Diretor: Daniel Rezende
Atores principais: Vladimir Brichta, Leandra Leal, Cauã Martins, Ana Lúcia Torre, Tainá Müller, Augusto Madeira
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=4xHP9tiS6NM
Nota: 7,0
Nota: 7,0
Divertido, diferente, completo e interessante. Mas peca na veracidade histórica
Dois patinhos na lagoa... 22! Justiça de Goiás... 38! Bingo!
Não... não é deste tipo de bingo que estou falando. Aqui, Bingo é o nome que os produtores de Bingo: O Rei das Manhãs tiveram que chamar seu personagem principal para não ferir os direitos autorais do palhaço Bozo.
A história é baseada na vida de Arlindo Barreto (que no filme teve o nome alterado para Augusto Mendes), provavelmente o mais conhecido dentre os intérpretes brasileiros do palhaço Bozo. O Barreto real interpretou o famoso personagem da TV entre os anos de 1982 a 1987, até ser demitido em definitivo devido seus problemas com álcool e drogas.
Na trama, Augusto (Vladimir Brichta) é um ator das pornochanchadas nacionais que, de maneira um pouco acidental, acaba contratado para ser o palhaço Bingo, cujo programa revoluciona a TV brasileira. Porém Augusto não consegue lidar com a fama e os problemas familiares e se perde em vícios, desperdiçando a carreira.
Em seus pontos principais, a história de Augusto Mendes é quase igual a de Arlindo Barreto. Os acontecimentos do parágrafo anterior descrevem tanto o ator real quanto o da ficção. Porém, nos detalhes, realidade e ficção se separam bem mais do que eu gostaria.
Dentre as diferenças principais, na vida real Arlindo Barreto não foi o primeiro intérprete do Bozo nacional; e também não foi o gênio que bolou as boas idéias do programa. Mais ainda, os dramas de sua mãe Marta (Ana Lúcia Torre) e seu filho Gabriel (Cauã Martins) são muito mais exagerados do que aconteceram realmente. A própria esposa de Augusto no filme é uma mistura das duas ex-esposas reais de Arlindo Barreto, e como consequência praticamente todas as cenas com ela são inventadas.
Outro problema são as várias inconsistências temporais, como por exemplo o início muito cedo nas drogas, ou ainda, as provocações dele com a Xuxa em uma época onde ela nem sonhava ainda em ir para a Globo. Para compensar, entretanto, há cenas "doidas", como por exemplo a maneira com que ele conseguiu o emprego, ou várias de suas brincadeiras no palco, que são bem verídicas.
Excluindo as inconsistências históricas, entretanto, Bingo: O Rei das Manhãs é um ótimo filme. O roteiro consegue misturar drama e humor de maneira muito eficiente, praticamente impecável. A trilha sonora - repleta de sucessos nacionais e internacionais dos anos 80 - é tão bacana que acaba conseguindo "mergulhar" o espectador no passado com até mais eficiência do que os bons cenários.
O elenco também é ótimo e ajuda muito a produção. No caso específico do protagonista Vladmir Brichta, ele infelizmente não convence quando faz o papel do pai amoroso. Entretanto, quando ele interpreta um personagem enlouquecido, e principalmente, quando ele interpreta o Bozo (Bingo), a atuação é excepcional. Sua transformação no Bozo é tão incrível que por si só já vale o ingresso.
Daniel Rezende - reconhecido editor (inclusive recebeu indicação ao Oscar pela edição/montagem de Cidade de Deus em 2003) - estréia como diretor com bastante competência. A montagem e planejamento das cenas, a condução dos atores, tudo muito bem feito. O único deslize são algumas poucas "tentativas de fazer Arte" (como por exemplo as longas cenas de tomadas panorâmicas sobrevoando cidades que não acrescentam nada à narrativa), mas que de maneira nenhuma comprometem o seu trabalho.
Bingo: O Rei das Manhãs é um filme bem diferente, que garante risos e comoções, e agradará tanto aqueles que querem relembrar a TV brasileira da década de 80 quanto quem vai conhecê-la pela primeira vez. A história de Bingo é bastante interessante. Pena que é menos real que deveria. Nota: 7,0.
PS: inicialmente o ator escalado para fazer Bingo era Wagner Moura, que teve que desistir do papel para filmar o seriado Narcos, da Netflix, e ele mesmo indicou Vladmir Brichta como seu substituto. A Warner resolveu fazer um vídeo para brincar com o fato. Ficou bem engraçado. Confiram clicando aqui!
