domingo, 10 de novembro de 2013

Crítica - O Cavaleiro Solitário (2013)

Título: O Cavaleiro Solitário ("The Lone Ranger", EUA, 2013)
Diretor: Gore Verbinski
Atores principais: Johnny Depp, Armie Hammer, William Fichtner, Tom Wilkinson, Ruth Wilson
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=MvnS72uLNNk
Nota: 5,0

(Quase) nada de novo em um fraco faroeste

O Cavaleiro Solitário, novo filme da dupla consagrada de piratas do Caribe - o diretor Gore Verbinski e o astro Johnny Depp - já tinha sua qualidade questionada em plena produção. Com diversos problemas no roteiro - que foi reescrito várias vezes - o filme virou fracasso antes mesmo de estrear, com a Disney basicamente desistindo de promover seu novo lançamento.

Desta vez o prenúncio de tragédia se concretizou. O Cavaleiro Solitário é um filme longo e com pouca graça. Curiosamente o roteiro não é ruim nem possui muitos erros. Porém, é extremamente clichê e repetitivo. O único respiro de originalidade aqui vêm de Depp, interpretando o personagem índio Tonto. Johnny consegue fazer mais um personagem engraçado que ao mesmo tempo não é tão igual ao seu persoagem Jack Sparrow.

A trama mostra as origens do Cavaleiro Solitário (Armie Hammer), antes um advogado de nome John Reid, que mais uma vez tem que salvar a mocinha e o mundo de bandidos muito malvados. Antes de virar herói,  ele se recusa a usar armas de fogo, além de ser quase um trapalhão. Estas características fazem que seu personagem perca carisma, abrindo ainda mais espaço para Depp e seu índio Tonto tentarem salvar o filme com suas maluquices.

E em termos de ritmo, o filme que até economiza em ação por um bom tempo, concentrando toda a correria para o final em cenas longas e confusas (qualquer semelhança com o final de Piratas do Caribe 3 não é mera coincidência)... e tudo sob o clichê som frenético da parte final da William Tell Overture, de Rossini (música bastante associada a corridas de cavalo).

Gosto bastante da dupla Verbinski e Depp, mas desta vez seus esforços foram suficiente apenas para entregar um filme "comum", cujo único interesse é ver Depp em mais um personagem ortodoxo. Nota: 5,0

PS: Desta vez parabenizo os distribuidores brasileiros pela escolha do nome do fime como "O Cavaleiro Solitário". Tinha muito medo do filme ser chamado "Zorro". Explico:

Lone Ranger é um antigo personagem estadunidense, nascido nas rádios na década de 30, e que posteriormente virou filmes e um seriado de TV da década de 50. Se tratava da história de um Texas Ranger mascarado, cujos aliados são seu cavalo Silver e o índio Tonto. Apesar dele não ter nada a ver com Zorro a não ser a máscara (ele sequer usa espadas), este seriado de TV foi erradamente traduzido e popularizado no Brasil como Zorro. Temia que o erro fosse repetido. Não foi.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Crítica - Os Suspeitos (2013)

Título: Os Suspeitos ("Prisoners", EUA, 2013)
Diretor: Denis Villeneuve
Atores principais: Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal, Paul Dano, Terrence Howard
Trailer:  http://www.youtube.com/watch?v=1GwPisQUuL4
Nota: 7,0


Filme de serial killer com nova roupagem

Bem avaliado pela crítica, Os Suspeitos é uma nova visão do desconhecido diretor canadense Denis Villeneuve para os filmes de serial killer. Na trama, as filhas de Keller (Hugh Jackman) e Franklin (Terrence Howard) saem para brincar na rua e desaparecem. Segundo o relato do filho de Keller, elas brincavam perto de um Trailer que estava estranhamente estacionado na região.

Ao comunicar o desaparecimento para a polícia, o Trailer é rapidamente encontrado; e seu condutor, o jovem Alex (Paul Dano) é preso. Sem nenhuma evidência do rapto, 48h depois Alex é liberado (também por ser deficiente mental). É quando o filme se divide então em duas frentes: a do policial Loki (Jake Gyllenhaal) em busca de novos suspeitos, e a de Keller, que convencido da culpa de Alex, o sequestra e o tortura até que o mesmo confesse.

