sábado, 4 de agosto de 2012

Crítica - Os Vingadores - The Avengers (2012)

Marvel entrega um ótimo filme onde seu ponto forte – quem diria – são os diálogos.

Após 4 anos de planejamento – que se iniciou com o filme “Homem de Ferro”, em 2008 - enfim chega as telas o maior projeto da Marvel, “Os Vingadores”, que agrupa alguns de seus principais super-heróis (e atores) em um mesmo filme. Confesso que fui assisti-lo sem muitas expectativas; embora já soubesse de antemão que “Os Vingadores” também não seria ruim, pois utilizaria a fórmula padrão com que já a Marvel já está bem acostumada a produzir: apresentação dos personagens, seguida de várias tiradas de humor e muita ação.

E não deu outra... ou quase. A apresentação básica esteve lá, e de maneira positiva, já que houve o bom senso de apresentar o mínimo possível de cada personagem (ou seja, quer saber mais sobre alguém? - assista seu filme solo). O humor também esteve presente, aliás, melhor do que nunca. E a ação? Bem, surpreendentemente, até chegarmos à batalha final a ação é deixada de lado e o que mais vemos são as interações e diálogos – inspiradíssimos – entre os personagens.

Não só temos as melhores piadas em filmes Marvel dos últimos tempos, mas também temos vários diálogos inteligentes, e até alguns diálogos heróicos que foram criados com o grande mérito de não soarem ridículos.

O enredo base não é lá grande coisa, e resumidamente, vemos os heróis brigarem entre si o tempo todo (não gostei da batalha entre heróis na floresta, é pura enrolação) até enfim se unirem no final contra o inimigo comum. Mesmo assim, não deixa de ser uma abordagem compatível  (e funcional) com o que se vê em todos os quadrinhos da Marvel desde sua fundação. Mais ainda, o roteiro é redondinho, sem nenhuma falha (ok, há apenas uma, que comentarei no final).

Outro ponto positivo foi a habilidade do diretor Joss Whedon em distribuir e desenvolver o grande número de personagens de maneira eficiente ao longo da história. Todos participam, todos são relevantes, e alguns casos muito bem desenvolvidos (dá gosto acompanhar as manipulações feitas por Loki e Viúva Negra, por exemplo).

Conduzida de maneira acelerada, a história prende a atenção do espectador o tempo todo, até nos levar finalmente à prometida batalha final. É o clímax do filme, e também seu ápice. A ação “aprisionada” até então explode na tela com diversas cenas acontecendo simultâneamente. E mais uma vez, todos os personagens são mostrados ao mesmo tempo de maneira bem eficiente. Soma-se à isto efeitos especiais irretocáveis e algumas tomadas baixas que parecem nos inserir dentro da batalha. Embora curta, a batalha sozinha já vale os 4 anos de planejamento que “Os Vingadores” teve.

Do que se vê na cena pós-créditos, claramente teremos um Vingadores 2. O que é muito bom, já que a Marvel provou ser capaz de quebrar o mito de que focar muitos astros em um mesmo filme não funciona.

Nota: 8,0.

PS: a falha do roteiro, que citei anteriormente, se trata do Hulk 100% consciente das suas ações na batalha final. Como isto é possível? É radicalmente contrário ao que se vê nos 2 filmes Hulk mais recentes, além de ser contrário ao que o próprio “Vingadores” mostra em 2 cenas anteriores. Já vi a explicação que nestas cenas “Hulk estava sendo influenciado por Loki, por isto o descontrole”. Mas não concordo por não encontrar nenhuma “pista” convincente do fato. Sinceramente, acho possível que haveria alguma cena em que veríamos Hulk aprender a se controlar, mas ela deve ter sido cortada da edição final...

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A Trilogia Hobbit, e meus próximos capítulos...


 Por estar dedicando meu tempo livre para assistir os Jogos Olímpicos, estou atualmente ausente dos cinemas. Mesmo assim, devo assistir o novo Batman nos próximos dias (e claro, escrever minha crítica dele aqui). E, irei aproveitar esta minha “pausa” para escrever a crítica de um filme que vi há vários meses mas que acabei não comentando no meu blog: “Os Vingadores”. Sábado eu posto a crítica. Assim vocês já terão algo para ler no final de semana. :)

Hoje, aproveito para comentar uma notícia desta semana, de certa forma surpreendente.



