domingo, 31 de maio de 2020

Crítica Netflix - Space Force (2020) - 1ª Temporada


Confesso que quando assisti os trailers desta nova série não fiquei nem um pouco empolgado; aliás, não dei uma única risada. Então, após encarar o desafio de assistir a primeira temporada de Space Force, foi uma agradável surpresa constatar que o seriado é bom!

Nesta nova empreitada de Steve Carell (que é co-criador, co-produtor e ator principal), temos uma comédia baseada no dia-a-dia de uma espécie de NASA comandada pelas Forças Armadas. Além de Carell (o General Mark Naird), como nomes mais famosos no elenco temos John Malkovich como cientista-chefe da Space Force, e Lisa Kudrow - a eterna Phoebe do seriado Friends - como a esposa de Mark, em participações bem menores.

A "piada" principal de Space Force é tirar sarro da atual política dos EUA (leia-se governo Trump), dos militares em geral, e de todos os extremistas que acreditam em coisas como uma Terra plana. Porém, o tom das piadas é bem sutil, praticamente sem ofender.

E é nisto que reside a maior - e grata - surpresa em Space Force, afinal, sendo criada pela dupla formada pelo principal ator mais o criador do The Office estadunidense (Greg Daniels), este seriado é completamente diferente. O personagem Mark Naird é teimoso, antiquado, mas ainda assim competente; bem distinto do completo idiota que é o personagem principal Michael Scott em The Office. O tipo do humor também é diferente; como dito antes, ele é mais leve, sutil, ao contrário do humor de constantemente expor os personagens à vergonha alheia do The Office.

Embora não contando com um elenco muito talentoso, vários personagens são bastante simpáticos, e tendem a ganhar o carinho da audiência. Já Steve Carell e principalmente John Malkovich estão ótimos, e levam a série nas costas com facilidade. Eles formam uma dupla antagônica que representam a paixão/tradição versus a lógica/ciência.

A história de Space Force mostra a luta de um recém-criado programa espacial em busca de retornar a hegemonia mundial nesta questão; e portanto, boa parte do que vemos na série são temas relacionados a política e a conquista do espaço. Ainda assim há um pequeno espaço para os dramas pessoais dos integrantes da família Naird e de alguns outros poucos coadjuvantes.

Space Force, entretanto, ainda está longe de ser um grande programa. O roteiro parece tentar descobrir junto com os episódios sobre que história ele quer contar. Sabe aquele humor "sutil" que citei anteriormente? Pois ele é abandonado na último episódio da temporada, ficando bem escrachado. As piadas - em geral boas - ainda estão em processo de refinamento. Há boas sacadas, mas ainda estão longe de ser geniais e te fazer gargalhar.

Com uma primeira temporada "boa" de 10 curtos episídios, o futuro de Space Force ainda é incerto; mas é promissor. É um seriado de comédia que recomendo para toda a família (14 anos ou mais rs) e que está acima da média dos seriados de comédia originais Netflix.

domingo, 24 de maio de 2020

Feliz 25 de Maio, Dia da Toalha!! Conheça esta importante data e a obra de Douglas Adams


Hoje é 25 de Maio! O Dia da Toalha! E é ESTE o verdadeiro motivo por hoje ser feriado no estado de São Paulo! E vocês achando que era por causa da pandemia... tsc, tsc. O Dia da Toalha é a data mundialmente adotada para homenagear o falecido e genial escritor britânico de comédia ficção científica, Douglas Adams.

A nome da data em questão vem de uma referência de sua obra mais famosa, O Guia do Mochileiro das Galáxias, apresentado pela primeira vez em 1978 como um programa de rádio pela BBC, e que seria adaptada no ano seguinte em livro. Nesta comédia, aprendemos que existem seres de todas as raças planetárias que viajam pelo tempo/espaço do universo em busca de aventuras, e que para eles, o objeto mais essencial de todos é uma toalha(!). A importância deste objeto têm várias justificativas, algumas como estas abaixo:

"(...) a toalha é um dos objetos mais úteis para um mochileiro interestelar. Em parte devido a seu valor prático: você pode usar a toalha como agasalho quando atravessar as frias luas de Beta de Jagla; pode deitar-se sobre ela nas reluzentes praias de areia marmórea de Santragino V, respirando os inebriantes vapores marítimos; você pode dormir debaixo dela sob as estrelas que brilham avermelhadas no mundo desértico de Kakrafoon; pode usá-la como vela para descer numa mini-jangada as águas lentas e pesadas do rio Moth; pode umedecê-la e utilizá-la para lutar em um combate corpo a corpo; enrolá-la em torno da cabeça para proteger-se de emanações tóxicas ou para evitar o olhar da Terrível Besta Voraz de Traal (um animal estonteantemente burro, que acha que, se você não pode vê-lo, ele também não pode ver você - estúpido feito uma anta, mas muito, muito voraz); você pode agitar a toalha em situações de emergência para pedir socorro; e naturalmente pode usá-la para enxugar-se com ela se ainda estiver razoavelmente limpa. (...)"

Douglas Adams, o simpático senhor de boné da foto ao lado, faleceu aos 49 anos no dia 11 de Maio de 2001, devido a um ataque cardíaco. Rapidamente seus fãs se organizaram via internet para lhe prestar uma homenagem exatamente 2 semanas depois (25 de Maio de 2001), onde cada pessoa deveria carregar uma toalha durante o dia todo.

Devido o sucesso inicial, a celebração virou um evento anual. Os fãs chegaram a debater se a homenagem deveria ser em outro dia, como por exemplo 11 de Março (dia do nascimento de Douglas),  ou ainda 11 de Fevereiro, por ser o 42º dia do ano (em homenagem à famosa resposta para a vida, o universo e tudo mais), mas no final a data original do dia 25 de Maio foi mantida.

A data do dia 25 de Maio também é mundialmente celebrada como o Dia do Orgulho Nerde comemorada ainda mais pelos os fãs de Star Wars, pois o primeiro filme desta franquia foi lançado em 25 de Maio de 1977. Porém esta comemoração é um PLÁGIO, já que só começou vários anos depois, em 2006!! rsrsrs

Ah, e essa vocês não sabiam: a data de hoje também é celebrada como o "Glorioso dia de 25 de Maio" pelos fãs de Terry Pratchett. Na verdade, a celebração é uma data para conscientização ao combate ao Alzheimer; portanto, os fãs convidam a humanidade a se vestir de lilás e a fazer doações para instituições que pesquisam a cura para a doença. Mas esta coincidência de datas comemorativas é a MENOR das ligações entre Douglas Adams e Terry Pratchett. Quer saber mais a respeito? Leia este artigo até o fim. ;)


A Obra de Douglas Adams

Douglas Adams é mais conhecido pelos seus livros da série O Guia do Mochileiro das Galáxias. A coleção, que possui o cômico slogan de "a trilogia de cinco livros", mistura ficção científica, fantasia, e muito humor baseado em nonsense e críticas a nossa sociedade.

