segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Crítica - The Sinner (Netflix) - primeira temporada (2017)


The Sinner é um seriado de TV bem novo, que estreou aqui no Brasil pela Netflix no começo deste mês (mas não é produção original deles). Se trata de um drama policial baseado no livro de mesmo nome escrito pela estadunidense Petra Hammesfahr em 2007. O seriado foi planejado como uma mini-série fechada de 8 episódios.

Na história, Cora Tannetti (Jessica Biel) está na praia com seu marido e filho quando surta e assassina um desconhecido a facadas na frente de dezenas de testemunhas. Perplexa com sua própria atitude, Cora não sabe explicar porque atacou a vítima, e jura nunca tê-la visto antes. Ao assumir o caso, o Detetive Harry Ambrose (Bill Pullman) se empatiza com Cora e tenta descobrir toda a história por trás deste estranho episódio.

Dentre as principais qualidades da série, temos uma história repleta de reviravoltas ao longo de todos os episódios (e você fica o tempo todo mudando a visão que se tem da Cora entre uma "garota inocente" e uma "não tão inocente assim"); e uma investigação policial longa e bem desenvolvida.

O roteiro, em geral, é bem acima da média. Porém, estamos diante de uma história bem pesada. Não é nada fácil assistir Cora sendo abusada (física ou mentalmente) por várias pessoas durante a série toda. A sensação mais frequente que se tem ao assistir The Sinner é um mal estar. Por mais que eu tenha gostado bastante do roteiro e me prendido à série, fica difícil para eu recomendar uma série tão tensa.

Mesmo elogiando o roteiro, há dois pontos nele que desgostei bastante: o primeiro é que o desenvolvimento de Ambrose, onde acompanhamos seu drama pessoal, vai diminuindo gradativamente ao longo dos episódios até ser completamente abandonado nos dois últimos, sem trazer qualquer conclusão. E, principalmente, para mim há um grande furo no roteiro. Após a conclusão da série, eu simplesmente não consigo achar uma explicação aceitável para a relação dos pais de Cora com a polícia, especialmente nos eventos do terceiro episódio.

Em termos de atuação, The Sinner não conta com grandes atores; porém a dupla de atores principais Jessica Biel e Bill Pullman dão bastante conta do recado.

Finalmente, notem que mesmo sendo uma série "fechada em 8 episódios", o título deste texto leva um "primeira temporada". Isto porque o seriado fez um sucesso tão grande de crítica e público nos EUA que obviamente seus produtores querem continuar ganhando dinheiro e especulam fazer uma segunda temporada. Menos mal que, pelo menos pelo que se foi falado até agora, eles tem noção que a história de Cora "se encerrou" e portanto a principal idéia para continuar The Sinner é através do Detetive Harry Ambrose, onde ele estaria acompanhando um caso completamente novo durante toda a segunda temporada. Vamos aguardar por novidades a respeito.

E para quem já assistiu The Sinner fica o convite para escrever nos comentários sobre o que achou, e se recomenda a série ou não. Abraços e até a próxima!

sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Crítica - Liga da Justiça (2017)

TítuloLiga da Justiça ("Justice League", EUA, 2017)
Diretor: Zack Snyder (e Joss Whedon?)
Atores principais Ben Affleck, Henry Cavill, Amy Adams, Gal Gadot, Ezra Miller, Jason Momoa, Ray Fisher, Jeremy Irons, Diane Lane, Connie Nielsen e Ciarán Hinds (vozes), Joe Morton, Amber Heard
Interessante para os fãs de quadrinhos, filme não é ruim. E poderia ter sido muito pior

Após três filmes de visual arrebatador e consideravelmente bem sucedidos (300, WatchmenHomem de Aço) a Warner decidiu dar ao diretor Zack Snyder plenos poderes para criar nos cinemas o Universo Estendido DC, que iria contrapor ao mega bem sucedido Universo Cinematográfico Marvel da editora rival.

O filme que iniciaria esta nova fase, Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) até que não foi de todo ruim. Mas foram tantos defeitos... roteiro sem sentido, edição catastrófica, e principalmente: ver um Batman enlouquecido e um Superman sem esperança que tudo acabou despertando a fúria de fãs e crítica especializada.

Snyder voltaria para um projeto ainda mais ambicioso, mas agora com o peso do fracasso anterior. Os boatos que cercaram a produção de Liga da Justiça anunciavam que os erros se repetiriam: roteiro confuso, tom sombrio, e uma quantidade absurda de horas filmadas... como se não houvesse nenhuma direção para que filme seria feito. Até que no início da pós-produção a filha do diretor infelizmente faleceu; e ele não apenas deixou o Liga da Justiça como saiu de vez da franquia (para mim, outro indício de que seu novo trabalho não estava bom). Em seu lugar, para finalizar o filme (e fazer várias refilmagens), foi contratado Joss Whedon, que escreveu e dirigiu Os Vingadores 1 e 2.

