domingo, 26 de fevereiro de 2017

Aquecimento para o Oscar 2017


Pela primeira vez desde que iniciei este blog não irei postar meus palpites para os vencedores do Oscar nas principais categorias do evento. O motivo é que por questões pessoais não consegui assistir todos os principais indicados antes da cerimônia, ficando então injusto opinar.

Mas o fato não impede de que o Cinema Vírgula traga uma cobertura mínima do evento de hoje a noite.

Abaixo segue a lista dos filmes deste com 3 ou mais indicações. Clique nos títulos em negrito para ver a crítica dos mesmos:

14 indicações: La La Land
8 indicações: A Chegada, Moonlight
6 indicações: Até o Último Homem, Lion, Manchester à Beira-Mar
4 indicações: Um Limite Entre Nós, A Qualquer Custo
3 indicações: Estrelas Além do Tempo, Jackie


Quem será o grande vencedor

La La Land: Cantando Estações deverá ser o maior vencedor de estatuetas hoje, além de levar o prêmio máximo de Oscar de Melhor Filme.

Se minha previsão se confirmar, lamentarei bastante. Sim, La La Land é tecnicamente maravilhoso (principalmente em se tratando de figurino, design de produção e fotografia); mas como musical é apenas mediano e como romance é apenas bom. Muito pouco para quem vai ganhar o título de "melhor filme do ano".

Isto sem contar que mais uma vez teríamos a Academia privilegiando uma obra que homenageia ela mesma, ou melhor, a história do Cinema. Em uma época de "pós-verdade" onde racismo e xenofobia se espalham pelo planeta, se La La Land vencer mais uma vez os figurões de Hollywood mostrariam que continuam alienados do mundo "real".

Aliás, esta é a safra de filmes indicados mais fraca que vejo em anos. Dos que vi até agora A Chegada é muito superior a todos os demais (que chegam no máximo a nota 7). Porém ainda demorarão vários anos para que a Academia prestigie um filme de ficção científica do jeito que ele merece.


Não percam, é hoje, domingo de carnaval, as 22h!

A cerimônia do Oscar 2017 é hoje, domingo dia 26/02, e somente será transmitida ao vivo pelo canal TNT, a partir das 21h com a chegada dos famosos no tapete vermelho. Na TV aberta a Globo passará os melhores momentos no dia seguinte, as 15h. E sem gafes da Gloria Pires deste vez :P

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Dupla-Crítica: Lion: Uma Jornada Para Casa (2016) e Jackie (2016)

A menos de uma semana da cerimônia do Oscar 2017, segue a crítica de mais duas produções multi-indicadas: Lion: Uma Jornada Para Casa (com 6 indicações) e Jackie (com 3 indicações). Vamos a elas!

Lion: Uma Jornada Para Casa (2016)
Diretor: Garth Davis
Atores principaisDev Patel, Sunny Pawar, Nicole Kidman, Rooney Mara, David Wenham, Abhishek Bharate, Priyanka Bose

Baseado em fatos reais, Lion conta a história do garoto indiano Saroo, que com 5 anos se perdeu da família em uma estação de trem. Adotado posteriormente por um casal australiano, 25 anos após seu incidente ele tenta reencontrar sua família.

O filme é dividido em dois grandes atos, o primeiro com Saroo criança, interpretado por Sunny Pawar, e o segundo com Saroo adulto interpretado por Dev Patel. Lion conta com belíssimas fotografias e trilha sonora, um final bastante emocionante, mas ainda assim não empolga. O motivo? O filme é muito longo e muito lento.

Uma história que poderia ser contada em alguns minutos acaba sendo transformada em um filme de duas horas graças a inclusão de flashbacks desnecessários, cenas repetidas, cenas de paisagens, e personagens que não acrescentam à trama (como a de Rooney Mara). Ainda que eu aprove bastante que a bela história de Saroo seja conhecida pelo mundo todo, ela não tem material suficiente para virar um filme. Nota: 5,0


Jackie (2016)
Diretor: Pablo Larraín
Atores principais: Natalie Portman, Peter Sarsgaard, Greta Gerwig, Billy Crudup, John Hurt 

A imagem que tenho de Jacqueline Kennedy é de uma mulher forte, que perdeu dois filhos no nascimento e que estava ao lado de seu marido JFK quando o mesmo foi assassinado, de onde ela tentara levá-lo com vida ao hospital mesmo tendo sangue e até pedaços do cérebro do mesmo respingados em seu corpo.