Eis aí a grande novidade de Os Suspeitos: um filme sob ponto de vista do pai da vítima. O fato do religioso Keller torturar o potencial assassino sem ter certeza de sua culpa levanta interessantes questões morais e algumas religiosas. Hugh Jackman está muito bem em cena, e sofremos junto com ele sua raiva e suas angústias.

Enquanto isto, o policial Loki encontra mais dois suspeitos. Quem dos três é o verdadeiro culpado? A trama é boa o suficiente para entreter o expectador em busca desta resposta por todo o filme. Aliás, o tão elogiado roteiro é de fato bem amarrado, porém, não deixa de trazer algumas coincidências inverossímeis, principalmente em seu desfecho.

Existem várias maneiras de trazer drama e tensão para uma cena. Uma delas é "mostrar pouco, deixar tudo oculto". Não é esta a fórmula usada em Os Suspeitos; aliás, temos duas pessoas (o pai e o policial) coletando novas evidências em paralelo, deixando o espectador por dentro de tudo. O recurso dramático utilizado aqui é a lentidão. O filme tem um ritmo lento, com diálogos que poderiam descartados, e várias investigações com câmera em primeira pessoa que vamos acompanhando literalmente passo a passo o que está sendo explorado. Esta lentidão entretanto, não se mostra um recurso adequado. Com 2 horas e meia de filme, Os Suspeitos cansa em alguns momentos, e ironicamente acelera bastante no final, como se tivesse faltado dinheiro para terminar o filme com o mesmo ritmo inicial.

O roteiro redondo e o drama do pai-sequestrador Keller são os pontos fortes deste filme, que não merece grandes elogios principalmente devido ao seu ritmo, mas que não deixa de ser um bom filme sob nova roupagem. Nota: 7,0.


Extra: sobre aqueles que traduzem o nome dos filmes para o Brasil

Mais uma vez reclamo - e muito - da tradução dada ao nome do filme Prisioners (no original). Admito que Os Suspeitos não é ruim. Porém, Prisioneiros seria mais adequado justamente por dar destaque na novidade do filme: a vítima prender o potencial serial killer.

Mas o grande problema é que já existe um filme, razoavelmente recente (1995), traduzido também para Os Suspeitos (The Usual Suspects, no original). Um filme excelente aliás, com o Kevin Spacey. Está feita a lamentável confusão.

Curiosamente, o site Omelete fez recentemente uma matéria sobre como os nomes são traduzidos no Brasil. Assistam no link ao lado: http://www.youtube.com/watch?v=Qvx2WlWZRCo

Embora o Omelete seja bem complacente com o mostrado, eu não sou. Afinal, fica bem claro que o principal objetivo dos distribuidores não é traduzir de maneira adequada, e sim, vender mais baseados "em nomes que fizeram sucesso no passado". E assim caminha a mediocridade...

sábado, 12 de outubro de 2013

Crítica - Gravidade (2013)

Título: Gravidade ("Gravity", EUA e Reino Unido, 2013)
Diretor: Alfonso Cuarón
Atores principais: Sandra Bullock, George Clooney
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=kC3rHl_US4Q
Nota: 9,0


Um filme excepcional, que te lembra do porque precisamos ir aos cinemas

Bastou eu assistir um filme do diretor mexicano Alfonso Cuarón – Filhos da Esperança, de 2006 – para que eu me tornasse grande fã de seu trabalho. Afinal, cenas tão incríveis e tão longas de ação feitas em tomada única (sem cortes) eu nunca havia visto igual.

Seu filme seguinte, Gravidade, é ainda melhor. Na trama, os astronautas Ryan Stone (Sandra Bullock) e Matt Kowalski (George Clooney) estão fora de seu ônibus espacial, acoplados no telescópio Hubble onde estão instalando nele uma nova atualização. Eis que então eles são golpeados por destroços de outros satélites, que destroem o ônibus e os deixam à deriva no espaço. Agora, eles precisam arrumar um jeito para voltar para casa.

E não é que toda a cena descrita acima é feita sem cortes? São quase 20 minutos ininterruptos, desde que o filme começa, a nave explode e os astronautas estão girando como doidos no espaço como consequência da explosão. Tudo isto feito com um grau inédito de realismo, efeitos especiais e beleza de imagens. É simplesmente fantástico, de cair o queixo. Depois desta cena, caberia a nós reles mortais levantarmos, aplaudirmos, e ir embora muito satisfeitos para casa. Mas felizmente ainda há muito mais filme por vir.

