sábado, 21 de setembro de 2013

Crítica - Terapia de Risco (2013)

Título: Terapia de Risco ("Side Effects", EUA, 2013)
Diretor: Steven Soderbergh
Atores principais: Rooney Mara, Jude Law, Channing Tatum, Catherine Zeta-Jones
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=CSjLrm-qTUY
Nota: 7,0

Interessante filme que altera seu gênero ao longo da história

Terapia de Risco (Side Effects, no original) é o mais novo trabalho do diretor Steven Soderbergh e um curioso caso de filme que muda de gênero ao longo da história.

A projeção começa sob o ponto de vista da frágil Emily (Rooney Mara), que mesmo com a recém saída de seu marido Martin (Channing Tatum) da prisão após 4 anos, se encontra em um estado de grande depressão. Soderbergh nos transmite com maestria o estado psicológico de Emily, com imagens praticamente monocromáticas (tudo tem um fortes tom laranja), cenas curtas com cortes abruptos, plano curto e closes... tudo refletindo com sucesso o estado de tormento mental da protagonista.

Após uma tentativa fracassada de suicídio, o psiquiatra Dr. Banks (Jude Law) assume Emily como paciente, e como parte do tratamento, lhe indica o anti depressivo Ablixa. Então, pouco tempo depois, devido a um EFEITO COLATERAL da droga (entendeu minha marcação, ó imbecil que traduz o nome dos filmes?), acontece um grave acidente, que coloca Emily e Dr. Banks em uma situação difícil. Mais ainda, sob suspeita de acompanhamento médico indevido, Banks tem sua carreira colocada em risco.

O cenário descrito acima é interessantíssimo, abrindo discussões como: quais são os cuidados, e qual é o limite para se tratar pacientes com drogas; e mais ainda, de quem é a culpa pelo acidente? Do médico? Da paciente? De ambos? Ou de nenhum dos dois?

Após uns ótimos vinte minutos explorando as indagações acima, eis que acontece uma reviravolta e o filme se transforma. De um empolgante drama filosófico ele se torna um thriller policial. Se por um lado o roteiro ganha pontos por nos surpreender, perde muitos pontos por ignorar a partir de então todo o promissor debate ético e moral apresentado até este momento.

A transformação do filme também se reflete na sua apresentação. Agora temos na tela uma Nova York bastante colorida, cenas mais longas e com planos mais distantes. O ponto de vista que temos passa a ser o do Dr. Banks. Porém esta "segunda parte do filme" não é tão bem executada quanto a primeira. Além de infelizmente desprezar a parte mais interessante da primeira parte, a história se enfraquece, ficando um pouco cansativa devido ao excesso de explicações e, mais ainda, por concluir com um final consideravelmente inverossímil.

Terapia de Risco é um filme que começa de maneira muito empolgante e promissora, mas que se torna um caso raro de história que se enfraquece justamente por surpreender o espectador. Apesar de suas falhas, entretanto, não deixa de ser um filme bom e diferente que merece sua chance. Nota: 7,0.

PS: o medicamento Ablixa é fictício. Mas isto não impediu os internautas de criarem um site fake para ele. Confiram esta curiosidade: http://www.tryablixa.com/

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Crítica - Rush: No Limite da Emoção (2013)

Título: Rush: No Limite da Emoção ("Rush", Alemanha / EUA / Reino Unido, 2013)
Diretor: Ron Howard
Atores principais: Daniel Brühl, Chris Hemsworth, Olivia Wilde, Alexandra Maria Lara
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=ee35ZJ4KGVw
Nota: 8,5

Um dos melhores filmes de corrida já feitos. E um dos melhores filmes do ano.

Rush é uma grata surpresa nos cinemas. Não só pela sua alta qualidade, mas por ser um filme de Hollywood a contar uma história da Fórmula 1. Coisa rara.

Na verdade, a F1 acaba sendo apenas o pano de fundo para a verdadeira história, que é a história da rivalidade entre o piloto austríaco Niki Lauda e do piloto inglês James Hunt. O grande trunfo de Rush é que não importam as corridas, e sim os dois personagens Lauda (Daniel Brühl) e Hunt (Chris Hemsworth) e a relação entre eles. Esta abordagem torna o filme bastante interessante tanto para os fãs de automobilismo quanto para os homens e mulheres que não se importam pelo esporte.