Ao mesmo tempo, também vejo "Jackie" como a rica mimada e fútil que passou seu tempo como primeira dama dos EUA dando festas na Casa Branca e que fez questão de transformar o funeral de seu marido-presidente em um gigantesco evento midiático.

E o filme Jackie mostra exatamente estes dois lados da ex senhora Kennedy, sem ter a intenção de julgar que foi a "verdadeira" Jackie, ainda que justifique que parte das ações dela eram na verdade sua busca pela sobrevivência no mundo do marido.

A história contada pelo filme é bem interessante, trazendo o tão exaustivamente assunto da morte de John Kennedy sob uma perspectiva rara de bastidores e levemente feminina. Ainda assim, o roteiro tem sua ressalva: o quanto dele é "real"? Afinal, o filme é levemente baseado em uma entrevista dada por Jackie semanas após ficar viúva - fonte por si só parcial. E o restante da história, certamente teve mais preocupação narrativa do que em ser verídica.

Natalie Portman mais uma vez entrega uma ótima atuação. O maior destaque entretanto é a imitação quase perfeita que a atriz faz da voz e sotaque de Jackie. Realmente impressionante! Outro ponto curioso envolvendo atores é que Jackie é o último filme de John Hurt, falecido em Janeiro deste ano.

Jackie entrega uma história interessante e diferente, mas sem nenhum grande momento. Além disto, peca pelo ritmo lento e pela trilha sonora pesada e melodramática. Ainda assim, deve agradar bem os amantes de política e História. Nota: 6,0

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Crítica - Moonlight: Sob a Luz do Luar (2016)

Título: Moonlight: Sob a Luz do Luar ("Moonlight", EUA, 2016)
Diretor: Barry Jenkins
Atores principais: Mahershala Ali, Alex R. Hibbert, Janelle Monáe, Naomie Harris, Ashton Sanders
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=cYFIBxizOW0
Nota: 7,0
Filme traz história forte e comovente, mas falha na conclusão

Existem vários filmes que se propõem a acompanhar a vida de uma pessoa por décadas, onde vemos verdadeiramente seu crescimento e temos um melhor entendimento do porquê este alguém tomou determinados rumos em sua vida. Filmes assim, quando bem escritos, costumam ser acima da média, e é felizmente o caso de Moonlight: Sob a Luz do Luar.

Contando praticamente apenas com personagens negros, e com cenários na periferia de Miami, talvez o mais bacana em Moonlight é que se trata de uma jornada de auto-conhecimento que independe de cor, gênero, local e época.

Na história acompanhamos a vida do "pequeno" Chiron em três atos: o primeiro como criança, o segundo como adolescente, e o terceiro como adulto. Chiron é uma criança franzina, tímida, e que sofre bullying frequentemente dos garotos da escola, principalmente porque sua mãe Paula (Naomie Harris) é uma prostituta. Sem pai e sem atenção da mãe, Chiron acaba sendo "adotado" pelo traficante Juan (Mahershala Ali), que verdadeiramente quer ajudá-lo.

Moonlight tem ótima qualidade técnica, com boa fotografia, edição e trilha sonora. Não a toa, o filme levou indicação ao Oscar nestas três categorias. A direção também é muito boa, conseguindo com bastante sensibilidade transpor da tela para o espectador os sentimentos dos personagens.

Os dois primeiros arcos de Moonlight são muito bons, é fácil se comover com os dramas de Chiron e assistir com bastante interesse os dilemas morais das pessoas que o cercam. Solidão e violência levam o garoto à uma fase adulta com vários problemas... e é aí que o filme decepciona.

Em seu ato final, o mais curto de todos, Moonlight se limita a mostrar uma história de romance. Por quase toda sua duração, o filme abrange vários aspectos da vida de Chiron para posteriormente descartar todos estes temas e focar apenas em sua paixão de adolescente.