E o que vem a seguir, ouso comparar dizendo ser parecido com o que vimos em Apolo 13 – filme de 1995 do diretor Ron Howard. Porém com uma diferença fundamental: os astronautas estão fora da nave (sem contar que visualmente Gravidade está mil anos luz na frente).

O filme é feito sob o ponto de vista da personagem da Sandra Bullock, uma astronauta em primeira missão de voo. Se alguém ainda não respeitava o trabalho da atriz, agora é o momento. Além dela convencer atuando no correto limiar entre estar assustada/inexperiente com ser uma astronauta capaz e bem treinada, o esforço dela para este filme é louvável: foram horas e horas de filmagens com Bullock pendurada por cordas dentro de um quarto escuro, não vendo absolutamente nada.

Já Clooney – que tem pequena participação e mesmo assim é o único outro ator do filme sem ser a Bullock – está bem como sempre e nos permite os poucos momentos de humor da trama.

Sim, há pouco humor pois o sentimento constante da história é a tensão, o desespero da solidão, ou de morrer a qualquer momento. Gravidade é disparado a experiência mais próxima que se pode ter de como é “caminhar no espaço” sem estar de verdade lá em cima. É este o mérito máximo do filme: a imersão total do telespectador dentro da tela, é como se nós mesmos fôssemos a personagem Ryan Stone e estivéssemos em sua pele vendo o mesmo que ela vê!

Gravidade é um filme bem diferente devido seu alto grau de realismo. Com pouca trilha sonora (no espaço não há som, e isto é simulado), e sem gravidade. Isto é mostrado de maneira forte e impressionante: nunca há um chão. Tudo sempre gira, e nunca sabemos onde é o “cima” e onde é o “embaixo”. Estes conceitos não existem. E isto é mostrado brilhantemente aqui. São tantos giros e falta de referência espacial que entendo ser possível o incômodo de alguns assistindo. Acontece. Mas mesmo para estes imagino que o filme valha a pena.

Gravidade é muito muito bom. Só não leva 10 porque a sua história – repleta de metáforas de nascimento e crescimento – é demasiado simples e um pouco exagerada nos seus acontecimentos. Faltou ao enredo a perfeição dos efeitos visuais. Mas nada que comprometa, claro.

Para finalizar, um alerta: Gravidade é um filme que PRECISA ser visto nos cinemas. Assisti-lo em casa, mesmo que você tenha uma TV de 75 polegadas, não faz sentido pois você perde toda a experiência (3D inclusive) que o filme propõe. Na sua casa, o filme levaria uma nota 7 ou 8 no máximo.

Corra para os cinemas! A obra genial de Alfonso Cuarón precisa ser conhecida. Nota: 9,0.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Crítica – Amor Pleno (2012)

Título: Amor Pleno ("To the Wonder", EUA, 2012)
Diretor: Terrence Malick
Atores principais: Ben Affleck, Olga Kurylenko, Javier Bardem, Rachel McAdams
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=a2BS4yo0FBQ
Nota: 4,5

Malick questiona o amor em um filme bem cansativo

Terrence Malick, recluso diretor estadunidense, decididamente leva a sério a questão de fazer “filmes autorais”. Afinal, seus filmes possuem características únicas, mais uma vez repetidas a exaustão em sua nova obra, Amor Pleno.

São elas: fotografia soberba, cenas curtas, muitos cortes, belas sinfonias ao fundo, a câmera sempre em movimento e muito próxima dos atores, seja acompanhando seus passos, ou ainda, girando ao redor dos mesmos. Mais ainda: na maioria do tempo a câmera pega o rosto dos personagens, para mostrar melhor suas emoções, e a narrativa, pouca, é “interior”, onde ouvimos seus pensamentos.

Amor Pleno foca principalmente em dois personagens: Marina (Olga Kurylenko), uma divorciada que mora na França e já possui uma filha de 10 anos, que se apaixona por Neil (Ben Affleck), um estadunidense que a conhece em sua visita à Europa. Marina demonstra um amor quase incondicional por Neil, e ao mesmo tempo vê nele sua chance de sair de Paris. Já Neil é uma pessoa fria, de poucas palavras, e que embora goste de Marina, não a ama tanto quando ela gostaria.

