sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Crítica – Amor Pleno (2012)

Título: Amor Pleno ("To the Wonder", EUA, 2012)
Diretor: Terrence Malick
Atores principais: Ben Affleck, Olga Kurylenko, Javier Bardem, Rachel McAdams
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=a2BS4yo0FBQ
Nota: 4,5

Malick questiona o amor em um filme bem cansativo

Terrence Malick, recluso diretor estadunidense, decididamente leva a sério a questão de fazer “filmes autorais”. Afinal, seus filmes possuem características únicas, mais uma vez repetidas a exaustão em sua nova obra, Amor Pleno.

São elas: fotografia soberba, cenas curtas, muitos cortes, belas sinfonias ao fundo, a câmera sempre em movimento e muito próxima dos atores, seja acompanhando seus passos, ou ainda, girando ao redor dos mesmos. Mais ainda: na maioria do tempo a câmera pega o rosto dos personagens, para mostrar melhor suas emoções, e a narrativa, pouca, é “interior”, onde ouvimos seus pensamentos.

Amor Pleno foca principalmente em dois personagens: Marina (Olga Kurylenko), uma divorciada que mora na França e já possui uma filha de 10 anos, que se apaixona por Neil (Ben Affleck), um estadunidense que a conhece em sua visita à Europa. Marina demonstra um amor quase incondicional por Neil, e ao mesmo tempo vê nele sua chance de sair de Paris. Já Neil é uma pessoa fria, de poucas palavras, e que embora goste de Marina, não a ama tanto quando ela gostaria.

Rachel McAdams e Javier Bardem fazem papéis bem menores, sendo a primeira uma companheira de infância de Neil que agora também tenta casar com ele; e o segundo, um padre, cujo amor exibido no filme é um pouco diferente, ou seja, seu amor (não correspondido) por Deus.

O grande mérito de Terrence Malick é conseguir passar com maestria todo o cenário descrito acima para o espectador sem com isto usar recursos de narração ou diálogos. Sim, narração e diálogos existem, mas são pouquíssimos. É mesmo através da montagem e dos ângulos de filmagem que conseguimos perceber os sentimentos e a história que acontece.

Mas um filme bem executado tecnicamente não significa que ele é bom. E em Amor Pleno temos tantos cortes de cena, tanta montagem, que a experiência de assistir o filme é extremamente cansativa. Assista o trailer e vocês terão uma idéia precisa de quão frequentes e fortes os cortes são. O que se vê lá é a toada para o filme todo.

Mais ainda, o enredo é repetitivo demais. Malick é tão eficiente ao demonstrar sua história e sentimentos através de colagem de imagens que com menos de metade do filme já entendemos o que acontece... não há a necessidade de ir e voltar em pontos similares da trama, o que acontece e incha a projeção para quase 2 horas de filme. 

Outro pecado de  Amor Pleno é sub aproveitar o personagem de Javier Bardem. O fato dele, como padre, amar Deus e não ser correspondido (sua igreja está abandonada, o mundo cada vez pior, e ele, padre, jamais teve uma experiência espiritual com Deus mesmo tentando muito), e ao mesmo tempo pregar aos fiéis que Jesus nos disse para amar sempre, mesmo que seja por obrigação, é algo que renderia debates interessantíssimos. Infelizmente, como já disse, Bardem aparece pouco no filme.

O recluso Terrence Malick, que costuma demorar pelo menos 5 anos para fazer seu filme seguinte, desta vez não seguiu a regra e fez Amor Pleno um ano depois de fazer a Árvore da Vida. Pelo que vi, talvez estes 5 anos sejam mesmo o que Malick precise sempre para fazer grandes filmes. Nota: 4,5.

PS: Ben Affleck está PÉSSIMO em cena. Que medo dele ser o futuro Batman.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Outubro de 2013, um mês nobre para os quadrinhos

Saudações, pessoal. Fazendo uma pausa no assunto cinema, e justificando o lado "vírgula" do meu blog, vamos a algumas notícias de quadrinhos.