Apesar do desfecho abrupto e - para mim - bem incompleto, Moonlight: Sob a Luz do Luar ainda vale bastante a pena ser assistido por ser um drama diferente e tocante. Nota: 7,0

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Crítica - Até o Último Homem (2016)

Título: Até o Último Homem ("Hacksaw Ridge", Austrália / EUA, 2016)
Diretor: Mel Gibson
Atores principais: Andrew Garfield, Sam Worthington, Luke Bracey, Vince Vaughn, Hugo Weaving, Teresa Palmer
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=gSBAzgT7Z6I
Nota: 8,0
Uma grata novidade no universo da 2ª Guerra

Dez anos após seu último projeto na direção - Apocalypto (2006) - o polêmico Mel Gibson retorna com Até o Último Homem. Gibson, que tem a fama de "cultuar" a violência, desta vez conta a história real de um pacifista que se recusava a pegar em armas. Que irônico e curioso!

No filme conhecemos a história de Desmond T. Doss (Andrew Garfield), um estadunidense que serviu as tropas dos EUA na 2ª Guerra Mundial em 1945, na Batalha de Okinawa. Devido a alguns incidentes ao longo de sua vida - e também por ser Cristão - Desmond era radicalmente anti-armas (se recusava a encostar em uma); mas ainda assim queria servir seu país na guerra como médico.

Dividido em duas grandes partes: o antes da guerra (onde vemos a infância de Desmond e seu treinamento no exército), e a batalha em si (bastante violenta), Até o Último Homem certamente se diferencia dos outros milhares de filmes de guerra devido seu herói inusitado. Ainda que a atuação de Andrew Garfield não seja extraordinária, o (não tão) jovem ator se mostra bastante talentoso e competente, e além disto está muito bem acompanhado por diversos outros bons atores.

Tecnicamente o filme traz uma boa fotografia, efeitos sonoros realistas, e cenas de batalha bastante variadas e bem coreografadas. Ponto positivo para Mel, que faz por merecer sua 2ª indicação ao Oscar na direção.

Com uma história tocante e interessante, Até o Último Homem é um dos melhores filmes deste Oscar 2017, ainda que possua alguns defeitos básicos: a trilha sonora é excessiva e bastante melodramática. Algum exagero também pode ser colocado em algumas ações do carismático Doss.

Eu, que já estou bastante cansado de assistir filmes da 2ª Guerra, encontrar em Até o Último Homem uma história bem interessante de seu começo ao fim é uma constatação do quanto este filme consegue ter sua dose de inovação e universalidade. Nota: 8,0

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Crítica - A Qualquer Custo (2016)

TítuloA Qualquer Custo ("Hell or High Water", EUA, 2016)
Diretor: David Mackenzie
Atores principais: Jeff Bridges, Ben Foster, Chris Pine, Gil Birmingham
Trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ej0oQRR8rNc
Nota: 6,0
Faroeste atual entretém mas não impressiona

Uma das maiores surpresas do Oscar 2017 com 4 indicações (dentre elas a de Melhor Filme), A Qualquer Custo é um filme que mistura gêneros e referências.

Na história, que se passa no oeste estadunidense atual, os endividados irmãos Toby (Chris Pine) e Tanner (Ben Foster) resolvem pagar suas dívidas roubando de quem os levou à ruína: o Texas Midlands Bank. Para investigar estes roubos de baixas proporções são escalados dois Texas Rangers: o rabugento e quase aposentado Marcus (Jeff Bridges) e seu ajudante Alberto (Gil Birmingham).

A Qualquer Custo mistura os gêneros de faroeste, road movie e policial; ao mesmo tempo que seu tom se alterna entre a inocência dos "bons bandidos" (que roubam bancos mas não roubam pessoas nem as matam) com a melancolia e experiência do velho policial, de certa forma imitando (e não tão bem) a perspectiva do policial Ed de Tommy Lee Jones em Onde os Fracos não Têm Vez (2007).

O filme chega a flertar com temas bem atuais para os EUA, como a recente e grave crise financeira e imobiliária do país, mas não se aprofunda nisto. Também brinca com "jeitão" típico do texano: valentão, racista e preconceituoso; porém mostrando-o mais como pessoas pitorescas do que sendo uma crítica a este tipo de comportamento.

