediante.

Feitas todas as apresentações, After Life é uma série bem mais dramática e melancólica do que se poderia imaginar, mesmo vindo de Gervais. Na história, Tony (Ricky Gervais) é um jornalista que perde sua esposa para o câncer, e com isto, perde também seu sentido de viver. Após fracassar em se suicidar, ele resolve "fazer e falar o que bem entender" até chegar sua morte, já que não vê mais sentido nessa vida.

Reforçando, After Life é mais drama e crítica social do que comédia, embora a série conte com vários momentos onde o humor de Ricky Gervais aparece. E tirando algumas (poucas) cenas que considero de mau gosto, a história é bastante emocionante e otimista.

Não é só Tony que está mal. Ao seu lado estão pessoas igualmente perdidas e "quebradas", e o roteiro de After Life une estas pessoas de maneira bela e surpreendente. É como se Ricky Gervais quisesse compensar décadas de críticas e pessimismo em relação a humanidade: apesar de tanta coisa ruim, ainda temos muita coisa boa dentro de nós.

After Life é diferente, não é para qualquer público, mas ainda assim excelente. Uma das mais gratas surpresas que tive em produções originais Netflix.

domingo, 24 de fevereiro de 2019

Oscar 2019 - É hoje! Confira aqui os favoritos e meus palpites!


Hoje, dia 24 de Fevereiro, teremos a cerimônia de premiação da 91ª edição do Academy Awards, popularmente conhecido como "Oscar".

Mais uma vez, vamos aos meus comentários e palpites. Lembrando que TODOS os indicados a melhor filme já tiveram sua crítica publicada no Cinema Vírgula. Para conferir, só clicar aqui.

Quem vai levar? Quem merece levar?

Para mim não há dúvidas: desde que este blog foi criado em 2012, este é o Oscar mais fraco que irei acompanhar. Nenhum filme indicado é "muito acima da média"; na verdade, é o contrário, os filmes estão nivelados por baixo. Pelo menos isso traz uma boa notícia: a premiação de hoje deverá ser a menos previsível dos últimos anos. Mesmo com esta "imprevisibilidade", como sempre arriscarei a dar meus palpites para os vencedores nas 7 principais categorias. A ordem apresentada é a provável ordem em que os prêmios aparecerão na cerimônia. Confiram:

Melhor Ator Coadjuvante
- Quem vai levar: Mahershala Ali (Green Book: O Guia)
- Em quem eu votaria: Sam Elliott (Nasce Uma Estrela)
- Comentários: Não que Mahershala Ali não mereça, pelo contrário, esta é a melhor atuação que já vi dele até hoje. Porém Sam Elliott dominou a cena em todas as vezes que apareceu em Nasce Uma Estrela. Mahershala é o grande favorito aqui, a única explicação que eu veria para ele não levar, é que ele já ganhou esse mesmo prêmio há 2 anos atrás.

Melhor Atriz Coadjuvante
- Quem vai levar: Regina King (Se a Rua Beale Falasse)
- Em quem eu votaria: Emma Stone (A Favorita)
- Comentários: Eis um dos prêmios mais apertados da noite. Certamente a vencedora ficará entre Rachel Weisz (A Favorita) e Regina King. Weisz é a favorita; mesmo assim como ela já levou a estatueta pra casa, e King não, estou apostando na vitória da segunda. Não assisti Se a Rua Beale Falasse, mas dos filmes que assisti gostei mais da Emma Stone, que como sempre, está excelente!

Melhor Roteiro Adaptado
- Quem vai levar: Infiltrado na Klan
- Em quem eu votaria: A Balada de Buster Scruggs
- Comentários: Outro prêmio concorrido, com três candidatos reais ao título: Infiltrado na Klan, Se a Rua Beale Falasse e Nasce Uma Estrela. Apesar de ter um roteiro apenas razoável - eu sequer acho justo ele estar entre os 5 finalistas - Infiltrado na Klan é minha aposta por abordar o racismo. Lamento que o roteiro de A Balada de Buster Scruggs não tenha chances de vitória... é disparado o meu preferido.