Este Outubro certamente entrará para história, afinal, marcará o retorno de dois grandes nomes dos quadrinhos: Asterix e Sandman.

Sandman

Mais precisamente no dia 30 de Outubro, Neil Gaiman voltará a sua criação máxima Sandman, pelo selo Vertigo da DC Comics. É um surpreendente retorno do escritor inglês, já que ele sempre evitou voltar para seu personagem principal com medo de desgastá-lo.


O título? The Sandman: Overture, que será uma minissérie bimensal de 6 edições, que terá capas desenhadas novamente por Dave McKean, e como desenhista J.H. Williams III, estreante na série.

A história será na verdade um prequel, afinal irá trazer contos de Sandman anteriores a ele ser capturado por engano por humanos, fato que dá inicio ao título, conforme se vê em Sandman #1, de 1988. Aliás, é justamente por estarmos comemorando neste ano o 25º aniversário da série que autor e editora usaram como "desculpa" o retorno do personagem.

Lembrando que a série original de Sandman teve seu último número publicado em 1996, e que após isto, Neil Gaiman retornou ao seu personagem como protagonista apenas uma vez, em 2003, com a graphic novel Sandman - Noites Sem Fim.


Asterix retorna... 

Se em Sandman temos o retorno do seu criador, o novo Asterix "se livra" de seus criadores.


O próximo álbum de Asterix se chamará "Asterix entre os Pictos" (Astérix chez les Pictes, no original) e será o primeiro material novo do Gaulês desde 2009. A trama se passará na Escócia, sendo "Pictos" o nome de um dos povos que habitavam a região.

Mas a grande novidade é que este será o primeiro álbum de Asterix sem roteiro e desenhos dos criadores René Goscinny (1926-1977) e Albert Uderzo. Com a "aposentadoria" de Uderzo, a missão passa para os também frances Jean-Yves Ferri (nos roteiros) e Didier Conrad (desenhos).

A trama? Nas palavras do autor: "Política é o pano de fundo. Mas a história - a história principal - é uma história de amor entre um Picto e uma mulher. E Asterix e Obelix vão a Escócia para ajudá-lo“.

Limitado pela idade, Uderzo não tinha mais ânimo nem saúde para produzir novas aventuras de seu personagem (no séc. XXI foram apenas 2 edições "tradicionais" se desconsidermos as coletâneas de histórias curtas: "Asterix e Latraviata (2001) e Astérix e o dia em que o Céu caiu (2005) ). E exatamente por isto em Dezembro de 2008 ele tomou a decisão de vender seus direitos para a editora Hachette, permitindo-a produzir novas aventuras com novos escritores/desenhistas.

Passando o bastão: Uderzo (esq) e Jean-Yves Ferri
Só agora, com "Asterix entre os Pictos", temos os frutos desta nova e histórica fase. O novo álbum tem lançamento europeu previsto para 24 de outubro e a editora Record já confirmou o lançamento no Brasil neste mês.

... e retorna remasterizado!

O "selo" remasterização
Outra novidade é que enfim o material remasterizado chega ao Brasil. Disponível na França à muitos anos sob titulo de "La Grande Collection" , os álbuns de Asterix foram reeditados para ficar a pedido de Uderzo sob "formato definitivo". Principalmente nas edições as diferenças são bem perceptíveis.

Algumas capas novas, retoques nos desenhos e recolorização completa. Para nós brasileiros, o texto foi revisado para padronizar traduções e o design dos álbuns.

Para identificar os álbuns "remasterizados", há uma pequena silhueta vermelha de Asterix, em vermelho na lateral dos livros, conforme se vê na foto ao lado.

Um exemplo da reimpressão, aqui no livro "Asterix e a Foice de Ouro"

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Crítica - Elysium (2013)

Título: Elysium ("Elysium", EUA, 2013)
Diretor: Neill Blomkamp
Atores principais: Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley, Alice Braga, Wagner Moura
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=6LUwv0in5eo
Nota: 5,5

Pouca ficção científica, muita ação e muitos clichês

Estamos no ano 2154. Os humanos muito ricos vivem confortavelmente em uma enorme estação espacial chamada Elysium. Já a grande maioria das pessoas continuam no planeta superpopulado e em ruínas que é a Terra, que alias possui um visual muito parecido com o que vimos na excelente animação da Pixar, Wall-E.