Peter Jackson confirma: teremos 3 filmes para o Hobbit

Diferentemente da grande maioria, torci o nariz para este anúncio. Até que Peter Jackson prove para mim o contrário, não confio nos filmes deste diretor quando ele tem dinheiro sobrando para “dar asas a sua imaginação”.

Explico. O diretor neozelandês fez bastante sucesso com filmes de terror e suspense de baixo orçamento. Até que lhe surgiu a oportunidade de gravar a trilogia do Senhor dos Anéis.
Enfim com bastante dinheiro em maõs, Jackson nos entregou 3 grandes filmes... mas isto porque mesmo com US$ 100 milhões para adaptar cada livro, convenhamos, o valor acaba sendo pequeno dada a enorme quantidade história para contar e de efeitos especiais necessários para cada filme.

Após sua consagração com a trilogia de J.R.R. Tolkien, Peter Jackson conseguiu US$ 200 milhões para fazer King Kong. E foi uma catástrofe. Muitos efeitos especiais sem sentido, e nada de história. Um filme horroroso.

Depois do filme do macacão, o diretor teve US$ 70 milhões para gravar “Um Olhar do Paraíso”. Filme que não assisti, mas que foi fracasso de crítica. E vejam só: a crítica mais comum foi que mais uma vez Peter Jackson ignorou o roteiro e focou apenas nos efeitos especiais.

E chegamos então ao Hobbit. Inicialmente, filme único. Pouco tempo depois, virou dois filmes. Eu já li o livro (é bem bacana!) e posso garantir que há bem menos história dentro dele do que em qualquer um dos três livros do Senhor dos Anéis. Ou seja, se um filme foi suficiente para cada livro da trilogia, então um único filme seria suficiente para “O Hobbit”.

Mas tudo bem, não reclamei. A verdade é que há muita coisa extra-Hobbit para se contar: há “O Silmarillion, e os anexos do Senhor dos Anéis por exemplo. Bom tamanho para 2 filmes.
Porém, ao aumentar a saga para uma trilogia, aí é demais. Espero muito estar errado, e me divertir bastante com 3 grandes novos filmes da Terra Média. Mas não estou muito otimista.


Atualização 03/08: descobri que "Silmarillion" não poderá entrar em nenhum dos 3 filmes, pois seus direitos de exibição pertencem à família Tolkien; aliás, Christopher (filho do escritor) é radicalmente contra adaptar Silmarillion nas telas.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Crítica - Valente (2012)

"Pixar volta a trazer boas histórias, e sua animação não para de evoluir".

Primeiro filme da Pixar após o fraco "Carros 2", com "Valente" o estúdio recupera sua boa forma. E de quebra respondendo às críticas de que seus filmes nunca tiveram protagonista feminina.

Aqui temos a história da princesa Merida, que adora arco-e-flecha e ser livre, mas que está constantemente em conflito com sua mãe, que a cobra constantemente das rígidas responsabilidades esperadas da filha de um rei.

Em seus 40 primeiros minutos o filme não empolga... é preenchido com dezenas de piadinhas físicas sem graça e nada mais. Porém, quando enfim Merida se depara com sua missão/desafio, o filme passa a funcionar muito bem. Passa a mostrar uma história muito bonita, que não fica devendo nada para outras grandes histórias dos contos de fada.

Ok, aqui não temos uma princesa em busca do "príncipe encantado", mas há o conflito mãe/filha adolescente com que qualquer garota se identificaria. E todos os outros elementos dos contos de fada estão lá. Temos até bruxa... uma bem exótica por sinal.

E esta história bem bacana é reforçada por um elemento especial: a qualidade da animação.

Uma pausa para falar sobre cabelos. Pegue qualquer animação via computação gráfica que você conheça. Note que os cabelos dos personagens não são lá tão "animados". Isto só mudaria com o "Enrolados" (Tangled, no original - outra animação muito boa) de 2010. Produzido pela Disney (mas com ajuda de animadores da Pixar), os cabelos de Rapunzel são o grande chamativo do filme. Eles ficam em constante movimento, e parecem bastante com cabelos reais.

