sábado, 23 de fevereiro de 2019

Crítica - A Favorita (2018)

TítuloA Favorita ("The Favourite", EUA / Irlanda / Reino Unido, 2018)
Diretor: Yorgos Lanthimos
Atores principais: Olivia Colman, Emma Stone, Rachel Weisz, Nicholas Hoult, Joe Alwyn, James Smith, Mark Gatiss
Trio de atrizes é o melhor deste filme longo e cansativo

O último dos filmes indicados ao Oscar de Melhor Filme 2019 é A Favorita, cuja história se passa no começo do século XVIII e conta sobre o relacionamento entre a Rainha Anne (Olivia Colman) e as primas Sarah (Rachel Weisz) e Abigail (Emma Stone). Ambas disputam para se tornar a favorita da Rainha; com a primeira das moças interessada em poder político, e a segunda interessada a recolocar a família em posição de riqueza.

O diretor de A Favorita, o grego Yorgos Lanthimos, tem como fama fazer filmes "diferentes"... portanto é de se estranhar que ele se interessasse em fazer um filme de época. E de fato, no final das contas, Lanthimos entrega um filme de época "diferente", mas não necessariamente de maneira positiva.

Uma das principais características dos filmes de época é sua caracterização histórica: reforçar datas e fatos para o espectador, para que ele veja "como as coisas aconteceram no passado". Mas o A Favorita de Yorgos ignora tudo isso, deixando a História como algo praticamente irrelevante. Pra começar, nenhuma data é citada, nenhuma apresentação de personagens é feita. Só sabemos que a história se passa na Inglaterra depois de mais de 20 minutos de filme. E os anos em que o filme se passa? Somente quem estudou previamente que a Rainha Anne governou entre os anos de 1702 a 1707 poderia saber, já que o filme não dá dica nenhuma. E a trama exibida é baseada bem levemente em fatos históricos... os personagens do filme são pessoas que realmente existiram, mas a relação apresentada entre elas está mais para especulação.

Outro aspecto "diferente" trazido pelo diretor são cenas com câmeras de 360º, ou ainda, cenas com a câmera em movimento acompanhando os atores por trás, mas não com visão de primeira pessoa (essa sendo uma característica comum de Yorgos, alias). Ainda que sejam soluções modernas e bonitas, não vi função narrativa nelas. A trilha incidental é bastante forte, incomum, e chama bastante atenção. Temos músicas clássicas e alegres toda vez que ocorrem diálogos entre os membros da corte (para dar-lhes um aspecto de pessoas idiotas e fúteis), e também fortes agudos e batidas quando um personagem está sofrendo uma "crise interior".

Se o filme não entrega História, e nem muita história, o que lhe resta são as ótimas atuações das ótimas três atrizes principais. As três, inclusive, foram indicadas ao Oscar; com Olivia para o prêmio de Melhor Atriz, e a dupla Emma e Rachel como Melhor Atriz Coadjuvante.

Contando com belíssimos design de produção, figurino e fotografia (não a toa todos estes também  indicados ao Oscar), o filme se preocupa basicamente em mostrar as maquinações de Sarah e Abigail na luta pela atenção e favores da Rainha. Honestamente, as intrigas e reviravoltas são interessantes, porém não o suficiente para entreter por longas 2h. Aliás, o "barulho" da trilha incidental também contribui para cansar o espectador.

A Favorita agrada os olhos, impressiona pelas atuações e produção, mas para se manter interessante para o público deveria ser bem mais curto. Sempre achei estranho Yorgos Lanthimos fazer um filme de época, e de fato não parece ser seu terreno. Nota: 6,0

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