quinta-feira, 29 de maio de 2014

Todas as críticas do Cinema Vírgula em um só lugar!


Elementar, meu caro Watson. Em janeiro de 2012 iniciei minha saga como crítico de cinema ao postar minha análise sobre o filme Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras (2011). De lá para cá foram 84 críticas, sendo elas: 8 filmes de Nota 9; 16 filmes de Nota 8; 23 filmes de Nota 7; 27 filmes de Nota 6; 8 filmes de Nota 5; e 2 filmes de Nota 4.

Apesar do pedido de muitos, não havia um lugar onde se poderia visualizar todas minhas críticas em um lugar só. Sim, eu disse não havia, no passado. Pois agora este lugar mágico existe!

Ao entrar na página vocês notarão que eu aproveitei para classificar os filmes tanto em nota de 0 a 10 quanto em “estrelas” - de 1 a 5 estrelas. Com esta comparação agora fica mais fácil perceber que quando o Ivan dá nota 6,0 para um filme, ele não está sendo ranzinza. Nota 6,0 significa filme bom, pois é equivalente a 3 estrelas!

Sei também que minha página “com todos os filmes” irão gerar alguns questionamentos. Já me antecipo respondendo dois deles: Pergunta: Ivan, você nunca vai dar 10,0 para um filme? Resposta: até hoje não encontrei um filme “realmente perfeito”, mas assim que o encontrar, ele levará a nota máxima. Pergunta: Sua nota mais baixa é um 4,0, por que não há mais notas abaixo que isto? Resposta: isto não acontece por acaso, afinal, eu sempre assisto filmes que tenho esperança de serem bons. Desta maneira, filmes que são obviamente ruins são imediatamente descartados. Mesmo assim, é possível que um dia eu tenha o desprazer de assistir algo que darei nota inferior ao 4,0.

Mais ainda, além da inauguração desta espetacular página com todas as críticas, aproveitei para acrescentar algumas melhorias no site: agora ele contém, no canto direito, um campo de pesquisa e a opção de procurar artigos através de seu assunto. Espero que gostem!

Bem, chega de falatório e vamos à 8ª maravilha do mundo. O link da página é este aqui: http://cinemavirgula.blogspot.com.br/p/todas-as-criticas.html

Finalmente, me despeço pedindo um favor. Caso encontrarem algum errinho na página, ou alguma crítica faltando, me avisem! Grande abraço a todos e tenham bons filmes!

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Crítica – X-Men: Dias de um Futuro Esquecido (2014)

Título: X-Men: Dias de um Futuro Esquecido ("X-Men: Days of Future Past", EUA / Reino Unido, 2014)
Diretor: Bryan Singer
Atores principais: Hugh Jackman, James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Peter Dinklage, Patrick Stewart, Ian McKellen

Bom como filme. Decepcionante como franquia.

Em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido temos a volta da famosa equipe de mutantes. Ou melhor: equipeS. O filme reúne os atores/personagens da trilogia original (que começou em 2000 e terminou em 2006) com os atores/personagens em versão jovem (a versão X-Men: Primeira Classe, de 2011). Temos então em um mesmo filme as duas versões de Charles Xavier (James McAvoy e Patrick Stewart), as duas versões de Magneto (Michael Fassbender e Ian McKellen), as duas versões de Wolverine (opa! ... ambas são interpretadas pelo Hugh Jackman).

Baseada em um arco de história em quadrinhos de 1981 e que leva o mesmo nome, a trama se passa em 2023, onde encontramos os mutantes praticamente extintos; foram caçados e massacrados impiedosamente pelos “Sentinelas”: robôs virtualmente indestrutíveis, projetados para matar o homo superior. O que restou dos X-Men “velhos” tenta sua última tentativa de salvação: mandar Wolverine para o passado, para que ele consiga alterar o futuro.

Explico melhor: os X-Men do futuro identificaram o “acontecimento-chave” que os levou a tragédia: ao matar em 1973 o criador dos Sentinelas, o empresário Bolivar Trask (Peter Dinklage), a ação de Mística (Jennifer Lawrence) teve o efeito contrário ao esperado: ao invés de encerrar o desenvolvimento dos  robôs, a brutal morte convenceu o governo dos EUA a apoiar de vez o projeto. Voltar Wolverine em 50 anos no tempo, para que ele possa alertar os jovens Xavier e Magneto do que vai acontecer, é o plano para mudar a História.

A maior parte do filme, portanto, se passa no passado. E é curioso ver que nos cortes que transportam o telespectador para os anos 70, tanto trilha sonora quanto as cores do filme emulam esta década. Igualmente curioso é que este cuidado se perde rapidamente, e principalmente nas cenas de batalha (repleta de efeitos especiais), cores e trilhas “atuais” nos fazem esquecer que voltamos no tempo.