Porém "Valente" leva isto a outro patamar. Os cabelos ruivos cacheados de Merida são perfeitos. Não dá pra olhá-los sem desconfiar que são cabelos "de verdade". E esta aproximação da animação com o mundo real não para por aí. Árvores, grama, até o rio em movimento: em várias cenas, se não tivéssemos os personagens nos "relembrando" que se trata de um desenho, não saberíamos mais dizer se são imagens desenhadas ou filmadas. É inacreditável o grau de perfeição atingida pela Pixar na computação gráfica. Perfeição reforçada pelo 3D (muito bom por sinal).

Se "Valente" não é um dos melhores trabalhos da Pixar, é muito bom mesmo assim. E nele você encontra o pacote completo: você vai rir, torcer, se comover. Recomendado para todos os gostos! Só não leva uma maior nota exclusivamente devido seu início morno.

Nota: 7,0.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Crítica – “Na estrada" (2012)

Road movie incomum, filme retrata a Geração Beat sem empolgar”.

Gosto bastante dos Road Movies. De maneira geral, retratam a história de um grupo pequeno de pessoas que, na tentativa de “se descobrir”, abandona tudo e cai na estrada, geralmente sem rumo certo. Durante a viagem, as mais inusitadas situações aparecem – talvez seja esta total imprevisibilidade o principal motivo de eu gostar destes filmes – e no final (seja isto um fator positivo ou negativo), em muitas vezes não há uma conclusão, redenção, ou moral da história.

“Na estrada” é a adaptação de um livro símbolo da Geração Beat, “On the Road” (o mesmo nome do filme, no original) de Jack Kerouac. Com um título destes, somado à sinopse e Trailers divulgados, imaginava que iria assistir um Road Movie. Nem tanto.

A história começa nos apresentando o jovem escritor Sal (Sam Riley), sem idéias para escrever seu “grande livro”, quando então lhe é apresentado o "bad-boy" Dean (Garrett Hedlund) e sua namorada Marylou (Kristen Stewart). O desejo da dupla é simplesmente fugir de onde está para curtir a vida. E Sal, fascinado por ambos, resolve acompanhá-los na jornada com objetivo de encontrar material para escrever. Ou seja, nenhum personagem está buscando seu autoconhecimento.

O destino da viagem também não é desconhecido, pelo contrário. Eles atravessam os EUA, mas para visitar algum amigo, ou rever a mãe, ou rever algum(a) ex. E nestas visitas, se estabelecem por lá, passando semanas ou meses. Não há portanto tanta “estrada” nesta história.

Se o filme é diferente em seu universo apresentado, esta qualidade não pode ser dita do roteiro, bastante repetitivo. Em cada local que os personagens chegam, acontece sempre a mesma coisa: sexo, drogas, sexo, dança; diálogos reclamando da vida e de declarações apaixonadas de “Bromance”. Não há nenhum grande acontecimento, nenhum clímax, o que torna o filme bastante cansativo, até enfadonho.

Não há como negar, entretanto, que a película faz bem o que propõe: documentar a tal Geração Beat. E o registro impressiona visualmente. As imagens não são filmadas em primeira pessoa mas mesmo assim, devido às câmeras estarem sempre muito próximas dos atores, temos uma sensação muito forte de “fazer parte” do filme. Mais ainda, por estar sempre acompanhando o mesmo nível do olhar dos personagens, a câmera nos convence que “realmente” estamos dentro do carro viajando com o trio, ou participando de suas “festinhas”.

E se geralmente os Road Movies não trazem uma moral da história, o padrão é alterado mais uma vez ao trazê-la. E é um desfecho que me agrada, principalmente por ser verossímil.

Em resumo, se “Na estrada” é muito bom tecnicamente, bom como relato histórico, mas fraco em roteiro e personagens (obs: os personagens não nos comovem, porém as atuações dos atores são muito boas). Mesmo sendo bem falado pela crítica em geral, a meu ver só deve agradar os fãs da Geração Beat. Que não é meu caso.

Nota: 5,0.

