sábado, 21 de maio de 2016

Crítica - X-Men: Apocalipse (2016)

TítuloX-Men: Apocalipse ("X-Men: Apocalypse", EUA, 2016)
Diretor: Bryan Singer
Atores principais: James McAvoy, Michael Fassbender, Jennifer Lawrence, Nicholas Hoult, Oscar Isaac, Rose Byrne, Evan Peters, Sophie Turner, Tye Sheridan
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=3vYpPwBKJ28
Nota: 5,0
Outra vez mais do mesmo

X-Men: Apocalipse é o 6º filme dos mutantes nas telonas, e o 3º a partir do reboot iniciado em 2011 com o excelente X-Men: Primeira Classe. Na história da vez, é revelado que há muitos milhares de anos atrás nasceu Apocalipse, o primeiro mutante. Adormecido durante milênios ele desperta e resolve destruir o mundo. O filme também mostra pela primeira vez a versão reboot de personagens importantes dos X-Men como por exemplo Jean Grey (Sophie Turner), Ciclope (Tye Sheridan), Noturno (Kodi Smit-McPhee), Tempestade (Alexandra Shipp) e Psylocke (Olivia Munn).

O roteiro de X-Men: Apocalipse é bem fraquinho. Focando basicamente na ação, contém diversos exageros, "coincidências" forçadas e ignora completamente o desenvolvimento de qualquer personagem. Mas o pior de tudo é sua falta de originalidade. Ok, é comum filmes se repetirem dentro de uma mesma franquia, principalmente em se tratando de filmes de super-heróis. Só que X-Men 6 extrapola o limite do aceitável: quase tudo que aparece no filme já foi explorado nos filmes anteriores.

Querem ver? Vamos lá (cuidado, este parágrafo possui vários pequenos spoilers. Caso não queira saber deles, pule para o parágrafo seguinte): Magneto ora vilão ora bonzinho ouvindo o chato discurso de Xavier que ele no fundo tem um bom coração? Confere (pela milésima vez); Jean Grey possuída pela Fênix? Confere (pela 3ª vez); Wolverine perdendo o controle? Confere (pela milésima vez); longa cena solo para fazer piadinhas com Mercúrio usando seus poderes? Confere (pela segunda vez); A máquina Cérebro sendo usada e graças a isto dá merda? Confere (pela milésima vez).

Não bastando as coisas de sempre, há também novos problemas, como o excesso de piadas: este é o filme dos X-Men com mais alívios cômicos e assim como em Homem de Ferro 3, elas são tantas que chegam a atrapalhar os poucos momentos dramáticos do filme.

Mas também há pontos a se elogiar em X-Men: Apocalipse. Com exceção do vilão principal, a caracterização dos personagens novos é excelente. Além disto, os efeitos especiais em geral são bons, assim como o design de produção. O filme conta com um elenco bem numeroso, jovem e talentoso, mas que infelizmente é mal aproveitado já que a franquia teima em dar destaque apenas no trio James McAvoy, Michael Fassbender e Jennifer Lawrence (a atriz que veta ter a pele pintada de azul por ser famosa).

E principalmente, o grande momento de Men: Apocalipse é a sua batalha final. Vários heróis lutando simultaneamente, um confronto duro e bem realizado contra Apocalipse, tudo bem executado e agradável. Infelizmente, uma única sequencia não-repetitiva muito boa é muito pouco para um filme com mais de 2h20 de duração.

Se você assistiu poucos filmes dos X-Men, talvez considere Men: Apocalipse um filme divertido, no que eu concordaria moderadamente se estivesse nesta situação. Mas como eu assisti os 5 filmes anteriores dos mutantes, ver este X-Men foi uma experiência enfadonha. E o pior é que material para novas histórias não falta: com mais de 50 anos de histórias nos quadrinhos, há literalmente centenas de tramas, heróis e vilões para serem utilizados. O verdadeiro desafio dos homo superior não é salvar o mundo, e sim, buscar criatividade. Nota: 5,0


PS 1: Assisti o filme em 3D, e não faz nenhuma diferença ver neste formato. Se encontrar X-Men: Apocalipse legendado em 2D, opte por esta versão.

PS 2: Há uma breve cena prós créditos que aparentemente dá pistas sobre o futuro filme Wolverine 3.

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Crítica - O Caçador e a Rainha do Gelo (2016)

TítuloO Caçador e a Rainha do Gelo ("The Huntsman: Winter's War", EUA, 2016)
Diretor: Cedric Nicolas-Troyan
Atores principais: Chris Hemsworth, Jessica Chastain, Charlize Theron, Emily Blunt
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=b3f5PxlsaS8
Nota: 4,0
Quase nada se salva nesta continuação fraca e desnecessária

Em 2012 tivemos o filme Branca de Neve e o Caçador (que não assisti), um filme de ação/batalhas baseado no famoso conto dos Irmãos Grimm. Devido sua boa arrecadação, era claro que se iria fazer uma continuação. Mas havia um probleminha: a polêmica envolvendo o diretor Rupert Sanders e a atriz que viveu a Branca de Neve, Kristen Stewart (eles tiveram um caso durante as gravações e Sanders era casado). Restou então ao estúdio da Universal se desfazer de ambos e apostar na volta do Caçador (Chris Hemsworth) como o grande herói da vez.