Rachel McAdams e Javier Bardem fazem papéis bem menores, sendo a primeira uma companheira de infância de Neil que agora também tenta casar com ele; e o segundo, um padre, cujo amor exibido no filme é um pouco diferente, ou seja, seu amor (não correspondido) por Deus.

O grande mérito de Terrence Malick é conseguir passar com maestria todo o cenário descrito acima para o espectador sem com isto usar recursos de narração ou diálogos. Sim, narração e diálogos existem, mas são pouquíssimos. É mesmo através da montagem e dos ângulos de filmagem que conseguimos perceber os sentimentos e a história que acontece.

Mas um filme bem executado tecnicamente não significa que ele é bom. E em Amor Pleno temos tantos cortes de cena, tanta montagem, que a experiência de assistir o filme é extremamente cansativa. Assista o trailer e vocês terão uma idéia precisa de quão frequentes e fortes os cortes são. O que se vê lá é a toada para o filme todo.

Mais ainda, o enredo é repetitivo demais. Malick é tão eficiente ao demonstrar sua história e sentimentos através de colagem de imagens que com menos de metade do filme já entendemos o que acontece... não há a necessidade de ir e voltar em pontos similares da trama, o que acontece e incha a projeção para quase 2 horas de filme. 

Outro pecado de  Amor Pleno é sub aproveitar o personagem de Javier Bardem. O fato dele, como padre, amar Deus e não ser correspondido (sua igreja está abandonada, o mundo cada vez pior, e ele, padre, jamais teve uma experiência espiritual com Deus mesmo tentando muito), e ao mesmo tempo pregar aos fiéis que Jesus nos disse para amar sempre, mesmo que seja por obrigação, é algo que renderia debates interessantíssimos. Infelizmente, como já disse, Bardem aparece pouco no filme.

O recluso Terrence Malick, que costuma demorar pelo menos 5 anos para fazer seu filme seguinte, desta vez não seguiu a regra e fez Amor Pleno um ano depois de fazer a Árvore da Vida. Pelo que vi, talvez estes 5 anos sejam mesmo o que Malick precise sempre para fazer grandes filmes. Nota: 4,5.

PS: Ben Affleck está PÉSSIMO em cena. Que medo dele ser o futuro Batman.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Outubro de 2013, um mês nobre para os quadrinhos

Saudações, pessoal. Fazendo uma pausa no assunto cinema, e justificando o lado "vírgula" do meu blog, vamos a algumas notícias de quadrinhos.

Este Outubro certamente entrará para história, afinal, marcará o retorno de dois grandes nomes dos quadrinhos: Asterix e Sandman.

Sandman

Mais precisamente no dia 30 de Outubro, Neil Gaiman voltará a sua criação máxima Sandman, pelo selo Vertigo da DC Comics. É um surpreendente retorno do escritor inglês, já que ele sempre evitou voltar para seu personagem principal com medo de desgastá-lo.


O título? The Sandman: Overture, que será uma minissérie bimensal de 6 edições, que terá capas desenhadas novamente por Dave McKean, e como desenhista J.H. Williams III, estreante na série.

A história será na verdade um prequel, afinal irá trazer contos de Sandman anteriores a ele ser capturado por engano por humanos, fato que dá inicio ao título, conforme se vê em Sandman #1, de 1988. Aliás, é justamente por estarmos comemorando neste ano o 25º aniversário da série que autor e editora usaram como "desculpa" o retorno do personagem.

Lembrando que a série original de Sandman teve seu último número publicado em 1996, e que após isto, Neil Gaiman retornou ao seu personagem como protagonista apenas uma vez, em 2003, com a graphic novel Sandman - Noites Sem Fim.


Asterix retorna... 

Se em Sandman temos o retorno do seu criador, o novo Asterix "se livra" de seus criadores.


O próximo álbum de Asterix se chamará "Asterix entre os Pictos" (Astérix chez les Pictes, no original) e será o primeiro material novo do Gaulês desde 2009. A trama se passará na Escócia, sendo "Pictos" o nome de um dos povos que habitavam a região.