Conduzida com maestria pelo diretor Ron Howard (Uma Mente Brilhante), a história começa em 1970, ainda pela Fórmula 3 - aonde a rivalidade começou, e termina junto com o ano de 1976, ano em que Lauda sofreria seu grave acidente nas pistas.

O ator espanhol Brühl convence e impressiona como o ríspido Lauda e é uma das grandes atrações do filme. Já Hemsworth representa seu “papel de sempre” com a diferença que aqui, como Hunt, sua atuação cai como uma luva e é muito boa, contrastando com o que acontece quando ele representa Thor, que chega a ser constrangedor em alguns momentos.

Apesar de ter 2h de duração, Rush é desenvolvido em um ritmo tão rápido e tão enxuto que definitivamente não se vê o tempo passar. A bela fotografia (as cores são bastante carregadas, mas eu gostei do efeito produzido), e principalmente os efeitos sonoros, contribuem para que a experiência de assistir o filme seja alucinante, mesmo não mostrando quase nada de corrida no filme todo!

O pai da bela Bryce Dallas Howard acerta a mão ao não tornar os personagens sob seu comando reles opostos maniqueístas. Sim, Lauda é o antipático e rígido ultra profissional, mas ao mesmo tempo, sabe fazer rir e tem sentimentos. Sim, Hunt é o mulherengo louco que vive cada dia como se fosse o último, mas mesmo assim, também demostra medo e coração. E outro grande acerto é conseguir mostrar todo o drama dos personagens sem ser piegas.

Para completar o pacote, nos pequenos detalhes, há o bônus para o amante da F1. É um prazer ver espalhadas pelo filme, mesmo que em pequenos relances, curiosidades da F1 de 40 anos atrás, como por exemplo pistas com mais de 20 Km de extensão, uma mortalidade de 2 pilotos por temporada, ver uma Tyrrell com 6 rodas, ver a “loucura” de Fittipaldi deixar a McLaren para ir para se arriscar na Copersucar, e etc.

Finalizando, Rush é uma bela história de rivalidade, coragem, vida, morte, inimizade e amizade. E é difícil encontrar defeitos nele. Mesmo assim, como sou chato, Rush não leva uma nota ainda maior porque, fora alguns pequenos erros e exageros, acaba herdando um pouco da característica de Lauda e é pragmático demais... nos dando pouco tempo para reflexão, ou ainda, sem conceder tempo para nos surpreender – tudo o que acontece tem uma causa e efeito imediatos.

Infelizmente, Rush tem chamado pouca atenção nos cinemas brasileiros, o que é uma pena. Repito que é um dos melhores filmes de corrida de todos os tempos, e um dos melhores filmes do ano. Nota: 8,5.

PS: mais uma vez, deixo aqui minha “homenagem” aos imbecis que “traduzem” os nomes dos filmes. Desta vez nem houve tradução na verdade... de apenas “Rush”, no original, virou o piegas Rush: No Limite da Emoção. Com um nome de sessão da tarde como este, dificilmente eu assistiria este filme nos cinemas. Talvez isto justifique, em partes, porque o filme não está chamando tanta atenção.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Agatha Christie vai voltar (ou quase). Hercule Poirot vai voltar (este vai mesmo!)

Sophie Hannah, Agatha Christie, e o detetive Hercule Poirot interpretado pelo ator David Suchet

Eis uma notícia bem recente que surpreendentemente ainda não repercutiu no Brasil. Nesta 4ª feira dia 04 de setembro, a editora inglesa Harper Collins anunciou oficialmente que um novo livro de Hercule Poirot irá ser publicado em 2014, a ser escrito pela britânica Sophie Hannah.

De 42 anos, Sophie Hannah também é uma escritora de romances policiais, e atualmente bem conhecida na Inglaterra. Ela será a primeira privilegiada a escrever uma obra 100% inédita de um personagem de Agatha Christie com o aval de seus herdeiros.

Até agora pouco do futuro livro é conhecido. Não se sabe seu nome, nem sua trama. Mas se sabe que a história se passará em 1920, o que colocaria esta narrativa em um período onde Poirot estava no começo de sua carreira como detetive particular (o primeiro livro de Poirot publicado por Agatha Christie - O Misterioso Caso de Styles - foi publicado justamente em 1920).

Não é a primeira tentativa de se “reviver” a grande escritora britânica. Afinal, Agatha Christie (1890 - 1976) só não vendeu mais que Shakespeare e que a Bíblia. Algo tão lucrativo dificilmente ficaria estacionado para sempre.