PS 2: gostei bastante do filme e o recomendo a todos sem hesitar. Entretanto, a crítica especializada nacional em geral gostou ainda mais do filme! Por exemplo, a crítica Isabela Boscov afirmou na Revista Veja que Bingo: O Rei das Manhãs é o melhor filme nacional desde Cidade de Deus.
Não... não é deste tipo de bingo que estou falando. Aqui, Bingo é o nome que os produtores de Bingo: O Rei das Manhãs tiveram que chamar seu personagem principal para não ferir os direitos autorais do palhaço Bozo.
A história é baseada na vida de Arlindo Barreto (que no filme teve o nome alterado para Augusto Mendes), provavelmente o mais conhecido dentre os intérpretes brasileiros do palhaço Bozo. O Barreto real interpretou o famoso personagem da TV entre os anos de 1982 a 1987, até ser demitido em definitivo devido seus problemas com álcool e drogas.
Na trama, Augusto (Vladimir Brichta) é um ator das pornochanchadas nacionais que, de maneira um pouco acidental, acaba contratado para ser o palhaço Bingo, cujo programa revoluciona a TV brasileira. Porém Augusto não consegue lidar com a fama e os problemas familiares e se perde em vícios, desperdiçando a carreira.
Em seus pontos principais, a história de Augusto Mendes é quase igual a de Arlindo Barreto. Os acontecimentos do parágrafo anterior descrevem tanto o ator real quanto o da ficção. Porém, nos detalhes, realidade e ficção se separam bem mais do que eu gostaria.
Dentre as diferenças principais, na vida real Arlindo Barreto não foi o primeiro intérprete do Bozo nacional; e também não foi o gênio que bolou as boas idéias do programa. Mais ainda, os dramas de sua mãe Marta (Ana Lúcia Torre) e seu filho Gabriel (Cauã Martins) são muito mais exagerados do que aconteceram realmente. A própria esposa de Augusto no filme é uma mistura das duas ex-esposas reais de Arlindo Barreto, e como consequência praticamente todas as cenas com ela são inventadas.
Outro problema são as várias inconsistências temporais, como por exemplo o início muito cedo nas drogas, ou ainda, as provocações dele com a Xuxa em uma época onde ela nem sonhava ainda em ir para a Globo. Para compensar, entretanto, há cenas "doidas", como por exemplo a maneira com que ele conseguiu o emprego, ou várias de suas brincadeiras no palco, que são bem verídicas.
Excluindo as inconsistências históricas, entretanto, Bingo: O Rei das Manhãs é um ótimo filme. O roteiro consegue misturar drama e humor de maneira muito eficiente, praticamente impecável. A trilha sonora - repleta de sucessos nacionais e internacionais dos anos 80 - é tão bacana que acaba conseguindo "mergulhar" o espectador no passado com até mais eficiência do que os bons cenários.
O elenco também é ótimo e ajuda muito a produção. No caso específico do protagonista Vladmir Brichta, ele infelizmente não convence quando faz o papel do pai amoroso. Entretanto, quando ele interpreta um personagem enlouquecido, e principalmente, quando ele interpreta o Bozo (Bingo), a atuação é excepcional. Sua transformação no Bozo é tão incrível que por si só já vale o ingresso.
Daniel Rezende - reconhecido editor (inclusive recebeu indicação ao Oscar pela edição/montagem de Cidade de Deus em 2003) - estréia como diretor com bastante competência. A montagem e planejamento das cenas, a condução dos atores, tudo muito bem feito. O único deslize são algumas poucas "tentativas de fazer Arte" (como por exemplo as longas cenas de tomadas panorâmicas sobrevoando cidades que não acrescentam nada à narrativa), mas que de maneira nenhuma comprometem o seu trabalho.
Bingo: O Rei das Manhãs é um filme bem diferente, que garante risos e comoções, e agradará tanto aqueles que querem relembrar a TV brasileira da década de 80 quanto quem vai conhecê-la pela primeira vez. A história de Bingo é bastante interessante. Pena que é menos real que deveria. Nota: 7,0.
PS: inicialmente o ator escalado para fazer Bingo era Wagner Moura, que teve que desistir do papel para filmar o seriado Narcos, da Netflix, e ele mesmo indicou Vladmir Brichta como seu substituto. A Warner resolveu fazer um vídeo para brincar com o fato. Ficou bem engraçado. Confiram clicando aqui!
PS 2: gostei bastante do filme e o recomendo a todos sem hesitar. Entretanto, a crítica especializada nacional em geral gostou ainda mais do filme! Por exemplo, a crítica Isabela Boscov afirmou na Revista Veja que Bingo: O Rei das Manhãs é o melhor filme nacional desde Cidade de Deus.