Este é o cenário de Elysium, o novo filme do diretor sul-africano Neill Blomkamp de apenas 34 anos que fez sucesso recente com seu bom Distrito 9. Mesmo tendo Matt Damon e Jodie Foster como principais protagonistas, o filme é bem atrativo para nós brasileiros por dar também bastante destaque para os brasucas Alice Braga (Eu Sou a Lenda) e Wagner Moura (Tropa de Elite). Este último, em seu primeiro trabalho Hollywoodiano de expressão.

Todo este contexto acima dá a impressão de termos um filme de ficção científica, mas não é o que acontece. Mais do que qualquer outra coisa, Elysium é um filme de ação. O universo ficcional criado por Neill Blomkamp é pouco exibido. Com uma filmagem usando planos curtos, muitos closes e muitos cortes, pouco se consegue ver do cenário ao redor. Cenário aliás que quase sempre é um deserto e/ou uma favela... tornando Elysium uma espécie de Mad Max com algumas poucas naves e robôs.

Na trama, o ex-presidiário Max (Matt Damon) vive sua vida pobre e de reabilitação na Terra quando, ao sofrer um grave acidente, fica doente e com poucos dias de vida. A partir daí, com a ajuda do criminoso Spider (Wagner Moura), ele topa qualquer coisa para subir em Elysium e obter sua cura (na estação espacial a medicina é tão avançada que as pessoas não envelhecem, não ficam mais doentes).

E pelo "topa qualquer coisa" entenda-se cometer crimes de sequestro e viagens clandestinas. Tudo isto portanto, com muita ação. O filme não dá descanso e possui um ritmo frenético do começo ao fim. As cenas de ação vão do razoável ao bom, porém, infelizmente Elysium não evita uma enorme quantidade de clichês, como por exemplo a necessidade de "salvar uma mocinha" (Alice Braga) e um vilão absurdamente malvado que nunca morre (Sharlto Copley - que foi o ator principal em Distrito 9).

Tecnicamente o filme também não empolga. A fotografia não é boa, com algumas cenas tremidas e desfocadas (mas que seguem o propósito de tornar a "correria das ruas" mais real); já a trilha sonora é bacana e mais interessante, porém ela lembra muito os sons da ficção A Origem, de 2010. Originalidade não é mesmo o forte de Elysium.

Em termos de atuações, Matt Damon não convence como o "garoto problema" que deveria ser, mas fora ele os demais atores estão bem, no que se inclui os bons trabalhos de Alice Braga e Wagner Moura. Com mais cenas dramáticas a disposição, a meu ver Alice Braga está melhor que seu compatriota.

Apesar de todos os defeitos acima, Elysium não deixa de ser um filme de ação médio mas bom o suficiente para satisfazer os fãs do gênero. E ver o Brasil nas telas sempre é um atrativo a mais. Nota: 5,5.

PS: o personagem de Matt Damon se chama Max da Costa. Somado ao fato de que o idioma nativo do personagem é o espanhol, não tenham dúvida que para o estadunidense médio Max é um brasileiro. Afinal, a família "da Costa" é famosa no universo de ficção dos EUA: o alter-ego do super-herói brasileiro da Marvel Comics, o Mancha Solar, se chama "Roberto da Costa". Já o alter-ego da super-heroína Fogo, da DC Comics, é a brasileira  Beatriz Bonilla da Costa.

sábado, 21 de setembro de 2013

Crítica - Terapia de Risco (2013)

Título: Terapia de Risco ("Side Effects", EUA, 2013)
Diretor: Steven Soderbergh
Atores principais: Rooney Mara, Jude Law, Channing Tatum, Catherine Zeta-Jones
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=CSjLrm-qTUY
Nota: 7,0

Interessante filme que altera seu gênero ao longo da história

Terapia de Risco (Side Effects, no original) é o mais novo trabalho do diretor Steven Soderbergh e um curioso caso de filme que muda de gênero ao longo da história.