Foi assim que surgiu O Caçador e a Rainha do Gelo, que para atrair o público também trouxe de volta a Rainha Má Ravenna (Charlize Theron), trouxe uma nova heroína - a guerreira Sara (Jessica Chastain) - e uma nova vilã, A Rainha do Gelo Freya (Emily Blunt). Desta maneira, a história mistura o conto da Rainha Má dos Grimm com o conto A Rainha da Neve de Hans Christian Andersen.

O Caçador e a Rainha do Gelo possui dois atos: no primeiro, antes do filme da Branca de Neve, vemos que Ravenna e Freya são irmãs, e que o Caçador e Sara foram raptados quando crianças e treinados para ser soldados do exército da Rainha do Gelo. Esta parte se mostra pouco natural e para piorar é narrada constantemente por um desagradável narrador em off.

O segundo ato ocorre depois do letreiro "7 anos depois", onde vemos o Rei - um novo personagem, que se casou com a Branca de Neve (sim, agora a história se passa depois do primeiro filme, mas a Branca não aparece desta vez) - pedindo ao Caçador para que ele ajude-o a recuperar o Espelho Mágico, desaparecido. É então que o herói - juntamente com alguns amigos e posteriormente com Sara - passam por diversas aventuras para recuperar o objeto.

E então o espectador é submetido a mais de uma hora de puro enfado. Um roteiro repleto de clichês, piadas sem graça, batalhas nada grandiosas e mal feitas, e o pior de tudo: ter que aguentar todo este tempo vendo o Caçador e Sara tendo aquelas brigas "eu te amo mas te odeio". É de acabar com a paciência de qualquer um.

É difícil citar qualquer coisa que agrade em O Caçador e a Rainha do Gelo. Vamos ver: a fotografia é bonita, os efeitos especiais envolvendo gelo até são bons, mas os demais são bem fracos. A trilha sonora é chata e repetitiva. O roteiro tem vários furos e não mostra nada de original.

De elogiar mesmo só os figurinos (mantendo o nível do filme anterior, que inclusive chegou a ser indicado ao Oscar) e... mais o que? Bem, dá para dizer que as cenas melhoram com a presença de Charlize Theron: além de sua estonteante beleza, sua presença é forte e impressiona.

Sendo um filme de fantasia medieval genérico feito puramente para arrecadar dinheiro em função do filme anterior, O Caçador e a Rainha do Gelo deixa muito a desejar. E o pior, ele encerra com um gancho para outra possível continuação. Felizmente, até agora o filme mal se pagou nas bilheterias. Então pode ser que a Universal desista do negócio e volte para casa tendo aprendido uma pequena liçãozinha. Nota: 4,0

terça-feira, 3 de maio de 2016

Crítica - O Dono do Jogo (2014)

TítuloO Dono do Jogo ("Pawn Sacrifice", Canadá / EUA, 2014)
Diretor: Edward Zwick
Atores principais: Tobey Maguire, Liev Schreiber, Peter Sarsgaard, Michael Stuhlbarg, Lily Rabe
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=0MMIhrYkvjQ
Nota: 7,0
Um bom filme para conhecer o genial Bobby Fischer

Existem filmes que embora não sejam espetaculares, merecem ser assistidos. Eles contam a história de um pessoa real pouco conhecida do grande público brasileiro; pessoas estas tão diferentes que se torna algo muito interessante e instrutivo conhecer suas histórias. É o caso de filmes como Frida (2002), A Travessia (2015) e agora, este O Dono do Jogo.

O Dono do Jogo conta a história de Bobby Fischer (Tobey Maguire), o garoto prodígio estadunidense que se tornou um dos maiores enxadristas de todos os tempos. No filme temos sua vida contada desde os feitos enxadrísticos da infância até sua disputa pelo título mundial, em 1972, contra o campeão russo Boris Spassky (Liev Schreiber).

Diferentemente de outros filmes que contam "fatos históricos", O Dono do Jogo tem uma história bastante fiel ao mundo real. A grande maioria dos eventos contados realmente aconteceram. As poucas "mentirinhas" não vêm de fatos errados, mas sim, do exagero. Por exemplo: Fischer não foi a pessoa "patrocinada" por anos pelo governo dos EUA para "derrotar os inimigos" russos. Mas ele de fato teve apoio da Casa Branca durante o confronto com Spassky. Igualmente, ele não era uma personalidade universalmente famosa antes do duelo pelo título mundial. Mas, durante o confronto, o foi.