Chegamos enfim ao Liga da Justiça que estreou nos cinemas. E o filme final não possui uma identidade; e claramente uma mistura de Whedon com Snyder (e para mais detalhes sobre isto, leiam meu PS ao final do texto). Por outro lado, é um filme sem falhas gritantes, com uma história sem enrolações que conta com um início, meio e fim bem claros. Levando em conta todos os problemas que Liga da Justiça teve, isto é praticamente um milagre. O resultado final foi melhor que eu esperava.

Na história da vez, o mundo ainda não se recuperou da morte do Superman (Henry Cavill). Aproveitando-se disto o vilão alienígena Steppenwolf chega à Terra com o intuito de conquistá-la reunindo as três Caixas Maternas deixadas em nosso planeta milhares de anos atrás. Cabe então ao Batman e a Mulher Maravilha reunir um novo time de super-heróis para impedí-lo.

Como ponto forte principal em Liga da Justiça, temos as várias batalhas entre super-seres. Ponto positivo para Snyder: ele realmente sabe mostrar super-heróis se socando de uma maneira visualmente deslumbrante e com ação bem coreografada e empolgante. Outro ponto bacana é ver a interação entre os personagens da Liga, que funciona de maneira agradável e orgânica. Eles até brigam um pouco entre eles em alguns momentos... mas não tem aquela costumeira babaquice dramática de egos sem controle: os heróis sabem que precisam se unir porque afinal de contas o mundo precisa deles. Simples assim.

E já que usei a palavra "dramática", o maior pecado do filme, em contra partida, é sua falta de emoção. Não dá para sentir qualquer empatia pelo Batman e Superman pois em todos os filmes até agora (inclusive este), eles mais parecem robôs (Affleck e Cavill são muito fracos como atores). Já os novatos Flash (Ezra Miller), Aquaman (Jason Momoa) e Ciborgue (Ray Fisher) estão melhores... porém aí também não temos empatia suficiente pelos mesmos pois acabamos de conhecê-los. O que nos leva a bela Gal Gadot como Mulher Maravilha: ela é a única que recebe empatia verdadeira do público.

Contribuindo para a falta de emoção em Liga da Justiça temos uma trilha sonora genérica, burocrática, e praticamente omissa; além de um número bem alto de personagens, o que faz que praticamente nenhum deles tenha algum desenvolvimento dentro da história. Para piorar ainda mais o cenário, a luta final contra Steppenwolf é bastante anti-climática; fraca, esta que é a luta mais importante de todas é ironicamente a única batalha ruim do filme.

Resumindo, este Liga da Justiça deverá agradar o leitor de quadrinhos de super-heróis estadunidense. Afinal, ver heróis e vilões se esmurrando o tempo todo é basicamente todo o material que encontramos nas HQs de DC e Marvel nas últimas décadas. Portanto, como fã de quadrinhos que sou, gostei sim do que vi.

Por outro lado, não vejo que Liga da Justiça irá agradar o público geral. O tempo dedicado à diálogos, desenvolvimento de personagens, e até mesmo a situações dramáticas é muito menor do que o encontrado nos filmes da Marvel, por exemplo. Até mesmo as cenas de humor - que existem, e funcionam dentro do filme - são muito poucas. Mesmo com as muitas mexidas de Joss Whedon, Liga da Justiça ainda está bem longe de seguir a "fórmula Marvel" nos cinemas, e consequentemente prevejo que o filme será recebido de maneira bem morna pelo público comum. Nota: 6,0


PS: há bastante de Zack Snyder no filme pois claramente foi ele quem filmou as cenas de lutas (menos a final, talvez?) e ela ocupam a maior parte do filme. Mas dá para ver que Joss Whedon também alterou bem o filme "original". Uma das provas é que quando Henry Cavill foi chamado para as refilmagens da pós-produção, o ator estava usando um grande bigode devido as filmagens do futuro Missão: Impossível 6. Não podendo removê-lo, o bigode foi retirado via efeitos de computador. Porém, se prestarmos atenção, dá para "ver" o bigode removido. E temos o Superman "com marcas de bigode" em quase todas as cenas do ato final. A maioria das piadas do filme devem ter sido colocadas por Whedon também; afinal, essa é uma de suas especialidades, como vimos nos filmes dos Vingadores. E finalmente (aí já não é culpa do Whedon), com a exigência dos diretores da Warner para deixar Liga da Justiça com no máximo 2 horas de duração, os cortes certamente foram muitos. Nota-se isto pela boa quantidade de cenas que vemos no trailer e que não se encontra no filme final.