A Qualquer Custo consegue entreter, misturando ação e humor, embora em um ritmo muito mais lento que o público atual está acostumado. Mas em nenhum momento empolga, não há nada especialmente interessante em sua história. A meu ver, o filme não deveria de maneira nenhuma receber uma indicação de Melhor Filme pela Academia.

A indicação de Jeff Bridges como melhor ator coadjuvante também não me agrada. Claro, ele está muito bem, assim como os outros 2 atores principais do filme. Porém, fazer papel de velho mal humorado não é lá muito desafiador, ainda mais para ele. Se fosse para premiar um coadjuvante, que se indicasse Bem Foster... que por não ser um "rosto famoso", obviamente foi ignorado.

Com um faroeste contemplativo voltado para o público masculino, A Qualquer Custo é um exemplo eficiente de Neo Western, mas que não ficará para a posteridade. Nota: 6,0

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

O final(?) decepcionante de Sherlock (BBC), que já foi genial


Uma breve história sobre este incrível seriado e a análise de sua quarta temporada

Com o último episódio da 4ª temporada exibido neste último domingo, o seriado Sherlock (da TV britânica BBC) provavelmente se encerrou. Produtores e atores adotaram o mesmo discurso, que é mais ou menos assim: "gostaríamos de fazer uma nova temporada, mas é cada vez mais difícil encontrar agenda para Benedict Cumberbatch (Sherlock Holmes) e Martin Freeman (Dr. Watson) filmarem. Portanto, não foi tanta surpresa que este último capítulo transmitido fechou todas as "pontas soltas" da trama da série e trouxe, em seu final, um discurso de despedida.

Assumindo então este final, Sherlock se despede com o total 13 episódios: 4 temporadas com 3 episódios cada e mais um especial de Natal, que ocorreu entre a 3ª e 4ª temporadas.

Quando Sherlock surgiu em 2010 - e revelou para o mundo o excelente Benedict Cumberbatch - fiquei bastante impressionado. Ouso dizer que suas duas primeiras temporadas foram de longe a melhor coisa filmada com o personagem Sherlock Holmes em toda sua história. E por isto mesmo, mais uma vez recomendo: gosta de histórias de detetive? ASSISTA as duas primeiras temporadas desta série.

Os 6 primeiros episódios de Sherlock são independentes entre si: cada um contava uma história completa que pegava um dos contos do detetive nos livros de Conan Doyle e o adaptava brilhantemente para nosso mundo atual: Holmes usa o twitter, smartphones, etc para resolver seus casos.

Então, a partir da 3ª temporada os rumos da série começaram a mudar. Seu principal criador e roteirista - Steven Moffat - trouxe uma nova abordagem: a de desenvolver o detetive como pessoa, tornando-o cada vez mais emotivo e "humano". Então, na nova temporada a solução de mistérios ainda esteve presente, mas ela deixou de ser o principal elemento da trama, sendo substituído pelas relações pessoais entre Sherlock, Watson e o vilão Moriaty. Tivemos então 3 episódios interligados, funcionando como uma única grande história.

O resultado foi que a 3ª temporada foi a mais fraca da série, mas ainda assim, em um nível bem acima dos demais shows de TV atuais.

E chegamos finalmente a 4ª temporada (cuidado, escreverei pequenos spoilers a partir daqui).

O primeiro episódio é basicamente sobre Mary (a esposa do Dr. Watson), deixando a dupla principal em papéis bastante secundários. Com todo respeito a ela, mas quem está interessado em Mary? Então, tivemos um episódio mediano, o mais fraco da série até aqui.

No segundo episódio a trama volta a agradar e repetir a qualidade dos "velhos tempos". Novamente com um caso a ser resolvido, o roteiro ainda traz um belíssimo - e surpreendente - elogio ao amor e a vida de casados.

Para o terceiro e último episódio, a expectativa era grande. Afinal, Steven Moffat declarara dias antes do início da estréia da 4ª temporada que o final da mesma era "provavelmente a melhor coisa que ele já tinha escrito".