Mas Adams também realizou outros trabalhos importantes: teve pequenas participações escrevendo para o genial grupo de comédia Monty Python, e no final da década de 70 escreveu alguns episódios para o mundialmente famoso seriado de TV, Doctor Who.

Outro trabalho relevante foi a série Dirk Gently's Holistic Detective Agency, com apenas dois livros publicados. A série conta as aventuras de Dirk, um atrapalhado detetive particular que possui uma visão bastante holística do universo, o que lhe permite realizar algumas coisas que também poderiam ser classificadas como "poderes psíquicos". A obra já foi adaptada duas vezes para a TV, em forma de seriado. A última versão delas também levou o nome de Dirk Gently's Holistic Detective Agency e é de 2017, com co-produção da Netflix e Elijah Wood no elenco.


Sobre os livros da série O Guia do Mochileiro das Galáxias


A série de livros O Guia do Mochileiro das Galáxias atualmente contempla sete volumes. Os três primeiros: "O Guia do Mochileiro das Galáxias", "O Restaurante no Fim do Universo", e "A Vida, o Universo e Tudo Mais" são simplesmente excelentes, divertidíssimos, e de certa maneira, juntos formam uma única aventura completa. Os personagens principais desta história são os terráqueos Arthur Dent e Tricia McMillan, o alienígena e mochileiro Ford Prefect, o playboy e Presidente Galáctico de duas cabeças Zaphod Beeblebrox, e finalmente, o robô ultra depressivo Marvin (que já viajou tanto no tempo que sua idade é algumas vezes maior que a idade total do Universo rs). Recomendo MUITO estes livros para quem curte ficção científica repleto de humor britânico.

Já o quarto livro, "Até mais, e Obrigado pelos Peixes!", é um bocado diferente do restante da série. Primeiro, por se passar quase todo ele dentro do Planeta Terra. E principalmente, por ser mais uma história de romance do que aventura. Já o quinto livro, "Praticamente Inofensiva", retoma as confusões épicas dos 3 primeiros livros... porém com a desvantagem que ele deixa alguns pontos em aberto e tem um desfecho meio deprê... Devido à morna recepção ao livro, Adams cogitava escrever um 6º volume, mas ele nos deixou antes disto. Ainda que bons e divertidos, para mim o 4º e 5º livros estão bem abaixo dos anteriores.

Com o falecimento de Douglas em 2001, o sexto livro "O Salmão da Dúvida" é o primeiro póstumo, lançado em 2002. Sendo uma coletânea de trabalhos do escritor, de "Guia do Mochileiro" a publicação não tem quase nada, apenas um pequeno conto de nome "Perfeitamente Seguro", publicado originalmente em 1986, trazendo uma história solo de Beeblebrox quando jovem. O restante? Artigos e crônicas escritas por Adams, e alguns capítulos de "O Salmão da Dúvida", que seria o terceiro volume da série de Dirk Gently. Você lê os primeiros capítulos e... ele acaba, do nada, ficando totalmente incompleto. Sinceramente, odiei este livro e depois de tê-lo lido, me senti enganado por ter feito a compra.

Finalmente, em 2009 foi publicado "E Tem Outra Coisa...", digamos então o "verdadeiro" sexto livro da série. Porém ele não foi escrito por Douglas, e sim por Eoin Colfer, autor da famosa série de livros Artemis Fowl. Este título eu ainda não li.


Recomendação OBRIGATÓRIA para quem gosta de Douglas Adams

E se você que chegou até aqui gosta dos livros de Douglas Adams, tenho uma recomendação a fazer. Você precisa conhecer a obra de Terry Pratchett. Contemporâneo de Douglas, Pratchett também é um escritor inglês falecido, porém pouco conhecido no Brasil. Sua obra mais famosa por aqui é Good Omens: Belas Maldições, escrito em conjunto com Neil Gaiman e transformada em mini-série de TV em 2019, estando disponível para os brasileiros assistirem na Amazon Prime.

Mas o verdadeiro legado de Terry Pratchett é a série de livros Discworld. São mais de 40 livros, naquilo que posso descrever a grosso modo O Guia do Mochileiro das Galáxias dentro de um universo estilo Senhor dos Anéis.

Com o mesmo estilo bem humorado, ácido e inteligente de Adams, ouso dizer que a obra máxima de Terry Pratchett é ainda melhor que a série do Guia dos Mochileiros. Cada livro explora personagens e locais diferentes do mundo de Discworld, na quase maioria dos casos, cada livro traz uma aventura completa e independente. Até o momento que escrevo estas palavras, já li 9 dos livros da série, e os meus preferidos são aqueles que contam com a participação do Mago Rincewind, o desanimado cidadão da foto ao lado. Rincewind até é uma boa pessoa, além de sensata e inteligente; porém, também é bastante azarado, atrapalhado, e péssimo para fazer magias!

Eu já escrevi um pouco sobre Terry Pratchett e Discworld em 2015. Quem quiser conhecer mais sobre ambos, só clicar aqui: recomendo fortemente a leitura.


Pegue sua toalha! Vamos Celebrar!

E é isso. Agora que você leu este brilhante texto, passe a celebrar o Dia da Toalha todo ano, a partir de hoje!! Pegue sua toalha, e carregue-a com muito orgulho por todo lugar que for!

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Breaking News: pela primeira vez na história, um jogo brasileiro é indicado ao "Oscar" dos jogos de Tabuleiro Modernos!!


Saudações a todos! Este não é meu primeiro artigo sobre jogos de tabuleiro modernos (o primeiro foi este aqui), e agora tenho um ótimo motivo para retomar o assunto: nesta semana, pela primeira vez na história o Brasil recebeu uma indicação ao "Spiel des Jahres", o "Oscar" dos Jogos de Tabuleiro.

Spiel des Jahres (ou "Jogo do Ano", traduzido) é um prêmio alemão que existe desde 1978, e é mundialmente reconhecido como a premiação mais importante do mundo dos Jogos de Tabuleiro.

São candidatos ao prêmio principal todos os jogos "pra Família" (family games) que foram publicados na Alemanha no ano anterior ao evento. Porém dado deste critério, jogos mais complexos como os "jogos de guerra", RPGs... ou mesmo jogos mais especializados, como por exemplo os de "colecionar cartas", acabavam ficando de fora da votação. Isto foi resolvido em 2011, quando a premiação foi dividida em 3 categorias: Spiel des Jahres (Jogo do Ano), o Kennerspiel des Jahres (Jogo do Ano para Especialistas), e o Kinderspiel des Jahres (Jogo Infantil do Ano).

E foi na categoria Kennerspiel des Jahres que os brasileiros Jordy Adan (Designer), Luis Francisco e Lucas Ribeiro (Artistas) receberam a indicação pelo jogo Cartógrafos. Concorrendo com ele também foram anunciados os jogos The Crew (Alemanha) e The King's Dilemma (Itália).

Lançado no Brasil em 2019 pela Ludofy Creative (hoje Grok Games), Cartógrafos é um jogo onde como o próprio nome indica... você desenha mapas (ou algo assim). Em linhas gerais, cada jogador recebe uma folha quadriculada (que é o mapa), e a cada rodada uma carta é revelada para todos os jogadores; então cada jogador decide qual dentre as opções de terreno presentes na carta irá desenhar em sua própria folha.


