Diretor: Tom Hooper
Atores principais: Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway
Nota: 6,0
“O gênero musical em sua pior forma”
Antes de mais nada, uma explicação. Não gosto de musicais. Portanto, por mais que tente, não posso negar certa parcialidade negativa na crítica a seguir de Os Miseráveis.
Dito isto, mesmo assim não sou tão intolerante ao gênero de filmes musicais como a frase acima aparenta. Uma prova disto é que gostei bastante de musicais mais recentes, como por exemplo: Moulin Rouge, Chicago, Sweeney Todd e o francês 8 Mulheres.
A questão é que todos estes filmes acima possuem atributos (para mim) fundamentais que esta nova versão de Os Miseráveis não têm: diálogos não cantados e uma história verdadeiramente adaptada para o meio do cinema.
Para começar, este filme do diretor inglês Tom Hooper é uma adaptação quase literal do musical Les Misérables criado na década de 80 por Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg. Da maneira que o filme foi feito, temos praticamente a peça musical filmada. Cena por cena. Canção por canção.
As cenas e cenários são sempre fechados e auto-contidos, e a transição entre eles é sempre brusca. É como se após um ato, o diretor parasse com a filmagem, fechasse as cortinas, esperasse trocar todo o cenário, abrisse as cortinas, e tornasse a filmar novamente.
Oras, fazendo isto transportamos para o cinema as mesmas limitações que existem no teatro. Por exemplo, as cenas possuem muito pouca ação. Com raras exceções, praticamente não temos danças, coreografias. O enorme exagero do diretor no uso de closes acaba deixando o plano de ação dos atores ainda mais limitado que numa peça! Tudo isto me soa um grande desperdício de recursos. Para que filmar algo que se pode ver ao vivo numa casa de espetáculos? A bela fotografia? Até poderia ser, se ela tivesse alguma relevância na história, o que definitivamente não acontece.
Curioso ver que 95% dos diálogos do filme são cantados. Os musicais não precisam ser assim no cinema. Mas já que o são neste filme, me pergunto o porquê de justamente os 5% de diálogos mais relevantes não serem cantados. Será que o próprio diretor reconhece que a fala cantada não é o ideal para o cinema?
Uma decisão corajosa de Tom Hooper foi a de usar o canto real de todos os atores envolvidos durante 100% do tempo. Mas esta coragem tem conseqüências. Nem todos cantam bem. Por exemplo, fiquei incomodado com a performance vocal de atores como Russell Crowe, Amanda Seyfried, Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter. Mais um motivo para você ver Os Miseráveis no teatro, onde temos atores especializados em canto.
Mas nem tudo é ruim nos cansativos 158 minutos de projeção. Hugh Jackman e Anne Hathaway atuam e cantam de maneira admirável, e a indicação de ambos para o Oscar é justíssima. A performance de Hathaway cantando "I Dreamed a Dream" é magnífica, o único momento do filme onde fiquei verdadeiramente emocionado.
Algumas músicas aliás são excelentes (algumas não saem da minha cabeça). Mesmo assim - me perdoem os compositores do musical original - elas são bem pouco variadas. As canções possuem vários "plágios delas mesmas" ao longo da projeção.
A última meia hora da história acaba sendo bem mais interessante, já que enfim usando cenas externas (para mostrar as batalhas entre exércitos) o diretor pôde mostrar alguma ação que seria impossível nos palcos, tornando o filme bem mais dinâmico.
E finalmente, se ignorarmos toda a cantoria, o enredo de Os Miseráveis é bom, claro. Não a toa é a obra prima do escritor francês Vitor Hugo.
Em resumo, entendo que o musical Os Miseráveis poderia ser adaptado com sucesso para o cinema, mas não copiado, como foi o caso. É esta diferença não muito sutil que me leva a Nota 6,0.
Dito isto, mesmo assim não sou tão intolerante ao gênero de filmes musicais como a frase acima aparenta. Uma prova disto é que gostei bastante de musicais mais recentes, como por exemplo: Moulin Rouge, Chicago, Sweeney Todd e o francês 8 Mulheres.
A questão é que todos estes filmes acima possuem atributos (para mim) fundamentais que esta nova versão de Os Miseráveis não têm: diálogos não cantados e uma história verdadeiramente adaptada para o meio do cinema.
Para começar, este filme do diretor inglês Tom Hooper é uma adaptação quase literal do musical Les Misérables criado na década de 80 por Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg. Da maneira que o filme foi feito, temos praticamente a peça musical filmada. Cena por cena. Canção por canção.
As cenas e cenários são sempre fechados e auto-contidos, e a transição entre eles é sempre brusca. É como se após um ato, o diretor parasse com a filmagem, fechasse as cortinas, esperasse trocar todo o cenário, abrisse as cortinas, e tornasse a filmar novamente.
Oras, fazendo isto transportamos para o cinema as mesmas limitações que existem no teatro. Por exemplo, as cenas possuem muito pouca ação. Com raras exceções, praticamente não temos danças, coreografias. O enorme exagero do diretor no uso de closes acaba deixando o plano de ação dos atores ainda mais limitado que numa peça! Tudo isto me soa um grande desperdício de recursos. Para que filmar algo que se pode ver ao vivo numa casa de espetáculos? A bela fotografia? Até poderia ser, se ela tivesse alguma relevância na história, o que definitivamente não acontece.
Curioso ver que 95% dos diálogos do filme são cantados. Os musicais não precisam ser assim no cinema. Mas já que o são neste filme, me pergunto o porquê de justamente os 5% de diálogos mais relevantes não serem cantados. Será que o próprio diretor reconhece que a fala cantada não é o ideal para o cinema?
Uma decisão corajosa de Tom Hooper foi a de usar o canto real de todos os atores envolvidos durante 100% do tempo. Mas esta coragem tem conseqüências. Nem todos cantam bem. Por exemplo, fiquei incomodado com a performance vocal de atores como Russell Crowe, Amanda Seyfried, Sacha Baron Cohen e Helena Bonham Carter. Mais um motivo para você ver Os Miseráveis no teatro, onde temos atores especializados em canto.
Mas nem tudo é ruim nos cansativos 158 minutos de projeção. Hugh Jackman e Anne Hathaway atuam e cantam de maneira admirável, e a indicação de ambos para o Oscar é justíssima. A performance de Hathaway cantando "I Dreamed a Dream" é magnífica, o único momento do filme onde fiquei verdadeiramente emocionado.
Algumas músicas aliás são excelentes (algumas não saem da minha cabeça). Mesmo assim - me perdoem os compositores do musical original - elas são bem pouco variadas. As canções possuem vários "plágios delas mesmas" ao longo da projeção.
A última meia hora da história acaba sendo bem mais interessante, já que enfim usando cenas externas (para mostrar as batalhas entre exércitos) o diretor pôde mostrar alguma ação que seria impossível nos palcos, tornando o filme bem mais dinâmico.
E finalmente, se ignorarmos toda a cantoria, o enredo de Os Miseráveis é bom, claro. Não a toa é a obra prima do escritor francês Vitor Hugo.
Em resumo, entendo que o musical Os Miseráveis poderia ser adaptado com sucesso para o cinema, mas não copiado, como foi o caso. É esta diferença não muito sutil que me leva a Nota 6,0.