Há duas coisas realmente boas em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido.Uma delas é a atuação do trio Hugh Jackman, James McAvoy e Michael Fassbender. Eles sustentam o filme todo, com méritos.

A segunda coisa é a primeira aparição do personagem Peter (Evan Peters), que futuramente receberá a alcunha de Mercúrio. Suas cenas são breves, entretanto, visualmente impressionantes e divertidíssimas.

Os efeitos especiais mais uma vez são muito bons e a trilha sonora também agrada.

Porém se há uma coisa que X-Men: Dias de um Futuro Esquecido peca, é por sua falta de originalidade. Por exemplo, a tal trilha que elogiei lembra os “baaaauums” de A Origem (2010). E parte das tais ótimas cenas de Mercúrio lembram bastante as cenas do mutante Noturno em X-Men 2 (2003): mais uma vez temos capangas armados espancados em um corredor. E não é coincidência: o diretor de ambos os filmes é o mesmo, Bryan Singer.

Mas é a base do (bom) roteiro que realmente incomoda pela repetição. Pela 4ª vez em 5 filmes X-Men temos uma ameaça criada por humanos que culmina no duelo entre Magneto (respondendo à ameaça atacando a humanidade) e Charles Xavier (defendendo os humanos). É claro que este antagonismo entre ambos é parte essencial da franquia, porém, a fórmula já se esgotou. Passou da hora de aparecerem novas ameaças, novos vilões.

Para os fãs, rever tantos atores queridos em um mesmo filme é um deleite. Igualmente gratificante é perceber os vários easter eggs ao longo da projeção (a "dica" de que Peter é filho de Magneto é um deles). Mas ao mesmo tempo, para os fãs, o que foi feito com a franquia é algo a se lamentar.

Para quem ainda não viu X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, pule os dois próximos parágrafos, pois ao explicar o porquê da franquia ter sido prejudicada, eu conto um trecho do final do filme.

Ao encerrar, o filme deixa muito claro que o que vimos em X-Men: O Filme, X-Men 2 e X-Men: o Confronto Final foi completamente apagado da história. Foi feito um completo reboot da franquia. É algo muito parecido com o reboot feito em Star Trek. Mas há uma grande diferença. Star Trek é uma franquia que começou na década de 60, cuja cronologia passou por 10 filmes e 726 episódios de TV. É evidente que neste caso o reboot é algo necessário: fazer um novo roteiro que não em entre em contradição com nada do que foi mostrado em mais de 50 anos é praticamente impossível.

Mas e no caso de X-Men? Oras... temos uma cronologia de apenas 3 filmes cujo início não completou nem 15 anos, e que justamente no recente 2011 trouxe um ótimo filme reboot (X-Men: Primeira Classe) que provou ser possível criar histórias sem contradizer em nada a trilogia original. Então, por que resolver apagar a história agora? Para mim é um grande desrespeito a todos que assistiram os filmes passados. E mais: note que em Star Trek o reboot cria universos paralelos (eles coexistem). Em X-Men é pior: a história é realmente deletada.

Se eu fosse analisar o filme de maneira isolada, ele levaria uma nota 7,0. Mas levando em conta o quanto ele repete dos filmes anteriores, e ao mal causado à franquia, sou obrigado a baixar minha avaliação. Perceba que temos sim que avaliar o filme como franquia, pois se alguém que não assistiu os 4 filmes anteriores resolver assistir X-Men: Dias de um Futuro Esquecido não vai entender nada. Nota: 6,0.

PS: o filme possui cena pós-créditos, mas não vale a pena esperar por ela. É uma cena bem curta, e nada mais que um pequeno teaser sobre o próximo filme mutante: X-Men: Apocalipse, que sairá em 2016.

domingo, 25 de maio de 2014

Apologia a Game of Thrones


Hoje não teremos o oitavo episódio da 4a temporada de Game of Thrones na TV. Seguindo a pausa que ocorrerá nos EUA, o aguardado episódio só será transmitido no próximo domingo, 1o de junho.

Para não se sentirem tão abandonados, resolvi reunir neste post alguns artigos interessantes sobre a série. É uma opção divertida para passar a noite de hoje.

Mas antes dos artigos, um aviso aos teimosos que ainda não acompanham o seriado. Saibam que no IMDB, a nota da série é de 9,5. O que significa isto? Basta dizer que o filme com a maior nota por lá, Um Sonho de Liberdade, tem nota 9,2. Ou seja: Game of Thrones é melhor que qualquer filme já feito! :P

Seguem os links para vocês conferirem:

E agora, os posts que comentei:

1) Você sabia que Robin Arryn é brasileiro?