PS2: o filme conta com duas cenas pós-créditos. E a segunda surpreende pois dá a entender que poderemos ter uma continuação de Liga da Justiça que nada tenha a ver com este aqui (ou seja, que também envolvesse ameaças alienígenas vindo do planeta Apokolips).

terça-feira, 14 de novembro de 2017

Fãs de seriados: vocês precisam conhecer o app TV Time!


Eis um aplicativo bacana que quero compartilhar com vocês. Antigamente chamado de TV Show Time, seu nome abreviou e agora ele se chama TV Time (https://www.tvtime.com/pt_BR), é o programa "definitivo" para quem curte muito seriados de TV.

E o melhor, ele é GRATUITO, possui integração com o Facebook, traz vários idiomas (inclusive o Português Brasileiro) e está disponível para Android, iOS e via Website, para quem não quiser usar no smartphone.

No TV Time você encontra informações sobre qualquer seriado: lista de episódios (com o resumo de cada um deles, e a data de transmissão), avaliações (e você pode ver, ao longo dos meses, quanto a nota de um seriado variou), data de quando o próximo episódio vai ao ar (nos EUA), atores participantes e seus respectivos perfis; notícias em geral, recomendações de novas séries para assistir, etc e etc.

Também serve como rede social, onde você pode seguir amigos e ser seguido.

O TV Time possui também uma pequena área para "jogos", onde você ganha badges (distintivos)  fazendo ações, ou responde Quizzes diversos de dezenas de seriados famosos a escolha para depois comparar seu resultado em um ranking mundial (por exemplo, fiquei entre as 700 melhores pontuações em um questionário sobre as 6 primeiras temporadas de The Big Bang Theory).

E principalmente: lá você pode marcar lá todos os seriados e episódios que você já assistiu na sua vida!

E marcando os episódios que você assistiu, vem a "cereja do bolo": descobrir quanto tempo da sua vida você gastou assistindo seriados!!


Se assustou com meu número acima? Pois é. Mas se você for realmente fanático por seriados e colocar tudo "no papel" verá que vai me ultrapassar facilmente rs.

Baixe o App, convide seus amigos, e divirtam-se!!

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Crítica - Borg vs McEnroe (2017)

TítuloBorg vs McEnroe ("Borg McEnroe", Dinamarca / Finlândia / Suécia, 2017)
Diretor: Janus Metz
Atores principaisSverrir Gudnason, Shia LaBeouf, Stellan Skarsgård, Tuva Novotny, Robert Emms, Ian Blackman, Leo Borg
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=HxXjq6qWjzM
Nota: 7,0
Bom filme para o público geral, obrigatório para o fã de Tênis

Grandes rivalidades no esporte podem gerar ótimos filmes. É o caso, por exemplo, de Rush: No Limite da Emoção (2013), um dos melhores filmes sobre o assunto que já vi. Desta vez temos um filme sueco sobre a rivalidade de um de seus maiores ídolos - o tenista Björn Borg - com o estadunidense John McEnroe. Mais especificamente, Borg vs McEnroe conta a história dos dois no campeonato de 1980 em Wimbledon, onde a dupla se enfrentou na final, em uma partida que até hoje é considerada uma das maiores do Tênis em todos os tempos.

Borg vs McEnroe tem chamado atenção fora da Escandinávia e pode até receber indicações ao Oscar. A imprensa mundial tem comparado o filme com Rush, porém entre eles há sensíveis diferenças. Rush é uma produção muito maior e traz uma história bem mais abrangente, tanto no aspecto histórico quanto emocional; além de que divide quase igualmente o tempo entre seus dois protagonistas. Já Borg vs McEnroe por sua vez dedica seu tempo quase que exclusivamente em Björn Borg (na Suécia, aliás, o filme só se chama Borg).

Apesar de concentrar a vida dos dois tenistas apenas durante Wimbledon de 80, Borg vs McEnroe também mostra alguns flashes de ambos em sua infância, que nos ajudam a entender os passos que os levaram a tão distinto comportamento como adultos. E além do mundo do Tênis, o filme acaba sendo universal ao nos mostrar a pressão absurda que os atletas de ponta sofrem dos fãs, e principalmente da imprensa.

Apesar de dedicar vários bons minutos em quadra mostrando a partida da final entre os dois, em termos esportivos as imagens são quase irrelevantes. O filme tem mérito ao não deixar o espectador perdido, entendemos o tempo todo o que está acontecendo. Ainda assim, mal vemos uma disputa de pontos por inteiro, são apenas pedaços de imagens.

