Diretor: Angelina Jolie
Atores principais: Jack O'Connell, Domhnall Gleeson, Garrett Hedlund, Takamasa Ishihara
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=LqwPbMV-lpA
Nota: 6,0
Nota: 6,0
Uma biografia honesta e bem intencionada, porém contada sem a força que merecia
Invencível é o segundo filme de Angelina Jolie como diretora, e coincidiu de, assim como O Jogo da Imitação (2014) e A Teoria de Tudo (2014), se tratar de uma biografia lembrada pelo Oscar 2015; mais ainda, os três chegaram aos cinemas em um intervalo temporal muito próximo, o que faz do trio filmes "rivais" e que entendo, portanto, ser interessante o processo de compará-los.
Se O Jogo da Imitação é um filme com uma história bem interessante, porém baseado em fatos inventados; se A Teoria de Tudo é igualmente interessante - e muito mais fiel aos fatos reais - porém tem o problema de "esconder" a parte ruim da vida de seus protagonistas, Invencível é o filme historicamente mais correto dos três (ele também "ameniza" sua história, mas não tanto). Infelizmente, entretanto, sua direção e roteiro não conseguiram torná-lo tão interessante quanto aos seus dois concorrentes.
Aqui, temos a história do corredor ítalo-americano Louis Zamperini (Jack O'Connell), que correu pelos EUA nas Olimpíadas de 1936, em Berlim, e posteriormente lutou na Segunda Guerra Mundial, onde foi capturado pelo exército japonês e passou dois anos sendo torturado. O nome original do filme, "Unbroken", só pra variar foi mais uma vez mal traduzido. Ficaria melhor um "inquebrável", que representa muito mais quem foi Zamperini: um homem pobre que lutou contra tudo para ser atleta Olímpico, que sobreviveu a dois acidentes de avião, que ficou mais de 40 dias a deriva em alto mar, passando sede, fome e ataques de tubarões, e que mesmo após 2 anos preso em péssimas condições, permaneceu vivo: sua resistência foi sua grande qualidade.
Baseado em um livro de 2010 de mesmo nome, a história de Louis Zamperini é retratada com enorme fidelidade aos fatos reais. Entretanto, é um filme lento (no mal sentido), carente de ação e surpresas, e com mal desenvolvimento dos personagens. Por exemplo, o roteiro tenta também dar destaque ao companheiros de exército Phil (Domhnall Gleeson) e Fitzgerald (Garrett Hedlund), mas não consegue. Saímos do filme conhecendo tanto da dupla quanto antes do mesmo começar: nada. Não deixa de ser surpreendente termos um roteiro tão "morno" sendo que ele foi escrito pelos irmãos Cohen, que sempre produzem ótimos roteiros para seus filmes.
A história é legal? Sim, é. Mas poderia ser melhor. E fatos reais para torná-la mais interessante não faltam. Erradamente, embora também traga a infância do personagem, Invencível foca basicamente em sua época como prisioneiro, cortando partes muito interessantes da vida de Louis. A história de como ele virou um atleta Olímpico é breve demais, e pula passagens curiosas: sabiam que após sua impressionante performance na última volta dos 5000 metros, Zamperini foi convidado pessoalmente por Hitler a conhecê-lo em seu escritório? E que após o ditador deixar a sala, Louis roubou uma de suas bandeiras, como recordação? (tudo isto aconteceu antes da guerra, claro).
E o que dizer da parte pós guerra, completamente ignorada? Pois saibam que Louis passou anos sofrendo com pesadelos, se afundou na bebida, e era obcecado por voltar ao Japão apenas para se vingar dos seus captores. E que mais uma vez suportou esta fase ruim e, (re)convertido ao cristianismo, optou pelo perdão e enfim atingiu a paz.
Mesmo bastante verídico, talvez para não desagradar os japoneses, Invencível ameniza os sofrimentos de Zamperini. Por exemplo, ele passou por muito mais surras e torturas do que o filme mostra. Mais ainda, foi cobaia de experimentos médicos e por muito pouco não morreu. Já o perigoso Watanabe (Takamasa Ishihara) foi muito, mas muito mais instável do que o filme apresenta. Ora tratava os prisioneiros bem, ora muito mal. Insano, batia nos americanos diariamente, e em seus acessos de loucura gritava e chorava. É mais um personagem que não foi desenvolvido como deveria.
Tecnicamente, Invencível apresenta uma boa fotografia (embora eu considere sua indicação para o Oscar bem exagerada), bom figurino, e uma trilha sonora omissa, que contribui para a falta de emoção da película.
Claro, apesar de todas as falhas acima, repito que o filme ainda possui momentos interessantes, e portanto vale a pena conhecer Louis Zamperini mesmo assim. Sua história é muito bonita e admirável. Impressionada pelo heroísmo e resiliência do ex-corredor, Angelina Jolie ficou muito próxima de Zamperini durante a produção do filme. Infelizmente, Louis faleceu alguns meses antes do filme estrear, de pneumonia, quando estava com incríveis 97 anos.