2) Que tal 50 curiosidades sobre a série?

3) E aqui, imagens dos atores da série fora das telas. Alguns são bem diferentes na vida real.

Livros e seriado possuem várias diferenças. Os links abaixo comentam sobre elas. Nota: as matérias assumem que o leitor está "em dia" com a série, ou seja, tenha assistido todos os episódios até agora. Senão, muita coisa será spoiler.

4) Um resumão de algumas das principais diferenças.

5) 25 diferenças que "mudarão seu jeito de ver a série". Está em inglês, e na maioria do texto, compara cada personagem em suas versões de livro e tv.

6) E finalmente, outro texto em inglês, o mais longo de todos, e que aqui compara mais as diferenças de conceito entre livros e seriado.

E é isto. Esperam que curtam. E que venham os novos capítulos em junho!

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Quatro filmes. Quatro parágrafos. Quatro notas.


Segue uma breve análise (e nota) de quatro filmes recentes cuja exibição perdi nos cinemas, mas que assisti nas últimas semanas para recuperar meu atraso cinéfilo.


Invocação do Mal ("The Conjuring", EUA, 2013)

Conto de terror baseado na história real dos “investigadores de fenômenos paranormais” Edward e Lorraine Warren. A produção é um pouco acima da média por trazer uma abordagem mais científica e sem apelar para sustos baratos. Boa fotografia, boa história, bom clima de suspense. Ironicamente, sua maior qualidade também age como sua maior fraqueza: sua crescente abordagem racional faz com que o filme perca um pouco da dramaticidade em seu desfecho.
Nota: 7,0


Ajuste de Contas ("Grudge Match", EUA, 2013)

Rocky Balboa versus Jake La Motta? Quase. Aqui, como boxeadores aposentados, Sylvester Stallone e Robert De Niro são respectivamente Henry “Razor” Sharp e Billy “The Kid” McDonnen. Chega ser irônico que ao mesmo tempo em que o filme faz várias boas piadinhas ironizando os clichês do gênero boxe, ele também se utiliza dos clichês sem nenhum constrangimento. Dentro do filme, o desfecho é satisfatório e também uma bela homenagem aos personagens. Fora dele, o mesmo sentimento não se aplica aos atores pois que o filme não acrescenta nada à filmografia de ambos. Uma curiosidade adicional: ver uma envelhecida Kim Basinger, agora com 60 anos, e há um bom tempo sumida dos filmes de maior expressão.
Nota: 5,0


Inside Llewyn Davis - Balada de Um Homem Comum ("Inside Llewyn Davis", EUA / França / Reino Unido, 2013)

No filme mais recente dos irmãos Coen, acompanhamos uma semana da vida do cantor de folk Llewyn Davis (personagem fictício, porém levemente baseado no cantor real Dave Van Ronk). Ele possui fama local e é talentoso, mas não consegue fazer a carreira decolar. O filme é “diferente” já que conta a história de um perdedor que em nenhum momento alcança redenção. Bela fotografia, ótima trilha sonora, mas não empolga tanto porque o desânimo do protagonista nos contagia. Entretanto, o filme vale a pena pela ambientação histórica, tanto de roteiro como em termos de música.
Nota: 6,0


Caçadores de Obras-Primas ("The Monuments Men", Alemanha / EUA, 2014)

Um elenco recheado de estrelas:  George Clooney, Matt Damon, Bill Murray, John Goodman, Jean Dujardin e Cate Blanchett dentre outros. Mas o filme não consegue desenvolver bem nenhum de seus personagens, nem se aproveitar do carisma dos atores, o que é uma façanha negativa. Na verdade, aqui a estrela é outra: as obras de arte roubadas pelos nazistas na 2ª guerra. Baseada em fatos reais, a História (disciplina) é bem mais interessante que a história (roteiro) e suficiente para agradar quem gosta de aprender sobre o passado.
Nota: 6,0

terça-feira, 20 de maio de 2014

Crítica - Godzilla (2014)

Título: Godzilla ("Godzilla", EUA / Japão, 2014)
Diretor: Gareth Edwards
Atores principais: Aaron Taylor-Johnson, Ken Watanabe, Bryan Cranston

Suficientemente bom para fazer sucesso no ocidente

Gojira (ou Godzilla) apareceu pela primeira vez em 1954 em um filme japonês de mesmo nome, do diretor Ishiro Honda. Criado como uma metáfora para a destruição da bomba atômica, o monstro gigante é sucesso absoluto na Terra do Sol Nascente. Até agora já foram criados 28 filmes do Godzilla no Japão.