Vejam que curioso... a primeira pessoa a pensar no seu legado pós-morte foi a própria escritora! Com o advento da 2ª Guerra Mundial, a “Rainha do Crime” resolveu escrever em plena guerra a última história de seus dois principais detetives: Poirot e Miss Marple (o nome dos livros, respectivamente: Cai o Pano e Um Crime Adormecido). Assim, se houvesse alguma fatalidade ela não deixaria seus leitores sem conhecer o desfecho de seus personagens preferidos.

Mas Agatha sobreviveu a guerra, e estes livros ficaram escondidos por décadas, até que então, já com a saúde bastante debilitada Cai o Pano foi publicada em 1975. Meses depois, a autora faleceria, sendo que então em 1976 seria a vez de se publicar Um Crime Adormecido, que se tornaria o primeiro livro póstumo da inglesa.

De certa forma, primeiro e último, já que depois de 1976 o que se viu como lançamentos foram apenas algumas poucas coletâneas de contos – alguns inéditos – publicados anteriormente em outras mídias, como jornais e revistas. Daí surgiram, por exemplo, os livros Os Últimos Casos de Miss Marple (1979), Problem at Pollensa Bay and Other Stories (1991), Enquanto Houver Luz (1997), Poirot e o Mistério da Arca Espanhola & Outras Histórias (1997).

Mas seria só em 1998 que teríamos a primeira tentativa “forte” de ressuscitar a autora. Foram três livros inéditos, referentes a peças de teatro escritas por Agatha Christie e adaptados pelo escritor australiano Charles Osborne. Então vieram: Café Preto (1998), O Visitante Inesperado (1999) e A Teia da Aranha (2000).

De lá pra cá, não houve nada de novo no universo da “Rainha do Crime”. Até hoje. Pois Sophie Hannah terá sua chance de escrever um novo capítulo nesta história. Que ela seja bem sucedida.

PS: para quem quiser um pouco mais de detalhes sobre o novo livro, segue o link:

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Veja aqui: 4 trailers comentados (inclui os novíssimos de Robocop e Gravidade)

Depois de mostrar em meu post anterior cinco filmes “do passado”, é hora de olhar para o futuro. Quatro filmes. Quatro trailers. Que para bem ou para o mal, chamaram minha atenção. Vamos a eles!

Filme: Robocop
Estréia em: 21 de fevereiro de 2014
Comentários: começo pelo trailer mais recente de todos... o primeiro do novo Robocop, dirigido pelo brasileiro José Padilha (Tropa de Elite), e que foi divulgado ontem! Infelizmente, toda a má impressão que tive do filme via fotos se reforça no trailer. Ele é decepcionante. Bem distante do original; o novo Robocop é muito mais humano que robô, e realmente parece muito mais um humano de armaduras do que uma máquina. Lamentável. Espero estar errado, mas a impressão que tenho é que este será um filme de ficção científica bem “genérico”, perdendo muito das características originais.

Filme: Rush - No Limite da Emoção
Estréia em: 13 de setembro de 2013
Comentários: depois do trailer mais recente, segue o trailer cujo filme estrará primeiro. E ele já estréia na próxima sexta. O que vi me deixou bastante empolgado; e afinal de contas, não deixa de ser uma novidade um filme de Hollywood sobre F1, o que não acontecia há muito tempo. Dirigido por Ron Howard (Uma Mente Brilhante), temos aqui a história da rivalidade entre os pilotos James Hunt e Niki Lauda.

Filme: Thor: O Mundo Sombrio
Estréia em: 1º de Novembro de 2013
Comentários: depois do fraco primeiro filme, eis a continuação. Pelo que se vê a continuação aparenta ser melhor que sua antecessora. Mais ação, mais seriedade, melhores batalhas. E uma última constatação de efeitos dúbios: a belíssima Natalie Portman aparecerá bem mais neste filme. Isto é bom para os olhos. Mas ruim para o roteiro já que a pior coisa do primeiro filme fui justamente as cenas de romatismo entre ela e Thor.