A grande força de Invencível vem de que sua história é real. Bem real. E mesmo que peque em contá-la sem a intensidade que deveria, ainda é um filme que vale a pena ser conhecido. Nota: 6,0
Se O Jogo da Imitação é um filme com uma história bem interessante, porém baseado em fatos inventados; se A Teoria de Tudo é igualmente interessante - e muito mais fiel aos fatos reais - porém tem o problema de "esconder" a parte ruim da vida de seus protagonistas, Invencível é o filme historicamente mais correto dos três (ele também "ameniza" sua história, mas não tanto). Infelizmente, entretanto, sua direção e roteiro não conseguiram torná-lo tão interessante quanto aos seus dois concorrentes.
Aqui, temos a história do corredor ítalo-americano Louis Zamperini (Jack O'Connell), que correu pelos EUA nas Olimpíadas de 1936, em Berlim, e posteriormente lutou na Segunda Guerra Mundial, onde foi capturado pelo exército japonês e passou dois anos sendo torturado. O nome original do filme, "Unbroken", só pra variar foi mais uma vez mal traduzido. Ficaria melhor um "inquebrável", que representa muito mais quem foi Zamperini: um homem pobre que lutou contra tudo para ser atleta Olímpico, que sobreviveu a dois acidentes de avião, que ficou mais de 40 dias a deriva em alto mar, passando sede, fome e ataques de tubarões, e que mesmo após 2 anos preso em péssimas condições, permaneceu vivo: sua resistência foi sua grande qualidade.
Baseado em um livro de 2010 de mesmo nome, a história de Louis Zamperini é retratada com enorme fidelidade aos fatos reais. Entretanto, é um filme lento (no mal sentido), carente de ação e surpresas, e com mal desenvolvimento dos personagens. Por exemplo, o roteiro tenta também dar destaque ao companheiros de exército Phil (Domhnall Gleeson) e Fitzgerald (Garrett Hedlund), mas não consegue. Saímos do filme conhecendo tanto da dupla quanto antes do mesmo começar: nada. Não deixa de ser surpreendente termos um roteiro tão "morno" sendo que ele foi escrito pelos irmãos Cohen, que sempre produzem ótimos roteiros para seus filmes.
A história é legal? Sim, é. Mas poderia ser melhor. E fatos reais para torná-la mais interessante não faltam. Erradamente, embora também traga a infância do personagem, Invencível foca basicamente em sua época como prisioneiro, cortando partes muito interessantes da vida de Louis. A história de como ele virou um atleta Olímpico é breve demais, e pula passagens curiosas: sabiam que após sua impressionante performance na última volta dos 5000 metros, Zamperini foi convidado pessoalmente por Hitler a conhecê-lo em seu escritório? E que após o ditador deixar a sala, Louis roubou uma de suas bandeiras, como recordação? (tudo isto aconteceu antes da guerra, claro).
E o que dizer da parte pós guerra, completamente ignorada? Pois saibam que Louis passou anos sofrendo com pesadelos, se afundou na bebida, e era obcecado por voltar ao Japão apenas para se vingar dos seus captores. E que mais uma vez suportou esta fase ruim e, (re)convertido ao cristianismo, optou pelo perdão e enfim atingiu a paz.
Mesmo bastante verídico, talvez para não desagradar os japoneses, Invencível ameniza os sofrimentos de Zamperini. Por exemplo, ele passou por muito mais surras e torturas do que o filme mostra. Mais ainda, foi cobaia de experimentos médicos e por muito pouco não morreu. Já o perigoso Watanabe (Takamasa Ishihara) foi muito, mas muito mais instável do que o filme apresenta. Ora tratava os prisioneiros bem, ora muito mal. Insano, batia nos americanos diariamente, e em seus acessos de loucura gritava e chorava. É mais um personagem que não foi desenvolvido como deveria.
Tecnicamente, Invencível apresenta uma boa fotografia (embora eu considere sua indicação para o Oscar bem exagerada), bom figurino, e uma trilha sonora omissa, que contribui para a falta de emoção da película.
Claro, apesar de todas as falhas acima, repito que o filme ainda possui momentos interessantes, e portanto vale a pena conhecer Louis Zamperini mesmo assim. Sua história é muito bonita e admirável. Impressionada pelo heroísmo e resiliência do ex-corredor, Angelina Jolie ficou muito próxima de Zamperini durante a produção do filme. Infelizmente, Louis faleceu alguns meses antes do filme estrear, de pneumonia, quando estava com incríveis 97 anos.
A grande força de Invencível vem de que sua história é real. Bem real. E mesmo que peque em contá-la sem a intensidade que deveria, ainda é um filme que vale a pena ser conhecido. Nota: 6,0
A diretora Angelina Jolie e o verdadeiro Louis Zamperini, em foto de 2013 |