Apesar da categoria indicada, Cartógrafos é um jogo muito simples, e que também lembra um pouco o Tetris. O jogo não tem limite de jogadores, idade indicada de 14+ anos, e cada partida tem a duração estimada em 45 min.

Para quem quiser conhecer melhor o jogo, neste vídeo você pode aprender suas regras, e neste aqui você pode assistir uma partida completa.

Os vencedores serão anunciados no dia 20 de Julho. Fiquem ligados e na torcida!

domingo, 17 de maio de 2020

Para todos os gostos: Seis surpreendentes Documentários disponíveis na Netflix


Na minha publicação anterior comentei sobre 19 ótimos filmes originais Netflix, e dentre eles citei dois documentários: Indústria Americana (2019) e Serei Amado Quando Morrer (2018).

Desta vez indicarei mais 6 documentários muito bons, de tudo quanto é assunto: cinema, música, esporte, cultura, história, gorilas, natureza e guerra civil. Abaixo segue uma cena e uma breve descrição de cada um deles... são verdadeiras pérolas escondidas no catálogo da Netflix. Confiram!


Ícaro (2017)


Vencedor do Oscar de Melhor Documentário de 2018, a maior conquista deste documentário nem foi os prêmios cinematográficos, e sim a consequência que ele gerou para o esporte mundial, principalmente o esporte Russo.

Tudo começou em 2013, quando o grande ciclista estadunidense Lance Armstrong, vencedor 7x consecutivas do Tour de France, finalmente se rendeu às acusações e admitiu ter vencido todos os torneios dopado. Eis então que o ciclista americano Bryan Fogel teve uma idéia: fazer um documentário onde ele disputaria competições dopado, e tentaria não seria pego, para provar que as agências anti-doping são incompetentes.

O resultado foi que ele fez isto mesmo! Competiu usando substâncias proibidas, não foi pego, e o fez com a ajuda de Grigory Rodchenkov, o chefe da Agência Anti-Doping russa. Conforme o filme vai avançando no tempo, Grigory vai mostrando os truques para enganar a WADA (World Anti-Doping Agency) e admite que a trapaça é comum entre os atletas russos de ponta. Pouco depois, Rodchenkov resolve levar as denúncias à público e pedir asilo nos EUA. Como consequência da investigação feita devido suas declarações, todo o time de Atletismo da Rússia foi banido das Olimpíadas do Rio, em 2016; e além disto, por enquanto toda a delegação Russa está banida das Olimpíadas 2020 e da Copa do Mundo 2022. O governo Russo ainda tenta reverter esta punição.


Jim & Andy: The Great Beyond (2017)


O hoje quase recluso Jim Carrey ainda é um dos melhores comediantes da atualidade; e mais ainda, ele provavelmente é o último grande nome dos comediantes clássicos da TV, cujas piadas são baseadas mais em suas performances físicas (expressões faciais e corporais) e menos no que está sendo dito. Se levarmos em conta que Carrey já está com 58 anos, é uma tristeza que este tipo de comédia não consegue encontrar novos nomes para se renovar.

Ainda que absurdamente talentoso, algo que sempre acompanhou Jim foram seus ataques de depressão. O Jim Carrey de hoje não tem muito respeito para o mundo de premiações e entretenimento (que para ele são "bobagens"), filosofa bastante sobre a vida, e se dedica mais à pintura do que a carreira de ator. Esta chocante transformação teve dois gatilhos essenciais: o derradeiro foi o suicídio de sua ex-namorada, Cathriona White, em 2015. Porém o primeiro gatilho, e anterior a este, foi Jim Carrey protagonizando o genial e temperamental comediante Andy Kaufman, no filme O Mundo de Andy, de 1999.

Jim Carrey segue a linha de atores que "entram" dentro do personagem, representando-o o tempo todo, 24h por dia, mesmo quando não está sendo filmado. E não ajudou nem um pouco o fato de que seu "objeto" de imitação, Andy Kaufman, era uma pessoa de difícil convivência e ainda por cima possuía um alter-ego, Tony Clifton, também imitado por Carrey.

Jim & Andy: The Great Beyond mistura os bastidores da filmagem de O Mundo de Andy com depoimentos de "hoje" (2017) de vários envolvidos, inclusive o próprio Jim Carrey. É perturbador, e ao mesmo tempo fascinante, vermos o comportamento de Jim em ambas as épocas. Um ótimo documentário para quem se interessa por cinema, comédia e psicologia.


ReMastered: O Diabo na Encruzilhada (2019)


O mais curto dos Documentários desta lista, com apenas 48 min de duração, mistura depoimentos, fotos e narrativas demonstradas através de atores ou de desenho animado. Trata-se de uma justa homenagem ao cantor e compositor Robert Johnson, que morreu em 1938 com apenas 27 anos.

O nome do filme se deve ao mito de que Johnson era um músico apenas mediano no início de sua carreira, até que ele encontrou o Diabo em um cruzamento, e lhe deu sua alma em troca de ser o melhor guitarrista de todos.

Robert Johnson gravou apenas 29 músicas em vida, mas foi mais do que suficiente para ser considerado um dos maiores guitarristas de todos os tempos e ser reconhecidamente um dos grandes precursores do rock and roll e do blues moderno. Suas músicas já foram gravadas por diversos artistas e bandas, como  por exemplo Led Zeppelin, Bob Dylan, Eric Clapton, The Rolling Stones, The Blues Brothers, Red Hot Chili Peppers e The White Stripes.


Virunga (2014)


Indicado ao Oscar de Melhor Documentário de 2015, Virunga nos mostra o dia a dia de grandes e verdadeiros heróis, os Guardas Florestais do Parque Nacional de Virunga, no Congo. O local possui grande importância não apenas por ser o primeiro parque nacional africano de preservação da natureza, mas principalmente por ser o último local do planeta onde os Gorilas-das-Montanhas ainda existem em habitat natural.

Ser um Guarda Florestal já não é nada fácil, em qualquer floresta do mundo eles correm o risco de confrontos armados contra caçadores e desmatadores ilegais. Porém em Virunga há ainda mais dois agravantes: o fato do local ser potencial reserva de petróleo e minerais preciosos (e então, se os Gorilas forem todos mortos, o Parque não têm mais motivo para existir), e o fato da floresta frequentemente servir de abrigo para exércitos rebeldes locais, que estão eternamente em guerra contra o governo da vez.

E são justamente as guerrilhas locais que mais arrecadam dinheiro explorando ilegalmente o local, matando animais como elefantes e gorilas. E para piorar, com a autorização do governo congolês, a empresa inglesa SOCO obteve em 2011 uma licença para explorar parte da área do Parque em busca de petróleo. Aí então começa uma demonstração horrorosa de ganância e corrupção, tanto por parte de governantes, como dos exércitos rebeldes, que precisam ser subornados para garantir a segurança da exploração.