PS: “Na estrada” foi vendido no cinema que fui como filme nacional. De brasileiro, o filme só tem o diretor (Walter Salles), uma atriz coadjuvante (Alice Braga) e... parte do dinheiro. Sim, o filme é co-produção nacional e recebeu apoio da Ancine; portanto faz sentido ser vendido como filme nacional. Só não faz nenhum sentido, pra mim, apoiar um filme sobre um movimento cultural estadunidense dos anos 50...

terça-feira, 10 de julho de 2012

Crítica – “Sombras da Noite" (2012)


“Boa mescla de humor e cenários sombrios é prejudicada por um final ruim”.

Mais uma vez o ator Johnny Depp e o diretor Tim Burton estão juntos, em sua 8ª participação conjunta. E também mais uma vez eles se unem para trazer ao espectador um mundo sombrio e bizarro. Baseado no seriado de TV estadunidense de mesmo nome do filme ("Dark Shadows", no original), a trama traz Depp como um vampiro acorrentado dentro um caixão por 2 séculos, escapando enfim de sua prisão e ressurgindo na década de 1970, mesma década do seriado, para reencontrar os descendentes de sua família.

Aos poucos somos apresentados à trama e a todos os personagens do filme, dentre eles a bruxa Angelique (Eva Green), responsável por transformar Barnabas Collins (Depp) em vampiro. E por cerca de uma hora vemos o diretor nos apresentar o mundo de “Sombras da Noite” de maneira agradável e contínua; diria até comedida. Cenários sombrios muito bem filmados, piadas bem distribuídas ao longo da história (as comparações entre os 2 séculos geram as melhores piadas), tudo flui muito bem, mesmo não trazendo grandes cenas de suspense ou humor.

Os atores também são um ponto positivo. Mesmo claramente interpretando personagens “clichês”, eles conseguem fazê-lo sem serem caricatos. E isto se aplica até para Johnny Depp. Mesmo apesar do bizarro visual de seu personagem, ele quase se comporta como um humano comum, o destaque – quem diria – vai mais pelos seus diálogos do que pelas suas caretas e loucuras.

Se o diretor tivesse mantido sua costumeira preferência pelo bizarro e exagerado sob controle até o fim, “Sombras da Noite” seria um filme acima da média. Infelizmente não é o caso, já que "controle" definitivamente não é o que descreve as cenas finais.

Todos os excessos economizados ao longo do filme aparecem de uma vez só. E haja efeitos especiais (não necessariamente bons) e pouca história. Chega me lembrar o filme “Um Drink no Inferno”, onde do nada o que parecia uma história policial se transforma em filme de monstros e vampiros.

Mas se no filme de Robert Rodriguez o final exagerado é algo positivo, aqui acontece justamente o contrário. E o filme traz, em teoria, um final feliz. Porém, a construção deste final ao longo do enredo é tão superficial que a história se encerra de maneira abrupta e sem graça. É tão ruim que inclusive saimos do cinema sem ter passado pela sensação de um final feliz.

“Sombras da Noite" traz universo, personagem e diálogos que poderiam se tornar memoráveis. Mas a recepção não muito boa de público e crítica nos mostra o quanto um bom final faz a diferença na percepção do filme como um todo. E não posso dizer que eles estão errados.

Nota: 6,5.

PS: o figurino utilizado pelo vampiro Barnabas para fugir do sol é claramente uma referência a Michael Jackson. Vindo de Depp, entendo ser uma homenagem ao cantor.

domingo, 17 de junho de 2012

Crítica – “Prometheus" (2012)


“Similar aos outros Aliens, filme mostra justamente aquilo que negou mostrar”.

Prometheus surgiu da idéia de se fazer um prelúdio de “Alien, o 8º passageiro” (1979) e como já comentei neste blog (leia aqui), durante todo o tempo de sua produção surgiam notícias que contradiziam a ligação do filme com esta franquia. O diretor Ridley Scott foi um dos que mais negou esta correlação, dizia que as referencias ao universo Alien seriam sutis. Inclusive na semana passada voltou a este discurso, ao declarar que o filme foi mesmo pensado no questionamento existencial do ser humano: “quem somos, de onde viemos?”.