A projeção começa sob o ponto de vista da frágil Emily (Rooney Mara), que mesmo com a recém saída de seu marido Martin (Channing Tatum) da prisão após 4 anos, se encontra em um estado de grande depressão. Soderbergh nos transmite com maestria o estado psicológico de Emily, com imagens praticamente monocromáticas (tudo tem um fortes tom laranja), cenas curtas com cortes abruptos, plano curto e closes... tudo refletindo com sucesso o estado de tormento mental da protagonista.

Após uma tentativa fracassada de suicídio, o psiquiatra Dr. Banks (Jude Law) assume Emily como paciente, e como parte do tratamento, lhe indica o anti depressivo Ablixa. Então, pouco tempo depois, devido a um EFEITO COLATERAL da droga (entendeu minha marcação, ó imbecil que traduz o nome dos filmes?), acontece um grave acidente, que coloca Emily e Dr. Banks em uma situação difícil. Mais ainda, sob suspeita de acompanhamento médico indevido, Banks tem sua carreira colocada em risco.

O cenário descrito acima é interessantíssimo, abrindo discussões como: quais são os cuidados, e qual é o limite para se tratar pacientes com drogas; e mais ainda, de quem é a culpa pelo acidente? Do médico? Da paciente? De ambos? Ou de nenhum dos dois?

Após uns ótimos vinte minutos explorando as indagações acima, eis que acontece uma reviravolta e o filme se transforma. De um empolgante drama filosófico ele se torna um thriller policial. Se por um lado o roteiro ganha pontos por nos surpreender, perde muitos pontos por ignorar a partir de então todo o promissor debate ético e moral apresentado até este momento.

A transformação do filme também se reflete na sua apresentação. Agora temos na tela uma Nova York bastante colorida, cenas mais longas e com planos mais distantes. O ponto de vista que temos passa a ser o do Dr. Banks. Porém esta "segunda parte do filme" não é tão bem executada quanto a primeira. Além de infelizmente desprezar a parte mais interessante da primeira parte, a história se enfraquece, ficando um pouco cansativa devido ao excesso de explicações e, mais ainda, por concluir com um final consideravelmente inverossímil.

Terapia de Risco é um filme que começa de maneira muito empolgante e promissora, mas que se torna um caso raro de história que se enfraquece justamente por surpreender o espectador. Apesar de suas falhas, entretanto, não deixa de ser um filme bom e diferente que merece sua chance. Nota: 7,0.

PS: o medicamento Ablixa é fictício. Mas isto não impediu os internautas de criarem um site fake para ele. Confiram esta curiosidade: http://www.tryablixa.com/

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Crítica - Rush: No Limite da Emoção (2013)

Título: Rush: No Limite da Emoção ("Rush", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2013)
Diretor: Ron Howard
Atores principais: Daniel Brühl, Chris Hemsworth, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=ee35ZJ4KGVw
Nota: 8,5

Um dos melhores filmes de corrida já feitos. E um dos melhores filmes do ano.

Rush é uma grata surpresa nos cinemas. Não só pela sua alta qualidade, mas por ser um filme de Hollywood a contar uma história da Fórmula 1. Coisa rara.

Na verdade, a F1 acaba sendo apenas o pano de fundo para a verdadeira história, que é a história da rivalidade entre o piloto austríaco Niki Lauda e do piloto inglês James Hunt. O grande trunfo de Rush é que não importam as corridas, e sim os dois personagens Lauda (Daniel Brühl) e Hunt (Chris Hemsworth) e a relação entre eles. Esta abordagem torna o filme bastante interessante tanto para os fãs de automobilismo quanto para os homens e mulheres que não se importam pelo esporte.

Conduzida com maestria pelo diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante), a história começa em 1970, ainda pela Fórmula 3 - aonde a rivalidade começou, e termina junto com o ano de 1976, ano em que Lauda sofreria seu grave acidente nas pistas.

