“Nem os poderes de Chuck Norris conseguem fazer a
continuação melhor que o flime original”
Anos atrás Sylvester Stallone teve uma boa idéia para ganhar
dinheiro: atender o desejo de seus fãs. Que tal juntar em um filme só os
grandes nomes de ação dos anos 80? Nunca havia sido feito, e os fãs adorariam.
Daí surgiu o primeiro “Os Mercenários”, de 2010, que além de tudo contou com o
reforço de alguns atores de ação mais recentes, como por exemplo Jason Statham.
Mesmo sendo um filme de ação genérico, o carisma de seus personagens e uma boa
execução de cenas garantiram bom entreterimento e bilheteria.
Para sua continuação, certamente Stallone continuou a pensar
no que seus fãs queriam. O que poderia fazer “Os Mercenários 2” melhor que o
primeiro? “Oras, unir ainda mais atores famosos”. Dito e feito, foram
acrescentados Jean-Claude Van Damme e Chuck Norris. Que mais poderia ser
melhorado? “Bem, Schwarzenegger e Bruce Willis não tiveram cena de ação no
primeiro filme. Que tal mudar isto”? Perfeito! Eis que os dois veteranos também
dão seus tiros. A vontade de agradar o público é tanta que Chuck Norris foi realmente utilizado na história como um ser onipotente que faz jus aos populares “Chuck
Norris facts”.
Porém nem mesmo o mito Chuck Norris foi
suficiente para quebrar a escrita de que as continuações são piores que os filmes iniciais. Na verdade, “Os Mercenários 2” começa em grande estilo. A sequência inicial de cenas
de ação, bem longa por sinal, é excelente e pra mim a melhor da franquia. Mas
os “prós” em relação ao filme anterior param aí.
Ao contrário de seu antecessor, onde a grande lista de
personagens tinha seu próprio espaço e desenvolvimento, aqui apenas Stallone e
Statham são destacados. O enredo também piora. Mais uma vez a trama tenta
trazer algum conteúdo com diálogos filosóficos e cenas emotivas, porém desta
vez o faz de maneira abrupta, prejudicando o ritmo do filme.
Uma coisa que Stallone aprendeu a fazer muito bem (e faz uso
deste recurso desde “Rambo 4”, de 2008) é alternar nas batalhas o enquadramento
das câmeras. Ora temos uma filmagem com plano mais aberto (para mostrar onde os
personagens estão em relação uns aos outros), ora temos uma filmagem com plano
fechado, quase um close, para ver em detalhes os golpes aplicados ou o sangue
jorrando. Com esta alternância, em alta velocidade, entramos na adrenalina da
luta sem deixar de ver o que está acontecendo, o que é um mérito comparando com
muitos filmes de ação atuais (vide os péssimos filmes de Michael Bay, por exemplo).
Porém mesmo repetindo esta virtude, as filmagens são piores que as do filme anterior. Muitas cenas estão desfocadas,
embaçadas. Poderia ser proposital (para dar efeito de filme antigo). Poderia
ser a fita do cinema que assisti (que já estaria velha de tanto uso). Ou poderia
ser filmagem mal feita. E pelo que li na internet, a resposta infelizmente vai para a 3ª opção.
Mas além da primeira sequência de ação, não há mais nada em que “Os Mercenários 2” seja melhor que o primeiro filme? Se você não se importa com a
mistura de humor e ação a resposta é “sim”. A continuação se leva menos a
sério e o número de piadas espalhadas pela história é bem maior. Melhor ainda, são piadas bem engraçadas. Ver um grande elenco estrelado reunido para tirar sarro de sua velhice e filmes passados não perde a graça nunca.
Somando todos os prós e contras, “Os Mercenários 2” é
levemente inferior ao primeiro filme. Porém, para quem curte o gênero de ação, ele ainda garante diversão suficiente. Nota:
6,0.