Historicamente, entretanto, a soberba não traz bons frutos. E mais uma vez, a história se repetiu: intitulado de "O Problema Final", o episódio é péssimo. Esqueça as histórias de detetive. O que temos aqui é uma versão bizarra do filme Jogos Mortais (2004) com um desfecho que não faz o menor sentido. Para piorar, alguns personagens se comportam de maneira bastante deturpada: Mycroft Holmes (o irmão mais velho de Sherlock), que na série (e também nos livros originais) sempre foi apresentado como alguém ainda mais brilhante que o irmão caçula, acaba se comportando como um imbecil histérico. Já Moriaty, que deveria ser "o" grande vilão, acaba tendo seu papel e relevância diminuídos de maneira constrangedora.

Se acabou mesmo, Sherlock deixa em parte de seus fãs um sentimento de decepção e melancolia. Ainda assim, inegavelmente fez história na TV e as suas duas primeiras espetaculares temporadas sempre estarão aí para serem revistas, e revistas, e revistas...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Crítica - Moana: Um Mar de Aventuras (2016)

Título: Moana: Um Mar de Aventuras ("Moana", EUA, 2016)
Diretores: Ron Clements, Don Hall, John Musker, Chris Williams
Atores principais (vozes): Auli'i Cravalho, Dwayne Johnson, Rachel House
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=80q_uNi1Ip0
Nota: 7,0
Disney continua a boa fase em filmes de princesas

Continuando com a tendência de fazer filmes de princesas "atuais" que são independentes, destemidas, e nem de longe precisam de um príncipe, em Moana a Disney acrescenta à esta característica um pouco de diversidade ao trazer uma heroína de traços não-Europeus e uma história livremente baseada na mitologia de povos da Polinésia.

Na história, Moana é a filha do chefe da ilha de Motunui. Um belo dia a vida feliz e a autossuficiente de seus habitantes é ameaçada por uma estranha escuridão que acaba com todos os alimentos disponíveis. Cabe então a Moana, a escolhida do Oceano, resolver este problema que, segundo lendas, se trata de devolver o coração da deusa Te Kā (que foi roubado pelo semi-deus Maui) para sua dona.

Mais do que qualquer outra coisa, Moana é um filme de ação baseado em uma dupla "jornada do herói": tanto Moana quanto Maui possuem sua própria saga de aprendizado, heroísmo e redenção. Há pouco desenvolvimento dos personagens, o foco da história é mesmo a aventura. Quase não há cenas "emocionantes" ou de "ensinamentos".

Mesmo com um roteiro simples, o filme é bastante divertido e belíssimo visualmente. O design dos personagens é muito bem feito, desta maneira, personagens "perigosos" e "fofinhos" dividem o mesmo universo de maneira harmoniosa. As tatuagens de Maui são outra ótima sacada de roteiro e direção de Arte.

Moana é a animação com maior número de cenas musicais que vejo em um bom tempo. As músicas são legais - principalmente as mais "tribais", que usam tambores e coros de vozes - mas ainda assim, não são boas o suficiente para "grudar" na cabeça, como aconteceu na animação Frozen (2013).

Em termos de "nota final", Moana é levemente superior a Valente (2012) e levemente inferior a Frozen. E por falar em Valente, a evolução técnica das animações Disney e Pixar nunca param de me surpreender. Se em 2012 eu babava pela perfeição dos cabelos de Merida, aqui em Moana quase todos os personagens tem estes mesmos cabelos "reais". Fora as muitas cenas no mar, perfeitas (sendo que fazer água e ondas realistas era "missão impossível" na animação há cerca de 10 anos atrás).

Bem humorado e agitado, Moana é diversão para todas as idades, mas ainda assim não é um filme espetacular. Por isto leva Nota 7,0.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Crítica - La La Land: Cantando Estações (2016)

Título: La La Land: Cantando Estações ("La La Land", EUA, 2016)
Diretor: Damien Chazelle
Atores principais: Ryan Gosling, Emma Stone
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=0KpWc-cwQtY
Nota: 6,0
Saudosista, musical é agradável para olhos e ouvidos

Em seu primeiro trailer, La La Land se auto propagandeia com a frase: "Não fazem mais filmes assim". Este é um resumo perfeito para este musical, extremamente saudosista, que homenageia / imita os musicais estadunidenses em sua "Era de Ouro", que vai do meio dos anos 40 ao início dos anos 60.

A "homenagem" é feita também na parte técnica, com a maioria das cenas rodadas no formato Cinemascope e com algumas coreografias do casal Ryan Gosling e Emma Stone filmadas sem cortes, de maneira similar ao que se apresentavam Fred Astaire e Ginger Rogers.