Fischer era conhecido por fazer exigências absurdas para disputar suas partidas, e aqui o filme tomou a liberdade de justificar estes pedidos com apenas duas explicações: insegurança e, principalmente, seus distúrbios mentais. Na vida real, seria isto mesmo? Não fiquei totalmente convencido. De qualquer forma, o Bobby Fischer real de fato sofria com muita paranoia - o que deve ter começado desde a infância, onde sua mãe comunista lhe dizia que sua casa podia estar grampeada. O episódio do enxadrista destruindo o quarto do hotel procurando por grampos, seu ódio pelos soviéticos e pelos judeus, tudo isto aconteceu e foi precisamente retratado.

Como filme, tecnicamente falando O Dono do Jogo é "OK". Não há grandes qualidades ou defeitos. A fotografia não é muito boa e os efeitos especiais - há algumas montagens em que se coloca Tobey Maguire sob filmagens reais de TV da época (anos 60 e 70) - também não são totalmente convincentes.

O roteiro é bom. Ele poderia ser melhor se não optasse por filmar Maguire quase o tempo todo, deixando de se aprofundar nos fatos e personagens ao seu redor. Ainda assim, há espaço suficiente para sugerir que Spassky tinha os mesmos problemas e "manias" que Fischer, o que é uma boa sacada. Além disto, o roteiro é bem dinâmico e garante que Bobby seja tão fascinante na tela como foi na vida real. Não sabemos qual será seu próximo passo o tempo todo. E isto é uma sensação bem bacana para o espectador.

Bobby Fischer até merecia um filme melhor que O Dono do Jogo, que não é brilhante mas é bom. Ainda assim, em termos de precisão histórica, temos uma produção bem acima da média de Hollywood. E em se tratando de um personagem tão interessante, vale bastante a pena conhecer sua história. Nota: 7,0

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Crítica - Capitão América: Guerra Civil (2016)

TítuloCapitão América: Guerra Civil ("Captain America: Civil War", EUA, 2016)
Diretor: Anthony Russo, Joe Russo
Atores principais: Chris Evans, Robert Downey Jr, Scarlett Johansson, Sebastian Stan, Anthony Mackie, Chadwick Boseman, Paul Bettany, Elizabeth Olsen, Tom Holland, Daniel Brühl
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=3p1d_6_ocEE
Nota: 8,0
Marvel muda o estilo, mas continua fazendo ótimos filmes

Capitão América: Guerra Civil é o décimo-terceiro filme do Universo Cinematográfico Marvel, iniciado em 2008 com o filme Homem de Ferro. Mais ainda, é o filme que reúne o maior número de super-heróis em toda a história: considerando todos os personagens apresentados pelo estúdio nesta fase de agora, só ficaram faltando aparecer Thor, Hulk e os Guardiões da Galáxia. Em contrapartida o filme introduz dois novos heróis bastante relevantes: o Pantera Negra (Chadwick Boseman) e o tão aguardado pelos fãs Homem-Aranha (Tom Holland).

Na história, os Vingadores tentam prender alguns bandidos e então um acidente acontece, matando civis. Após o incidente, os governos mundiais querem controlar o poderoso grupo via ONU. Enquanto os heróis discutem se aceitam ou não a intervenção, outro acontecimento acirra os ânimos: aparentemente o Soldado Invernal (Sebastian Stan) comete um ato terrorista. Então os heróis se dividem em dois grupos: o time liderado pelo Capitão América (Chris Evans), que não aceita a intervenção da ONU e considera o Soldado Invernal inocente; e o time liderado pelo Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), que aceita o controle dos governos e que quer o Soldado preso ou morto. Não demora muito para que os dois times se enfrentem fisicamente.

Em primeiro lugar, ao contrário do que foi vendido, este não é um filme do Capitão América. É muito mais um filme dos Vingadores do que qualquer outra coisa, já que o futuro do grupo é discutido repetidas vezes e um número bem alto de personagens ganham destaque. É verdade que Capitão, Homem de Ferro e Soldado Invernal são os principais protagonistas, mas o Pantera Negra, a Viúva Negra (Scarlett Johansson), o Falcão (Anthony Mackie), a Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) e o vilão Barão Zemo aparecem (Daniel Brühl) bastante.

Depois de usar uma mesma fórmula em quase todos seus filmes - histórias leves, cheia de humor, e heróis lutando contra o monstro da vez - o estilo da produção mudou: estamos diante do filme mais sério da Marvel até agora. As piadinhas existem, mas são poucas, e de maneira bastante coerente são feitas apenas pelos personagens metidos a comediantes: Homem de Ferro, Homem Aranha e Homem Formiga (Paul Rudd).

Mas a grande mudança trazida neste filme pelos diretores, os Irmãos Russo, são as batalhas. Ao contrário de lutas épicas, o que temos aqui é um grande destaque para lutas "mano a mano" filmadas em close. Esta abordagem transforma Capitão América 3 em algo muito mais realista e muito mais intimista do que qualquer outro filme de super-herói.