De qualquer forma, isto não tira o brilho de Borg vs McEnroe. O filme é bem sucedido em mostrar porque ambos os tenistas foram prodígios, nos faz entender porque Borg abandonou a carreira tão precocemente, e que McEnroe nunca foi a pessoa ruim que parecia. Borg vs McEnroe é interessante para qualquer tipo de público, e essencial para os fãs de Tênis. Nota: 7,0

PS: a semelhança do ator principal Sverrir Gudnason com o verdadeiro Björn Borg é impressionante (vejam na foto do post os atletas reais e os respectivos atores lado a lado). E mais impressionante ainda é ver quanto o ator que interpretou o Borg criança é idêntico às fotos do tenista real com esta idade. Só que no segundo caso há uma pequena trapaça: o ator que faz o jovem Borg é nada menos que Leo Borg, o filho caçula real de Björn Borg.

sábado, 28 de outubro de 2017

Crítica - Thor: Ragnarok (2017)

TítuloThor: Ragnarok ("Thor: Ragnarok", EUA, 2017)
Diretor: Taika Waititi
Atores principais: Chris Hemsworth, Tom Hiddleston, Cate Blanchett, Idris Elba, Jeff Goldblum, Tessa Thompson, Karl Urban, Mark Ruffalo, Anthony Hopkins, Taika Waititi
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=UvNnqWLruXA
Nota: 8,0
Disparado o melhor filme de Thor, ainda que em modo "Os Trapalhões"

Os indícios estavam lá: trailers repletos de piadinhas, um diretor especializado em comédias (o neozelandês Taika Waititi). Após dois filmes apenas medianos, com história sombria e paleta de cores que praticamente só tinha cinzas, Thor: Ragnarok é mais do que qualquer outra coisa uma comédia de ação. E a boa notícia: a mudança de estilo funcionou!

Na história, a deusa da morte Hela (Cate Blanchett) desperta e decide conquistar Asgard, casa de nosso herói. Após ser "jogado" no planeta "lixo" Sakaar após o primeiro embate com a vilã, Thor é obrigado a virar um gladiador, onde encontra seu amigo Hulk (Mark Ruffalo). A missão de Thor passa a ser escapar do planeta e convencer Hulk a ajudá-lo a salvar seu povo.

O primeiro ato do filme, onde são apresentados todos os personagens da trama, chega a ser um bocado sério e sombrio. Por isto mesmo, as piadas que aparecem nesta etapa de Thor: Ragnarok mais incomodam do que agradam, pois estragam o clima de ameaça que o herói precisa enfrentar.

Porém no segundo ato, quando Thor cai no planeta Sakaar, aí o filme descamba de vez para o humor. Thor e Hulk se comportam como verdadeiros trapalhões: infantis, idiotas e desastrados. E a dupla está bem acompanhada nas palhaçadas: o vilão Grão-Mestre (Jeff Goldblum), o gladiador estúpido Korg (Taika Waititi)... todos os personagens do planeta Sakaar não se levam a sério.

Por mais que o parágrafo anterior parece que eu esteja criticando Thor: Ragnarok, não estou. Ao se assumir de vez como comédia o filme é divertidíssimo, e o humor acontece de forma orgânica e eficiente. Thor: Ragnarok é sério concorrente ao filme mais engraçado da Marvel até agora, disputando cabeça a cabeça com os dois filmes dos Guardiões da Galáxia.

Thor: Ragnarok também é bem mais "leve" que os filmes anteriores em seu som e imagem. Cenários e vestimentas bastante coloridos, além de uma trilha sonora muito boa, que mistura música clássica, música eletrônica, e ainda, utiliza a canção The Immigrant Song do Led Zeppelin DUAS vezes, com cenas em câmera lenta que remetem a um clipe musical.

E o filme não é só competente na comédia. Thor: Ragnarok também é muito bem feito em termos de cenas de ação. Há sim alguns trechos do filme em que o excesso de efeitos especiais simultâneos na tela atrapalham; mas em geral a ação funciona muito bem. A luta de Thor contra Hulk é ótima; e as lutas com Hela são muito boas também.

Certamente outro ponto a se destacar em Thor: Ragnarok é a qualidade dos atores. A extraordinariamente talentosa e premiada Cate Blanchett é outra ótima aquisição para o Universo Cinematográfico Marvel. E não bastando a constelação de atores e atrizes com destaque no filme (ver a grande lista no "atores principais" no começo da página), desta vez a Marvel / Disney realmente esbanjou, trazendo também para pequenas pontas atores como Benedict Cumberbatch, Sam Neill e Matt Damon.

Até mesmo o roteiro de Thor: Ragnarok merece elogios. Além das boas piadas, a interpretação dos roteiristas para o Ragnarok (o fim do mundo da Mitologia Nórdica, que inclui uma grande batalha que destruiria Asgard e resultaria na morte de diversos deuses) foi uma grata surpresa.