Conversa fiada. Prometheus é, sem nenhuma dúvida, o capítulo anterior de “Alien”. A principal motivação do filme todo é justamente responder os mistérios da história anterior. A nave alienígena mostrada em Prometheus é a mesma de “Alien”. O Space Jockey também está lá. Quem é o Space Jockey? Como ele morreu? O que são os aliens? Tudo isto é respondido ao longo dos 124 minutos de filme.

Apenas em alguns momentos o “universo Alien” é esquecido e temos algumas cenas sobre a busca pela origem da humanidade. E estas cenas são grosseiramente jogadas dentro da história, sempre acompanhadas de uma trilha incidental “heróica” característica que não combina com o restante do filme. Mas se nisto o diretor errou feio, por outro lado os diálogos sobre a questão existencial são rápidos e informais, o que é uma escolha acertada por nos fazer pensar no assunto sem torná-lo cansativo. Ok.. mesmo alguns temas acabam cansando devido a diálogos muito parecidos que se repetem ao longo da trama.

Prometheus segue a estrutura básica dos demais filmes da franquia: uma exploração pelo desconhecido, o medo do que se descobre, e a fuga desesperada. Há também os elementos clássicos da série, como a ganância da grande corporação Weyland e a presença de seus andróides de caráter duvidoso.

De todos os filmes da série Alien, Prometheus se parece mais com o primeiro. Há uma diferença importante, entretanto. Se em “Alien, o 8º passageiro” as cenas eram em geral “claustrofóbicas”, em ambientes internos e fechados (dentro das naves), e os alienígenas mal eram mostrados, em Prometheus tudo é mostrado (aliás, o filme possui uma bela fotografia, que inclui cenas em planos bem abertos). Mesmo revelando ao espectador tudo o que acontece, o filme surpreende ao não perder o clima de tensão e suspense, o que é uma boa notícia. Mas não chega a ter um suspense tão bom quanto ao filme de 79.

Mesmo parecendo tanto com os demais filmes de Alien, Prometheus é interessante e agradável para os fãs da série. Já para quem não gosta ou não está familiarizado com a história e os personagens da franquia, acredito que a trama se torne um pouco confusa e cansativa, dado a enorme quantidade de referencia aos filmes anteriores.

Sobre as atuações, não há nenhum grande destaque, mas dois dos atores merecem elogios: Noomi Rapace convence como atriz principal e Michael Fassbender convence como andróide (embora ele seja um andróide sarcástico, o que para mim não faz sentido).

E se por um lado Prometheus respondeu muita coisa sobre Alien, ele levanta novas perguntas que não são respondidas aqui e que foram adiadas para uma óbvia futura continuação. Que esta continuação consiga enfim responder o que este filme prometeu mostrar e não cumpriu. A resposta para o “Quem somos e de onde viemos?” continua em aberto por motivos comerciais.

Nota: 6,0.

terça-feira, 24 de abril de 2012

48 – 2º capítulo


No dia 7 de março eu postei aqui, sob título “48” (http://cinemavirgula.blogspot.com.br/2012/03/48.html) que Hobbit e Avatar 2 estão sendo filmados também a 48 frames por segundo, ao invés dos tradicionais 24.

Também comentei que raríssimas pessoas já viram um filme exibido nesta velocidade. Apenas as pessoas que faziam os próprios experimentos de projeção deste tipo.

Pois isto mudou hoje. No evento CinemaCon - convenção anual dos donos de cinema dos EUA (cinemas, não estúdios) - que acontece durante esta semana em Las Vegas a Warner exibiu 10 minutos de Hobbit em 3D a 48 fps.
 
E a reação do público foi bem dividida. Uns adoraram, mas a maioria estranhou. Resumindo os comentários, dizem que é mesmo o 3D mais real que já viram. Mas é tão real que as imagens deixam de parecer cinema e passam a parecer mais com uma TV de alta definição.

Pelo jeito não será rápida a adaptação do público para a nova tecnologia. E talvez nem mesmo sua filmagem: há quem tenha reclamado que os movimentos dos personagens estão mais acelerados. É esperar pra ver e tirar suas próprias conclusões. Continuo curioso.

Crítica – “Santos, 100 Anos de Futebol Arte” (2012)


“Com início desastroso, documentário santista se recupera e torna-se aceitável no final”

Este meu blog não foi feito para falar de futebol. E falar sobre o filme do Centenário do Santos não chega a ser uma contradição a esta regra.