Capitão América: Guerra Civil também é o filme da Marvel com maior tempo em cenas de ação, a maioria muito boas. As batalhas foram bem planejadas e utilizam muito bem a diversidade de poderes dos heróis. As tais lutas "mano a mano" que já citei anteriormente são repletas de golpes marciais e em velocidade alucinante. Entretanto, elas não são perfeitas: com o de abuso dos closes e cortes rápidos, as vezes perdemos toda a progressão de um golpe ou a visão global do que está acontecendo. Portanto, os Irmãos Russo são ótimos para filme da ação, mas ainda têm pontos a melhorar na sua técnica.

E lembram que em Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) eu disse que para que os heróis brigassem entre eles o filme os distorceu, transformando-os em pessoas sombrias? Felizmente, em Capitão América: Guerra Civil isto não acontece, o que prova a força do roteiro. As motivações para a briga soam orgânicas e críveis. Ninguém precisou virar "mau" para o conflito acontecer... o mais anti-herói é o Homem de Ferro, mas como ele sempre foi um arrogante metido a valentão, tudo se mantém coerentemente dentro do universo já estabelecido.

Capitão América: Guerra Civil tem boas chances de ser o melhor filme da Marvel até agora. Entretanto não concederei a ele este título por alguns motivos. Primeiro, pelos leves problemas nas lutas que citei acima. Segundo, porque analisado do começo ao fim o plano do Barão Zemo não me pareceu fazer muito sentido... O vilão é fraco, não representa ameaça. O ato final de Capitão América: Guerra Civil não consegue estabelecer um bom clímax, que ficou ainda pior com o uso de uma certa gravação que não faz sentido nenhum existir.

Finalmente, outro probleminha é que este filme é de longe o menos independente dentre todos do Universo Cinematográfico Marvel. Para entendê-lo, no mínimo é obrigatório ter assistido antes o Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014) e o Vingadores: Era de Ultron (2015). Sem conhecê-los previamente, não assista Capitão América 3.

Depois de muito se repetir, a Marvel traz em seu novo filme algumas boas novidades, se renovando. A minha esperança em que o Universo Cinematográfico Marvel continue empolgante por vários anos aumentou. Que venham os próximos filmes! Nota: 8,0


PS: Capitão América 3 possui DUAS cenas pós-créditos. A segunda é uma rápida propaganda do futuro filme do Homem-Aranha, portanto, nem vale a pena esperar para ver. Porém a primeira cena é importantíssima! Ela nem deveria estar após o filme, e sim dentro dele. Não a percam!

PS 2: uma errata. Pensando melhor agora, Capitão América 2: O Soldado Invernal também é um filme bem sério, talvez até mais sério que este. Entretanto, Guerra Civil aborda assuntos mais complexos e não segue a estrutura padrão de "filme de origem contra o vilão da vez".

terça-feira, 26 de abril de 2016

Gosta de filmes de ficção científica "pra valer"? Você precisa conhecer Primer

Primer (2004) é um filme de baixíssimo orçamento (US$ 7 mil), produzido, escrito e dirigido por Shane Carruth, formado em matemática e ex-engenheiro de Software. Apesar de não ter feito sucesso comercial, o filme ganhou o Grande Prêmio do Júri no Festival Sundance de Cinema de 2004.

Carruth (o moreno da foto acima) nem sabe atuar muito bem... mas como sabe contar uma história! Em Primer temos dois engenheiros que acidentalmente criam uma máquina do tempo. Diferentemente da maioria dos filmes do gênero, os protagonistas não são estúpidos, irresponsáveis, nem querem dominar o mundo. Então, assim que eles percebem o que têm em mãos (a máquina do tempo), eles tentam ganhar dinheiro com isto tomando todo cuidado possível para não alterar a história nem prejudicar ninguém.

Será que eles conseguiram? Bem, vocês tem que assistir o filme para ver. Nele temos cenas em diversas linhas temporais (muitas vezes se repetindo) e a história é difícil para entender. Ou melhor, para quem está acostumado com filmes do gênero, prestando bastante atenção no que está acontecendo até dá para assistir o filme e entender uns 70% do que aconteceu ao seu final.

Os 30% restantes? Bem, se você os entendeu pela primeira vez você é um gênio rs. Um dos motivos do filme ser tão complexo é que cenas importantes para seu entendimento foram propositalmente retiradas da história. Mas existe na internet uma diversidade de textos e vídeos explicando tudo passo a passo. Este vídeo em inglês (clique aqui) é um exemplo deles.