O documentário foi possível graças aos funcionários do Parque Nacional e seu líder Emmanuel de Merode (que é príncipe Belga, e já foi torturado e baleado devido seu trabalho); e da jovem jornalista francesa Melaine Gouby, que através de investigações e câmeras escondidas, conseguiu revelar os planos mal-intencionados da SOCO, que por sua vez, se revelou de mentalidade racista e colonizadora.

O filme mostra o enterro de Guardas Florestais e Gorilas assassinados, mas também nem tudo é tristeza e desesperança: há algumas cenas belíssimas na natureza, de paisagens e animais; é bonito e tocante a relação dos guardas com os gorilas... incrível como se você respeita a natureza, ela te respeita de volta. É uma relação inspiradora, completamente oposta às que vimos no chocante seriado-documentário A Máfia dos Tigres, também disponível na Netflix, e denuncia tigres em cativeiro sendo explorados e mal tratados.


Visita ao Inferno (2016)


Filmado e narrado pelo famoso diretor alemão Werner Herzog, Visita ao Inferno mostra o diretor acompanhando cientistas estudando vários vulcões ativos em diversos pontos do planeta, como por exemplo na Indonésia, Islândia, Coréia do Norte e Etiópia, dentre outros.

Contando com imagens belíssimas e muito impressionantes sobre os vulcões, o documentário também traz um pouco dos cultos e costumes que foram diretamente afetados nestas localidades devido a presença desta imparável força da natureza.

Sabe quando nos sentimos insignificantes perante imagens do Universo? Pois bem, nem precisávamos ir tão longe... a sensação é a mesma perante a monumental quantidade lava que está sob todos nós.

Como curiosidade, a passagem pela Coréia do Norte mal consegue mostrar os vulcões... o diretor e sua equipe são "convidados" a fazer um tour onde lhes é mostrado o quanto os líderes deste país comunista são especiais e fantásticos.


This Is It (2009)


Para finalizar esta lista com chave de ouro, as últimas imagens em vida do maior artista de entretenimento de todos os tempos: Michael Jackson.

Em Março de 2009, Michael anunciava que iria fazer seus últimos shows da carreira, 10 apresentações (que depois viraram 50) na O2 Arena, em Londres. O conteúdo do documentário mostra os bastidores e ensaios de MJ para sua apresentação de despedida, gravados algumas semanas antes de sua criminosa morte por negligência médica.

Em linhas gerais, This Is It segue uma estrutura onde para cerca de 15 músicas temos algumas imagens de bastidores com debates e preparações sobre como cada uma delas será performada, para em seguida vermos Michael as cantando e dançando, já trazendo o "resultado final". Como bônus vemos boa parte dos novos vídeos de Smooth Criminal (incorporando cenas do filme Gilda, de 1946) e Thriller 3D, que foram produzidos especialmente para o show.

O documentário é bastante impressionante, na medida que vemos o quanto o cantor, então com 50 anos, ainda conseguia dançar e cantar com perfeição; mais ainda, que seu gênio musical ainda estava intacto: Michael ainda conseguia encontrar detalhes em seus clássicos de 30 anos atrás para aperfeiçoá-los.

As imagens também documentam para a História o grande trabalhador que MJ foi: demasiadamente esforçado, perfeccionista, e além disto, bastante humilde e educado no tratamento com todos os funcionários. Por outro lado, em alguns momentos vemos Michael totalmente exausto após as danças... chega a dar pena. Mas são poucas imagens assim... o quanto de imagens e situações como esta existiam e ficaram fora do filme? Fica para cada um imaginar e lamentar.

This Is It é o mais próximo que se pode ter do grande show de despedida que Michael Jackson planejou. Em tempos de lives pelo YouTube (e várias de qualidade duvidosa), ainda sendo uma obra incompleta, This Is It é um grande show musical para se assistir em casa.

sábado, 2 de maio de 2020

Uma lista de 19 filmes Originais Netflix que valem a pena


Não é a primeira e não será a última vez que escrevo aqui no site que as produções Originais Netflix focam na quantidade, e não na qualidade. Isto não muda o fato, entretanto, que no meio de tantos títulos a Netflix produziu filmes excelentes (O Poço, sobre o qual comentei mês passado é um deles).

Segue abaixo uma lista, separadas por "estilo", de filmes que a Netflix produziu e não só valem a pena assistir, como valeram muito a pena terem sido feitos! Se você ler este post até o fim, conhecerá 19 indicações minhas. ;)


Ficções científicas

Dentre os vários filmes do gênero nesta plataforma de streaming, há dois que são verdadeiras obras primas do SCI-FI: ambas exploram limites físicos e morais do ser humano, além de nos fazerem refletir sobre o mundo que vivemos. São eles: Aniquilação (2018) e I Am Mother (2019), ambos já com crítica no Cinema Vírgula, basta clicar no link sob o nome deles (façam isto em todos os links daqui em diante).

Outros dois títulos de Ficção Científica que não são tão bons assim, mas que ainda assim valem bastante a pena, são Bird Box (2018), que mesmo sendo uma cópia inferior ao excelente Um Lugar Silencioso (2018) é um bom entretenimento; e Onde está Segunda? (2017), um filme de ação bem diferente, protagonizado pela talentosa Noomi Rapace.


Obras únicas de grandes diretores

Os filmes desta categoria jamais teriam sucesso nos cinemas, por serem "autorais" demais, ou porque devido algumas características especiais, seriam difíceis de assistir nas telonas. De qualquer forma são excelentes, verdadeiros presentes da Netflix para a história do Cinema.

Começando pela cereja do bolo: O Outro Lado do Vento (2018), a última obra do genial Orson Welles (de Cidadão Kane). Welles passou a última década de sua vida tentando lançar este filme, que estava "90% pronto", porém nunca conseguiu financiadores para completá-lo. Agora finalizado pela Netflix, o filme é um pouco abstrato e confuso, e certamente não agradará o público comum. Mas ainda assim um bom filme e obrigatório para qualquer cinéfilo. A história (fictícia) conta os dias finais de produção do "último filme" de um velho e respeitado diretor de Cinema cujas glórias ficaram no passado. Porém, inegavelmente, O Outro Lado do Vento tem muito da vida real e carreira do próprio Orson Welles. Alías, junto com este filme a Netflix lançou o documentário Serei Amado Quando Morrer, que conta justamente a história dos problemas que o lendário diretor teve com esta sua última produção. Caso se interesse pelo assunto, recomendo assistir primeiro o documentário, e só então a obra final de Orson Welles.

Lento, com quase 4h de duração, nem mesmo eu consegui assistir o filme O Irlandês (2019) de Martin Scorsese "de uma vez só" aqui de casa... imaginem nos cinemas! Porém a obra é incrível, tanto em roteiro como em qualidades técnicas cinematográficas. Scorsese provou aqui que continua em grande forma, apesar dos quase 80 anos de idade!