O ator espanhol Brühl convence e impressiona como o ríspido Lauda e é uma das grandes atrações do filme. Já Hemsworth representa seu “papel de sempre” com a diferença que aqui, como Hunt, sua atuação cai como uma luva e é muito boa, contrastando com o que acontece quando ele representa Thor, que chega a ser constrangedor em alguns momentos.

Apesar de ter 2h de duração, Rush é desenvolvido em um ritmo tão rápido e tão enxuto que definitivamente não se vê o tempo passar. A bela fotografia (as cores são bastante carregadas, mas eu gostei do efeito produzido), e principalmente os efeitos sonoros, contribuem para que a experiência de assistir o filme seja alucinante, mesmo não mostrando quase nada de corrida no filme todo!

O pai da bela Bryce Dallas Howard acerta a mão ao não tornar os personagens sob seu comando reles opostos maniqueístas. Sim, Lauda é o antipático e rígido ultra profissional, mas ao mesmo tempo, sabe fazer rir e tem sentimentos. Sim, Hunt é o mulherengo louco que vive cada dia como se fosse o último, mas mesmo assim, também demostra medo e coração. E outro grande acerto é conseguir mostrar todo o drama dos personagens sem ser piegas.

Para completar o pacote, nos pequenos detalhes, há o bônus para o amante da F1. É um prazer ver espalhadas pelo filme, mesmo que em pequenos relances, curiosidades da F1 de 40 anos atrás, como por exemplo pistas com mais de 20 Km de extensão, uma mortalidade de 2 pilotos por temporada, ver uma Tyrrell com 6 rodas, ver a “loucura” de Fittipaldi deixar a McLaren para ir para se arriscar na Copersucar, e etc.

Finalizando, Rush é uma bela história de rivalidade, coragem, vida, morte, inimizade e amizade. E é difícil encontrar defeitos nele. Mesmo assim, como sou chato, Rush não leva uma nota ainda maior porque, fora alguns pequenos erros e exageros, acaba herdando um pouco da característica de Lauda e é pragmático demais... nos dando pouco tempo para reflexão, ou ainda, sem conceder tempo para nos surpreender – tudo o que acontece tem uma causa e efeito imediatos.

Infelizmente, Rush tem chamado pouca atenção nos cinemas brasileiros, o que é uma pena. Repito que é um dos melhores filmes de corrida de todos os tempos, e um dos melhores filmes do ano. Nota: 8,5.

PS: mais uma vez, deixo aqui minha “homenagem” aos imbecis que “traduzem” os nomes dos filmes. Desta vez nem houve tradução na verdade... de apenas “Rush”, no original, virou o piegas Rush: No Limite da Emoção. Com um nome de sessão da tarde como este, dificilmente eu assistiria este filme nos cinemas. Talvez isto justifique, em partes, porque o filme não está chamando tanta atenção.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Agatha Christie vai voltar (ou quase). Hercule Poirot vai voltar (este vai mesmo!)

Sophie Hannah, Agatha Christie, e o detetive Hercule Poirot interpretado pelo ator David Suchet

Eis uma notícia bem recente que surpreendentemente ainda não repercutiu no Brasil. Nesta 4ª feira dia 04 de setembro, a editora inglesa Harper Collins anunciou oficialmente que um novo livro de Hercule Poirot irá ser publicado em 2014, a ser escrito pela britânica Sophie Hannah.

De 42 anos, Sophie Hannah também é uma escritora de romances policiais, e atualmente bem conhecida na Inglaterra. Ela será a primeira privilegiada a escrever uma obra 100% inédita de um personagem de Agatha Christie com o aval de seus herdeiros.

Até agora pouco do futuro livro é conhecido. Não se sabe seu nome, nem sua trama. Mas se sabe que a história se passará em 1920, o que colocaria esta narrativa em um período onde Poirot estava no começo de sua carreira como detetive particular (o primeiro livro de Poirot publicado por Agatha Christie - O Misterioso Caso de Styles - foi publicado justamente em 1920).

Não é a primeira tentativa de se “reviver” a grande escritora britânica. Afinal, Agatha Christie (1890 - 1976) só não vendeu mais que Shakespeare e que a Bíblia. Algo tão lucrativo dificilmente ficaria estacionado para sempre.