Depois de tudo explicado, você perceberá que a história é brilhantemente sem erros, e tudo se encaixa. Primer é portanto um dos mais complexos - porém um dos melhores - filmes de viagem no tempo já feito. Gosta do assunto e quer dar um prazeroso nó na cabeça? Este é seu filme. :)

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Crítica - Mogli - O Menino Lobo (2016)

TítuloMogli - O Menino Lobo ("The Jungle Book", EUA, 2016)
Diretor: Jon Favreau
Atores principais (vozes): Neel Sethi, Bill Murray, Ben Kingsley, Idris Elba, Lupita Nyong'o, Scarlett Johansson, Giancarlo Esposito, Christopher Walken
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=sxeRCEthd9o
Nota: 8,0
Com um espetáculo visual, Mogli concorre como um dos melhores filmes do ano

Mogli é um personagem que aparece em alguns contos do livro The Jungle Book (1894) de Rudyard Kipling. Talvez não muito conhecido pelas gerações mais novas, ele fez parte da infância das pessoas entre 30 a 50 anos graças à animação da Disney Mogli - O Menino Lobo, de 1967.

A Disney já fez algumas adaptações live-action desta mesma história. Uma em 1994 e outra em 1998. Mas desta vez ela resolveu jogar pesado. Gastando 175 milhões de dólares, temos um filme onde apenas um personagem - o menino Mogli (Neel Sethi) - é de carne e osso: todos os outros personagens (animais falantes) e a grande maioria das paisagens são feitas por animação de computador. Ah: e com um realismo de assustar qualquer um!

Na famosa história, Mogli é um menino que foi abandonado na selva e criado por lobos. Ele viva em paz e harmonia por lá até que um dia o malvado tigre Shere Khan (Idris Elba) descobre a existência da criança. Por medo e raiva dos humanos, Khan quer matar Mogli de qualquer jeito, o que leva nosso herói a uma jornada para voltar a civilização, evitando desta maneira o confronto.

Há várias cenas neste Mogli - O Menino Lobo que são quase idênticas ao do desenho de 1967. Entretanto, há várias cenas novas também, em geral, estas servem para deixar o filme mais assustador. Aliás, Mogli é um filme para "quase" toda a família. Passa pelo roteiro completo de emoções: do humor ao drama. Não é um filme sombrio, muito longe disto. Entretanto, há várias passagens tensas (aquelas em que Mogli é atacado) e portanto não recomendo o filme para menores de 8 anos. Mais do que qualquer coisa, Mogli é um filme de ação.

Como eu disse no passado, para Mogli - O Menino Lobo o diretor Jon Favreau havia prometido que seu filme seria um deslumbre visual. Ele não mentiu. Mogli é talvez o filme sobre natureza de imagens mais belas desde Avatar (2009). Antes que eu seja acusado de exagerado, explico melhor: vejam, Avatar continua sendo muito melhor visualmente e tecnicamente. Entretanto, Mogli possivelmente fica com um distante "segundo lugar", e assim como o filme de James Cameron, merece ser visto no cinema e em 3D.

Continuando com minhas recomendações, é óbvio que qualquer filme é muito melhor em seu idioma original. Mas especialmente para este Mogli - O Menino Lobo, procure pelas versões legendadas. Principalmente as vozes de Bill Murray, Idris Elba e Christopher Walken fazem muita diferença!

Mogli - O Menino Lobo possui bom roteiro, embora peque pelo raso desenvolvimento dos personagens, principalmente Mogli. Só há um detalhe no filme que realmente me incomodou: toda a sequência do macaco Rei Louie. Nesta parte temos o único momento em que os animais computadorizados não convencem, devido ao exagero. Nenhuma proporção está correta. Nem a de Louie, nem a de seus asseclas. Uma pena. Esta sequência transforma as cenas em uma dispensável cópia de King Kong.

Interessante do começo ao fim Mogli - O Menino Lobo já nasce como um dos melhores filmes do ano e felizmente sua qualidade tem sido refletida nas bilheterias. A Disney tem transformado suas animações em live-action com certa freqüência nos últimos anos. E Mogli é a melhor destas adaptações até agora. Nota: 8,0


PS: neste ótimo vídeo (em inglês) vemos como o filme foi feito. É muito bacana ver o menino sendo filmado nas telas azuis e você ver que o pessoal da produção já consegue visualizar o resultado com os efeitos especiais em tempo real. Confira!

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Crítica - Ave, César! (2016)

TítuloAve, César! ("Hail, Caesar!", EUA  / Japão / Reino Unido, 2016)
Diretores: Ethan Coen, Joel Coen
Atores principais: Josh Brolin, George Clooney, Alden Ehrenreich, Ralph Fiennes, Scarlett Johansson, Tilda Swinton, Frances McDormand, Channing Tatum, Jonah Hill
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=2sf7T3heCxg
Nota: 7,0
Mesmo longe de ser brilhante, é a melhor comédia dos irmãos Coen desde 2000

Durante toda sua carreira cinematográfica os irmãos Ethan e Joel Coen sempre alternaram filmes de drama e de comédia. Alguns de seus dramas estão entre os melhores filmes deste século (por exemplo, Onde os Fracos Não Têm Vez (2007)). Já as comédias... bem, no início os Coen entregaram filmes divertidíssimos como Arizona Nunca Mais (1987) e E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? (2000). Mas suas comédias posteriores perderam qualidade.