Melhor Roteiro Original
- Quem vai levar: A Favorita
- Em quem eu votaria: Green Book: O Guia
- Comentários: Junto com o prêmio maior de "Melhor Filme", a estatueta para "Melhor Roteiro Original" é a categoria mais difícil para se prever da noite. Novamente, temos três candidatos reais a vencedor: A Favorita, Green Book: O Guia e Roma. Como acho que A Favorita não vai ganhar mais nenhum dos principais prêmios da noite, acho que como "compensação" ele leva nessa categoria aqui.

Melhor Diretor
- Quem vai levar: Alfonso Cuarón (Roma)
- Em quem eu votaria: Alfonso Cuarón (Roma)
- Comentários: o genial mexicano Alfonso Cuarón é o grande favorito, com Spike Lee (Infiltrado na Klan) correndo por fora. Dentre os 5 indicados eu votaria em Cuarón por ser o que tenho menos restrições: sua direção está mesmo excelente como sempre, porém seu filme não foi feito para encantar muitos, o que pra mim é um ponto negativo.

Melhor Atriz
- Quem vai levar: Glenn Close (A Esposa)
- Em quem eu votaria: ??
- Comentários: a veterana Glenn Close é a grande favorita, com Olivia Colman (A Favorita) correndo por fora. Como não assisti A Esposa, não posso dizer se também votaria em Close ou não; de qualquer forma Glenn Close já tem 71 anos e não venceu as 6 indicações anteriores ao Oscar que recebeu. Portanto acho difícil que desta vez a Academia deixe de premiá-la.

Melhor Ator
- Quem vai levar: Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
- Em quem eu votaria: Rami Malek (Bohemian Rhapsody)
- Comentários: Malek é o favorito, com Christian Bale (Vice) correndo por fora. Não vejo ser possível o vencedor não ser um destes dois. Dos cinco indicados, infelizmente ainda não vi Willem Dafoe em seu "No Portal da Eternidade", mas fiquei muito impressionado com a performance de Viggo Mortensen (Green Book: O Guia), bem melhor que a de Bale, inclusive. Ainda assim não dá pra não votar em Rami Malek. Ainda que eu considere que a semelhança de sua atuação com o Freddie Mercury "real" um bocado superestimada, ele atua muito bem, passando de maneira convincente por cenas dramáticas e performances musicais.

Melhor Filme
- Quem vai levar: Green Book: O Guia (com Infiltrado na Klan correndo por fora)
- Em quem eu votaria: Green Book: O Guia ou Vice
- Comentários: O prêmio máximo da noite tem 8 candidatos e a meu ver apenas 4 com chances de vencer: Infiltrado na Klan, A Favorita, Green Book: O Guia e Roma. O mexicano Roma é apontado pelos especialistas como o grande favorito, porém eu não acho que ele leve: primeiro por não ser um filme estadunidense, e segundo por não ser um filme popular. Contra Roma, pesa o fato de que o vencedor de Melhor Filme não necessariamente é quem teve mais votos, e sim, quem teve menos rejeição, conforme eu sempre relembro vocês através da parte final deste meu post. É e nisto de ter menos rejeições que Green Book: O Guia e Infiltrado na Klan ganham chances. Dentre estes dois, inclusive, O Green Book é melhor, porém tem sua parcela de polêmicas e portanto será mais rejeitado que o Infiltrado na Klan. Somando prós e contras os dois tem chances parecidas, mas quando der empate eu sempre vou palpitar no que considero melhor: vou de Green Book: O Guia.


Não percam!
Repetindo, a cerimônia do Oscar é hoje, domingo dia 24. A cerimônia começa as 22h, porém o canal TNT irá transmitir já a partir das 20h30, mostrando o famoso "tapete vermelho" com os famosos chegando para a festa. A TV aberta terá transmissão da Globo, que mais uma vez irá perder o início da cerimônia e só começar a transmitir após o término do desprezível BBB.