Outra obra excepcional é The Ballad of Buster Scruggs (2018), dos Irmãos Coen. O filme é uma junção de 6 curtas independentes, todos se passando no "Velho Oeste". Para quem quer conhecer o genial trabalho dos Coen, que mistura muito sarcasmo, violência e humor negro, esta produção é uma ótima sugestão de um "cartão de visitas".

E por fim temos Roma, de Alfonso Cuarón. Embora eu não tenha gostado muito do filme, ele recebeu 10 indicações ao Oscar, e levou 3. Com seu tom lento e opressor somado às imagens preto-e-branco, este é outro filme que nunca teria espaço nos cinemas tradicionais.


Dramas reais premiados mundialmente

Bastante premiados, Beasts of No NationO Menino que Descobriu o Vento são filmes que se passam no continente africano e são muito bons, e bastante comoventes.

Outro drama premiado - embora este seja bem leve e até "fofo" - é o bom Dois Papas (2019), com o brasileiro Fernando Meirelles na direção e Anthony Hopkins atuando de maneira excelente como sempre.

E finalmente, fecho esta categoria com o documentário vencedor de Oscar Indústria Americana (2019). Filme simplesmente obrigatório para quem quer entender o impacto da China na economia mundial atual.


Adaptações de livros do Stephen King

O prolífico escritor estadunidense ganhou duas recentes adaptações de suas obras, e embora ambas sejam produções simples, de baixo orçamento, possuem histórias bem interessantes e certamente agradarão os fãs de horror / suspense.

O primeiro é Jogo Perigoso (2017), que conta com a excelente Carla Gugino como protagonista, em um thriller que mistura cenas reais e delírios; já o segundo é 1922 (2017), sobre um perturbado e psicopata fazendeiro.


Filmes pouco badalados que merecem atenção

E encerrando minhas recomendações, seguem alguns filmes que foram pouco comentados, mas que ainda assim merecem serem vistos!

Estrada Sem Lei (2019) seria o mais famoso deles, por contar com Kevin Costner e Woody Harrelson. Já American Son (2019) é um filme policial de diálogos, chocante, e que comenta sobre o racismo contemporâneo nos EUA de um jeito diferente.

O filme sul-coreano em prol dos direitos animais Okja (2017) e o drama Já Não Me Sinto Em Casa Nesse Mundo (2017), repleto de reviravoltas e personagens estranhos são outras duas pérolas escondidas no catálogo da Netflix.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Dupla Crítica Filmes Netflix - O Milagre da Cela 7 (2019) e Coffee & Kareem (2020)


Dois filmes que estrearam recentemente na Netflix brasileira e que estão sendo bastante elogiadas pelos sites de entretenimento. Será que são bons mesmo? Confiram o que eu achei.


O Milagre da Cela 7 (2019)
Diretor: Mehmet Ada Öztekin
Atores principais: Aras Bulut Iynemli, Nisa Sofiya Aksongur, Deniz Baysal, Celile Toyon Uysal, Ilker Aksum, Mesut Akusta

Antes de qualquer outra informação, O Milagre da Cela 7 não é baseado em história real; ele é uma versão de um filme de ficção Sul-coreano de mesmo nome de 2013. Além desta versão Turca e da versão original, há mais duas versões de 2020 deste mesmo filme, um de Brunei e outro da Indonésia.

Em O Milagre da Cela 7, o camponês Memo (Aras Bulut Iynemli) é acusado injustamente da morte de uma criança, que morreu afogada. Sendo a criança a filha de um cruel militar de alta patente, Memo é condenado a morte sem passar por qualquer processo de justiça.

Os primeiros 40 minutos de O Milagre da Cela 7 são de pura tristeza e tormento. Muito difícil de assistir, sequer consegui de assistir tudo de uma vez. Depois deste primeiro ato o filme fica menos "cruel" para quem assiste e melhora consideravelmente, também por acrescentar à trama outros personagens - alguns deles interessantes - que convivem com Memo na prisão.

A história do filme é realmente bonita e emocionante. Ela também dá várias "pequenas lições", como por exemplo, a profundidade do Amor entre pais e filhos, ou ainda a bênção que é ter um filho. Mais ainda, o filme mostra que a bondade, alegria, paz, contaminam quem está ao seu redor: a maneira com que você age influencia o ambiente. Ah, e por falar em paz, o filme também traz algo  que vale a pena ressaltar para nós ocidentais, que são alguns trechos que mostram que no Islamismo a paz e bondade também são pregadas.

O melhor do filme é a atuação de Aras Iynemli, ele rouba a cena e convence como sendo deficiente mental. Por outro lado, O Milagre da Cela 7 peca por ser melodramático demais. A trilha sonora é insuportavelmente melancólica, e o filme, quase sem exceção, é um sofrimento só. Devido a tanta tristeza, a nota que dou para o filme cai consideravelmente. Há várias maneiras de mostrar dor sem ser piegas, e vários personagens do filme mereciam (e deveriam) serem melhor desenvolvidos. Ainda assim se você quer um filme bonito e pra chorar, esse aqui está mais que recomendado! Nota 7,0.


Coffee & Kareem (2020)
Diretor: Michael Dowse
Atores principaisEd Helms, Taraji P. Henson, Terrence Little Gardenhigh

Só assisti esta comédia policial porque estava sendo muito bem recomendada por diversos sites nacionais "rivais". Resolvi acreditar neles... e me decepcionei.

Na história, Coffee (Ed Helms) é um policial fracassado que namora Vanessa "escondido". Porém Kareem, o filho dela, descobre e resolve se vingar... Porém o plano do garoto dá errado e ele passa a ser perseguido por traficantes e policiais corruptos. É então que para salvar suas próprias vidas, Coffee e Kareem se unem para sobreviver.

Eu sinceramente já cansei há anos de ver Ed Helms no mesmo papel sem graça: a do bobalhão inocente. Quando ele ficou famoso sendo o idiota Andy no seriado The Office ele estava de fato engraçado. Mas depois disto, repetir a mesma persona sem parar por quase 15 anos já encheu.

Para piorar, não é só ele que desagrada. O tal Kareem é um personagem negro exageradamente estereotipado e que fala 8 palavrões a cada 5 palavras. E isso durante o filme todo, sem tréguas. Há um ponto, entretanto, em que Coffee & Kareem merece elogios, e é justamente ele que evita que o filme seja uma tragédia: apesar de ser uma comédia policial, o filme surpreende em várias cenas, ao fazer algo totalmente diferente dos clichês do gênero; apesar de vários problemas, o roteiro traz situações novas e isto é muito bom.

Ainda que não seja tão ruim e melhorar progressivamente ao longo da história, Coffee & Kareem não me agradou. Somando prós e contras, é um filme mediano. Nota: 5,0.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Mr. Bean + Dr. House = Blackadder


Saudações, amigos e amigas! Hoje apresento a vocês uma desconhecida e antiga sitcom, que está na minha lista de melhores séries de comédia de todos os tempos! Trata-se de Blackadder, seriado inglês que teve 4 temporadas de 6 episódios/cada; sendo originalmente exibida pelo canal BBC One, entre os anos de 1983 a 1989. Como grande destaque, ela traz como estrelas os atores de Mr. Bean e Dr. House ANTES deles ficarem mundialmente famosos com estes personagens!