Seguindo uma estrutura bem comum para documentários esportivos, onde imagens reais do passado são intercaladas com depoimentos/comentários atuais de quem vivenciou aqueles momentos, “Santos, 100 Anos de Futebol Arte” é o primeiro de três filmes idealizados pela diretoria santista com objetivo de comemorar o Centenário do clube. E se propõe, como o título diz, a mostrar o futebol arte do Santos durante todos seus anos de existência.

Porém o filme impressiona justamente por não cumprir o prometido. São 93 minutos de exibição, sendo que destes temos menos de 25 minutos para contar toda a história que vai da fundação em 1912 até o milésimo gol de Pelé, em 1969. Ou seja, pouca atenção foi dada justamente ao tempo onde o Santos foi de fato o expoente máximo mundial do futebol arte, do futebol magia, do futebol espetáculo.

E Lina Chamie (diretora e roteirista do filme) e Ricardo Farias (montagem) foram além de limitar a aparição dos times clássicos do Peixe. Os tais primeiros 25 minutos possuem uma das piores montagens que já vi. Confuso, com textos jogados com tal velocidade que mal temos tempo para os ler, depoimentos que não tem absolutamente nenhuma relação com as imagens exibidas. Um caos! Contracenando com os primeiros anos do time da Vila, aparecem imagens recentes de torcida organizada, de títulos do ano passado; estas cenas deveriam estar no final da película, de onde pertencem cronologicamente. E o pior que estão lá também! A edição é tão ruim que algumas cenas se repetem!

Do milésimo gol do Rei em diante, pelo menos, o filme engrena. Depoimentos e cenas dos jogos enfim se harmonizam cronologicamente e temos vários momentos marcantes do Santos, que vão dos Meninos da Vila de 78 até o Tri da Libertadores em 2011. Surgem imagens e depoimentos muito bonitos, ora emocionantes, ora interessantes. É ao menos suficiente para deixar o torcedor satisfeito.

Mas mesmo nesta parte do filme há falhas. A confusão agora é menor, mas existe. Ainda há algumas cenas jogadas sem explicação, o que requer um conhecimento prévio da história do Santos para entender vários momentos do filme. Aliás, comparando este filme com “Pelé Eterno”, se a história do Rei é universal, este documentário só vai interessar os torcedores do Santos. Ainda comparando as duas películas, se o bom filme do Rei tem na trilha sonora seu ponto fraco, aqui a trilha é menos ruim e menos irritante.

Para finalizar, uma crítica que mais tem a ver com futebol do que cinema. Um ponto extremamente negativo é a escolha das pessoas que depõem no documentário. De toda a geração Pelé, apenas ele próprio, mais Pepe, Carlos Alberto Torres, Mengálvio e Lima comentam. Sendo que os dois últimos falam apenas uma frase cada um!

Estranhamente, jogadores e trabalhadores do clube foram preteridos e em seu lugar aparecem pessoas sem importância histórica para o Peixe. Por exemplo, os comentaristas principais são o Mano Brown (rapper) e Cosmo Damião (fundador da Torcida Jovem). Não discuto a genuína paixão de ambos pelo Santos. Mas eles pouco representam para o futebol santista. Se ao menos acrescentassem algo ao texto, tudo bem. Mas não é o que acontece. Enquanto temos depoimentos belíssimos de alguns escritores e jornalistas, da dupla acima só temos frases comuns.

Há outros que aparecem menos, porém mais constrangem do que homenageiam. É o caso do atual assistente de Marketing, Armênio Neto, e de alguns torcedores. Para completar a festa de “bicões”, a própria diretora Lina Chamie aparece brevemente em cena. E mais, ela encerra o filme dedicando-o a seu pai. Oras, afinal o filme é auto-homenagem ou uma homenagem ao Santos?

A conclusão é que o Santos merecia um filme muito melhor. Entretanto “Santos, 100 Anos de Futebol Arte”, mesmo com seus defeitos ainda agrada se levarmos em conta apenas os últimos 40 anos de clube. Assisti-lo apenas uma vez, para relembrar o que já temos mais vívido na memória, é minha recomendação ao torcedor santista.

