“Nem oito nem oitenta, afinal”
Enfim pude ver “Cavalo de Guerra”, do diretor Steven Spielberg, e indicado a 6 Oscars neste ano - incluindo o de melhor filme.
Antes mesmo de vê-lo, já estava preparado para odiá-lo ou adorá-lo. Afinal, foi
esta a reação que vi nas pessoas que conheço e o assistiram. Um lado
argumentava ser um filme comovente, um dos melhores do diretor americano. O
outro, reclamava que a humanização do cavalo beirava ao ridículo, além da
história ser insuportavelmente melosa.
Finalmente assistido, para minha surpresa não partilhei de
nenhum dos dois extremos. Não foi nem oito nem oitenta: o filme tem sim suas
qualidades e defeitos, mas no todo fica um pouco acima da média.
A trama é sobre a história de um cavalo “valente” e
suas ações durante a 1ª Guerra Mundial. Aliás, já aí temos a primeira falha do
filme: apenas somos localizados no tempo e espaço da história após mais de 10
minutos de projeção.
E é a jornada deste equino o fio condutor da narrativa, nos
levando a várias pequenas histórias distintas, com personagens distintos, e que
no fundo nos mostram as perdas que uma guerra traz às pessoas, variando pela
idade, pela profissão, ou por serem civis ou militares. Aí reside o grande
mérito do filme. As histórias são bem escritas e emocionantes. Outro ponto
bastante positivo da história é mostrar que, sejam soldados (ou civis) franceses,
alemães, ingleses; em linhas gerais não há vilões ou heróis. Todos somos
iguais, simples humanos, independente de sua nacionalidade.
A fotografia de “Cavalo de Guerra” é ótima. Belas imagens o
tempo todo, e mais ainda, enquadramentos de ângulos bem variados, que são
utilizados para reforçar as diferenças físicas e psicológicas entre os vários
cenários exibidos.
Mas se a imagem é positiva, a trilha sonora é decepcionante.
Desde seu segundo incial, sabemos claramente que veremos um drama. Porém já no “treinamento inicial” do cavalo ouvimos aquela
musiquinha sarcástica típica para representar um “trapalhão”. Esta tentativa
forçada de tornar algo sério como cômico é constrangedora. Totalmente em
desacordo com o filme. E ainda temos por várias vezes, de maneira abrupta, um reforço
desncessário para as “atitudes heróicas”... para Spielberg não bastam as
imagens, o contexto... ele precisa nos chamar de burros e toda "grande ação" é acompanhada daquela música
“triunfal”... e patética. Pior ainda é ver que uma das 6 indicações ao Oscar
foi justamente a edição de som!
E quanto a “atuação” do cavalo? Sim, há bastante exagero em
sua humanização. Nem tanto quanto a ele entender tudo o que lhe é dito, mas
principalmente quando ele começa a agir espontaneamente em defesa dos oprimidos.
Porém, não foi isto que mais me incomodou em “Cavalo de Guerra”. O que mais me
irritou foi a já tradicional mania de Spielberg de insistir no final feliz, por mais
inverossímil que ele seja. Dentre outras coisas, o cavalo-protagonista passou
pelas mãos de diversas pessoas, e sempre encontrou alguém disposto a tratá-lo
de maneira digna. Durante uma guerra. Sei. Fora as "coincidências" que somos obrigados a aceitar.
Como um todo, o filme é bastante agradável e possui
boas mini-histórias que garantem sua apreciação apesar dos exageros do diretor.
Spielberg continua não ser sombra do que foi nos anos 80/90, mas desta
vez não foi tão mal. Nota: 7,0.
2 comentários:
Legal, concordo, também, em partes.
A humanização me deixou sim um pouco desconfortável, em especial no momento em que estão puxando um canhão. Mas não em outras situações.
Quanto ao som, não tive essa impressão, mas também não sou nenhum crítico expert no assunto.
Mero espectador que sou, fiquei do lado dos "oitenta".
Enfim, te respondendo por aqui. :)
E fique tranquilo, dificilmente há um "certo e errado" no que você entende em um filme. :)
Abs!
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