Mas a grande novidade é que este será o primeiro álbum de Asterix sem roteiro e desenhos dos criadores René Goscinny (1926-1977) e Albert Uderzo. Com a "aposentadoria" de Uderzo, a missão passa para os também frances Jean-Yves Ferri (nos roteiros) e Didier Conrad (desenhos).

A trama? Nas palavras do autor: "Política é o pano de fundo. Mas a história - a história principal - é uma história de amor entre um Picto e uma mulher. E Asterix e Obelix vão a Escócia para ajudá-lo“.

Limitado pela idade, Uderzo não tinha mais ânimo nem saúde para produzir novas aventuras de seu personagem (no séc. XXI foram apenas 2 edições "tradicionais" se desconsidermos as coletâneas de histórias curtas: "Asterix e Latraviata (2001) e Astérix e o dia em que o Céu caiu (2005) ). E exatamente por isto em Dezembro de 2008 ele tomou a decisão de vender seus direitos para a editora Hachette, permitindo-a produzir novas aventuras com novos escritores/desenhistas.

Passando o bastão: Uderzo (esq) e Jean-Yves Ferri
Só agora, com "Asterix entre os Pictos", temos os frutos desta nova e histórica fase. O novo álbum tem lançamento europeu previsto para 24 de outubro e a editora Record já confirmou o lançamento no Brasil neste mês.

... e retorna remasterizado!

O "selo" remasterização
Outra novidade é que enfim o material remasterizado chega ao Brasil. Disponível na França à muitos anos sob titulo de "La Grande Collection" , os álbuns de Asterix foram reeditados para ficar a pedido de Uderzo sob "formato definitivo". Principalmente nas edições as diferenças são bem perceptíveis.

Algumas capas novas, retoques nos desenhos e recolorização completa. Para nós brasileiros, o texto foi revisado para padronizar traduções e o design dos álbuns.

Para identificar os álbuns "remasterizados", há uma pequena silhueta vermelha de Asterix, em vermelho na lateral dos livros, conforme se vê na foto ao lado.

Um exemplo da reimpressão, aqui no livro "Asterix e a Foice de Ouro"

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Crítica - Elysium (2013)

Título: Elysium ("Elysium", EUA, 2013)
Diretor: Neill Blomkamp
Atores principais: Matt Damon, Jodie Foster, Sharlto Copley, Alice Braga, Wagner Moura
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=6LUwv0in5eo
Nota: 5,5

Pouca ficção científica, muita ação e muitos clichês

Estamos no ano 2154. Os humanos muito ricos vivem confortavelmente em uma enorme estação espacial chamada Elysium. Já a grande maioria das pessoas continuam no planeta superpopulado e em ruínas que é a Terra, que alias possui um visual muito parecido com o que vimos na excelente animação da Pixar, Wall-E.

Este é o cenário de Elysium, o novo filme do diretor sul-africano Neill Blomkamp de apenas 34 anos que fez sucesso recente com seu bom Distrito 9. Mesmo tendo Matt Damon e Jodie Foster como principais protagonistas, o filme é bem atrativo para nós brasileiros por dar também bastante destaque para os brasucas Alice Braga (Eu Sou a Lenda) e Wagner Moura (Tropa de Elite). Este último, em seu primeiro trabalho Hollywoodiano de expressão.

Todo este contexto acima dá a impressão de termos um filme de ficção científica, mas não é o que acontece. Mais do que qualquer outra coisa, Elysium é um filme de ação. O universo ficcional criado por Neill Blomkamp é pouco exibido. Com uma filmagem usando planos curtos, muitos closes e muitos cortes, pouco se consegue ver do cenário ao redor. Cenário aliás que quase sempre é um deserto e/ou uma favela... tornando Elysium uma espécie de Mad Max com algumas poucas naves e robôs.

Na trama, o ex-presidiário Max (Matt Damon) vive sua vida pobre e de reabilitação na Terra quando, ao sofrer um grave acidente, fica doente e com poucos dias de vida. A partir daí, com a ajuda do criminoso Spider (Wagner Moura), ele topa qualquer coisa para subir em Elysium e obter sua cura (na estação espacial a medicina é tão avançada que as pessoas não envelhecem, não ficam mais doentes).