Blackadder se trata de uma comédia baseada em momentos históricos da história de Inglaterra. Cada temporada se passa em uma época específica, e com elenco variado. A única constante nas quatro temporadas se trata da dupla composta pelo um protagonista de nome Edmund Blackadder (sempre interpretado por Rowan Atkinson, o eterno Mr. Bean) e um "lacaio" de nome Baldrick (sempre interpretado pelo engraçadíssimo Tony Robinson). Em cada temporada Rowan e Tony interpretam um descendente diferente das famílias Blackadder e Baldrick, respectivamente.

Blackadder não somente trouxe um humor inteligente (e algumas vezes bem idiota rs), ácido e sarcástico, como também contou com um elenco de comediantes britânicos da mais alta qualidade. Dentre seus outros integrantes mais famosos está presente Hugh Laurie (o famoso Dr. House, na 3ª e 4ª temporadas), Stephen Fry (da 2ª à 4ª temporadas), e Tim McInnerny (1ª, 3ª e 4ª temporadas).

A primeira temporada se passa em 1485, na Idade Média britânica, onde Rowan interpreta o Príncipe Edmund (e se intitula "The Black Adder", daí o nome do programa), segundo filho do Rei Richard IV.

A segunda temporada se passa durante o reinado da Rainha Elizabeth I (1558–1603), sendo que Rowan agora interpreta o "Lord Blackadder", um personagem da nobreza, bisneto do Black Adder da primeira temporada. Ele vive em constante disputa com seu rival "Lord Melchett" (Stephen Fry), para ser visto com bons olhos pela rainha.

Já a terceira temporada se passa na Inglaterra durante o reinado de George III, por volta do ano 1900. O país é governado por um idiota Príncipe Regente (interpretado por Hugh Laurie) e Mr. Bean faz o papel do seu mordomo, Edmund Blackadder. Stephen Fry interpreta o Duque de Wellington, que mais uma vez vive brigando com Edmund, atrapalhando seus planos.

Finalmente, a quarta e última temporada se passa no ano de 1917, dentro da Primeira Guerra Mundial. Rowan Atkinson interpreta o Capitão Blackadder, cujo único propósito é fugir de batalhas e se manter vivo. Tony Robinson interpreta o Soldado Baldrick, Hugh Laurie interpreta o Tenente George, e Stephen Fry interpreta o General Melchett.

Notem, pela descrição das temporadas, que a cada encarnação o representante da Família Blackadder se encontra numa situação pior que a do seu antecessor rs, mesmo sendo este personagem geralmente o mais inteligente dentre seu grupo.

Após as 4 temporadas, Blackadder também teve nos anos seguintes mais 3 especiais de TV, todos eles revisitando personagens das temporadas da série.

Não é tão fácil encontrar Blackadder para assistir, mas se você fuçar pela Internet, vai encontrar. Pra quem curte Comédia, História, e quiser ver "Mr. Bean" e "Dr. House" em personagens completamente diferentes, este excelente seriado é imperdível!

terça-feira, 7 de abril de 2020

Dupla Crítica animações - Sonic: O Filme (2020) e Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (2020)


Mais duas animações para apresentar. E desta vez são novíssimas! Ambas estavam em cartaz nos cinemas antes deles serem fechados pela quarentena. Portanto, dá pra conhecê-los com calma por aqui, e se interessar, assim que eles voltarem a serem apresentados, correr pros cinemas (ou comprá-los via streaming)! Seguem as críticas!


Sonic: O Filme (2020)
Diretor: Jeff Fowler
Atores principais: Ben Schwartz (vozes), Jim Carrey, James Marsden, Tika Sumpter, Natasha Rothwell, Adam Pally, Neal McDonough

Para um filme que tinha tudo pra dar errado, Sonic é surpreendentemente divertido e bom! No começo de 2019, quando as primeiras imagens do filme foram reveladas, uma enxurrada de (justas) críticas vieram do mundo inteiro: estávamos diante de algo muito mais próximo de um "homem-Sonic" do que o Sonic propriamente dito. Então, o desenho do personagem foi totalmente refeito e o filme adiado em alguns meses. O Sonic final ganhou olhos maiores, pêlos mais lisos e coloridos: o resultado ficou aceitável.

Talvez os fãs se decepcionem com o fato de que Sonic é o único personagem animado deste live-action, que se passa no planeta Terra. O filme conta com uma história bem clichê, mas ainda assim que prende a atenção do espectador. E, principalmente: tem vários bons momentos de humor ao longo de todo o filme. Acabei rindo muito mais do que imaginava.

Outra boa notícia em Sonic é a presença de Jim Carrey como o vilão Ivo Robotnik: com um personagem totalmente surtado, o ator pôde se soltar e ser bastante insano, sendo então bastante divertido. Sonic é um filme apenas legal, que mostra pouco do universo da sua franquia, mas ainda assim me divertiu e é muito acima de qualquer expectativa após sua terrível produção inicial. E a melhor notícia talvez seja o "gancho" no pós-créditos: se tivermos um Sonic 2, ele estará certamente acompanhado da raposa Tails. Nota: 6,0.


Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica (2020)
Diretor: Dan Scanlon
Atores principais (vozes): Tom Holland, Chris Pratt, Julia Louis-Dreyfus, and Octavia Spencer, Mel Rodriguez, Kyle Bornheimer

Depois de 3 anos sem um filme "original", apenas continuações, a Pixar voltou com um título novo. Em Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica temos um mundo cheio de seres de fantasia, como elfos, centauros, fadas, ciclopes... mas que abandonaram a mágica séculos atrás e passaram a confiar apenas na tecnologia - como nós - tendo luz elétrica, carros, aviões, etc.

Já a história é sobre dois irmãos adolescentes, os elfos Ian e Barley, que perderam o pai quando eram muito crianças e mal se lembram dele. Até que através de um artefato mágico eles têm a chance de "ressuscitar" o pai por um dia. O problema é que para o artefato funcionar eles precisam correr contra o tempo para encontrar uma pedra que sirva como "combustível", e temos então um road movie.

A trama é bastante emocionante em termos de amor em família e amor entre irmãos: confesso que não consegui segurar algumas lágrimas enquanto assistia. Porém, tirando este "alto" do filme, o restante da história não empolga. A aventura não é forte nem original em cenas de ação, tenta fazer piadas mas pouco faz rir, e o mais decepcionante... não consegue usufruir do universo criado para o filme.

Ainda assim, é um filme bom o suficiente para passar o tempo e tirar os lenços da gaveta. Um dos filmes mais fracos da Pixar, mas que ainda diverte. Nota: 5,0

sexta-feira, 3 de abril de 2020

Publicação 400: 15 recomendações de filmes pré-Cinema Vírgula

É com muita satisfação que chego a 400 publicações no meu blog! O Cinema Vírgula começou ha 8 anos atrás, em Janeiro de 2012, e até hoje segue firme e forte, como um prego na areia! rs

Muitas pessoas me pedem para indicar filmes, então em agradecimento optei por montar uma lista com filmes que recomendo. Como alguns podem ter percebido, aqui no Cinema Vírgula eu só faço críticas de filmes que são lançamentos; desta maneira os filmes anteriores ao meu blog nunca tiveram seu espaço...