Apesar de bastante conhecido por aqui, o lagartão nunca fez muito sucesso no ocidente. Pelo menos não através do cinema. Vários dos filmes japoneses nem chegaram as salas ocidentais. E para piorar, em 1998 os EUA produziram sua versão hollywoodiana de Godzilla. Um filme fraquíssimo. Elogios mesmo apenas os desenhos animados - uma versão da Hanna-Barbera de 1978, e uma versão mais recente, do filme de 98.

Em sua segunda tentativa, os estadunidenses acertaram a mão. O Godzilla de 2014 é bom o suficiente para fazer sucesso no atlântico. Dirigido pelo desconhecido diretor inglês Gareth Edwards e sob produção da Legendary Pictures a história segue o enredo padrão de filmes de monstros/alienígenas/desastres: acompanhamos a história sob o ponto de vista dos humanos, ou mais ainda, de uma família.

O filme começa bem, com cenas em um reator nuclear ha 15 anos atrás. Lá vemos Joe Brody (Bryan Cranston - de Breaking Bad) e sua esposa Sandra (Juliette Binoche) em seu primeiro contato com algo "grande e fora do normal". A tensão e as cenas de destruição são bem feitas. Já de volta ao tempo atual, os personagens de Cranston e Binoche são colocados de lado e passamos então a ter a perspectiva do filho do casal, Ford Brody (Aaron Taylor-Johnson - assustadoramente "bombado" em comparação ao magrelo que era nos filmes de Kick-Ass) e de sua esposa Elle (Elizabeth Olsen). É aí que o filme falha.

Mal desenvolvidos, e sem carisma, vemos os personagens Ford e Elle passando por situações de perigo e sequer nos importamos. O filme não consegue transmitir o sentimento de tensão do casal. Apesar dos efeitos especiais serem bons, e as destruições em escala assustadoramente grandes, parece que a dupla jamais será atingida. Talvez porque são catástrofes "limpas": são raras as imagens de alguém morrendo, e ninguém aparece sofrendo ou machucado. Ou talvez porque os monstros sejam tão onipotentes (até a década de 80 Godzilla era mostrado com 50m de altura e aqui aparece com 110m), não parece fazer muita diferença o que os humanos podem fazer ao longo da história.

Se você prestou bem atenção no parágrafo acima, eu falei monstros... no plural. Sim. Além de Godzilla, há dois insetos igualmente gigantes, denominados M.O.T.O. (sigla para Massive Unidentified Terrestrial Organism). Se na parte humana o filme fracassa, na parte dos monstros o filme empolga. É verdade que os insetos não são lá muito legais. Mas já o Godzilla... é um espetáculo a parte. Me desculpem todos os robôs e monstros que apareceram em Círculo de Fogo (2013), mas nenhum deles é tão bacana e fodástico quanto este Godzilla de 2014. As cenas com o lagartão só possuem um defeito: são muito curtas. As lutas são bem legais, mas poderiam durar mais. Sem nenhuma dúvida este bom filme seria melhor se Godzilla fosse "realmente" o protagonista, e não um "quase coadjuvante".

Tecnicamente, os efeitos visuais são bons e bastante variados, com tomadas no ar alternadas com tomadas na terra, cenas em cidades, florestas e mar; filmagens em primeira pessoa alternadas com filmagens à longa distância. A trilha sonora é burocrática, mas já o roteiro - pelo menos sua premissa básica - me agradou apesar de alguns furos: o fato de misturar incidentes reais históricos com a mitologia de Godzilla foi uma boa sacada.

Em resumo, se seu objetivo for assistir um filme mostrando o drama humano diante de dificuldades e catástrofes, esqueça. Este Godzilla não é seu filme. Mas se seu objetivo for ver monstros gigantes, o filme irá te agradar e te fazer lamentar apenas uma coisa: o personagem-título poderia aparecer mais.

Muito superior ao filme de 1998, o Godzilla 2014 não é perfeito, mas repito que é bom o suficiente para agradar e fazer sucesso no ocidente. E os primeiros números não desmentem: arrecadando US$ 93 milhões só nos EUA em seus 3 primeiros dias de exibição, o filme já é a 2ª melhor estréia do ano, só perdendo para Capitão América 2. Nota: 7,0 6,0.