O que aconteceu? As comédias pós-2000 de Ethan e Joel continuaram explorando personagens estranhos, o nonsense, e um humor repleto de ironias. O que mudou foi o tom: O Amor Custa Caro (2003), Matadores de Velhinhas (2004), Queime Depois de Ler (2008) e Um Homem Sério (2009), todas estas comédias apenas razoáveis possuem um humor muito mais sutil do que os Coen usavam no passado. Sutil até demais; as vezes nem percebemos que estamos diante de uma piada.

A boa notícia é que com Ave, César! os irmãos enfim trouxeram uma comédia bem interessante mesmo mantendo a antiga sutileza das piadas. Talvez a prática leve ao melhoramento; ou então, talvez agora eles tenham um terreno bem mais fértil para humor do que das vezes anteriores: o mundo do cinema nos anos 50.

A história é conduzida acompanhando a vida de Eddie Mannix (Josh Brolin), um diretor do estúdio Capitol Pictures cuja principal atribuição é corrigir/evitar escândalos de suas grandes estrelas. Eis então que seu maior ator - Baird Whitlock (George Clooney) - é sequestrado em plena filmagem. Vemos então os curiosos desdobramentos deste episódio.

O filme traz boas piadas relacionada a bastidores do cinema. Principalmente, explora a abrupta diferença de comportamento de todas as pessoas em estúdio antes de serem filmadas; após o grito de "ação!"; e após o grito de "corta!". O roteiro também brinca com o superficial mundo das celebridades e fofocas e ironiza diversos filmes de gênero.

O humor de Ave, César! entretanto, não é tão evidente. Como dito anteriormente, é bem sutil e bem diferente do que o público brasileiro está acostumado. Ele está "disfarçado" em pequenos detalhes visuais, em rápidas situações irônicas, ou ainda, em trocadilhos. Infelizmente, alguns destes trocadilhos não funcionam bem no Português (alguns na música dos marinheiros, por exemplo), o que dificulta ainda mais para o nosso público apreciar o filme.

A história de Ave, César! é bem interessante. Entretanto, tem problemas de ritmo, se tornando bem monótono em alguns momentos. Isto ocorre principalmente por dois motivos: um desnecessário e aborrecido narrador "em off" e o excesso de personagens. São tantos atores famosos que aparecem no filme (veja a lista bem acima) que cenas talvez dispensáveis foram criadas para comportá-los. De qualquer forma, a surpresa que tive ao ver Christopher Lambert fazer uma ponta já compensou boa parte deste deslize.

Ah, e como sempre nos filmes da dupla de irmãos, a fotografia em Ave, César! é excelente. O filme fictício em que a estrela Baird Whitlock filma sobre Jesus e a Roma Antiga (daí o nome desta produção) tem visual melhor do que muito filme verdadeiro feito por aí.

Ainda não foi desta vez que os irmãos Coen voltaram a fazer uma grande comédia. Mas chegaram bem perto. Com um humor refinado e diferente, desta vez temos uma história agradável e divertida. Nota: 7,0


PS: os personagens do filme parodiam estrelas reais de Hollywood. Por exemplo, o Burt Gurney interpretado por Channing Tatum imita Gene Kelly. Porém, para o caso de Eddie Mannix seu nome real foi preservado. Ele de fato existiu, era realmente este "conserta-escândalos" e foi alto executivo da MGM. Curiosidade: ele foi um dos suspeitos pela estranha morte de George Reeves (o primeiro ator da história a interpretar o Superman, no caso em uma série de TV); morte esta oficialmente declarada como suicídio e cuja história pode ser vista no filme Hollywoodland - Bastidores da Fama (2006).

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Crítica - Rua Cloverfield, 10 (2016)

TítuloRua Cloverfield, 10 ("10 Cloverfield Lane", EUA, 2016)
Diretor: Dan Trachtenberg
Atores principais: John Goodman, Mary Elizabeth Winstead, John Gallagher Jr.
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=M5-feV2zeIE
Nota: 7,0
Um duplo mistério muito bom

Rua Cloverfield, 10 é um duplo mistério. Primeiro, porque se trata de um filme de suspense e mistério bem bacana. E segundo, porque toda sua produção foi praticamente secreta. Filmado em pouco mais de 30 dias, o filme foi rodado com o pseudônimo de The Cellar ("O Porão"), os atores só recebiam os roteiros durante as filmagens para evitar vazamentos, e quando o filme foi enfim anunciado, pegou todo o público de surpresa.

Em uma época em que todos os filmes são contados em detalhes meses antes do lançamento, a estratégia feita para Rua Cloverfield, 10 é uma agradável surpresa. Mesmo assim, não foi uma surpresa perfeita. Todo este clima de enorme mistério envolvendo o filme é em boa parte quebrado com o segundo trailer lançado, que revela partes cruciais da história. NÃO O ASSISTAM de jeito nenhum!! (como sou legal, o trailer cujo link coloco acima é o primeiro, livre de spoilers, podem assistir sem medo).

