Diretor: Joon-ho Bong
Atores principais: Kang-ho Song, Sun-kyun Lee, Yeo-jeong Jo, Woo-sik Choi, Hye-jin Jang, So-dam Park, Ji-so Jung, Seo-joon Park
Pesado e surpreendente
Após fazer sucesso no Ocidente com os filmes O Hospedeiro (2006), Mother - A Busca Pela Verdade (2009), Expresso do Amanhã (2013) e Okja (2017), o cineasta sul-coreano Joon-ho Bong volta com Parasita, aquele que pra mim é seu melhor filme até agora.
Muito elogiado pela crítica, Parasita chamou a atenção mundial ao ser o grande vencedor de Cannes 2019, levando a cobiçada Palma de Ouro. E é aposta para receber mais indicações ao Oscar além do tradicional "Melhor Filme Estrangeiro".
É difícil descrever Parasita. Mas não consigo deixar de associá-lo com o italiano A Vida É Bela (1997). Claro, ambos são muito diferentes em tema e estilo; porém ambos compartilham de uma característica bem incomum: ser "dois filmes em um", onde temos em sua primeira metade uma comédia, e uma segunda parte bem chocante, com um drama psicologicamente bem pesado.
Na história conhecemos Ki-woo (Woo-sik Choi) e sua família, que vive em condições precárias e sobrevive fazendo pequenos bicos, ainda que nenhum deles se esforce "de verdade" para mudar de condição de vida. Devido a um amigo em comum, Ki-woo consegue um emprego para ser professor de inglês da adolescente Da-hye (Ji-so Jung), filha de um jovem e inocente casal milionário. Com o passar do tempo, Ki-woo e sua família fazem armações para que o casal rico empregue todo o restante da casa: pai (Kang-ho Song), mãe e filha. E é claro que o serviço da trupe não é o que eles dizem fazer...
Parasita conta com ótimas atuações e fotografia, porém é seu excelente roteiro que faz a diferença. A parcela "comédia" de Parasita não é muito engraçada nem original, principalmente - acredito eu - para nós aqui do Brasil. Trapalhadas e trambiques no estilo "jeitinho brasileiro" (ou seria "jeitinho coreano"?) são comuns até demais para nós.
É no drama, portanto, que Parasita surpreende. Fora o violento desfecho, o filme é brilhante ao mostrar de maneira velada o explosivo conflito de classes entre ricos e pobres. Aqui, ao contrário de Coringa, os ricos são "boas pessoas", e ainda assim o conflito acontece e é muito real. Joon-ho Bong fez seu Expresso do Amanhã - que não gostei - para explicitar a luta de classes... e seis anos depois, em um filme onde a mesma luta é muito mais sutil, quase implícita, o cineasta enfim consegue passar seu recado de maneira surpreendente e poderosa. Sendo ele também o roteirista desta produção, arrisco a dizer que Bong beirou o genial.
Parasita não é um filme fácil de assistir e só por isso não levou maior nota. Mais demorado do que deveria (2h e 12min de projeção), com uma primeira metade sonolenta e com várias situações que incomodam o espectador, não prevejo que o filme caia no gosto do público geral. Ainda assim, Parasita é um filme forte, diferente, e com potencial para gerar vários debates sociais, morais e comportamentais. Para quem também busca no Cinema fazer reflexões, aí Parasita passa a ser bastante recomendável. Nota: 7,0
Muito elogiado pela crítica, Parasita chamou a atenção mundial ao ser o grande vencedor de Cannes 2019, levando a cobiçada Palma de Ouro. E é aposta para receber mais indicações ao Oscar além do tradicional "Melhor Filme Estrangeiro".
É difícil descrever Parasita. Mas não consigo deixar de associá-lo com o italiano A Vida É Bela (1997). Claro, ambos são muito diferentes em tema e estilo; porém ambos compartilham de uma característica bem incomum: ser "dois filmes em um", onde temos em sua primeira metade uma comédia, e uma segunda parte bem chocante, com um drama psicologicamente bem pesado.
Na história conhecemos Ki-woo (Woo-sik Choi) e sua família, que vive em condições precárias e sobrevive fazendo pequenos bicos, ainda que nenhum deles se esforce "de verdade" para mudar de condição de vida. Devido a um amigo em comum, Ki-woo consegue um emprego para ser professor de inglês da adolescente Da-hye (Ji-so Jung), filha de um jovem e inocente casal milionário. Com o passar do tempo, Ki-woo e sua família fazem armações para que o casal rico empregue todo o restante da casa: pai (Kang-ho Song), mãe e filha. E é claro que o serviço da trupe não é o que eles dizem fazer...
Parasita conta com ótimas atuações e fotografia, porém é seu excelente roteiro que faz a diferença. A parcela "comédia" de Parasita não é muito engraçada nem original, principalmente - acredito eu - para nós aqui do Brasil. Trapalhadas e trambiques no estilo "jeitinho brasileiro" (ou seria "jeitinho coreano"?) são comuns até demais para nós.
É no drama, portanto, que Parasita surpreende. Fora o violento desfecho, o filme é brilhante ao mostrar de maneira velada o explosivo conflito de classes entre ricos e pobres. Aqui, ao contrário de Coringa, os ricos são "boas pessoas", e ainda assim o conflito acontece e é muito real. Joon-ho Bong fez seu Expresso do Amanhã - que não gostei - para explicitar a luta de classes... e seis anos depois, em um filme onde a mesma luta é muito mais sutil, quase implícita, o cineasta enfim consegue passar seu recado de maneira surpreendente e poderosa. Sendo ele também o roteirista desta produção, arrisco a dizer que Bong beirou o genial.
Parasita não é um filme fácil de assistir e só por isso não levou maior nota. Mais demorado do que deveria (2h e 12min de projeção), com uma primeira metade sonolenta e com várias situações que incomodam o espectador, não prevejo que o filme caia no gosto do público geral. Ainda assim, Parasita é um filme forte, diferente, e com potencial para gerar vários debates sociais, morais e comportamentais. Para quem também busca no Cinema fazer reflexões, aí Parasita passa a ser bastante recomendável. Nota: 7,0