E pelo "topa qualquer coisa" entenda-se cometer crimes de sequestro e viagens clandestinas. Tudo isto portanto, com muita ação. O filme não dá descanso e possui um ritmo frenético do começo ao fim. As cenas de ação vão do razoável ao bom, porém, infelizmente Elysium não evita uma enorme quantidade de clichês, como por exemplo a necessidade de "salvar uma mocinha" (Alice Braga) e um vilão absurdamente malvado que nunca morre (Sharlto Copley - que foi o ator principal em Distrito 9).

Tecnicamente o filme também não empolga. A fotografia não é boa, com algumas cenas tremidas e desfocadas (mas que seguem o propósito de tornar a "correria das ruas" mais real); já a trilha sonora é bacana e mais interessante, porém ela lembra muito os sons da ficção A Origem, de 2010. Originalidade não é mesmo o forte de Elysium.

Em termos de atuações, Matt Damon não convence como o "garoto problema" que deveria ser, mas fora ele os demais atores estão bem, no que se inclui os bons trabalhos de Alice Braga e Wagner Moura. Com mais cenas dramáticas a disposição, a meu ver Alice Braga está melhor que seu compatriota.

Apesar de todos os defeitos acima, Elysium não deixa de ser um filme de ação médio mas bom o suficiente para satisfazer os fãs do gênero. E ver o Brasil nas telas sempre é um atrativo a mais. Nota: 5,5.

PS: o personagem de Matt Damon se chama Max da Costa. Somado ao fato de que o idioma nativo do personagem é o espanhol, não tenham dúvida que para o estadunidense médio Max é um brasileiro. Afinal, a família "da Costa" é famosa no universo de ficção dos EUA: o alter-ego do super-herói brasileiro da Marvel Comics, o Mancha Solar, se chama "Roberto da Costa". Já o alter-ego da super-heroína Fogo, da DC Comics, é a brasileira  Beatriz Bonilla da Costa.

sábado, 21 de setembro de 2013

Crítica - Terapia de Risco (2013)

Título: Terapia de Risco ("Side Effects", EUA, 2013)
Diretor: Steven Soderbergh
Atores principais: Rooney Mara, Jude Law, Channing Tatum, Catherine Zeta-Jones
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=CSjLrm-qTUY
Nota: 7,0

Interessante filme que altera seu gênero ao longo da história

Terapia de Risco (Side Effects, no original) é o mais novo trabalho do diretor Steven Soderbergh e um curioso caso de filme que muda de gênero ao longo da história.

A projeção começa sob o ponto de vista da frágil Emily (Rooney Mara), que mesmo com a recém saída de seu marido Martin (Channing Tatum) da prisão após 4 anos, se encontra em um estado de grande depressão. Soderbergh nos transmite com maestria o estado psicológico de Emily, com imagens praticamente monocromáticas (tudo tem um fortes tom laranja), cenas curtas com cortes abruptos, plano curto e closes... tudo refletindo com sucesso o estado de tormento mental da protagonista.

Após uma tentativa fracassada de suicídio, o psiquiatra Dr. Banks (Jude Law) assume Emily como paciente, e como parte do tratamento, lhe indica o anti depressivo Ablixa. Então, pouco tempo depois, devido a um EFEITO COLATERAL da droga (entendeu minha marcação, ó imbecil que traduz o nome dos filmes?), acontece um grave acidente, que coloca Emily e Dr. Banks em uma situação difícil. Mais ainda, sob suspeita de acompanhamento médico indevido, Banks tem sua carreira colocada em risco.

O cenário descrito acima é interessantíssimo, abrindo discussões como: quais são os cuidados, e qual é o limite para se tratar pacientes com drogas; e mais ainda, de quem é a culpa pelo acidente? Do médico? Da paciente? De ambos? Ou de nenhum dos dois?

Após uns ótimos vinte minutos explorando as indagações acima, eis que acontece uma reviravolta e o filme se transforma. De um empolgante drama filosófico ele se torna um thriller policial. Se por um lado o roteiro ganha pontos por nos surpreender, perde muitos pontos por ignorar a partir de então todo o promissor debate ético e moral apresentado até este momento.