E vocês? Quem acham que vai ganhar? Para quem vocês estão torcendo? Deixem seus palpites aqui nos comentários e depois veremos quem acertou mais. Participem!

sábado, 23 de fevereiro de 2019

Crítica - A Favorita (2018)

TítuloA Favorita ("The Favourite", EUA / Irlanda / Reino Unido, 2018)
Diretor: Yorgos Lanthimos
Atores principais: Olivia Colman, Emma Stone, Rachel Weisz, Nicholas Hoult, Joe Alwyn, James Smith, Mark Gatiss
Trio de atrizes é o melhor deste filme longo e cansativo

O último dos filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme 2019 é A Favorita, cuja história se passa no começo do século XVIII e conta sobre o relacionamento entre a Rainha Anne (Olivia Colman) e as primas Sarah (Rachel Weisz) e Abigail (Emma Stone). Ambas disputam para se tornar a favorita da Rainha; com a primeira das moças interessada em poder político, e a segunda interessada a recolocar a família em posição de riqueza.

O diretor de A Favorita, o grego Yorgos Lanthimos, tem como fama fazer filmes "diferentes"... portanto é de se estranhar que ele se interessasse em fazer um filme de época. E de fato, no final das contas, Lanthimos entrega um filme de época "diferente", mas não necessariamente de maneira positiva.

Uma das principais características dos filmes de época é sua caracterização histórica: reforçar datas e fatos para o espectador, para que ele veja "como as coisas aconteceram no passado". Mas o A Favorita de Yorgos ignora tudo isso, deixando a História como algo praticamente irrelevante. Pra começar, nenhuma data é citada, nenhuma apresentação de personagens é feita. Só sabemos que a história se passa na Inglaterra depois de mais de 20 minutos de filme. E os anos em que o filme se passa? Somente quem estudou previamente que a Rainha Anne governou entre os anos de 1702 a 1707 poderia saber, já que o filme não dá dica nenhuma. E a trama exibida é baseada bem levemente em fatos históricos... os personagens do filme são pessoas que realmente existiram, mas a relação apresentada entre elas está mais para especulação.

Outro aspecto "diferente" trazido pelo diretor são cenas com câmeras de 360º, ou ainda, cenas com a câmera em movimento acompanhando os atores por trás, mas não com visão de primeira pessoa (essa sendo uma característica comum de Yorgos, alias). Ainda que sejam soluções modernas e bonitas, não vi função narrativa nelas. A trilha incidental é bastante forte, incomum, e chama bastante atenção. Temos músicas clássicas e alegres toda vez que ocorrem diálogos entre os membros da corte (para dar-lhes um aspecto de pessoas idiotas e fúteis), e também fortes agudos e batidas quando um personagem está sofrendo uma "crise interior".

Se o filme não entrega História, e nem muita história, o que lhe resta são as ótimas atuações das ótimas três atrizes principais. As três, inclusive, foram indicadas ao Oscar; com Olivia para o prêmio de Melhor Atriz, e a dupla Emma e Rachel como Melhor Atriz Coadjuvante.

Contando com belíssimos design de produção, figurino e fotografia (não a toa todos estes também  indicados ao Oscar), o filme se preocupa basicamente em mostrar as maquinações de Sarah e Abigail na luta pela atenção e favores da Rainha. Honestamente, as intrigas e reviravoltas são interessantes, porém não o suficiente para entreter por longas 2h. Aliás, o "barulho" da trilha incidental também contribui para cansar o espectador.

A Favorita agrada os olhos, impressiona pelas atuações e produção, mas para se manter interessante para o público deveria ser bem mais curto. Sempre achei estranho Yorgos Lanthimos fazer um filme de época, e de fato não parece ser seu terreno. Nota: 6,0

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Crítica - Infiltrado na Klan (2018)

TítuloInfiltrado na Klan ("BlacKkKlansman", EUA, 2018)
Diretor: Spike Lee
Atores principais: John David Washington, Adam Driver, Laura Harrier, Topher Grace, Jasper Pääkkönen, Ryan Eggold, Robert John Burke
Não é uma comédia

Infiltrado na Klan é um filme promovido como comédia, mas que não faz rir em nenhum momento. Embora tenha um tom "descolado" e sarcástico, o filme trata sobre racismo, e o assunto é tão pesado que em nenhum momento me peguei rindo durante a projeção.