Filme: Gravidade
Estréia em: 11 de Outubro de 2013
Comentários: já cansei de falar bem deste filme neste blog, que certamente é o filme de 2013 que mais ansiosamente aguardo. E o trailer do link acima é o mais recente de todos, começou a ser exibido só nesta semana! Eu admiro muito o trabalho do diretor Alfonso Cuarón e mesmo antes de ver o filme já passei a admirar Sandra Bullock. Afinal, para este filme ela teve que passar horas e horas pendurada por cordas em um quarto escuro, sem ver absolutamente nada. Respeito bastante este esforço e dedicação. Curiosidade: todos estes sons de explosão presentes no trailer são puro marketing. O diretor já avisou que no filme as explosões não são ouvidas... afinal, o som não se propaga no espaço! E ele quer deixar tudo o mais real possível. Imperdível!

domingo, 1 de setembro de 2013

Cinco filmes. Cinco parágrafos. Cinco notas.


A longa ausência de conteúdo novo em meu blog se deveu a problemas pessoais, mas eles não me impediram que, neste período, eu assisti em casa alguns dos filmes dos primeiros meses de 2013 que perdi nos cinemas.

E embora eu não vá fazer uma crítica detalhada para cada um destes filmes (são cinco), para cada um deles irei escrever um parágrafo e dar minha nota. Leiam porque tem bastante coisa boa listada abaixo!

A Caça ("Jagten", 2012)
Filme dinamarquês sobre um professor acusado injustamente de pedofilia. Belíssima fotografia, história forte, impressiona ao transmitir tanta coisa com poucos diálogos e sem melodrama. Nota: 9,0.

Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer ("A Good Day to Die Hard", 2013)
Um plágio mal feito de James Bond onde sequer há algo que se possa chamar de roteiro. Bruce Willis passa o filme inteiro em chatas discussões com o filho e sequer leva o filme a sério. Disparado o pior filme da franquia. Nota: 3,0.

No ("No", 2012)
Filme chileno indicado ao Oscar 2013, que nos mostra o plebiscito ocorrido em 1988 para que o ditador Pinochet continuar ou não no poder. Com Gael García Bernal  no papel principal, o filme consegue nos passar com maestria a tensão vivida pelo personagem. Prato cheio para quem gosta também de história, propaganda e publicidade. Só não gostei da fotografia. Nota: 8,0.

ParaNorman ("ParaNorman", 2012)
Animação de stop-motion indicada ao Oscar 2013, baseada na história de um menino que consegue falar com os espíritos. Bem bacana, principalmente por tirar sarro de clichês, explorando com frequencia situações de maneira oposta ao apresentado na maioria dos filmes. Nota: 7,0.

Era uma Vez na Anatolia ("Bir zamanlar Anadolu'da", 2011)
Filme turco “cult”, vencedor do Grande Prêmio do Juri em Cannes, toda história se passa ao longo de um único dia de uma investigação policial. A fotografia é soberba, e o filme é uma aula de narrativa e apresentação dos personagens. Seu único defeito é ser exageradamente longo e lento. Nota: 8,0.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Crítica - Círculo de Fogo (2013)

Título: Círculo de Fogo ("Pacific Rim", EUA, 2013)
Diretor: Guillermo del Toro
Atores principais: Charlie Hunnam, Idris Elba, Rinko Kikuchi
Trailerhttp://www.youtube.com/watch?v=Wcw7T6RSENo
Nota: 6,5.

"Muito bom na ação e no visual. No resto nem tanto”

Círculo de Fogo era um dos filmes que mais aguardava em 2013. A possibilidade de ver um filme de “robôs gigantes contra monstros gigantes” em um filme de orçamento superior a US$ 200 milhões de dólares, com o bom Guillermo del Toro (Hellboy, O Labirinto do Fauno) na direção fazia meu lado nerd ficar bem atiçado.

Em clara homenagem / inspiração nos Tokusatsu japoneses (literalmente "filme de efeitos especiais" - que se referem a Godzilla, Jaspion, Changeman, Power Rangers, etc), aqui o tema “monstros” aparece sob uma roupagem científica-militar, lembrando bem em estilo e estrutura o filme de alienígenas “Independence Day”.

Círculo de Fogo (cujo nome remete a região do Pacífico de onde os monstros aparecem) se incia com um contra e um pró. O negativo: a preguiçosa narração em 1ª pessoa explicando didaticamente tudo o que está acontecendo. O positivo: a narração é curta, eficiente, e rapidamente se encerra para nos levar a primeira pancadaria de robô vs monstro.