Na história, Michelle (Mary Elizabeth Winstead) sofre um grave acidente de carro e quando desperta, ela se encontra presa em um abrigo subterrâneo em companhia de Howard (John Goodman) e Emmett (John Gallagher Jr.). Howard explica a situação: "houve um ataque, mas não sabemos direito o que é"... "se sairmos daqui, todos morreremos". Em se tratando de um filme chamado Rua Cloverfield, 10, a primeira associação que fazemos é que o tal "ataque" se trata do monstro gigantesco que devastou Nova York em Cloverfield: Monstro (2008). Porém, conforme a história se passa, fatos vão colocando esta associação em dúvida. E então... não contarei mais nada da trama para não estragá-la! :)

Rua Cloverfield, 10 conta com atuações muito boas, principalmente de John Goodman e Mary Elizabeth Winstead. É a primeira vez que vejo Mary como protagonista (a tinha visto antes como coadjuvante em Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010)) e gostei do que vi. Além de muito bonita, é uma atriz muito competente e versátil.

O filme conta com um clima de suspense muito bem executado. Ponto positivo para o diretor Dan Trachtenberg, em sua estréia em longa-metragens. Rua Cloverfield, 10 é inteligentemente adepto a montar seu suspense com base no desconhecido. Somos apresentados ao que está acontecendo de maneira bem lenta.

Além disto, Rua Cloverfield, 10 é um filme bem enxuto, sem nenhuma cena desnecessária e praticamente sem furo no roteiro. É verdade que ele é bem sucedido por utilizar técnicas já bem conhecidas do cinema de suspense... mesmo assim, sua conclusão apresenta boas novidades.

Filmado o tempo todo dentro do pequeno abrigo onde o trio se encontra, para quem não se incomoda com filmes assim e gosta de um bom suspense, Rua Cloverfield, 10 é uma ótima pedida. Que J.J. Abrams e sua produtora Bad Robot continuem a fazer filmes diferentes e de baixo orçamento como este. Nota: 7,0

terça-feira, 29 de março de 2016

Crítica - Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016)

TítuloBatman vs Superman: A Origem da Justiça ("Batman v Superman: Dawn of Justice", EUA, 2016)
Diretor: Zack Snyder
Atores principais: Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Jeremy Irons, Gal Gadot, Jesse Eisenberg
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=RtFFXs3nN40
Nota: 5,5
Filme corajoso, sombrio demais, com virtudes e muitos defeitos

Após quase 80 anos de espera para as telonas, enfim surge o filme que reúne os dois mais famosos super-heróis do planeta: Batman e Superman. Seu visual é bastante inspirado na clássica história de quadrinhos O Cavaleiro das Trevas (1986) - da qual algumas cenas foram copiadas quadro a quadro - porém aqui a história é bastante diferente: continuação direta do filme O Homem de Aço (2013), vemos um Batman (Ben Affleck) ressentido com a destruição que Superman (Henry Cavill) causou à Metrópolis e vemos Lex Luthor (Jesse Eisenberg) intervir com algumas ações que resultarão no histórico embate entre os dois heróis.

Batman vs Superman causou uma rara divisão de críticas: enquanto os fãs em geral gostaram do filme, a crítica especializada detestou, no que sinceramente acredito que não haveria este "ódio" se fosse um filme da Marvel. Para mim, nem oito nem oitenta: o filme é bem irregular, com seus vários altos e baixos. Passarei a apresentá-los a partir de agora, com um alerta: irei comentar várias coisas sobre a trama - o que pode ser um spoiler para alguns -  mas eu não revelarei NADA relevante além do que já foi contado nos vários trailers desta produção, ok?

Começo com uma constatação: o diretor Zack Snyder é ótimo em imagens, conceitos visuais... mas é bem ruim em desenvolvimento de personagens. Basta dizer que este é seu segundo filme com o Superman e ele ainda, em nenhum momento, mostra o Azulão como aquela pessoa inocente, otimista e bondosa que deveria ser. Seu Superman é sombrio e insosso.

Nada, entretanto, é pior que sua versão para Lex Luthor. Esta versão completamente surtada do vilão não me agrada, mas é até aceitável perto da seguinte pergunta: qual é sua motivação na história? Nos quadrinhos e filmes anteriores, Luthor quer matar Superman por um destes dois motivos: ou porque o herói sempre atrapalha seus planos, ou por inveja: Lex acha que ele deveria ser o "salvador da humanidade", e não o alienígena.

Batman vs Superman deixa bem claro não se tratar de nenhum destes casos. O que nos leva a terceira hipótese: Luthor quer matá-lo pois Superman é tão poderoso que representa um perigo para a humanidade. Se é esta a resposta, então por que Lex cria o monstruoso Apocalipse (que é mais forte e não pode ser controlado) para matar o Homem de Aço (que pode ser controlado)? Não faz o menor sentido... o que nos leva a conclusão que o Lex Luthor de Zack Snyder é apenas um doido varrido. Claro, Lex mostra uma grande inteligência no filme, mas fora isto, ele é responsável por vários furos de roteiro. Não bastando ser quase onisciente na história, a ridícula maneira com que ele cria o Apocalipse é provavelmente o ponto mais baixo de Batman vs Superman.