Na história baseada em fatos reais, somos apresentados a Ron Stallworth (John David Washington), que se torna o primeiro policial negro da cidade estadunidense de Colorado Springs. O filme se passa nos anos 70, e conta a história de Ron se infiltrando dentro da Ku Klux Klan mesmo apesar de sua cor.

Infiltrado na Klan é em geral um bom filme, sem muitos altos nem muitos baixos. Por isso mesmo, das 6 indicações ao Oscar que o filme recebeu, não concordo com nenhuma. A indicação para Melhor Trilha Sonora é a que melhor aceito, já que as músicas são bacanas e compatíveis com o clima do filme. Spike Lee faz questão de dar uma ambientação Blaxploitation, o que não deixa de ser curioso e interessante.

Em termos de atuação, a dupla principal John David Washington e Adam Driver não entregam nada demais. Aliás, John David é bem fraco... e olhe que ele é filho do excelente ator Denzel Washington! As melhores atuações ficam por conta dos coadjuvantes Laura Harrier e Jasper Pääkkönen.

Até mesmo em termos de roteiro - um dos pontos fortes de Spike Lee - o filme derrapa. A história é de média para boa, porém seu ato final é meio absurdo... tem sua pitada de Deus ex machina.

Dentre todos os filmes indicados ao Oscar de 2019 que denunciam o racismo, Infiltrado na Klan é o que menos gostei, e que também para mim menos defende sua causa. O foco aqui não é tanto mostrar o preconceito sofrido pelos Afro-americanos, mas sim, em mostrar o quanto os brancos racistas são idiotas, estúpidos.

Dizem que quando ofereceram este filme para Spike Lee dirigir, ele respondeu que toparia sob duas condições: que pudesse fazer comédia, e que pudesse relacionar o filme com o mundo atual. Bem, então primeiramente acho que Lee tem um humor realmente diferente; já da parte de relacionar o filme com o atual, é aí que reside a maior força de Infiltrado na Klan. Assim que o filme acaba, vemos imagens reais dos protestos pró-racismo ocorridos nos EUA no ano passado. A comparação dos "longínquos anos 70" com 2018 (em que vemos que nada mudou afinal) é um soco no estômago. Apenas por essa mensagem, Infiltrado na Klan deve ser visto e divulgado.

Para quem quiser ver um filme de razoável a bom sobre o assunto racismo, mas que NÃO é comédia, Infiltrado na Klan acaba sendo uma boa pedida. Mas não vai além disto. Nota: 6,0

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Crítica - Vice (2018)

TítuloVice (idem, EUA, 2018)
Diretor: Adam McKay
Atores principais: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell, Alison Pill, Lily Rabe, Jesse Plemons, Tyler Perry, Justin Kirk
Para quem curte História e Política, este filme é imperdível

Vice é um drama político / comédia sobre o ex-Vice Presidente estadunidense Dick Cheney. Sendo o vice de George W. Bush, este republicano esteve neste cargo entre 2001 a 2009. Recheado de atores e atrizes famosos (e consequentemente de boas atuações), embora ser baseado em fatos reais, e tentar "ensinar História" para o espectador o tempo todo, Vice tem um tom bem irônico, e em vários momentos se aproxima de uma comédia. Neste aspecto, o filme lembra por exemplo os bem-humorados Prenda-me se For Capaz (2002) e O Lobo de Wall Street (2013).

A história (em longas 2h 12min de projeção) mostra toda a carreira política de Cheney, dando enfase, claro, ao período em que ele foi Vice-Presidente. No que deve ser surpreendente para muitos, o filme afirma que quem verdadeiramente mandava nos EUA na gestão Bush Filho era Dick Cheney. E mais, também deixa claro que somente devido ao desejo (e posteriormente realização) de Dick em invadir o Iraque para "roubar" seu petróleo é que o monstruoso Estado Islâmico foi criado.

Vice é divertidíssimo. E para quem curte História e Política, este filme é um deleite. Embora não seja um primor técnico, o filme se sustenta nos ótimos roteiro e elenco. Christian Bale é competente como Dick Cheney, entretanto mais do que pela atuação, este ator camaleão (mais uma vez) impressiona pela transformação física.