... Mas isto muda agora! A minha lista abaixo (por ordem alfabética de nome), traz 15 filmes que gosto muito e que foram lançados em até 15 anos antes do Cinema Vírgula nascer, ou seja, entre 1997 a 2011. Vamos então a esta lista "incomum" (rs) e bem variada!


Bastardos Inglórios (2009)
Eu adoro os filmes do Quentin Tarantino e então um deles tinha que estar na lista. E este em específico entra no meu Top 3 deste diretor. Seu filme sobre a Segunda Guerra Mundial é provavelmente o mais engraçado dentre todos que ele já fez, e conta com atuações e personagens muito marcantes. De quebra, o filme apresentou o ator Christoph Waltz para o mundo, graças a seu fantástico e inesquecível coronel nazista Hans Landa.


Boa Noite, e Boa Sorte (2005)
Para quem gosta de política, e/ou história, e/ou jornalismo, este filme é imperdível. Baseado em uma história real dos anos 50, o filme mostra tudo relacionado à importante transmissão exibida pela CBS do jornalista Edward R. Murrow entrevistando o então senador Joseph McCarthy, o principal líder do "caça-as-bruxas contra o comunismo".
O filme traz os bastidores do "antes" e do "depois" da famosa transmissão, e a própria entrevista (incluindo cenas da transmissão real). Como bônus, o filme é em branco-e-preto com uma fotografia maravilhosa, e ainda traz inserções de comerciais de TV reais da época... é cada coisa absurda que anunciavam...


Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças (2004)
Esta caótica e surpreendente história, cheia de reviravoltas, mistura romance, drama e ficção científica. A trama acompanha Joel (Jim Carrey), que contratou uma empresa para apagar algumas de suas memórias, e agora começa a ficar perturbado e curioso a respeito do que foi removido.
O filme traz os protagonistas principais Carey e Kate Winslet com atuações espetaculares, além de também proporcionar uma fotografia belíssima e colorida. E, algo que me cativou bastante, é que apesar de todo caos e desespero, o filme consegue ser uma belíssima (e até inocente) história de amor.


A Bruxa de Blair (1999)
Não sou fã de filmes de terror, mas este aqui eu gosto... e muito. Sendo uma produção praticamente caseira (com orçamento de ridículos US$ 60.000), A Bruxa de Blair causou frisson no mundo do cinema devido ao boato de que suas imagens eram mesmo reais, ou seja, que eram as últimas imagens de pessoas que haviam desaparecido/morrido de verdade. Tudo mentirinha... era tudo atuação, mas a "propaganda" foi muito bem feita, com os atores propositalmente se escondendo do público por meses após a exibição nos cinemas.
Filmado em branco e preto por câmeras "na mão", o filme não é fácil de assistir, principalmente em seu primeiro terço, onde basicamente só temos entrevistas desinteressantes. Por isto mesmo a maioria das pessoas que conheço NÃO gosta do filme. Porém conforme a história vai se aproximando do final, o clima de tensão e desespero é  marcante e assustador. Sempre falo que os últimos 5 minutos deste filme foram uma das experiências mais fortes de tensão que já tive nos cinemas.


Corra Lola, Corra (1998)
Filme alemão, pouco conhecido, mas que me divertiu muito. A história do filme é basicamente a seguinte: Lola (Franka Potente) precisa ir correndo do local A para o local B em 30 minutos, caso contrário seu namorado morre. Parece chato? Pois é... mas o bacana é COMO esta história é contada.
Primeiro, o filme é contado em "tempo real", com Lola literalmente correndo pelas ruas sob músicas eletrônicas bem bacanas e agitadas. Mas - você pode perguntar - se o filme é em tempo real ele só tem 30 minutos? É nisto que está a genialidade do filme: são 3 versões de 30 minutos da mesma história! Dependendo das decisões que Lola toma em cada uma das versões, vemos consequências diferentes acontecendo... e estas mudanças incluem os personagens com que Lola interage: em uma das versões você julga que um personagem é de um jeito, mas nas outras, você vê que é completamente diferente do esperado. Um tapa na cara de quem julga apenas pela aparência. Genial!


Os Excêntricos Tenenbaums (2001)
Wes Anderson é outro de meus diretores favoritos (aliás, você já leu este meu post de 2014, onde listei meus diretores preferidos naquele momento?), e portanto tem que estar nesta lista também. Não é "o" meu filme preferido dele, porém é o que lhe tornou famoso, e também é bom!
Como sempre nos filmes de Wes, ele conta com uma enorme quantidade de atores e atrizes famosos - vários deles comediantes - e com uma fotografia e enquadramento de imagem bem peculiares. Basicamente aqui temos uma boa comédia, que é história de uma família bastante esquisita e disfuncional... até que eles precisam se unir para superar uma crise. Cada personagem é bastante "esquisito e perturbado", e chega a ser bonito e comovente ver que mesmo dentro de tanta falta de contato e normalidade, quando o problema é realmente grave, os familiares conseguem se ajudar entre eles.


Filhos da Esperança (2006)
Muito antes de Alfonso Cuarón ficar mundialmente famoso com os espetaculares planos-sequência de Gravidade (2013), e receber merecidamente vários Oscars por isto, ele fez este brilhante Filhos da Esperança.
Aqui temos uma ficção-científica pós apocalíptica bem pessimista, onde todas as mulheres humanas, por motivo desconhecido, pararam de gerar filhos. A história do filme é boa, vale a pena ser assistida, mas não é espetacular.... O que se destaca mesmo são 3 grandes planos-sequência de ação, que são incríveis, dignos de aplaudir em pé. Depois deste filme tivemos vários filmes premiadíssimos abusando de planos sequencia, como por exemplo o próprio Gravidade, Birdman e 1917. Mas na minha modesta opinião, esta tão bem vinda e recente "modinha" começou aqui.


Fonte da Vida (2006)
Para mim é a obra máxima do ótimo Darren Aronofsky, e um filme que entra no meu top 10 da vida. Com poucos minutos de filme o espectador já ficará boquiaberto com as belíssimas e coloridas imagens, seja do espaço, ou de praias e florestas. Porém a história de Fonte de Vida consegue a façanha de ser ainda melhor que seu visual.
A trama traz 3 histórias em paralelo, em 3 épocas bem distantes no tempo: uma no tempo das grandes navegações, outra no tempo "presente", e outra em um futuro distante, no espaço sideral. Todas as histórias têm em comum a busca por encontrar a vida eterna, no caso através de uma árvore "mágica" que aparenta dar esta propriedade à quem consumi-la.
Se prepare para uma emocionante e tensa jornada que discute nossa mortalidade e o sentido da vida como um todo.