Por outro lado, ainda que com alguns problemas, as caracterizações de Batman (o verdadeiro protagonista da história) e da Mulher Maravilha agradam bastante. Aliás, a princesa amazona está excelente no filme. Ela é uma personagem feminina mais forte e mais interessante do que qualquer mulher que apareceu até hoje, por exemplo, nos filmes de super-herói da Marvel.

Se peca em personagens e roteiro, Batman vs Superman é bem melhor no visual e na ação. A cena em que Batman aparece pela primeira vez - onde a assistimos sob o ponto de vista de primeira pessoa de um policial de Gothan - é excelente! Essa sequencia é apenas uma de várias onde temos as câmeras posicionadas em ângulos bem incomuns e de tomadas aéreas bem interessantes.

As duas grandes lutas do filme também agradam bastante. O duelo do Batman contra o Superman é bem bacana, tendo como único defeito ser longo demais, ficando um pouco repetitivo. Já o duelo dos heróis com o Apocalipse também é bom (em contrapartida, poderia ser maior).

Apesar de todas as críticas que fiz até agora, Zack Snyder e seus roteiristas merecem um elogio: eles foram bastante corajosos, trazendo um filme bem diferente do senso comum. Por exemplo, a maneira com que ele lida com as identidades secretas é surpreendente (mesmo que eu não tenha gostado). Mas principalmente, o diretor faz sim de Batman vs Superman um mundo muito mais próximo do mundo real do que os outros filmes do gênero. Se Superman realmente existisse, a vida dele seria sim este inferno público. A mídia sensacionalista iria sim explorá-lo, incitar raiva (isso não lembra o momento atual de certo país que conhecemos?), e o kryptoniano iria sim passar toda a sua vida tendo que convencer uma considerável parcela do mundo de que não é uma terrível ameaça.

Mas como Batman vs Superman é repleto de altos e baixos, não seria diferente que até a tal "coragem dos idealizadores" tivesse falhas: ao contrário do filme anterior do Superman, o diretor e sua trupe desta vez fizeram questão de mostrar que nenhum inocente foi atingido, ao posicionar explicitamente as lutas em lugares desabitados (por falar em lugares, acho que Gothan virou bairro de Metrópolis, dado a bizarra rapidez que os personagens se deslocam entre elas). Além disto, tirando um pequeno corte na boca do Batman, não vemos sangue em mais nenhum momento da projeção.

Resumindo todos os altos e baixos, entendo que Batman vs Superman não é um filme feito para agradar todos os públicos. Acredito que ele agradará os fãs de quadrinhos, mas ainda assim, não os deixarão exultantes com o que vão ver. Já para o público "não fã", o cenário é pior, entendo que a maioria não vai gostar.

E tudo isto porque o filme é sombrio demais, os próprios heróis são sombrios demais. Por mais que o roteiro tente, os motivos que Batman e Superman tem para brigar entre eles não convencem (o motivo criado para o Superman é patético). Então, para tentar deixar o conflito mais crível, o roteiro transforma a dupla em pessoas intolerantes, distorcidas... fica difícil torcer para qualquer um dos heróis já que ambos estão errados (aliás, esse é o mesmo problema que a Marvel vai ter que enfrentar em Capitão América: Guerra Civil e quero só ver como eles vão resolvê-lo).

Por outro lado, tirando o início - que é bem monótono - assisti todo o resto do filme com bastante interesse, ele não me cansou apesar de suas 2h30min de projeção. Este é outro bom sinal de que as críticas que o filme vem levando são injustas e exageradas.

A conclusão é que apesar dos problemas Batman vs Superman não deixa de ser um filme interessante para os fãs; seu problema é ser muito irregular, trazendo defeitos difíceis de perdoar. E o filme traz um dilema difícil para os executivos da DC: seus filmes precisam mudar, serem menos sombrio para agradar o público; por outro, fazendo isto, pode-se quebrar a continuidade dos filmes criados até agora. É a resposta para esta questão que será o fator decisivo para o futuro de Batman, Superman e companhia a partir de agora. Nota: 5,5


PS: (adicionado em 07/04) após duas semanas de exibição, a bilheteria mundial de Batman vs Superman foi abaixo do esperado. Porém, é uma bilheteria lucrativa, alcançando centenas de milhares de dólares a mais do que o filme gastou. No Brasil, entretanto, os resultados são muito positivos. Com a marca de R$ 4 milhões de bilheteria ultrapassada, Batman vs Superman se tornou o filme mais lucrativo da Warner em terras brasileiras. Ou seja, não só teve maior bilheteria que antigos filmes do Batman, Superman, etc, como também supera cada um dos Harry Potter! Nunca duvidem da força dos heróis da DC no Brasil!

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