Apesar de ser diversão garantida, Vice tem seus problemas. A começar pelo fato de ser tão exagerado que fica difícil acreditar o tempo todo no mesmo. Além disso, narrativa e edição são confusas. O filme possui um narrador em terceira pessoa que de maneira estranha as vezes adota um tom coloquial e as vezes um tom documental; o filme não é cronologicamente sequencial, e algumas cenas simplesmente falham em explicar o contexto do que está acontecendo.

Contando com 8 indicações ao Oscar, e sendo dentre todos os indicados a Melhor Filme o que mais gostei, mesmo assim não consideraria justo que Vice levasse muitos destes prêmios. Talvez o mais justo seria o de Melhor Maquiagem. É que Vice não chega a ser "o melhor" em quase nada... sua força é mais no "conjunto da obra" e na diversão. Nota: 8,0

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Crítica - Roma (2018)

TítuloRoma (idem, EUA / México, 2018)
Diretor: Alfonso Cuarón
Atores principais: Yalitza Aparicio, Marina de Tavira, Fernando Grediaga, Jorge Antonio Guerrero, Nancy García, Verónica García, Marco Graf, Daniela Demesa
Alfonso Cuarón e Netflix exorcizam seus fantasmas

De um lado a maior empresa de Streaming do mundo, ávida por obter reconhecimento da Academia  (a instituição que promove o Oscar); de outro um excelente diretor que já levou um Oscar pra casa, e que gostaria de relembrar sua infância em um filme que teria pouco apelo comercial para os grandes estúdios de Hollywood.

Do casamento de Netflix e Alfonso Cuarón nasceu Roma, que mesmo que não dê um Oscar relevante à Netflix, já levou incríveis 10 indicações; e Roma também permitiu que o diretor mexicano pudesse enfim dar sua visão sobre as mazelas da América Latina e fazer uma grande homenagem à empregada índia (que na vida real era apelidada de "Libo") que o criou durante a infância.

Roma - que assim se chama pois é o nome do bairro de classe média/alta da Cidade do México onde se passa a trama - é um filme em branco-e-preto, que se passa nos anos de 1970-71 e que mostra principalmente a vida cotidiana de "Cleo" Gutiérrez (Yalitza Aparicio), que assim como a "Libo" da vida real, é uma descendente indígena que trabalhava como doméstica para uma família de classe média. O filme também não deixa de ser um recordatório de todo o ambiente vivido pelo diretor em sua primeira década de vida.

Dá para dividir Roma em três principais qualidades: a primeira é técnica, principalmente em termos de fotografia. As imagens do filme todo são belíssimas, impressionantes. E além das imagens, também temos algumas cenas brilhantes, cinematograficamente falando, como por exemplo, a cena onde Cleo corre apressada com a amiga pelas ruas, ou ainda, na bastante impactante cena onde Cleo fica sozinha na praia com os filhos da patroa.

As outras duas qualidades vêm do roteiro: mostrar as dificuldades da vida de Cleo (e no caso do México isso se expande para praticamente todo descendente indígena), e mostrar também as dificuldades de se viver na América Latina, independentemente de classe social: constante violência nas ruas, instabilidade política, e uma sociedade pobre materialmente como um todo.

Apesar de todas estas qualidades, Roma não é um filme fácil de se assistir. Ele é longo, lento, com poucos diálogos e com quase total ausência de trilha sonora. A protagonista Cleo também não ajuda: a atuação de Yalitza é excelente e em alguns momentos comove genuinamente; porém em geral Cleo é uma personagem que embora seja uma excelente pessoa, é eternamente ingênua, submissa, que não evolui ao longo do filme, nem alcança qualquer redenção.

Entendo que Roma também perca pontos com o expectador brasileiro em geral, afinal as "denúncias sociais" feitas por Cuarón certamente impressionaram os estadunidenses... porém elas também são o dia-a-dia do Brasil. Estamos tão acostumados com o que Roma mostra que inevitavelmente já estamos um pouco "anestesiados" perante o que vemos.

Além disso, em termos gerais, Roma é um drama muito mais sutil do que poderia (deveria?) ser. Cleo, por exemplo, é bem tratada pela patroa o tempo todo. E a fotografia é tão bela que até as cenas em bairros pobres são lindíssimas.