A transformação do filme também se reflete na sua apresentação. Agora temos na tela uma Nova York bastante colorida, cenas mais longas e com planos mais distantes. O ponto de vista que temos passa a ser o do Dr. Banks. Porém esta "segunda parte do filme" não é tão bem executada quanto a primeira. Além de infelizmente desprezar a parte mais interessante da primeira parte, a história se enfraquece, ficando um pouco cansativa devido ao excesso de explicações e, mais ainda, por concluir com um final consideravelmente inverossímil.

Terapia de Risco é um filme que começa de maneira muito empolgante e promissora, mas que se torna um caso raro de história que se enfraquece justamente por surpreender o espectador. Apesar de suas falhas, entretanto, não deixa de ser um filme bom e diferente que merece sua chance. Nota: 7,0.

PS: o medicamento Ablixa é fictício. Mas isto não impediu os internautas de criarem um site fake para ele. Confiram esta curiosidade: http://www.tryablixa.com/

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Crítica - Rush: No Limite da Emoção (2013)

Título: Rush: No Limite da Emoção ("Rush", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2013)
Diretor: Ron Howard
Atores principais: Daniel Brühl, Chris Hemsworth, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=ee35ZJ4KGVw
Nota: 8,5

Um dos melhores filmes de corrida já feitos. E um dos melhores filmes do ano.

Rush é uma grata surpresa nos cinemas. Não só pela sua alta qualidade, mas por ser um filme de Hollywood a contar uma história da Fórmula 1. Coisa rara.

Na verdade, a F1 acaba sendo apenas o pano de fundo para a verdadeira história, que é a história da rivalidade entre o piloto austríaco Niki Lauda e do piloto inglês James Hunt. O grande trunfo de Rush é que não importam as corridas, e sim os dois personagens Lauda (Daniel Brühl) e Hunt (Chris Hemsworth) e a relação entre eles. Esta abordagem torna o filme bastante interessante tanto para os fãs de automobilismo quanto para os homens e mulheres que não se importam pelo esporte.

Conduzida com maestria pelo diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante), a história começa em 1970, ainda pela Fórmula 3 - aonde a rivalidade começou, e termina junto com o ano de 1976, ano em que Lauda sofreria seu grave acidente nas pistas.

O ator espanhol Brühl convence e impressiona como o ríspido Lauda e é uma das grandes atrações do filme. Já Hemsworth representa seu “papel de sempre” com a diferença que aqui, como Hunt, sua atuação cai como uma luva e é muito boa, contrastando com o que acontece quando ele representa Thor, que chega a ser constrangedor em alguns momentos.

Apesar de ter 2h de duração, Rush é desenvolvido em um ritmo tão rápido e tão enxuto que definitivamente não se vê o tempo passar. A bela fotografia (as cores são bastante carregadas, mas eu gostei do efeito produzido), e principalmente os efeitos sonoros, contribuem para que a experiência de assistir o filme seja alucinante, mesmo não mostrando quase nada de corrida no filme todo!

O pai da bela Bryce Dallas Howard acerta a mão ao não tornar os personagens sob seu comando reles opostos maniqueístas. Sim, Lauda é o antipático e rígido ultra profissional, mas ao mesmo tempo, sabe fazer rir e tem sentimentos. Sim, Hunt é o mulherengo louco que vive cada dia como se fosse o último, mas mesmo assim, também demostra medo e coração. E outro grande acerto é conseguir mostrar todo o drama dos personagens sem ser piegas.

Para completar o pacote, nos pequenos detalhes, há o bônus para o amante da F1. É um prazer ver espalhadas pelo filme, mesmo que em pequenos relances, curiosidades da F1 de 40 anos atrás, como por exemplo pistas com mais de 20 Km de extensão, uma mortalidade de 2 pilotos por temporada, ver uma Tyrrell com 6 rodas, ver a “loucura” de Fittipaldi deixar a McLaren para ir para se arriscar na Copersucar, e etc.

Finalizando, Rush é uma bela história de rivalidade, coragem, vida, morte, inimizade e amizade. E é difícil encontrar defeitos nele. Mesmo assim, como sou chato, Rush não leva uma nota ainda maior porque, fora alguns pequenos erros e exageros, acaba herdando um pouco da característica de Lauda e é pragmático demais... nos dando pouco tempo para reflexão, ou ainda, sem conceder tempo para nos surpreender – tudo o que acontece tem uma causa e efeito imediatos.

