“Com ótimo ritmo e universo bem construído, filme surpreende
ao ser bom”
Estamos em meados de 2040. A viagem no tempo ainda não foi
inventada. Mas será inventada 30 anos depois. E os criminosos do futuro
transportam suas vítimas para 2040, onde assassinos locais (os Loopers) são
contratados para apagar estes “problemas” sem deixar vestígios.
É neste contexto que conhecemos Joe (Joseph Gordon-Levitt), um jovem porém competente
Looper que tem sua rotineira vida completamente alterada quando a próxima pessoa
que lhe é enviada para matar é sua própria versão 30 anos mais velha (Bruce
Willis).
Com esta sinopse e atores, o normal seria termos um filme
com muita ação e viagem no tempo. E os temos, embora a história não empolgue
nestes aspectos. ”Looper”, entretanto, encanta pelo universo muito bem
construído. Ao longo da história, somos naturalmente apresentados a dezenas de
características e temas da ficção científica, de maneira fluida, sem nenhum didatismo
chato, como temos por exemplo em “A Origem”.
A trama apresenta algumas “forçadas de barra” mas é salva principalmente
pelo seu ótimo rítmo. A história prende a atenção do expectador o tempo todo, por
ser bastante imprevisível e principalmente pela eficiência com que a tensão aumenta
gradativamente até seu clímax.
Confesso que assistir “Looper” não era uma de minhas
prioridades, pois sobre ele eu tinha dois preconceitos.
O primeiro era ter que “aguentar” Joseph Gordon-Levitt como
protagonista. Nunca conseguira desassociar dele a imagem do pirralho de “3rd
Rock from the Sun”. Mesmo suas elogiadíssmas atuações em “A Origem” e “Batman:
o Cavaleiro das Trevas Ressurge” não me convenciam. Mas agora convenceu. Sim,
claramente ele usa maquiagem para se parecer com Bruce Willis. Mas sua ótima atuação
vai além da transformação física. Ele consegue imitar os trejeitos de Willis
muito bem, culminando num personagem bem diferente de seus papéis anteriores.
O segundo preconceito se refere a ser filme de “Viagem no
Tempo”. A cada 10 filmes do gênero, 9 são confusos e simplesmente não fazem
sentido. Aqui o filme nem chega a confundir muito; mesmo assim sua lógica é frágil. Sabe aquela máxima do "altere o presente e automaticamente se altera o futuro"? Isto é bastante explorado, porém as mudanças estranhamente só acontecem com os Loopers. Eles mudam, mas tudo ao seu redor aparentam ficar imaculadamente inalterado, o que não faz muito sentido. É emblemático que no primeiro encontro entre Joe do presente e Joe do futuro, Bruce Willis grita revoltado: "não perca seu tempo tentando entender viagens no tempo!". Isto vale mais para quem assiste o filme do que para Gordon-Levitt. E ainda piora. No meio da trama temos uma pequena cena, de míseros dois segundos, que entra em
contradição com o desfecho da história, enfraquecendo seu final.
Felizmente, estes "deslizes temporais" pouco comprometem. Como disse
anteriormente, viagens no tempo não são os maiores atrativos de “Looper”. Fique
com seu universo ultra diversificado, seus personagens, seus diálogos, e você
terminará com uma boa diversão. Nota: 7,0.
Um comentário:
Uma retificação. A tal "cena, de míseros dois segundos" não entra em contradição com o resto do filme, ela está correta. Quem entra em contradição no final é o personagem de Joseph Gordon-Levitt. O que nos leva a seguinte dúvida: foi o personagem que errou, o roteirista do filme?
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