Atualização em 28/05: após alguns dias refletindo, acho que exagerei na nota. O filme é bom, mas não chega ao 7,0. Portanto, atualizado para 6,0.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Crítica – Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014)

Título: Capitão América 2: O Soldado Invernal ("Captain America: The Winter Soldier", EUA, 2014)
Diretor: Anthony Russo, Joe Russo
Atores principais: Chris Evans, Samuel L. Jackson, Scarlett Johansson, Robert Redford, Sebastian Stan, Anthony Mackie

Uma boa evolução do filme anterior

Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), não me agradou. Um filme apenas mediano e que nasceu datado: parece ter sido feito na década de 80. Agora com novos diretores (são 2), surge a sequência Capitão América 2: O Soldado Invernal, que felizmente é bem melhor que seu predecessor. Certamente um bom filme, mas longe de ser perfeito: por exemplo, algumas de suas cenas de ação são tão exageradas que comprometem o trabalho como um todo.

Na trama deste segundo capítulo, Capitão América / Steve Rogers (Chris Evans) e seus companheiros Nick Fury (Samuel L. Jackson), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Falcão (Anthony Mackie) se juntam para salvar o mundo de uma ameaça global. Ameaça que, desta vez, vem de dentro da própria S.H.I.E.L.D., onde há agentes da H.I.D.R.A. infiltrados.

Este cenário faz com que Capitão América 2: O Soldado Invernal se pareça bastante com os mais recentes filmes das franquias Missão Impossível e James Bond: muita ação, algumas reviravoltas, espionagem, planos secretos, e principalmente: "não confie em ninguém".

Todo este pano de fundo de espionagem não é uma má notícia. Pelo contrário, é uma grande virtude: a explicação do como a infiltração da H.I.D.R.A. aconteceu, o Capitão questionando se as agências secretas realmente fazem algum bem às pessoas, o debate sobre a liberdade do indivíduo versus a vigilância que os governos impõem... tudo isto é bastante plausível, atual, interessante e o ponto alto do filme.

Já o desenvolvimento dos personagens é irregular: se por um lado o desenvolvimento de nenhum deles é aprofundado, por outro, também nenhum deles é "abandonado". Todos os personagens coadjuvantes principais são interessantes e possuem relevância à trama. O tal "Soldado Invernal" (Sebastian Stan) aparece bem e chama a atenção do público. Seu figurino (e o do Falcão) são visualmente muito bem bolados, em contrapartida ao do figurino do Capitão, que por mais que a produção se esforce, nunca fica tão bonito e parecido com o visual dos quadrinhos.

E se Capitão América 2: O Soldado Invernal é diferente dos demais filmes da Marvel devido a seus toques de espionagem, por outro lado o filme não deixa de ser bem parecido. Afinal, ele também segue a risca a "fórmula de sucesso Marvel" atual: bastante correria, cenas intercaladas com piadinhas, Stan Lee fazendo novamente uma ponta... Repetitivo, mas ainda divertido.

O maior problema do filme se encontra nas cenas de ação. É verdade que algumas são muito boas (as lutas contra o Soldado Invernal, por exemplo) e os efeitos especiais são competentes. Porém são vários os deslizes.

Para começar, Capitão América 2: O Soldado Invernal comete o pecado de exagerar no poder de seus personagens. Todos (principalmente o Capitão América) são praticamente super-humanos. Por mais que o Capitão tenha tomado o "soro do supersoldado", alguns de seus feitos na tela são difíceis de engolir.

Algumas cenas são mal executadas: há momentos de luta filmados com cortes bruscos, porém quando estas cenas cortadas são montadas em sequencia, nem sempre elas fazem coerência visual, tornando difícil de entender o que está acontecendo na tela.

A primeira cena de ação do filme é a pior de todas. Para mostrar o quanto o Capitão é tão mais forte e rápido que os demais, ele passa correndo (e ao mesmo tempo distribuindo golpes) diante de dezenas de inimigos, mas todos eles caem inertes aos pés de Steve Rogers sem mesmo havendo um contato. É isto mesmo: dá para perceber claramente que os capangas apenas simulam que levaram os golpes e se jogam ao chão. Chega a constranger.

Outro problema vem dos exageros nos tiroteios. Sabem os filmes policiais onde o mocinho passa correndo diante de cinco bandidos atirando mas nenhum tiro o acerta? Se isto já é forçado neste caso, imagine aqui onde os bandidos são centenas, todos com metralhadoras, bombas, projéteis teleguiados... e mesmo assim igualmente ninguém é ferido? Nada acerta o Capitão América: com apenas um escudo ele protege seu corpo inteiro (e de seus amigos) em um angulo de 360 graus. Forçado demais!

Com um roteiro interessante e mais altos do que baixos, Capitão América 2: O Soldado Invernal garante a diversão de quem curte filmes que mesclam espionagem com ação. Nota: 7,0.