Vejam que curioso... a primeira pessoa a pensar no seu legado pós-morte foi a própria escritora! Com o advento da 2ª Guerra Mundial, a “Rainha do Crime” resolveu escrever em plena guerra a última história de seus dois principais detetives: Poirot e Miss Marple (o nome dos livros, respectivamente: Cai o Pano e Um Crime Adormecido). Assim, se houvesse alguma fatalidade ela não deixaria seus leitores sem conhecer o desfecho de seus personagens preferidos.

Mas Agatha sobreviveu a guerra, e estes livros ficaram escondidos por décadas, até que então, já com a saúde bastante debilitada Cai o Pano foi publicada em 1975. Meses depois, a autora faleceria, sendo que então em 1976 seria a vez de se publicar Um Crime Adormecido, que se tornaria o primeiro livro póstumo da inglesa.

De certa forma, primeiro e último, já que depois de 1976 o que se viu como lançamentos foram apenas algumas poucas coletâneas de contos – alguns inéditos – publicados anteriormente em outras mídias, como jornais e revistas. Daí surgiram, por exemplo, os livros Os Últimos Casos de Miss Marple (1979), Problem at Pollensa Bay and Other Stories (1991), Enquanto Houver Luz (1997), Poirot e o Mistério da Arca Espanhola & Outras Histórias (1997).

Mas seria só em 1998 que teríamos a primeira tentativa “forte” de ressuscitar a autora. Foram três livros inéditos, referentes a peças de teatro escritas por Agatha Christie e adaptados pelo escritor australiano Charles Osborne. Então vieram: Café Preto (1998), O Visitante Inesperado (1999) e A Teia da Aranha (2000).

De lá pra cá, não houve nada de novo no universo da “Rainha do Crime”. Até hoje. Pois Sophie Hannah terá sua chance de escrever um novo capítulo nesta história. Que ela seja bem sucedida.

PS: para quem quiser um pouco mais de detalhes sobre o novo livro, segue o link:

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Veja aqui: 4 trailers comentados (inclui os novíssimos de Robocop e Gravidade)

Depois de mostrar em meu post anterior cinco filmes “do passado”, é hora de olhar para o futuro. Quatro filmes. Quatro trailers. Que para bem ou para o mal, chamaram minha atenção. Vamos a eles!

Filme: Robocop
Estréia em: 21 de fevereiro de 2014
Comentários: começo pelo trailer mais recente de todos... o primeiro do novo Robocop, dirigido pelo brasileiro José Padilha (Tropa de Elite), e que foi divulgado ontem! Infelizmente, toda a má impressão que tive do filme via fotos se reforça no trailer. Ele é decepcionante. Bem distante do original; o novo Robocop é muito mais humano que robô, e realmente parece muito mais um humano de armaduras do que uma máquina. Lamentável. Espero estar errado, mas a impressão que tenho é que este será um filme de ficção científica bem “genérico”, perdendo muito das características originais.

Filme: Rush - No Limite da Emoção
Estréia em: 13 de setembro de 2013
Comentários: depois do trailer mais recente, segue o trailer cujo filme estrará primeiro. E ele já estréia na próxima sexta. O que vi me deixou bastante empolgado; e afinal de contas, não deixa de ser uma novidade um filme de Hollywood sobre F1, o que não acontecia há muito tempo. Dirigido por Ron Howard (Uma Mente Brilhante), temos aqui a história da rivalidade entre os pilotos James Hunt e Niki Lauda.

Filme: Thor: O Mundo Sombrio
Estréia em: 1º de Novembro de 2013
Comentários: depois do fraco primeiro filme, eis a continuação. Pelo que se vê a continuação aparenta ser melhor que sua antecessora. Mais ação, mais seriedade, melhores batalhas. E uma última constatação de efeitos dúbios: a belíssima Natalie Portman aparecerá bem mais neste filme. Isto é bom para os olhos. Mas ruim para o roteiro já que a pior coisa do primeiro filme fui justamente as cenas de romatismo entre ela e Thor.