O filme, entretanto, também tem suas falhas. Fora os deslizes do primeiro ato, o seu maior defeito é a longa  - e desnecessária - duração da história dentro do planeta Sakaar. Várias cenas e coadjuvantes poderiam ser cortados, evitando algumas repetições dentro do filme, e principalmente, as exageradas 2h e 10min de duração no total.

Para quem gosta de ação e comédia, é realmente difícil não gostar de Thor: Ragnarok. Entre os possíveis desgostosos do filme, entretanto, listo as pessoas que não conhece previamente os personagens (e acertadamente a história não gasta tempo (re)apresentando-os), e os puristas que não aceitam ver os ultra-sérios Hulk e Thor dos quadrinhos virarem "comediantes". Bem... eu até sinto um pouco de pena do Hulk e Thor dado tanta transformação... Mas, azar deles. O que importa é que me diverti muito! Nota: 8,0


PS: mantendo a tradição dos filmes Marvel, Thor: Ragnarok também traz suas cenas pós-créditos. São duas: a primeira altera um pouco o desfecho do filme e já promove o futuro Vingadores: Guerra Infinita (2018). Já a segunda cena é um dos piores e mais inúteis pós-créditos dos filmes da editora até agora.

PS2: dentre suas comédias, o diretor/escritor/ator/comediante Taika Waititi tem como a mais famosa até agora o filme O que Fazemos nas Sombras (2014), o qual recomendo. Se trata de uma comédia que apresenta um falso documentário sobre vampiros no mundo atual. Diferente e divertido. O filme esteve nos cinemas brasileiros em 2015 e se encontra disponível para assistir na Netflix. Aliás, semana passada Taika anunciou estar planejando estender O que Fazemos nas Sombras em uma franquia: será desenvolvido um spin-off baseado nas aventuras sobrenaturais dos dois policiais do filme; e também, um seriado de TV.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Star Trek: Discovery + The Orville: análise de 2 séries Sci-Fi que estrearam em 2017


Duas séries que bebem da mesma fonte: O Jornada nas Estrelas de Kirk e Spock. Ambas estrearam este ano e acabam de passar pela metade de sua primeira temporada. Após eu ter assistido os seis primeiros episódios de cada uma delas, eis minhas impressões até agora:


The Orville (2017)

Seth MacFarlane, o criador de American Dad, Family Guy e Ted nunca escondeu ser fã de Star Trek e de assuntos relacionados a exploração espacial. Não a toa ele também foi o produtor e desenhista do excelente e obrigatório Cosmos (2014).

Graças a sua fama, MacFarlane conseguiu estrear seu primeiro seriado live-action, The Orville, que nasceu para ser uma comédia parodiando fortemente Jornada nas Estrelas.

Na série, o próprio Seth é o ator protagonista, sendo o Capitão Ed Mercer da nave Orville. Adrianne Palicki como a primeira oficial Kelly, e o fraco ator Scott Grimes como o piloto Malloy completam o trio principal do seriado.

Em seus dois primeiros episódios The Orville foi o que se esperava de uma produção de Seth MacFarlane: uma comédia nonsense de humor duvidoso. Eu já estava desistindo do seriado... porém a partir do 3o episódio a série acertou a mão. Deixou de focar na comédia e passou a focar em questões filosóficas, científicas, morais... tudo como todo bom episódio de Jornada nas Estrelas deveria ser. As piadas continuam, claro... mas são esporádicas.

The Orville, portanto tem sido para mim algo acima do esperado. Do terceiro episódio em diante as histórias tem sido realmente interessantes. A série, entretanto, ainda tem seus defeitos: por ser uma produção de baixo orçamento os efeitos especiais são apenas razoáveis e o elenco, em geral, bem fraco. E até o roteiro - seu ponto forte - ainda tem o que melhorar, ao trazer as vezes um excesso de "ingenuidade" e alguns Deus ex machina.

The Orville é exibido pela FOX estadunidense e ainda não estreou oficialmente no Brasil.


Star Trek: Discovery (2017)

A mais nova encarnação da franquia Star Trek se passa cronologicamente 10 anos antes das aventuras da USS Enterprise de Kirk e Spock. Em sua história, o Império Klingon e a Federação dos Planetas disputam territórios mas ainda não se enfrentam, em uma espécie de guerra fria.

Até que um dia a nave USS Shenzhou acaba por acidente despertando um antigo artefato Klingon. As ações decorrentes deste encontro acabam escalando para um grande confronto entre Federação e Klingons. A partir daí a primeira guerra entre estes dois grupos rivais começa de verdade.