PS: desta vez são DUAS cenas adicionais nos créditos finais: uma no meio deles, e outra ao final de todos. A primeira cena é um baita preview da trama do futuro Os Vingadores 2: A Era de Ultron. Já a segunda cena, curiosamente, pode ser o início do plano para a substituição do ator que faz o Capitão América: Chris Evans não está querendo renovar com a Marvel, e talvez teremos em Vingadores 2 sua última participação.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Crítica - Noé (2014)

Título: Noé ("Noah", EUA, 2014)
Diretor: Darren Aronofsky
Atores principais: Russell Crowe, Jennifer Connelly, Ray Winstone, Anthony Hopkins, Emma Watson, Logan Lerman

Irregular, o melhor de Noé é a sua mensagem

Talvez não fosse esta a intenção do diretor Darren Aronofsky, mas seu novo trabalho, Noé, está causando polêmica no mundo religioso. De fiéis das várias religiões que seguem a Bíblia, até a um comunicado oficial da Igreja Católica, dizendo em pequena nota que o filme foi uma "grande oportunidade mal aproveitada".

Esta repercussão tem se tornado maior que o filme, e por isto, não tenho como fazer minha crítica sem compará-lo com o Antigo Testamento, e sem contar aqui trechos da trama. Todos conhecem a história de Noé, portanto nada que eu revele aqui será um grande spoiler. Também não revelarei grandes surpresas, nem contarei o final do filme. De qualquer forma, estarei contando mais sobre a história apresentada do que costumo fazer em minhas críticas. Se isto for um problema para você, leia meu texto somente após assistir Noé.

A premissa básica todos conhecem: desiludido com o mal disseminado entre os homens, Deus resolve varrê-los da Terra através de um dilúvio. Mas ainda há entre os homens alguém bom: Noé (Russell Crowe). E portanto, a ele é dada a missão de construir uma arca para sobreviver a tragédia. Arca que irá abrigar sua família e um casal de cada animal do planeta.

A história de Noé é contada de maneira muito sucinta na Bíblia. São três capítulos pequenos e bastante repetitivos. Por isto, é claro que para contar um filme com pouco mais de 2h de duração, muita coisa teria que ser inventada. Porém, além dos "aumentos", o roteiro de Noé altera vários fatos do Livro Sagrado.

São estas alterações que incomodam bastante os fiéis. Vamos a algumas delas:

A primeira é a presença dos Anjos Caídos, que não existem na Bíblia canônica mas que existem no apócrifo Livro de Enoque. Porém mesmo lá a história é diferente: os anjos deveriam ser criaturas más e não pertencem originalmente a história de Noé. Se por um lado entendo que esta alteração foi uma agradável "modernização" da história, de outro, reconheço que ela dá razão há quem reclama que o filme lembra O Senhor dos Anéis em alguns momentos, inclusive em termos de ação e batalhas.

Outra diferença é que na Bíblia o núcleo familiar de Noé é composto por ele, sua esposa, seus três filhos, e a esposa de cada um dos seus três filhos. São quatro casais adultos. Já no filme, temos Noé, sua esposa (Jennifer Connelly), três filhos adolescentes e a namorada do filho mais velho (Emma Watson). Isto faz que o segundo filho deseje uma mulher para levar consigo na Arca, mas Noé não permite, gerando um conflito entre os dois. Não gostei. Achei isto um dramalhão barato e desnecessário.
 
Uma outra reclamação dos religiosos é que em determinado momento tanto Deus quanto Noé as vezes aparentam ser maus. O filme foi corajoso ao mostrar o sofrimento das pessoas que iriam morrer. E ao reforçar que dentre estas pessoas haviam inocentes (as crianças). Oras, isto é exatamente o que conta a Bíblia. Aqui a reclamação não faz sentido. O Deus do Antigo Testamento as vezes se mostra impiedoso e é exatamente isto que vemos nas telas. Simples assim.

Mas se deixarmos de lado a comparação da história do filme com a história na Bíblia, e se deixarmos de lado a fragilidade da trama (apenas o desenvolvimento do personagem de Noé é interessante, o desenvolvimento de todos os demais personagens é fraco), restará de Noé suas discussões e mensagens, é aí que o filme ganha sua força.

O conflito interno de Noé é interessantíssimo. Seguir o que Deus lhes pede mesmo que isto signifique matar e ser odiado pela família. Conseguimos sentir na boa atuação de Russell Crowe o pesado fardo que seu personagem carrega. Será que devemos seguir literalmente o que está descrito na Bíblia ou interpretar os fatos de acordo com nosso coração? O filme responde.

Noé apresenta fortíssima mensagem ambientalista. Ele nos mostra por diversas vezes que a humanidade se perdeu ao se afastar da natureza. A salvação não é possível fora dela. Noé chega até a extrapolar, sugerindo que deveríamos ser todos vegetarianos.