Infelizmente, Rush tem chamado pouca atenção nos cinemas brasileiros, o que é uma pena. Repito que é um dos melhores filmes de corrida de todos os tempos, e um dos melhores filmes do ano. Nota: 8,5.

PS: mais uma vez, deixo aqui minha “homenagem” aos imbecis que “traduzem” os nomes dos filmes. Desta vez nem houve tradução na verdade... de apenas “Rush”, no original, virou o piegas Rush: No Limite da Emoção. Com um nome de sessão da tarde como este, dificilmente eu assistiria este filme nos cinemas. Talvez isto justifique, em partes, porque o filme não está chamando tanta atenção.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Agatha Christie vai voltar (ou quase). Hercule Poirot vai voltar (este vai mesmo!)

Sophie Hannah, Agatha Christie, e o detetive Hercule Poirot interpretado pelo ator David Suchet

Eis uma notícia bem recente que surpreendentemente ainda não repercutiu no Brasil. Nesta 4ª feira dia 04 de setembro, a editora inglesa Harper Collins anunciou oficialmente que um novo livro de Hercule Poirot irá ser publicado em 2014, a ser escrito pela britânica Sophie Hannah.

De 42 anos, Sophie Hannah também é uma escritora de romances policiais, e atualmente bem conhecida na Inglaterra. Ela será a primeira privilegiada a escrever uma obra 100% inédita de um personagem de Agatha Christie com o aval de seus herdeiros.

Até agora pouco do futuro livro é conhecido. Não se sabe seu nome, nem sua trama. Mas se sabe que a história se passará em 1920, o que colocaria esta narrativa em um período onde Poirot estava no começo de sua carreira como detetive particular (o primeiro livro de Poirot publicado por Agatha Christie - O Misterioso Caso de Styles - foi publicado justamente em 1920).

Não é a primeira tentativa de se “reviver” a grande escritora britânica. Afinal, Agatha Christie (1890 - 1976) só não vendeu mais que Shakespeare e que a Bíblia. Algo tão lucrativo dificilmente ficaria estacionado para sempre.

Vejam que curioso... a primeira pessoa a pensar no seu legado pós-morte foi a própria escritora! Com o advento da 2ª Guerra Mundial, a “Rainha do Crime” resolveu escrever em plena guerra a última história de seus dois principais detetives: Poirot e Miss Marple (o nome dos livros, respectivamente: Cai o Pano e Um Crime Adormecido). Assim, se houvesse alguma fatalidade ela não deixaria seus leitores sem conhecer o desfecho de seus personagens preferidos.

Mas Agatha sobreviveu a guerra, e estes livros ficaram escondidos por décadas, até que então, já com a saúde bastante debilitada Cai o Pano foi publicada em 1975. Meses depois, a autora faleceria, sendo que então em 1976 seria a vez de se publicar Um Crime Adormecido, que se tornaria o primeiro livro póstumo da inglesa.

De certa forma, primeiro e último, já que depois de 1976 o que se viu como lançamentos foram apenas algumas poucas coletâneas de contos – alguns inéditos – publicados anteriormente em outras mídias, como jornais e revistas. Daí surgiram, por exemplo, os livros Os Últimos Casos de Miss Marple (1979), Problem at Pollensa Bay and Other Stories (1991), Enquanto Houver Luz (1997), Poirot e o Mistério da Arca Espanhola & Outras Histórias (1997).

Mas seria só em 1998 que teríamos a primeira tentativa “forte” de ressuscitar a autora. Foram três livros inéditos, referentes a peças de teatro escritas por Agatha Christie e adaptados pelo escritor australiano Charles Osborne. Então vieram: Café Preto (1998), O Visitante Inesperado (1999) e A Teia da Aranha (2000).

De lá pra cá, não houve nada de novo no universo da “Rainha do Crime”. Até hoje. Pois Sophie Hannah terá sua chance de escrever um novo capítulo nesta história. Que ela seja bem sucedida.

PS: para quem quiser um pouco mais de detalhes sobre o novo livro, segue o link:

Crítica - Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)

Título : Indiana Jones e a Relíquia do Destino ("Indiana Jones and the Dial of Destiny", EUA, 2023) Diretor : James Mangold Atores...