Nota: 6,0.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Crítica – “Jogos Vorazes” (2012)

“Premissa básica falha e casal romântico desnecessário transformam em razoável um filme que poderia ser bom”

Mesmo antes de seu lançamento, “Jogos Vorazes” não me interessou. Também baseado em série de livros, o filme se promovia como “sucessor de Harry Potter e Crepúsculo”, ou seja, a idéia para vendê-lo não era que o filme será bom; e sim, que será bastante assistido. Lamentável.

Ironicamente, mudei de idéia ao ver que “Jogos Vorazes” chegou a completar quatro semanas no topo da bilheteria dos EUA. Fui então vê-lo no cinema em nome da curiosidade (e da manipulação que deu certo).
A história se passa em um futuro pós-apocalíptico, onde após uma longa guerra o acordo de paz obrigou as 12 colônias rebeldes a entregar anualmente um rapaz e uma moça (ambos entre 12 a 18 anos) como tributo à Capital, dominante.  Estes 24 adolescentes são jogados numa selva repleta de armas e animais, sob forma de um reality show mundial, o tal “Jogos Vorazes”. Com o objetivo de matar seus oponentes, vence os jogos o único jovem sobrevivente.

Segundo o filme, a “desculpa” oficial para os Jogos Vorazes é manter as colônias pacificadas, relembrando-as de “quem manda”. Ao mesmo tempo, segundo palavras do Presidente da Capital: ‘”sabe por que simplesmente não os executamos todos de uma vez? É preciso um vencedor para lhes dar esperança”.

Infelizmente, não faz sentido. Ao longo do filme, vemos que as colônias 1 e 2 tratam os jogos como profissão, como maneira de ascensão social. Treinam para vencer e geralmente vencem. Em outras palavras, os jogos não servem para oprimi-los. Já as colônias restantes sofrem com os filhos que perdem anualmente, e eventualmente se revoltam com as mortes, ou seja, os jogos não os “pacificam”.

Se a premissa básica é falha, pelo menos o enredo traz algumas qualidades. Apesar de se passar no “futuro”, a manipulação do povo burro pela mídia é explícita no filme e igual a que existe nos dias de hoje. Igualmente vemos o mau gosto e a falta de ética dos reality shows. As regras são modificadas a todo momento, seja para agradar o povo, ou principalmente, para agradar os donos do programa. A semelhança com os reality shows reais (inclusive os brasileiros) não é uma coincidência.

Saindo do debate e passando para a ação, as cenas de batalha e sobrevivência são bem interessantes. As situações criadas – e as maneiras que a protagonista principal Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se adapta a elas - são outro ponto alto da história. A "selva" possui uma fotografia bonita, e as várias cenas de violência ficam mais na sugestão do que na exibição, o que também foi uma boa escolha.

Jogos Vorazes seria um bom filme se mantivesse o foco nas suas qualidades acima. Mas ele não segue esta fórmula e investe no clichê, ao enfiar em seu final um desnecessário romance. Apresentado inicialmente como uma maneira de se jogar o jogo e atrair a preferência do público, de uma hora para outra Katniss parece se apaixonar de verdade, o que não faz nenhum sentido. Mais ainda, o filme termina sem esclarecer se aquilo foi amor real ou não.

Aliás, o filme se baseia demais no ponto de vista da protagonista. Quase sempre vemos tudo por seu olhos – não necessariamente por uma câmera em 1ª pessoa, mas sim em câmeras onde Katniss Everdeen é filmada bem de perto – o que traz vantagens e desvantagens. Como positivo o filme é bem sucedido em nos transportar para dentro dos Jogos; como negativo ficamos tão confusos quanto a personagem ao se deparar com algumas reviravoltas que jamais são explicadas. Fico em dúvida se isto é falha da adaptação para as telas, ou se a falha é mesmo do livro.

O resultado final é um filme razoável que podia ser melhor, mas que pelo menos entretém. E a conclusão que chego sobre o real motivo da existência dos “Jogos Vorazes” é o dinheiro. Dinheiro para os organizadores e patrocinadores dos jogos da Capital; e principalmente – já saindo das telas - dinheiro para a autora do livro e os produtores do filme.

Nota – 6,0.

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...