Mais ainda, muito mais grave do que ter desobedecido a Deus e "comer a fruta do bem-e-mau", o pior pecado humano é o "irmão contra irmão". Matar alguém é um ato abominável, e isto também nos é martelado constantemente ao longo da história.

Em suma, a mensagem é: natureza e fraternidade. E o melhor do filme é nos fazer sentir esta necessidade. Você se sente envergonhado por ser humano e o filme nos traz isto sem ser piegas.

Esta é a razão de Noé, e não a discussão sobre o filme ser anti-Bíblia e anti-Deus. Tanto que o objetivo não é atacar a religião que a criação do universo e do homem é contada de uma maneira a conciliar Bíblia e Teoria da Evolução: para Noé, ambas estão certas!

Analisando tecnicamente, o filme é bom, mas em nenhum momento brilhante. E também aparentam ser reutilizações do diretor: a trilha sonora é boa porém parecida com a que já vimos em A Fonte da Vida. O recurso visual para mostrar os sonhos de Noé lembram Réquiem Para um Sonho.

Curiosidade: a parte frontal da Arca foi construida de verdade, com madeira e tudo mais (dá para distinguir a parte real da parte gerada por computador na primeira tomada aérea da embarcação: a parte real é a parte mais enegrecida). Entretanto, não vi muito valor neste esforço da produção, já que em nenhuma cena a Arca ganha destaque. Dava para ser tudo digital. De qualquer forma, certamente isto facilitou bem o trabalho dos atores.

Com altos e baixos, Noé tem como outro mérito prender a atenção do espectador. Ele exagerou nas "liberdades de roteiro" e com isto teve sua mensagem diminuída pelas polêmicas. Porém graças a qualidade desta mensagem (relevante e essencial para os dias de hoje), e também somando ao bom conjunto técnico do filme, temos como resultado final uma boa nota: 7,0.

terça-feira, 4 de março de 2014

Crítica - Walt nos Bastidores de Mary Poppins (2013)

Título: Walt nos Bastidores de Mary Poppins ("Saving Mr. Banks", Austrália/EUA/Reino Unido, 2013)
Diretor: John Lee Hancock
Atores principais: Emma Thompson, Tom Hanks, Annie Rose Buckley, Colin Farrell, Ruth Wilson, Paul Giamatti

A fantasia da fantasia

Walt nos Bastidores de Mary Poppins, como o próprio título já diz, conta a história de todo o trabalho que Walt Disney (Tom Hanks) teve para convencer a escritora P. L. Travers (Emma Thompson) a liberar os direitos de sua criação, Mary Poppins para um filme. Mais ainda, há detalhes de como Travers influenciou no desenvolvimento do roteiro, através de seus inúmeros vetos e ajustes.

Mas além destes bastidores, há um outro filme rodando em paralelo: trata-se de cenas da infância da escritora. Sua versão mirim (Annie Rose Buckley) era absurdamente apegada ao pai alcoólatra (Colin Farrell). E é através desta história que entendemos porque Travers se tornou a pessoa rígida que é, e ao mesmo tempo, compreendemos que Mary Poppins é bastante baseada em personagens reais de sua sofrida infância.

As cenas do presente e passado vão se intercalando ao longo da projeção, e principalmente as cenas do passado são bastante monótonas. De qualquer forma são necessárias, pois só através delas é que conseguimos entender o comportamento tão "errático" da escritora.

Com uma história que não empolga, Walt nos Bastidores de Mary Poppins então se sustenta com as boas atuações de Tom Hanks e Emma Thompson. Totalmente opostos, o otimismo exagerado de Walt Disney duelando com a rabugice de P. L. Travers rende os melhores momentos do filme.

O resultado final é um filme de roteiro apenas razoavelmente interessante, mas com um bonito final. O problema é que a feliz história contada nas telas é bastante diferente da vida real.

Fora da fantasia, para começar, quando P. L. Travers vai a Los Angeles ela já havia cedido os direitos de seus livros à Disney, portanto, a premissa do filme já é, de cara, irreal. E depois que o contrato estava assinado, Walt pouco se importou em paparicar Travers. Ela negociava (e brigava) diretamente com os irmãos Sherman.

(Quem não assistiu o filme ainda, pule o parágrafo abaixo, que comenta sobre uma das cenas finais)

Outro ponto bastante discutível é o choro de P. L. Travers quando ela assiste seu filme pela primeira vez. Ao contrário de chorar de emoção como o filme mostra, ela havia chorado de raiva, devido a tantas distorções de sua obra original. Ao acabar a sessão, ela foi falar com Walt, pedindo a remoção de cenas inteiras, principalmente as com desenhos animados. Ao que Disney respondeu: "Pamela, that ship has sailed" (algo como, "Pamela, agora é tarde demais"), o que a deixou furiosa. Na vida real, P. L. Travers nunca perdoou a Disney pelo que fez com Mary Poppins. Mas décadas depois cedeu um pouco, dizendo ter se acostumado com o que aconteceu, que reconhecia que o filme era bom, apesar de não se tratar da Mary Poppins dela.