Star Trek: Discovery começou apresentando uma característica diferente das demais séries da franquia, que em geral focam em um grupo de personagens. Aqui temos pela primeira vez algo próximo de um único protagonista, a oficial Michael Burnham (Sonequa Martin-Green).

Falando como um "espectador comum", Star Trek: Discovery é um bom seriado. Sua produção é excelente (os melhores efeitos especiais e design de produção que uma série Star Trek já teve, disparadamente), seus atores principais são muito bons (a protagonista  Sonequa é excelente atriz, além de ser muito bonita), e suas histórias são sólidas e interessantes.

Entretanto, como TrekkerStar Trek: Discovery me traz várias ressalvas. A principal delas é que a série até agora focou-se única e exclusivamente no assunto "guerra". Não há exploração, não há muita ficção científica... guerra (e os dilemas morais e éticos decorrente da mesma) são os únicos pontos abordados.

Outros problemas decorrem da falta de continuidade em relação aos demais seriados. Estamos 10 anos antes das aventuras da Série Original, e ainda assim a nave Discovery apresenta inovações tecnológicas que nem a Enterprise da Nova Geração - cronologicamente séculos no futuro - possuía; o visual dos Klingons é muito mais "bruto e animalesco" do que em qualquer outra encarnação da franquia; e finalmente, a protagonista Michael é apresentada como filha adotiva de Sarek, o que a torna irmã de Spock. Oras: sendo ela irmã (e humana) do orelhudo, não é estranho que o fato não tenha sido comentado em quase uma centena de episódios e filmes que Spock participou? É muito forçado.

Star Trek: Discovery é exibido todas as segundas-feiras na Netflix brasileira.


Conclusão: tanto The Orville quanto Star Trek: Discovery possuem seus problemas de estréia, mas são bons seriados. Enquanto o primeiro possui o "verdadeiro espírito" da franquia, o segundo possui uma qualidade de produção muito maior. O sonho de qualquer Trekker é que no futuro ambos acertem suas arestas e unam o espírito de The Orville com a qualidade técnica de Discovery.

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Dupla Crítica Filmes Netflix: Onde está Segunda? (2017) e Jerry Before Seinfeld (2017)


Mais dois filmes produção Netflix e recém chegados aqui no Brasil. Confiram as críticas!


Onde está Segunda? (2017)
Diretor: Tommy Wirkola
Atores principais: Noomi Rapace, Glenn Close, Willem Dafoe, Marwan Kenzari, Christian Rubeck, Pål Sverre Hagen, Cassie Clare

Daqui algumas décadas a superpopulação na Terra é tão dramática que a sobrevivência da humanidade depende da drástica lei de "uma criança por casal". Caso pais possuam mais de um filho, estes vivem até alguns poucos anos, para então serem capturados e mantidos congelados na esperança de serem acordados em um futuro em que o problema esteja resolvido. Neste contexto, Terrence (Willem Dafoe) vê sua filha morrer ao dar luz a 7 meninas gêmeas. Para evitar que as netas sejam congeladas, ele secretamente as esconde e as fazem viver perante a sociedade como se fossem uma única pessoa. Então, quando adultas (todas interpretadas por Noomi Rapace) uma das irmãs sai para trabalhar as Segundas-feiras, outra sempre as Terças-feiras, e assim sucessivamente. Tudo parece funcionar até o dia em que a irmã da Segunda desaparece.

Onde está Segunda? possui furos de roteiro grotescos. Ainda assim, é um filme de ação tão competente, traz uma trama de ficção científica tão atual e interessante, que não consegui deixar de gostar muito dele.

Se o roteiro falha na lógica, é muito bem sucedido em trazer tensão e reviravoltas. Nunca sabemos o que vai acontecer com cada uma das irmãs em cada cena. Noomi Rapace mais uma vez mostra muito talento e versatilidade, e consegue mandar muito bem tanto como atriz dramática como atriz de ação. A nota que darei a seguir é até inferior ao quanto que gostei do filme. Nota: 7,0



Jerry Before Seinfeld (2017)
Diretor: Michael Bonfiglio
Atores principais: Jerry Seinfeld

Fruto de um contrato de exclusividade assinado recentemente com a Netflix, o comediante Jerry Seinfeld volta a se apresentar nos palcos, neste filme que mistura documentário com sua mais recente apresentação de stand up comedy.

No final das contas, Jerry Before Seinfeld mostra pouco documentário  (onde Jerry conta sobre sua infância e sua vida de comediante iniciante, muito antes do sucesso daquela que seria a melhor sitcom de todos os tempos: Seinfeld) e bem mais do seu show, rodado no clube The Comic Strip, em Nova York.