Resumindo, Roma é mais um espetáculo técnico de Cuarón, que traz uma história forte e interessante. Ao mesmo tempo, o filme perde pontos por "chocar" pouco (especialmente a nós Brasileiros) e por ser um filme difícil de assistir, até monótono.

Somando prós e contras, entretanto, tanto Alfonso Cuarón quanto a Netflix foram muito bem sucedidos em seus respectivos interesses e deixam para a história do Cinema um filme consideravelmente impressionante para os cinéfilos (mas não para o espectador comum). Nota: 7,0

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Crítica - Green Book: O Guia (2018)

TítuloGreen Book: O Guia ("Green Book", EUA, 2018)
Diretor: Peter Farrelly
Atores principais: Viggo Mortensen, Mahershala Ali, Linda Cardellini, Sebastian Maniscalco, Dimiter D. Marinov, Mike Hatton
Belo road movie contra o racismo

Costumo gostar de road movies e, para ganhar ainda mais minha simpatia, Green Book: O Guia foi o filme desta safra de indicados ao Oscar que mais me comoveu na luta contra o racismo. O título desta produção já é um soco no estômago de todos: "Green Book" é o nome de um livro que realmente existiu, e que de 1936 to 1966 foi publicado e atualizado anualmente com dicas de onde os Afro-americanos poderiam comer e se hospedar sem terem problemas nos EUA.

A história, baseada em fatos reais, nos mostra uma viagem de carro feita em 1962, através de um racista sudeste estadunidense, onde o genial pianista negro Don Shirley (Mahershala Ali) aceitou o desafio de fazer uma turnê musical. Ciente dos perigos contra sua pessoa, Shirley contrata Tony Vallelonga (Viggo Mortensen) - um valentão descendente de Italianos que trabalhava como segurança de boates - para ser seu motorista e guarda-costas.

Green Book: O Guia não se destaca muito na parte técnica - com exceção da trilha sonora, já que contém algumas músicas de Don Shirley e outras músicas bacanas de Jazz e Blues - mas tem como principais virtudes o roteiro e a atuação dos atores principais Mahershala Ali e Viggo Mortensen.

Quanto ao trabalho da dupla de atores, bem, simplifico dizendo que é bem provável que esta tenha sido a melhor atuação que já assisti de ambos. Já quanto ao roteiro, que fala sobre racismo e amizade, o ponto que mais me agradou foi tratar a questão racial de maneira um pouco diferente do padrão.

Don Shirley não é o negro coitadinho, e sim, um homem bem sucedido, rico, genial, e o "patrão" da dupla. Ele sofre racismo em diversas situações, mas em Green Book: O Guia vemos a hipocrisia dos milionários brancos "intelectuais" que dizem apoiar os negros mas no fundo são tão racistas como muitos dos "caipiras ignorantes" do centro-sul estadunidense.

Green Book: O Guia traz uma bela história que deveria ser assistida e conhecida por todos. Considero também importantíssimo fazerem este filme para que o grande público possa enfim conhecer este extremamente talentoso músico que foi Don Shirley. Sua família, entretanto, criticou a produção, dizendo conter muitos erros históricos: o carro não era aquele, Shirley nunca foi tão afastado da família e da comunidade negra, comia frango frito muito antes de conhecer Tony Lip, e, principalmente, conforme as palavras do irmão de Don, Maurice, "Don Shirley nunca foi amigo de Tony Lip, este último era apenas seu motorista e empregado".

É verdade que Green Book: O Guia traz a visão de Tony sobre a história - seu filho, Nick, é um dos roteiristas do filme e garante que o que foi contado aconteceu exatamente do jeito que seu pai lhe contou. Mas quanto da história estaria mesmo "errada", afinal? Nunca saberemos pois a dupla retratada no filme faleceu em 2013. A questão é que em nenhum momento o filme ofende Don Shirley e traz uma mensagem bonita e poderosa contra o racismo. Green Book: O Guia é fraterno, inspirador e otimista. Talvez esteja faltando esses mesmos sentimentos aos descontentes da família Shirley. Nota: 8,0

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