Com uma história apenas razoável, Walt nos Bastidores de Mary Poppins tem entre seus apelos a história de vida de Travers e a sua relação com Walt Disney. Infelizmente a segunda parte é pura ficção, o que enfraquece ainda mais o filme. Em filmes da Disney não dá para se esperar por realidade. Mas dá para se esperar o costumeiro final feliz. Nota: 6,0.

PS: a atuação de Tom Hanks como Walt Disney foi a primeira vez na história em que a Disney aceitou alguém representando seu criador.

segunda-feira, 3 de março de 2014

Oscar 2014 - Repeteco do ano anterior: o que importa é a mensagem


Saudações! Após a realização de mais um Oscar, o Cinema Vírgula comenta os principais pontos do evento. Foi um Oscar sem surpresas, e acertei todos os meus 6 palpites para vencedores.

Ser "previsível" não necessariamente indica que o Oscar foi justo. Na verdade, achei o Oscar justo no geral... mas a pisada de bola ficou para o fim, no prêmio de Melhor Filme.

Até aquele momento, tínhamos Gravidade com 7 Oscars - incluindo o de Melhor Diretor e o de Melhor Montagem - enquanto 12 Anos de Escravidão só tinha 2. É bastante "esquisito" um filme que vença por Diretor e Montagem não levar o melhor filme. Porém a vitória de 12 Anos de Escravidão mostra duas coisas:

1) Uma ficção científica vai sempre perder de um filme de época, não importando o quão bom ele seja.

2) Para a Academia atual, a única coisa que realmente importa é o filme ter uma mensagem. Ano passado, a mesma coisa aconteceu. Argo não era nem de longe o Melhor Filme, mas venceu pois passava a mensagem de apoio de Hollywood à política externa estadunidense. E agora, o melhor filme perdeu de novo. A mensagem anti-racismo valeu mais do que tudo. Um filme com apenas 3 Oscars foi eleito o melhor filme do ano (a mesma coisa que Argo). Chega até constranger. Mas como disse a apresentadora Ellen DeGeneres no começo da noite: "... ou 12 Anos de Escravidão vence como Melhor Filme, ou saímos daqui todos considerados como racistas".

De qualquer forma, 12 Anos de Escravidão também é um filme muito bom, e é muito mais justo que ele vença do que o superestimado Trapaça, por exemplo. E passar uma mensagem contra o racismo SEMPRE é bom. Aliás quanto a isto 12 Anos de Escravidão conseguiu algo ainda mais importante que o Oscar: o fato dele ser a partir de agora de exibição obrigatória nas escolas do EUA. Para finalizar, há outra coisa bem legal em 12 Anos ganhando: Brad Pitt enfim venceu seu primeiro Oscar. Como Produtor, já que como Ator a Academia ainda não cometeu a justiça de premiá-lo.

Os pontos altos da noite para mim foi a confirmação de Alfonso Cuarón como Melhor Diretor - primeiro latino-americano a receber este prêmio - e a vitória de Ela como Melhor Roteiro Original. Ela possui de longe o melhor roteiro do ano e fico feliz com a grata surpresa da Academia não ter escolhido o injustamente favorito Trapaça nesta categoria. Foi o primeiro Oscar do diretor/escritor Spike Jonze. Justíssimo.

E por falar em surpresas, acho que a única verdadeira surpresa da noite foi a derrota da Disney na categoria de Melhor Curta de Animação. O vencedor foi o desconhecido curta francês Mr Hublot. Mas a companhia do Sr. Walt não tem do que reclamar: Frozen faturou dois Oscars: o de Melhor Animação e o de Melhor Canção Original.

Da cerimônia como um todo, achei ela bem cansativa, foram 3h30 de duração. Tempo que seria muito menor se não fossem as inúmeras pausas para comerciais. A apresentadora Ellen DeGeneres não foi muito engraçada, mas pelo menos trouxe um pouco de modernidade à cerimônia. Seu "selfie" (a foto que ilustra este post) em tempo real bateu o recorde mundial de retweets, e marcou esta edição do Oscar.

Como resultado final, o Oscar 2014 foi melhor que o anterior. Seus indicados foram melhores, e a festa teve menos altos e baixos. Seu vencedor de Melhor Filme foi muito melhor do que o de 2013. Mas ainda assim, o melhor não venceu. E a Academia está se especializando em não premiar o melhor filme.

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