Filme: Gravidade
Estréia em: 11 de Outubro de 2013
Comentários: já cansei de falar bem deste filme neste blog, que certamente é o filme de 2013 que mais ansiosamente aguardo. E o trailer do link acima é o mais recente de todos, começou a ser exibido só nesta semana! Eu admiro muito o trabalho do diretor Alfonso Cuarón e mesmo antes de ver o filme já passei a admirar Sandra Bullock. Afinal, para este filme ela teve que passar horas e horas pendurada por cordas em um quarto escuro, sem ver absolutamente nada. Respeito bastante este esforço e dedicação. Curiosidade: todos estes sons de explosão presentes no trailer são puro marketing. O diretor já avisou que no filme as explosões não são ouvidas... afinal, o som não se propaga no espaço! E ele quer deixar tudo o mais real possível. Imperdível!

domingo, 1 de setembro de 2013

Cinco filmes. Cinco parágrafos. Cinco notas.


A longa ausência de conteúdo novo em meu blog se deveu a problemas pessoais, mas eles não me impediram que, neste período, eu assisti em casa alguns dos filmes dos primeiros meses de 2013 que perdi nos cinemas.

E embora eu não vá fazer uma crítica detalhada para cada um destes filmes (são cinco), para cada um deles irei escrever um parágrafo e dar minha nota. Leiam porque tem bastante coisa boa listada abaixo!

A Caça ("Jagten", 2012)
Filme dinamarquês sobre um professor acusado injustamente de pedofilia. Belíssima fotografia, história forte, impressiona ao transmitir tanta coisa com poucos diálogos e sem melodrama. Nota: 9,0.

Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer ("A Good Day to Die Hard", 2013)
Um plágio mal feito de James Bond onde sequer há algo que se possa chamar de roteiro. Bruce Willis passa o filme inteiro em chatas discussões com o filho e sequer leva o filme a sério. Disparado o pior filme da franquia. Nota: 3,0.

No ("No", 2012)
Filme chileno indicado ao Oscar 2013, que nos mostra o plebiscito ocorrido em 1988 para que o ditador Pinochet continuar ou não no poder. Com Gael García Bernal  no papel principal, o filme consegue nos passar com maestria a tensão vivida pelo personagem. Prato cheio para quem gosta também de história, propaganda e publicidade. Só não gostei da fotografia. Nota: 8,0.

ParaNorman ("ParaNorman", 2012)
Animação de stop-motion indicada ao Oscar 2013, baseada na história de um menino que consegue falar com os espíritos. Bem bacana, principalmente por tirar sarro de clichês, explorando com frequencia situações de maneira oposta ao apresentado na maioria dos filmes. Nota: 7,0.

Era uma Vez na Anatolia ("Bir zamanlar Anadolu'da", 2011)
Filme turco “cult”, vencedor do Grande Prêmio do Juri em Cannes, toda história se passa ao longo de um único dia de uma investigação policial. A fotografia é soberba, e o filme é uma aula de narrativa e apresentação dos personagens. Seu único defeito é ser exageradamente longo e lento. Nota: 8,0.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Crítica - Círculo de Fogo (2013)

Título: Círculo de Fogo ("Pacific Rim", EUA, 2013)
Diretor: Guillermo del Toro
Atores principais: Charlie Hunnam, Idris Elba, Rinko Kikuchi
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=Wcw7T6RSENo
Nota: 6,5.

"Muito bom na ação e no visual. No resto nem tanto”

Círculo de Fogo era um dos filmes que mais aguardava em 2013. A possibilidade de ver um filme de “robôs gigantes contra monstros gigantes” em um filme de orçamento superior a US$ 200 milhões de dólares, com o bom Guillermo del Toro (Hellboy, O Labirinto do Fauno) na direção fazia meu lado nerd ficar bem atiçado.

Em clara homenagem / inspiração nos Tokusatsu japoneses (literalmente "filme de efeitos especiais" - que se referem a Godzilla, Jaspion, Changeman, Power Rangers, etc), aqui o tema “monstros” aparece sob uma roupagem científica-militar, lembrando bem em estilo e estrutura o filme de alienígenas “Independence Day”.