E que luta! Não há como negar, o design dos robôs (chamados Jaegers) e dos monstros (chamados Kaiju), os efeitos especiais... tudo é impecável. Nisto os milhões de dólares foram bem investidos. As batalhas, belíssimas, se mostram bem críveis. Até fisicamente críveis eu diria. Afinal, diferentemente dos filmes dos Transformers, aqui você percebe nitidamente o “real” – que seres de 40m de altura são pesados, lentos e não aquela coisa ultra rápida, quase “líquida”.

Porém o que começa bom não se mantém. Se o filme acertou por ir direto às cenas de ação, logo após elas chegamos nas costumeiras apresentações dos personagens e explicações da trama que haviam sido descartadas no começo.

Não que a história seja ruim, nem que os personagens sejam ruins. Na verdade, em todos estes aspectos Círculo de Fogo é satisfatório. O problema é que existem clichês demais. Basta você bater o olho num personagem – de tão caricatos – que você não precisa mais de explicação nenhuma. "Ah, este é o herói fracassado buscando redenção”, “este é o valentão filho de papai”, “este é o cientista louco que ninguém ouve”, e etc... Bastaria um relance para entender, mas o filme insiste não só em mostrar, mas também explicar detalhadamente o que você já sabe. Tudo isto significa um filme mais longo, as vezes cansativo, e com menos espaço para as lutas de robôs.

Felizmente, em meio a tanta coisa “comum”, existem situações divertidamente fora de lugar. Em algumas raras vezes os personagens principais nos surpreendem fugindo da ação “esperada”. Mas quem mais roubam as cenas são os coadjuvantes. Ron Perlman (Hellboy) faz um mafioso surreal e bem engraçado, já Charlie Day (Quero Matar Meu Chefe) surpreende ao fazer um cientista que é igualzinho ao produtor/diretor J.J. Abrams (?!?)!

Um outro ponto negativo é o péssimo uso de trilha incidental. Todo aquele “longo desenvolvimento de personagens” que descrevi acima é feito sob uma trilha de “fique emocionado porque é algo bonito ou heroico”. A trilha sonora não dá tréguas. E torna tudo muito artificial... parece que os atores estão declamando uma peça, e não sofrendo os perigos que o filme tenta apresentar.

Resumindo: o filme é muito bom durante as curtas batalhas que se distribuem ao longo da história e apenas mediano fora delas. E é com este desenvolvimento irregular de altos e baixos que o filme segue até o fim, onde ironicamente as coisas se invertem: a batalha final é feita dentro do mar, e pela primeira vez a luta não é bem executada: as cenas são escuras e rápidas demais, prejudicando o entendimento do que está acontecendo; em contrapartida, trilha sonora e atores se portam de maneira eficiente, em agradável sintonia.

Irregular, mas divertido, Círculo de Fogo está longe de ser o filme definitivo de Tokusatsu mas ainda assim mostra uma evolução às tentativas anteriores de longa-metragens do gênero feitas por Hollywood. É o melhor que fizeram até agora. Nota: 6,5.

PS: assisti o filme em 2D, porém conheço quem assistiu Círculo de Fogo em 3D no IMAX, para aonde o filme foi planejado para ser visto. E o que me relataram é que a experiência durante as batalhas é incrível. Um dos 3Ds mais impressionantes já feitos, onde você realmente se sente no meio do oceano, no meio da luta. Para quem puder, faça questão de assistir este filme neste formato!

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Reflexões sobre Game of Thrones - A 3a temporada... e os planos para o final da série


Olá pessoal! Uma pausa nos filmes... vamos falar de TV. A 3ª temporada de Game of Thrones já acabou há algumas semanas... mas ainda é tempo de fazer algumas considerações sobre ela.

(obs: meu texto abaixo possui spoilers muito muito leves da 2ª e 3ª temporadas, acho que dá para se ler sem risco, mas fica o aviso)

A 3a temporada se encerrou e mais uma vez foi excelente. Game of Thrones é certamente um dos melhores seriados da atualidade!

Tywin Lannister
Para mim o grande destaque deste ano foi a atuação do inglês Charles Dance como Tywin Lannister. Claro, ele está presente desde o começo da série, mas só agora ganhou mais minutos na tela. E os méritos não são só do ator... o escritor George R. R. Martin também tem muitos méritos ao criar um dos “vilões” mais interessantes dos últimos tempos. Já nasceram clássicos os sensacionais “duelos verbais” entre Tywin e seu filho anão Tyrion nesta temporada. Mesmo sendo Tywin sendo claramente a pessoa “eticamente errada” da discussão, e Tyrion uma pessoa bem inteligente, nada disto impede que seu filho perca sempre o debate... e de lavada!