Se você é fã de Seinfeld, vai gostar de conhecer mais "causos" da vida do artista, e rir um pouco de seu stand up - que infelizmente repete algumas piadas que já apareceram no seriado. Já quem nunca assistiu Jerry na vida, irá se deparar com algumas poucas piadas muito boas, e outras, em geral, apenas na média.

Resumindo, independente de qual dos dois tipos de público que você seja, não vai achar Jerry Before Seinfeld algo fora de série, mas é o suficiente para passar o tempo se divertindo. Nota: 6,0

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Crítica - Blade Runner 2049 (2017)

TítuloBlade Runner 2049 (idem, Canadá / EUA / Reino Unido, 2017)
Diretor: Denis Villeneuve
Atores principais: Ryan Gosling, Harrison Ford, Ana de Armas, Robin Wright, Jared Leto, Sylvia Hoeks, Dave Bautista, Carla Juri, Edward James Olmos
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=86XtZMgFziI
Nota: 7,0
Continuação expande e honra o filme original

Como fazer uma continuação de Blade Runner (1982) - uma das maiores obras de ficção científica de todos os tempos - sem produzir uma grande decepção? O diretor canadense Denis Villeneuve encontrou a resposta misturando bom senso e humildade. Sabendo que ele jamais conseguiria superar a trilha sonora de Vangelis, ou mesmo o discurso final de Roy Batty / Rutger Hauer, Villeneuve acertadamente optou por trazer uma história totalmente nova (que não é um reboot), em um filme que possui o mesmo estilo visual e musical da obra original, mas sem tentar copiá-las.

O resultado é uma continuação digna e de ótima qualidade, ainda que não se compare a obra prima da década de 80. Blade Runner 2049 expande o filme original em todos os sentidos, tanto físico (várias novas localidades, vistas aéreas, vários novos personagens), como também na mitologia, explicando em bem mais detalhes o distópico mundo futurista deste universo.

Na história, exatos 30 anos após os eventos do primeiro filme, "K" (Ryan Gosling) é um Blade Runner replicante que durante uma de suas investigações acaba encontrando evidências do que pode ter sido o primeiro bebê gerado via reprodução de outro ser artificial. Então, em uma corrida contra o tempo (mas naquele ritmo mega-lento e contemplativo de Blade Runner, claro), "K" tenta encontrar o bebê antes do empresário maligno Niander Wallace (Jared Leto).

Se no primeiro filme vemos um mundo com os olhos do "humano" Rick Deckard, desta vez conhecemos um futuro sob o ponto de vista de um replicante, "K". Com isto, o dilema principal da franquia - seriam os replicantes seres conscientes e dignos dos mesmos direitos que nós? - ganha nova roupagem. Vemos os replicantes sofrendo preconceito, agindo passivamente como escravos, e em eterna crise existencial. Aliás, o tal dilema acontece em dose dupla, pois "K" se relaciona com um programa de computador que igualmente tenta encontrar sentido para a vida e evitar a própria morte.

O roteiro de Blade Runner 2049 é bastante interessante, possui algumas reviravoltas e surpresas bem bacanas, porém o filme cai um pouco de qualidade em seu ato final. As discussões filosóficas são abandonadas e o encerramento do filme vai mais para o lado da ação. Para piorar, o desfecho a meu ver é um pouco inverossímil e piegas.

Tecnicamente, o grande destaque de Blade Runner 2049 é a imagem. Fotografia e design de produção são excelentes, criando cenas de deixar o espectador boquiaberto. Curiosamente, se no filme original os espaços são apertados, claustrofóbicos, neste filme há varias tomadas e localidades com espaços bem amplos. Em termos de atuações, não há nenhum grande destaque; nem para o ótimo, nem para  o ruim.

Blade Runner 2049 é um filme muito bom, e deverá no mínimo satisfazer o fã do filme original, ainda que continue sendo uma obra difícil para o "público comum" apreciar. Apos um começo e meio bastante animador, ele me decepcionou em seu final, o que baixou consideravelmente sua nota. Mas se mesmo assim ele leva Nota: 7,0, este é realmente um filme que vale a pena ser conhecido.

sábado, 30 de setembro de 2017

Crítica - Mãe! (2017)

TítuloMãe! ("Mother!", EUA, 2017)
Diretor: Darren Aronofsky
Atores principais: Jennifer Lawrence, Javier Bardem, Ed Harris, Michelle Pfeiffer, Brian Gleeson, Domhnall Gleeson, Kristen Wiig
Trailerhttps://www.youtube.com/watch?v=ugn1gqGl7rs
Nota: 6,0
Genial e banal, filme é exagerado, perturbador, e de resultado discutível

Ame-o ou odeie-o. O polêmico e misterioso "filme de terror" do diretor e escritor Darren Aronofsky chega nos cinemas nacionais. Acostumado a fazer filmes psicologicamente intensos, onde sofremos mentalmente e sensorialmente com seus personagens (em especial Réquiem para um Sonho e Cisne Negro), Mãe! é sua mais nova obra seguindo este estilo.