O Grande Truque (2006)
Esqueçam a trilogia Batman, o filme A Origem, ou mesmo o filme Interestelar: pois de todos os filmes até agora de Christopher Nolan, este aqui é certamente o melhor, sua obra-prima.
A história, que se passa na Londres de 1890, mostra uma doente disputa entre o Wolverine e o Batman... ou melhor, entre dois famosos mágicos: Robert (Hugh Jackman) e Alfred (Christian Bale). A rivalidade entre eles vai além do mundo profissional, chegando até a questões familiares.
O Grande Truque mistura drama e ficção cientifica com alguns poucos fatos reais, traz muita coisa interessante sobre o "mundo dos mágicos", chegando por exemplo a revelar como é feito alguns de seus truques. Contando com uma fotografia espetacular, e algumas reviravoltas simplesmente estarrecedoras, o roteiro é simplesmente genial, mas não posso contar o porquê aqui para não dar spoilers rs.


Herói (2002)
Desde 2001, quando O Tigre e o Dragão (2000) surpreendeu e levou nada menos que 10 indicações ao Oscar, os filmes chineses de artes marciais - cujos personagens são especiais e podem inclusive voar em curtas distâncias - passaram a ser conhecidos no Ocidente, principalmente na primeira década deste século. De todos os filmes do gênero que chegaram até nós, o que mais gostei foi esse Herói.
Herói conta uma história ocorrida na China ha quase 2000 anos atrás. Nela, o guerreiro Sem Nome (Jet Li) solicita uma audiência com o Rei da província de Qin, para informá-lo que ele conseguiu matar os assassinos Broken Sword, Flying Snow e Moon, trio que recentemente tentou assassinar o governante e estava foragido. Curioso, mas ainda incrédulo, o Rei permite que Sem Nome se aproxime e lhe conte sua história. O filme então passa a ser, portanto, a narrativa de Sem Nome explicando cada um dos três duelos fatais.
Herói traz fotografia e coreografia nas batalhas superiores a O Tigre e o Dragão, mesmo sendo uma produção mais "barata", com menos cenários e tomadas mais fechadas. Belíssimo! E ainda, de quebra, traz um desfecho muito surpreendente.


Mestre dos Mares - O Lado Mais Distante do Mundo (2003)
Ainda que tenha recebido merecidas 10 indicações ao Oscar (pois é um filmaço), Mestre dos Mares é um grande injustiçado no sentido que é pouco conhecido pelo grande público. A história é focada em personagens da marinha britânica, e ambientado durante as Guerras Napoleônicas: trata-se de uma mistura de 3 livros (de uma coleção total de 20 volumes) do escritor Patrick O'Brian.
É justamente esta mescla de aventuras que faz Mestre dos Mares ser tão único: o filme mistura cenas que envolvem batalhas navais, discussões políticas, exploração em ilhas... um monte de assuntos diversos que ainda assim andam juntos de maneira bem coesa e divertida.
Contando com os atores Russell Crowe e Paul Bettany em atuações muito boas, o filme possui bela fotografia, ótima trilha sonora, e pra quem gosta de filmes de "piratas" (embora não haja piratas aqui) e/ou filmes de História, Mestre dos Mares é uma excelente pedida!


Onde os Fracos Não Têm Vez (2007)
Sabe aquela lista dos meus diretores favoritos, que já citei anteriormente? Pois os Irmãos Coen também fazem parte dela, e por isto, precisavam ter um filme deles nesta lista também. Indicado a 8 Oscars (inclusive ao de Melhor Filme, que venceu), Onde os Fracos Não Têm Vez foi o filme que apresentou efetivamente o ator espanhol Javier Bardem para Hollywood, com seu assustador e inesquecível personagem, o assassino Anton Chigurh.
Como todo filme dos irmãos Coen, este é repleto de ironias, sarcasmo e violência. A história de Onde os Fracos Não Têm Vez traz o cidadão "comum" Llewelyn (Josh Brolin) sendo perseguido por um assassino profissional de alto nível. O mais bacana deste filme é que ele consegue te colocar na pele de Llewelyn... é como você estivesse fugindo ao lado dele o tempo todo, com grande realismo! Muito impressionante!
Ah, um alerta para o público feminino: até hoje não conheci nenhuma mulher que tenha gostado deste filme. Fica o desafio pra vocês, meninas, quebrarem esta barreira. Ou não rs.


A Vila (2004)
Certamente A Vila não é o melhor filme de M. Night Shyamalan, mas eu gosto bastante dele por dois motivos: primeiro porque ele quebra a fórmula padrão deste diretor, fazendo a "grande revelação bombástica" da trama não no final do filme, mas em seu meio. E segundo porque eu acho que a história entre os personagens principais Ivy (Bryce Dallas Howard) e Lucius (Joaquin Phoenix) é tão ingênua e inocente (no bom sentido) e heróica, que acabo me comovendo.
A Vila não agradou em nada a crítica especializada, mas se você não tem coração de pedra, recomendo dar uma chance para ele.


Wall-E (2008)
Ahhhhh os filmes maravilhosos da Pixar, em uma época que ela ainda não havia sido contaminada pela Disney... Wall-E é realmente especial. Principalmente pela sua coragem em ter sua primeira metade inteira sem nenhum diálogo! E isto não é ruim não... é genial!!
Apenas com gestos e olhares (nem precisando do resto do rosto, já que o protogonista Wall-E só tem olhos e mais nada), o filme consegue contar sua história inicial de maneira brilhante, comovente, com muita sensibilidade. É como se tivéssemos os melhores momentos dos filmes de Charlie Chaplin trazidos pra cá. Maravilhoso!
Em sua segunda metade, Wall-E começa a interagir com humanos e com isto aparecem os diálogos... o filme cai de qualidade mas ainda assim permanece acima da média, e traz importantes alertas sobre ecologia e sociedade.


Zatoichi (2003)
Mais um filme oriental de artes marciais, porém este aqui é Japonês. Zatoichi é um personagem famoso na cultura pop japonesa, criado na década de 60, e desde então já protagonizou dezenas de filmes e algumas séries de TV. E o ápice artístico deste personagem é atingido neste espetacular filme de Takeshi Kitano, que por este trabalho venceu o Leão de Ouro do Festival de Veneza como diretor.
Lembram do filme Kill Bill, que aliás eu adoro? Pois Zatoichi chega a ser melhor, embora com abordagem diferente. O filme também mistura bastante humor com violência, mas também faz brincadeiras com a trilha sonora, incorporando sons ambientes em música e dança.
O personagem principal, Zatoichi, é um massagista cego que por sua vez é secretamente um espadachim do mais alto nível. Aqui ele já está velho, aposentado... porém ao chegar em um vilarejo devastado por duas gangues em conflito, ele resolver ajudar a indefesa população. Excelente pedida para quem gosta de artes marciais e filmes mais "artísticos".

Crítica Netflix - I Am Mother (2019)

Título :  I Am Mother (idem, Austrália, 2019) Diretor : Grant Sputore Atores principais :  Clara Rugaard, Hilary Swank, Luke Hawker, R...