Apesar de tanto saudosismo, cronologicamente esta história sobre os "sonhadores" que tentam o estrelato em Los Angeles (daí o nome do filme) se passa nos dias atuais. Em uma trama bem simplória, conhecemos a vida de Sebastian (Gosling) - um músico que quer "resgatar o Jazz" - e Mia (Stone), que sonha em ser atriz.

Graças as ótimas fotografia e direção de arte, o filme é belíssimo visualmente e uma verdadeira explosão de cores. Em sua primeira 1h20min, tudo em La La Land é alegria e esperança. Pelo seu visual e som (se alternam músicas mais modernas com Jazz clássico), juntamente com as cenas dançantes, La La Land deverá agradar a maioria dos tipos de público.

É em seus últimos 40 minutos, entretanto, que La La Land deixa o musical de lado e desenvolve minimamente o roteiro, trazendo um pouco de drama e surpresas. Ainda assim, apesar desta qualidade, ao consolidar as 2h do filme a conclusão é que o mesmo é mais longo do que deveria, e portanto, cansativo.

La La Land tem sido um grande sucesso de crítica e certamente receberá muitas indicações ao Oscar. Semana passada, o filme bateu o recorde de prêmios recebidos no Globo de Ouro: sete no total. Destes, Ryan Gosling e Emma Stone receberam respectivamente o prêmio de Melhor Ator e Melhor Atriz. Para mim, em termos de canto e dança, ambos vão bem mas não empolgam. É na atuação entretanto que Emma Stone - e somente ela - brilha: extremamente carismática e expressiva, a americana está em seu melhor papel.

Como já disse várias vezes aqui em meu blog, o gênero musical não me agrada. Provavelmente por isto, não compartilho da empolgação que a crítica teve com o filme. Ainda assim, mesmo para mim, La La Land foi uma experiência agradável. Nota: 6,0

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Crítica - Animais Noturnos (2016)

Título: Animais Noturnos ("Nocturnal Animals", EUA, 2016)
Diretor: Tom Ford
Atores principais: Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Michael Shannon, Aaron Taylor-Johnson
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=TICRnl3A-Og
Nota: 7,0
Melancólico, pesado, e com bom roteiro

Baseado no livro Tony e Susan, escrito por Austin Wright em 1993, Animais Noturnos é roteirizado e dirigido pelo estadunidense Tom Ford, neste que é apenas seu segundo filme. Se trata de um suspense bastante melancólico e de terror psicológico. Na história, Susan (Amy Adams) recebe de seu ex-marido e escritor Edward (Jake Gyllenhaal) um manuscrito de seu próximo livro, intitulado Animais Noturnos.

É então que a história se divide em 3 tramas paralelas. A primeira - e maior delas - é a própria história contada pelo livro de Edward. Uma história bastante violenta. A segunda mostra, através de flashbacks, como Susan e Edward se apaixonaram e como foi o casamento de ambos. E finalmente, a terceira trama se passa no tempo atual, onde vemos uma Susan extremamente infeliz e depressiva com seu casamento novo e sua vida.

Ainda que tristes e melancólicas, as três tramas são interessantes e prendem a atenção. O roteiro como um todo, é muito bom. Em termos de atuações, os quatro atores citados na ficha técnica do topo do post estão bem. Aliás, a surpreendentemente boa atuação de Aaron Taylor-Johnson lhe rendeu um Globo de Ouro como ator coadjuvante.

O que impede então a Animais Noturnos levar uma nota ainda melhor? Seu foco principal. Ao gastar a maior parte do filme dentro da "ficção" do livro de Edward (e esta trama certamente poderia ser encurtada), faltou espaço para explicar exatamente o que aconteceu entre Susan e Edward na vida real. Sim, o básico é explicado... mas algumas pontas não fecham. Por exemplo, em um determinado ponto ela diz que fez algo terrível ao filho de Edward. Que filho é este? Que evento foi tão grave? São respostas que acrescentariam a trama, mas não são respondidas. Um maior equilíbrio entre o tempo dedicado as três tramas tornariam o filme mais completo e psicologicamente mais interessante. Nota: 7,0

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...