A 1ª temporada adaptou o primeiro livro da série As Crônicas de Gelo e Fogo; a segunda temporada adaptou o 2º livro. E agora, pela primeira vez, um livro foi quebrado em duas temporadas: para o 3º livro da série, A Tormenta de Espadas, teremos sua adaptação equivalente para a 3ª e 4ª temporadas do seriado na TV.

Em minha opinião, o processo de adaptação dos livros feito pela HBO é muito bom. O seriado é bastante fiel ao texto de George R. R. Martin. Mesmo assim, as duas primeiras temporadas acabaram “ignorando” vários detalhes da trama, e isto por dois motivos: primeiro porque realmente há história demais pra ser mostrada... os livros são extensos e bem detalhados. E segundo, que para “balancear” em tempo de aparição os distintos núcleos de atores dentro da série, algumas passagens foram “inventadas/estendidas”... como o caso das cenas com a Daenerys Targaryen.

Era de se esperar que agora, com 2 anos por livro, o primeiro problema seria resolvido... e de fato, o problema diminuiu. Porém, o segundo problema aumentou, o que é uma pena. Agora tivemos mais coisas “inventadas”. Por exemplo, as diversas cenas de tortura do Theon Greyjoy não existem nos livros... lá só é citado que Theon foi torturado e ponto final.

Tudo pelo visual

A cicatriz. E ao fundo, a bela Lena Headey <3<3
Uma das maiores distorções da adaptação da HBO é, digamos assim, a parte visual. A fotografia, cenário, figurino do seriado... tudo é de primeira linha. E é bom até demais... cenários que seriam bem mais decadentes nos livros, aparecem de forma bem mais "arrumada" na TV. Além disto, os produtores de Game of Thrones fazem questão de “embelezar” o seriado com várias mulheres nuas e vários homens sem camisa. Isto até tem nos livros, mas não na frequência do seriado.

Como curiosidade, outro “embelezamento”... no 2ª livro, Tyrion perde o nariz! Mas na TV, ele apenas ganha uma estilosa cicatriz no rosto.

Concluindo... (e os planos para o final da série)

Com (muitas) virtudes e (poucos) defeitos, após 3 anos meu interesse na série continua aumentando. Agora  se inicia meu angustiante processo de esperar por quase 10 meses para ver a próxima temporada.

A série As Crônicas de Gelo e Fogo será finalizada em 7 livros, tendo sido 5 os livros publicados até então. O livro 5 foi publicado em 2011 e a previsão para o livro 6 é que ele saia em 2014.

Uma preocupação, portanto, para o pessoal da TV é que se o seriado alcançar os livros, ele teria que ser interrompido até que o livro seguinte saísse. Mas no ritmo atual, não parece haver risco disto ser um problema até o livro 6. Mas para o livro 7 (sairia quando? Em 2018?), é algo a se preocupar... Porém para o livro 7 há um outro risco bem mais mórbido. George R. R. Martin, com seus atuais 64 anos pode muito bem passar desta para a melhor antes de escrever o livro final. Mas não se preocupem, ele já resolveu este problema.

O escritor estadunidense tomou a decisão de exigir de seus herdeiros que jamais deixassem alguém continuar a história escrevendo os livros em seu lugar. Mas ao mesmo tempo, não deixará seus fãs órfãos: Martin contou aos produtores da série Game of Thrones – em linhas gerais – o final para cada personagem. Desta maneira, com a benção do próprio autor, mesmo se ele não conseguir concluir os livros o seriado da TV terá sim um final "oficial" de qualquer maneira.

Dificilmente vamos ver estes cinco numa mesma cena...

sábado, 29 de junho de 2013

Crítica - O Homem de Aço (2013)

Título: O Homem de Aço ("Man of Steel", Canadá / EUA / Reino Unido, 2013)
Diretor: Zack Snyder
Atores principais: Henry Cavill, Michael Shannon, Amy Adams, Diane Lane, Kevin Costner, Laurence Fishburne, Russell Crowe
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=dnxSnDUdQUY
Nota: 7,5.