Na história vemos um casal que vive isoladamente em uma grande casa (interpretados por Javier Bardem e Jennifer Lawrence) até que eles recebem a visita de um desconhecido e inconveniente casal mais velho, interpretado por Ed Harris e Michelle Pfeiffer.

Os personagens de Harris e Pfeiffer abusam em muito da boa vontade da personagem de Lawrence, e surpreendentemente o personagem de Bardem é conivente com tudo isto. Aparentemente o homem e o casal mais velho possuem uma sinistra ligação. O que está realmente acontecendo?

O que descrevi até agora é também tudo que aprendemos sobre Mãe! antes de sua exibição, através de trailers e notícias. A impressão é que temos um história de suspense/terror envolvendo estes quatro personagens.

Entretanto, ao assistirmos o filme percebemos que fomos consideravelmente enganados. Toda a trama que citei é apenas o primeiro ato de Mãe!. Quando o segundo ato se apresenta, não demora muito para percebermos que estamos diante de uma enorme história metafórica, repleta de alegorias.

Aliás, conforme o filme vai se aproximando do final, as metáforas (ou se preferir, os delírios do diretor) aumentam cada vez mais em número, caos e violência. Eis aí, a meu ver, o grande problema de Mãe! Diante de algo tão perturbador, tão bizarro e tão obviamente fora do mundo real, acabei ficando bem menos sensível aos sofrimentos da personagem de Jennifer Lawrence.

Mais ainda... quando enfim entendi o que estava acontecendo, fiquei decepcionado por estar diante de algo tão trivial. Mesmo as críticas que o filme faz perderam força, já que também são bem comuns sob a camada artística que as esconde na história.

Fui muito vago? Pois é, não posso dizer mais nada sobre a trama sem dar spoilers. Portanto, para entender melhor o título que dei a este post, e saber mais do que concluí sobre o filme, leiam depois do final do texto o PS onde explico as principais metáforas de Mãe!.

Em termos técnicos, o filme é muito bom, embora não seja fora de série. Gostei bastante do quanto som e tomadas de câmera contribuíram com o clima de suspense. Em termos de atuações, o quarteto principal está muito bem, principalmente Michelle Pfeiffer. Jennifer Lawrence é bastante exigida e corresponde muito bem. Entretanto, ao mesmo tempo que ela foi excelente, não dá para deixar de reparar que sua atuação é inferior a de Natalie Portman em Cisne Negro.

Mãe! definitivamente não é um filme para qualquer um. Sendo totalmente metafórico, muitas pessoas saem decepcionadas e perdidas quando tudo termina. Mãe! é um daqueles filmes que possuem tantas camadas de dicas e insinuações que dá pra se discutir sobre ele por semanas. Entretanto, me frustra que desta vez os "enigmas" que ficam para debater após assisti-lo são mais easter eggs sobre a produção do que debates sobre as idéias que o filme quer trazer. Sabem aquelas parábolas que Jesus conta na Bíblia? Então... elas possuem no máximo algumas páginas no total. Já aqui, Aronofsky investe numa superprodução e gasta quase duas horas para contar algo igualmente simples. Me soa como desperdício de recursos e até um pouco de exibicionismo do diretor. Nota: 6,0.



PS: entendendo o filme (não leia se não tiver visto o filme ainda). Javier Bardem é Deus, Jennifer Lawrence é a Mãe Natureza, Ed Harris é Adão, Michele Pfeiffer é a Eva, seus dois filhos são Caim e Abel. Então, quando você vê Ed Harris com um corte nas costas (a remoção da costela), ou um filho matando o outro, ou ainda, as insinuações de que Deus é egoísta e carente de nosso afeto, é de se lamentar tanta banalidade. Por outro lado, há genialidade quando o diretor Darren insere em sua história outra camada de interpretações, além do conto Bíblico. Por exemplo: a de que todo criador (ou escritor) necessita que as pessoas amem sua obra e que o ato de criar nunca termina; que as mulheres são sempre oprimidas e subjugadas desde o passado até hoje; nas críticas ao culto das celebridades; ou ainda, no choque ao constatarmos que todo aquele sentimento de indignação que passamos ao ver aquela trupe de convidados destruindo e barbarizando a casa da personagem de Jennifer Lawrence nada mais era que nós, humanos, destruindo o planeta Terra. Talvez esta seja a única lição interessante que o filme deixa.

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...