Círculo de Fogo (cujo nome remete a região do Pacífico de onde os monstros aparecem) se incia com um contra e um pró. O negativo: a preguiçosa narração em 1ª pessoa explicando didaticamente tudo o que está acontecendo. O positivo: a narração é curta, eficiente, e rapidamente se encerra para nos levar a primeira pancadaria de robô vs monstro.

E que luta! Não há como negar, o design dos robôs (chamados Jaegers) e dos monstros (chamados Kaiju), os efeitos especiais... tudo é impecável. Nisto os milhões de dólares foram bem investidos. As batalhas, belíssimas, se mostram bem críveis. Até fisicamente críveis eu diria. Afinal, diferentemente dos filmes dos Transformers, aqui você percebe nitidamente o “real” – que seres de 40m de altura são pesados, lentos e não aquela coisa ultra rápida, quase “líquida”.

Porém o que começa bom não se mantém. Se o filme acertou por ir direto às cenas de ação, logo após elas chegamos nas costumeiras apresentações dos personagens e explicações da trama que haviam sido descartadas no começo.

Não que a história seja ruim, nem que os personagens sejam ruins. Na verdade, em todos estes aspectos Círculo de Fogo é satisfatório. O problema é que existem clichês demais. Basta você bater o olho num personagem – de tão caricatos – que você não precisa mais de explicação nenhuma. "Ah, este é o herói fracassado buscando redenção”, “este é o valentão filho de papai”, “este é o cientista louco que ninguém ouve”, e etc... Bastaria um relance para entender, mas o filme insiste não só em mostrar, mas também explicar detalhadamente o que você já sabe. Tudo isto significa um filme mais longo, as vezes cansativo, e com menos espaço para as lutas de robôs.

Felizmente, em meio a tanta coisa “comum”, existem situações divertidamente fora de lugar. Em algumas raras vezes os personagens principais nos surpreendem fugindo da ação “esperada”. Mas quem mais roubam as cenas são os coadjuvantes. Ron Perlman (Hellboy) faz um mafioso surreal e bem engraçado, já Charlie Day (Quero Matar Meu Chefe) surpreende ao fazer um cientista que é igualzinho ao produtor/diretor J.J. Abrams (?!?)!

Um outro ponto negativo é o péssimo uso de trilha incidental. Todo aquele “longo desenvolvimento de personagens” que descrevi acima é feito sob uma trilha de “fique emocionado porque é algo bonito ou heroico”. A trilha sonora não dá tréguas. E torna tudo muito artificial... parece que os atores estão declamando uma peça, e não sofrendo os perigos que o filme tenta apresentar.

Resumindo: o filme é muito bom durante as curtas batalhas que se distribuem ao longo da história e apenas mediano fora delas. E é com este desenvolvimento irregular de altos e baixos que o filme segue até o fim, onde ironicamente as coisas se invertem: a batalha final é feita dentro do mar, e pela primeira vez a luta não é bem executada: as cenas são escuras e rápidas demais, prejudicando o entendimento do que está acontecendo; em contrapartida, trilha sonora e atores se portam de maneira eficiente, em agradável sintonia.

Irregular, mas divertido, Círculo de Fogo está longe de ser o filme definitivo de Tokusatsu mas ainda assim mostra uma evolução às tentativas anteriores de longa-metragens do gênero feitas por Hollywood. É o melhor que fizeram até agora. Nota: 6,5.

PS: assisti o filme em 2D, porém conheço quem assistiu Círculo de Fogo em 3D no IMAX, para aonde o filme foi planejado para ser visto. E o que me relataram é que a experiência durante as batalhas é incrível. Um dos 3Ds mais impressionantes já feitos, onde você realmente se sente no meio do oceano, no meio da luta. Para quem puder, faça questão de assistir este filme neste formato!

Gosta de suspense e terror? Você deveria conhecer Locke & Key

Locke & Key é uma série de HQs de terror/suspense que já de cara deveria chamar a atenção devido ao nome de seu escritor: Joe Hill...