Repleto de surpresas, novo Superman impressiona e renova o gênero de filmes de super-herói

O ano era 1978, e o mundo do entretenimento mudou devido a Superman - o Filme. Primeiro filme onde o gênero de super-heróis pôde ser levado a sério, o filme do diretor Richard Donner revolucionou pelo bom roteiro, ótima trilha sonora e, principalmente, porque pela primeira vez a humanidade pode assistir de forma crível (para os padrões da época) um homem voar.

O tema virou moda e na sequência tivemos vários filmes de super-heróis.. .só que de baixa qualidade, enfraquecendo o gênero. Até que a partir do ano 2000, coube a X-Men e Homem-Aranha resgatarem o gênero com outro patamar. E o boom causado por eles continua até hoje. Agora temos tantos filmes de herói por ano que o gênero já começa a se esgotar...

Mas, quem diria, coube ao Superman voltar a ser salvador da história e renovar o gênero mais uma vez, agora com O Homem de Aço. Seguindo direção contrária aos filmes herói-comédia de sua rival Marvel, o novo filme da DC tem um tom bastante realista. O que realmente aconteceria se a humanidade descobrisse um alienígena no planeta? O filme responde de maneira convincente. O que aconteceria se dois super-seres brigassem de verdade? O filme mostra. As (muitas) cenas de ação são belíssimas visualmente, e repito, bastante realistas. Não só pelos efeitos especiais, mas pelos danos colaterais que as batalhas proporcionam. Fazia muito tempo que as lutas em filme de super-herói não me empolgavam tanto como aqui.

Na história de O Homem de Aço, temos mais uma vez a origem de Superman recontada. Vemos Krypton, sua explosão, e o crescimento de Clark Kent (Henry Cavill) na Terra. E, finalmente, a invasão de nosso planeta pelo também kryptoniano general Zod (Michael Shannon). A trama é bastante similar com o da graphic novel Superman: Earth One, escrita em 2010 por J. Michael Straczynski. Porém no filme temos muitas (e surpreendentes) alterações na história tradicional do “Azulão”: a maneira que ele conhece Lois Lane (a bela Amy Adams), a maneira que ele começa no Planeta Diário, o conceito de "kryptonita"... tudo muda bastante, mas sem desagradar. Tem tanta coisa diferente que pela primeira vez um filme do Superman não tem Jimmy Olsen!

Mesmo sendo o principal (e primeiro) super-herói da cultura pop, é verdade que nem todos gostam do Superman. Suas “crises existenciais” o fazem parecer um “chorão” para alguns. Porém, o diretor Zack Snyder e os roteiristas (dentre eles se encontra Christopher Nolan - diretor e roteirista dos últimos 3 Batman) conseguiram fazer uma história emocionalmente consistente, tornando os problemas de Clark Kent compreensíveis.

Aliás a filmagem de Zack Snyder me surpreendeu. Enfim – e felizmente – ele abandonou as cenas de slow motion e mudou tanto suas características que em várias cenas parece que quem estaria no comando é o diretor Terrence Malick.

Os atores também são dignos de elogios. Henry Cavill atua bem... convence como “adolescente reclamão”, convence como adulto, convence como Superman, convence como o tímido Clark Kent. O resto do estrelado elenco:  Amy Adams (Lois), Diane Lane (Martha Kent), Kevin Costner (Jonathan Kent), Laurence Fishburne (Perry White) e Russell Crowe (Jor-El), todos estão muito bem, muito confortáveis com o papel que lhes foi dado.

A trilha sonora também entra na lista das coisas boas do filme.  As melodias de Hans Zimmer são agitadas, metálicas, e em completa sintonia com o clima de O Homem de Aço.

Porém mesmo com tantas qualidades, o novo reboot do Superman também comete seus erros. O primeiro é uma premissa básica do roteiro... lamento, mas o tal codex e o plano de Jor-El para ele não fazem o menor sentido. Outro ponto é que o lado "humano" e "bondoso" do Superman é pouco explorado... embora isto faça coerência com o tom "alienígena" do filme, esta ausência me decepcionou um pouco.

Aliás, falando em como o Superman é representado, que infelicidade (e arriscada) foi a decisão de comparar Superman com Jesus Cristo. O filme é claro ao mostrar que assim como o Filho de Deus, o kryptoniano precisa se sacrificar pela humanidade. E a metáfora é insistida várias vezes, por exemplo com a idade de Clark no filme (33 anos), com a cena dentro da igreja, e também, pelo seu voo em forma de cruz em momento crucial da passagem desta mensagem. Apesar da comparação, o filme não toca no assunto religião; menos mal... ainda assim a comparação foi burra e desnecessária.

