Diretor: Guillermo del Toro
Atores principais: Sally Hawkins, Michael Shannon, Octavia Spencer, Doug Jones, Richard Jenkins, Michael Stuhlbarg
Belo e emocionante, ainda que me incomode na forma
Chegamos a aquele momento do ano em que os "filmes do Oscar" chegam apressadamente às telas dos cinemas brasileiros. Nesta crítica falo sobre A Forma da Água, o grande nome desta edição do Oscar com suas 13 indicações, dentre elas a de Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Diretor, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz Coadjuvante.
Na história, que se passa nos EUA da Guerra Fria da década de 60, conhecemos Elisa (Sally Hawkins), uma mulher solitária que trabalha como funcionária de limpeza em um laboratório militar. Lá ela acaba descobrindo um estranho ser aquático humanóide (Doug Jones), de quem se torna amiga e planeja libertá-lo.
Optei por não escrever muito sobre A Forma da Água para não dar muitos spoilers. Então vamos direto ao principal: o filme é belíssimo (tanto visualmente quanto em termos de história), e conta com passagens bem emocionantes.
Além disto, A Forma da Água consegue fazer sua crítica política-social sem ser panfletário ou dar sermão. Vemos em seu universo o racismo, o machismo, a homofobia... os vilões são aquelas pessoas que são más em nome "de Deus e da família". Um contexto bastante anos 60 aliás... até você lembrar que em 2018 temos Trump como presidente dos EUA e Bolsonaro liderando a intenção de votos no Brasil.
E por falar em "anos 60" é a partir dele que começam as decisões do diretor Guillermo del Toro que me desagradaram.
Ao mesmo tempo que o filme tem um discurso atual, ele parece viver no passado. O mundo de A Forma da Água parece maniqueísta e ingênuo demais. Há um número considerável de fatos que me soam bastante implausíveis. Por exemplo: como um laboratório de segurança máxima não tem absolutamente nenhum controle que impeça Elisa de visitar a criatura quando quer? Por que a criatura é magicamente dócil com qualquer civil, mesmo que desconhecido? E ainda menos plausível foi ver Elisa vivendo uma paixão com o "monstro". Entenderia perfeitamente ela quisesse defendê-lo a qualquer custo; ou que o amasse como grande amigo, como alguém "similar". Mas este tipo de amor romântico... não. Rápido demais, fácil demais.
Outro ponto que me desagradou em A Forma da Água foi que o diretor se preocupou bastante em homenagear o cinema antigo, fazendo a protagonista morar em cima de um cinema e ser fã de musicais e sapateados; ou ainda, trazendo uma trilha sonora pesada, repleta de musicas instrumentais ou cantadas do cinema da época.
Também me incomodou a protagonista ser muda. Isto não faz nenhuma diferença para a história. Uma pessoa não pode ser solitária e excluída sem ter limitações físicas? Oras... Elisa é muda para que Sally Hawkins aumente suas chances de ganhar o Oscar. Assim como todas estas "homenagens ao passado" foram escolhidas propositalmente para agradar os jurados da Academia. Esta fórmula sempre se mostrou muito bem sucedida. E já está rendendo frutos, mais do que merecia. 13 indicações são um exagero... Por exemplo, temos de fato atuações muito boas. Mas são dignas de indicações? Para mim, nenhuma das três são merecidas.
A Forma da Água é um filme muito bonito, excelente tecnicamente, e certamente merece muitos elogios. Ao mesmo tempo, sua bela história poderia ser muito mais memorável (e em um ritmo mais adequado à nova geração) se o diretor deixasse de se preocupar tanto em levar o maior número possível de estatuetas pra casa. Nota: 7,0
Na história, que se passa nos EUA da Guerra Fria da década de 60, conhecemos Elisa (Sally Hawkins), uma mulher solitária que trabalha como funcionária de limpeza em um laboratório militar. Lá ela acaba descobrindo um estranho ser aquático humanóide (Doug Jones), de quem se torna amiga e planeja libertá-lo.
Optei por não escrever muito sobre A Forma da Água para não dar muitos spoilers. Então vamos direto ao principal: o filme é belíssimo (tanto visualmente quanto em termos de história), e conta com passagens bem emocionantes.
Além disto, A Forma da Água consegue fazer sua crítica política-social sem ser panfletário ou dar sermão. Vemos em seu universo o racismo, o machismo, a homofobia... os vilões são aquelas pessoas que são más em nome "de Deus e da família". Um contexto bastante anos 60 aliás... até você lembrar que em 2018 temos Trump como presidente dos EUA e Bolsonaro liderando a intenção de votos no Brasil.
E por falar em "anos 60" é a partir dele que começam as decisões do diretor Guillermo del Toro que me desagradaram.
Ao mesmo tempo que o filme tem um discurso atual, ele parece viver no passado. O mundo de A Forma da Água parece maniqueísta e ingênuo demais. Há um número considerável de fatos que me soam bastante implausíveis. Por exemplo: como um laboratório de segurança máxima não tem absolutamente nenhum controle que impeça Elisa de visitar a criatura quando quer? Por que a criatura é magicamente dócil com qualquer civil, mesmo que desconhecido? E ainda menos plausível foi ver Elisa vivendo uma paixão com o "monstro". Entenderia perfeitamente ela quisesse defendê-lo a qualquer custo; ou que o amasse como grande amigo, como alguém "similar". Mas este tipo de amor romântico... não. Rápido demais, fácil demais.
Também me incomodou a protagonista ser muda. Isto não faz nenhuma diferença para a história. Uma pessoa não pode ser solitária e excluída sem ter limitações físicas? Oras... Elisa é muda para que Sally Hawkins aumente suas chances de ganhar o Oscar. Assim como todas estas "homenagens ao passado" foram escolhidas propositalmente para agradar os jurados da Academia. Esta fórmula sempre se mostrou muito bem sucedida. E já está rendendo frutos, mais do que merecia. 13 indicações são um exagero... Por exemplo, temos de fato atuações muito boas. Mas são dignas de indicações? Para mim, nenhuma das três são merecidas.
A Forma da Água é um filme muito bonito, excelente tecnicamente, e certamente merece muitos elogios. Ao mesmo tempo, sua bela história poderia ser muito mais memorável (e em um ritmo mais adequado à nova geração) se o diretor deixasse de se preocupar tanto em levar o maior número possível de estatuetas pra casa. Nota: 7,0