E finalmente, talvez o maior dos defeitos de O Homem de Aço é o excesso de heroísmo. Não basta só o Superman ser herói... temos que aguentar também vários humanos (sobra até pro Perry White) fazendo cenas de heroísmo. Aliás, o kryptoniano é tão herói, tão herói, que além de fazer dezenas de cenas heroicas o clímax do filme é absurdamente longo, o que faz o desfecho da história enfraquecer bastante. E pior, é tanto tempo ininterrupto de ação, que todo o desenvolvimento dramático do personagem, suas motivações (até sua comparação com Cristo), tudo é basicamente descartado neste momento.

É uma pena que O Homem de Aço apresente estes problemas, pois do contrário estaria entre um dos melhores filmes de herói já feitos... mas não é o caso. Ainda assim, ele fica na história como um filme muito bom que teve coragem de renovar as produções do gênero. Digo isto pelas pequenas surpresas de roteiro e caracterização de personagens, pelo nível altíssimo de qualidade nas cenas de ação, pelo realismo, e pela qualidade do elenco. Superman voltou enfim a ter o filme que ele merece. Nota: 7,5.

PS: o 3D do filme não apresenta problemas, mas não acrescenta muita coisa, portanto, prefira a opção 2D, mais barata.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Crítica - Universidade Monstros (2013)

Título: Universidade Monstros ("Monsters University", EUA, 2013)
Diretor: Dan Scanlon
Atores principais (vozes): Billy Crystal, John Goodman
Nota: 6,0


“A Pixar não é mais a mesma. Mas ainda é boa em nos fazer divertir”

Em seu passado áureo e independente, o genial estúdio de animação Pixar se recusava a lançar continuações já que sabidamente isto iria acarretar em queda de qualidade. A única exceção foi o ótimo Toy Story (o que aliás é compreensível, já que Toy Story de certa forma é uma metáfora do desnvolvimento da animação do estúdio).

Mas em 2006 veio a Disney, comprou a Pixar e rapidamente quebrou a regra. Fez Carros 2 (o mais fraco de todos os filmes da Pixar) e agora, Universidade Monstros, continuação – ou melhor, prequel – de Monstros S.A., de 2001.

O filme mostra como os monstros Mike e Sullivan se conheceram e passaram os dias na faculdade, antes de virarem a eficiente dupla de “Assustadores profissionais”.

Em termos de roteiro, Universidade Monstros é uma grande decepção. Originalidade zero. Temos a história de “calouro estadunidense” de sempre... a emoção do primeiro dia na universidade, as fraternidades, o fato dos personagens principais serem os “esquisitos e não-populares tentando provar seu valor”. Curiosamente, no final o filme se redime... há uma certa surpresa e originalidade do meio da trama para o fim.

E se o roteiro não é lá grande coisa, a solução é focar no humor. Muito humor. Universidade Monstros não para um minuto com suas piadas (sejam físicas ou não) e trocadilhos. São centenas de piadinhas. Ruins, mais ou menos, e também algumas muito boas. No resultado final, eles te convencem pelo cansaço: não dá pra negar, no todo o filme é engraçado e divertido.

Outra coisa que a Pixar continua fazendo bem é criar personagens. Os novos amigos de Mike e Sullivan são no mínimo interessantes; já a temida diretora da universidade, é realmente assustadora (leia meu PS no final).

Ainda que abaixo do “selo de qualidade Pixar”, Universidade Monstros é um bom entretenimento e serve bem para distrair. Enquanto a Pixar me conseguir fazer rir, não deixarei de acompanhá-la. Nota 6,0.

PS 1: se em roteiro a Pixar não é mais a mesma, pelo menos tecnicamente continua a impressionar. O curta O Guarda Chuva Azul, exibido antes do filme é visualmente muito impressionante. Nem parece desenho, de tão perfeita sua simulação do mundo real. Veja na imagem abaixo.

PS 2: não recomendo o filme para crianças muito pequenas. Como se trata de uma história de “aprender a fazer sustos”, ela pode assustar um pouco... principalmente em se tratando da diretora da universidade. Na sessão onde assisti, havia uma criança com cerca de 5 anos que chorou de medo em boa parte da história (e nada dois pais saírem do cinema). E além desta criança – que até poderia ser um caso a parte – ouvi mais duas crianças resmungando que queriam embora porque não gostaram.


Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...